Resumos
Paradrycothaea gen. nov. (Calliini, Lamiinae) é proposto para duas espécies mexicanas: P. pilosicornis sp. nov., espécie-tipo, de Quintana Roo e P. jamesi sp. nov. de Chiapas.
Chave para as espécies; México; Novos táxons; Paradrycothaea; Taxonomia
Paradrycothaea gen. nov. (Calliini, Lamiinae) is erected to two Mexican species: P. pilosicornis sp. nov., type species, from Quintana Roo and P. jamesi sp. nov. from Chiapas.
Key to species; Mexico; New taxa; Paradrycothaea; Taxonomy
Novo gênero de Calliini (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae)
Maria Helena M. GalileoI,III; Ubirajara R. MartinsII,III
IMuseu de Zoologia, Universidade de São Paulo, Caixa Postal 42.494, 04218-970, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: urmsouza@usp.br
IIMuseu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Caixa Postal 1.188, 90001-970, Porto Alegre, RS, Brasil. E-mail: galileo@fzb.rs.gov.br
IIIPesquisador do CNPq
RESUMO
Paradrycothaea gen. nov. (Calliini, Lamiinae) é proposto para duas espécies mexicanas: P. pilosicornis sp. nov., espécie-tipo, de Quintana Roo e P. jamesi sp. nov. de Chiapas.
Palavras-chave: Chave para as espécies; México; Novos táxons; Paradrycothaea; Taxonomia.
ABSTRACT
Paradrycothaea gen. nov. (Calliini, Lamiinae) is erected to two Mexican species: P. pilosicornis sp. nov., type species, from Quintana Roo and P. jamesi sp. nov. from Chiapas.
Keywords: Key to species; Mexico; New taxa; Paradrycothaea; Taxonomy.
INTRODUÇÃO
Calliini e Aerenicini têm garras tarsais apendiculadas e bífidas, respectivamente. Em Desmiphorini e Apomecynini as garras tarsais são, respectivamente, divaricadas e divergentes.
Foi constatado que Breuning (1940, 1974a, 1974b) nunca examinou as garras tarsais das espécies de Lamiinae. Verificou-se que diversas espécies de Calliini foram descritas por Breuning em Desmiphorini e muitos exemplos podem ser mencionados: Drycothaea angustifrons (Breuning, 1943), Calliini, foi originalmente descrita em Estoloides Breuning, 1940 (Desmiphorini) (Tavakilian, 1991); D. anteochracea (Breuning, 1974), foi publicada em Estola Fairmaire & Germain, 1859 (Martins & Galileo, 1990); D. brasiliensis (Breuning, 1974), foi descrita em Guyanestola Breuning, 1961 (Galileo & Martins, 1991); D. ochreoscutellaris (Breuning, 1940) foi descrita em Estolopsis Breuning, 1940 (Galileo & Martins, 1991); D. truncatipennis Tavakilian, 1997 foi publicada como Estola stictica Breuning, 1942 nome preocupado em Drycothaea (Tavakilian, 1997); portanto Breuning descreveu espécies de Drycothaea (Calliini) em quatro gêneros diferentes de Desmiphorini.
O gênero Euryestola Breuning, 1940 foi descrito originalmente em Rhodopinini (sinônimo de Desmiphorini). Tavakilian (1991) verificou que na realidade a espécie-tipo, E. antennalis Breuning, 1940 tem garras tarsais apendiculadas e portanto pertence à tribo Calliini.
Com Aerenicini sucedeu o mesmo, isto é, o gênero Aerenicopsis Bates, 1885 (Aerenicini) também foi descrito por Breuning (1940, 1974a) em Agapanthiini com dois nomes: Falsohippopsis Breuning, 1940 e Falsohippopsoides Breuning, 1974. Aerenicopsis championi Bates, 1885 foi descrito por Breuning (1974b) como Falsohippopsoides costaricensis (Martins & Carvalho, 1983).
É com certa preocupação que propomos um gênero novo, pois é possível que as duas espécies que o compõe já estejam descritas em Desmiphorini por Breuning (1974a), mas um estudo minucioso da "Révision de Rhodopinini" (= Desmiphorini) não evidenciou sua inclusão entre as espécies descritas.
As siglas utilizadas no texto correspondem a: ACMS, American Coleoptera Museum, San Antonio; MCNZ, Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre; MZUSP, Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Paradrycothaea gen. nov.
Etimologia: Latim, para = ao lado de; Drycothaea nome genérico criado por Thomson, 1868. Gênero feminino.
Espécie-tipo: Paradrycothaea pilosicornis sp. nov.
Olhos grosseiramente facetados. Antenas dos machos ultrapassam o ápice elitral no meio do antenômero VII, com densa pilosidade sexual. Antenas das fêmeas ultrapassam o ápice dos élitros em três artículos e meio. Escapo sem cicatriz, pouco e gradualmente engrossado para o ápice. Tubérculos anteníferos não projetados. Flagelômeros lineares. Antenômeros III mais longo que o IV. Lado interno dos antenômeros III a VIII com franja de pelos curtos e densos.
Protórax mais largo que longo, com espinho lateral manifesto situado no meio.
Processos prosternal e mesosternal com os lados intumescidos. Mesosterno sem tubérculo.
Élitros não deprimidos na base, com setas curtas e pontos simples; declividade lateral sem franja de pelos. Extremidades elitrais arredondadas.
Fêmures revestidos por pubescência e com pontos contrastantes. Profêmures fusiformes e robustos. Protíbias com pelos longos na face inferior. Protarsos com pelos longos nas laterais. Metatarsômero I mais curto que o comprimento de II+III.
Discussão: Paradrycothaea gen. nov. assemelha-se a Colombicallia Galileo & Martins, 1992 e a Hirticallia Galileo & Martins, 1990 pelos olhos grosseiramente facetados. Distingue-se de Colombicallia, nos machos, pelas antenas com pilosidade sexual nos flagelômeros III a X; pelas protíbias com pelos no lado interno; pelos protarsos providos de pelos longos nas margens. Difere de Hirticallia pelos espinhos laterais do protórax curto e pelos pelos elitrais curtos. Em Hirticallia o espinho lateral do protórax é longo e curto e os pelos elitrais são muito longos.
Pelo aspecto geral, pode ser comparado a Drycothaea Thomson, 1868; separa-se pelo mesosterno sem tubérculo em Paradrycothaea e presente em Drycothaea.
Chave para as espécies de Paradrycothaea
Paradrycothaea pilosicornis sp. nov.
Etimologia: Latim, pilosis = piloso; cornu = chifre, correspondente às antenas.
Macho: Tegumento da cabeça, protórax e face ventral do corpo, pretos ou preto-avermelhados escuros. Tegumento das pernas mais avermelhado. Élitros preto-avermelhados.
Cabeça revestida por pubescência amarelada. Fronte e região anterior do vértice com pontos grossos e moderadamente próximos. Lobos oculares superiores tão distantes entre si quanto o quádruplo da largura de um lobo. Antenas atingem o ápice dos élitros na base do antenômero VII. Escapo revestido por pubescência amarelada com alguns pontos contrastantes; com cerca da metade do comprimento do antenômero III. Flagelômeros com anel basal de pubescência branca. Antenômero IV subigual em comprimento ao anterior; V-X com comprimentos gradualmente decrescentes; XI mais esbelto e com metade do comprimento do precedente. Antenômeros VIII e X com franja de pelos longos e mais densos, especialmente neste último. Antenômero XI sem pelos longos.
Pronoto revestido por pubescência amarelada. Pronoto e partes laterais do protórax pontuados. Prosterno pontuado na metade posterior. Processo mesosternal com lados bem convergentes. Esternos meso- e metatorácicos revestidos por pubescência amarelada. Lados do metasterno com pontos profundos. Escutelo coberto por densa pubescência branco-amarelada.
Élitros revestidos por pubescência amarelada um pouco mais concentrada em áreas irregulares. Toda superfície dos élitros com pelos curtos. Pontos elitrais contrastantes; na base maiores e mais densos. Extremidades elitrais arredondadas.
Urosternitos revestidos por pubescência amarelada e com pontos principalmente nas laterais.
Fêmea: Antenas atingem o ápice dos élitros no terço basal do antenômero IX.
Dimensões, em mm, macho/fêmea respectivamente: Comprimento total, 9,1-10,3/8,3-10,7; comprimento do protórax, 1,8-2,1/1,6-2,1; maior largura do protórax, 2,4-3,4/2,7-3,5; comprimento do élitro, 6,0-7,0/6,0-7,7; largura umeral, 3,2-3,9/3,1-4,2.
Material-tipo: Holótipo macho, MÉXICO: Quintana Roo: Tulum (15-18 km N), 11-12.X.1982, J.E. Wappes col. (ACMS). Parátipos mesmos dados do holótipo, 6 machos e 9 fêmeas [3 machos, 6 fêmeas (ACMS); 2 machos, 2 fêmeas (MZUSP): macho, fêmea MCNZ)].
Paradrycothaea jamesi sp. nov.
Etimologia: O nome específico homenageia James E. Wappes (ACMS), coletor da série-tipo.
Macho: Tegumento avermelhado, revestido por pubescência amarelada. Flagelômeros com anel basal de pubescência branca. Cabeça revestida por pubescência amarelada. Fronte e vértice com poucos pontos. Lobos oculares superiores tão distantes entre si quanto vez e meia maior que a largura de um lobo. Antenas atingem o ápice dos élitros na extremidade do antenômero VII. Escapo coberto por pubescência amarelada sem pontos contrastantes e com dois terços do comprimento do III. Comprimento do III maior que o do IV; V-X com comprimentos gradualmente decrescentes. Antenômeros VIII a X com franja de pelos curtos. Antenômero XI com comprimento subigual ao do X, com pelos na metade basal.
Pronoto densamente pontuado. Pro- e mesosterno pontuados em toda a extensão. Processo mesosternal com os lados levemente estreitados. Metepisterno com alguns pontos. Escutelo com pubescência amarelada esparsa.
Élitros revestidos por pubescência amarelada, um pouco mais concentrada em áreas irregulares; com pelos curtos. Pontos elitrais contrastantes; na região basal, maiores e mais densos.
Urosternitos esparsamente pontuados.
Fêmea: Antenas atingem a ponta dos élitros no terço basal do antenômero IX. Uma das fêmeas examinadas apresenta o mesonoto exposto, onde se observa uma carena longitudinal no meio.
Dimensões, em mm, macho/fêmea respectivamente: Comprimento total, 7,1-9,5/8,5-9,2; comprimento do protórax, 1,5-2,0/1,6-1,8; maior largura do protórax, 2,3-3,0/2,5-2,9; comprimento do élitro, 4,9-6,7/6,5-6,2; largura umeral, 2,8-3,7/3,1-3,5.
Material-tipo: Holótipo macho, MÉXICO, Chiapas: Tuxtla Gutierrez (17 km W), 21-25.VI.1987, J.E. Wappes col. (ACMS). Parátipos mesmos dados do holótipo, macho e fêmea, J.E. Wappes col. (MZUSP); 3.300 pés, 01-08.VII.1986, macho, J.E. Wappes col. (ACMS); Chorreadero Canyon, macho, 29.X.-02.XI.1986, J.E. Wappes col. (ACMS); Sumidero (4.000 pés), fêmea, 01-26.VI.1987, J.E. Wappes col. (ACMS).
AGRADECIMENTOS
A James E. Wappes (ACMS) pelo envio de material para estudo; a Eleandro Moysés (Bolsista IC/CNPq/FZB), Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, pela execução das fotografias e digitalização das imagens.
Recebido em: 24.11.2009
Aceito em: 09.06.2010
Impresso em: 30.06.2010
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- BREUNING, S. 1974b. Neue Arten und Gattungen von Lamiinen (Coleoptera, Cerambycidae). Mitteilungen aus dem Zoologischen Museum in Berlin, 50(1):149-165.
- GALILEO, M.H.M. & MARTINS, U.R. 1991. Revisão da tribo Calliini (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae). Giornale Italiano di Entomologia, 5:243-262.
- MARTINS, U.R. & CARVALHO, S.M. 1983. Sinonímias, nova combinação e novas espécies em Aerenicopsis Bates (Aerenicini) e Trichohippopsis Breuning (Agapanthiini) (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae). Revista Brasileira de Entomologia, 27(2):161-163.
- MARTINS, U.R. & GALILEO, M.H.M. 1990. Notas sobre Calliini (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae). IV. As espécies sul-americanas do gênero Drycothaea Thomson, 1868. Revista Brasileira de Entomologia, 34(3):607-613.
- TAVAKILIAN, G.L. 1991. Notas sinonímicas e novas combinações em longicórneos sul-americanos (Coleoptera, Cerambycidae). Revista Brasileira de Entomologia, 35(2):439-453.
- TAVAKILIAN, G.L. 1997. Nomenclatural changes, reinstatements, new combinations, and new synonymies among American Cerambycids (Coleoptera). Insecta Mundi, 11(2):129-139.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
15 Jul 2010 -
Data do Fascículo
2010
Histórico
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Revisado
09 Jun 2010 -
Recebido
24 Nov 2009 -
Aceito
30 Jun 2010