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Nova espécie do gênero Galissus Dupont (Coleoptera, Cerambycidae) e chave para identificação das espécies

New species of the genus Galissus Dupont (Coleoptera, Cerambycidae) and key to identification of the species

Resumos

Galissus nigrescens sp. nov. é descrita da Costa Rica (Veragua Rainforest Reserve, Brisas de Veragua, Liverpool, Limón) e é fornecida chave para identificação das espécies.

Chave; Galissus; Neotropical; Taxonomia; Trachyderini


Galissus nigrescens sp. nov. is described from Costa Rica (Veragua Rainforest Reserve, Brisas de Veragua, Liverpool, Limón), and a key to the species is added.

Galissus; Key; Neotropical; Taxonomy; Trachyderini


Nova espécie do gênero Galissus Dupont (Coleoptera, Cerambycidae) e chave para identificação das espécies

New species of the genus Galissus Dupont (Coleoptera, Cerambycidae) and key to identification of the species

Ubirajara R. MartinsI,IV; Maria Helena M. GalileoII,IV; Rolando Ramírez CamposIII

IMuseu de Zoologia, Universidade de São Paulo, Caixa Postal 42.594, 04218-970, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: urmsouza@usp.br

IIMuseu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Caixa Postal 1188, 90001-970, Porto Alegre, RS, Brasil. E-mail: galileo@fzb.rs.gov.br

IIIEscuela de Ciencias Exactas y Naturales, Universidade Estatal a Distancia, Sistema de estúdios de Posgrado, San José, Costa Rica. E-mail: roloramirezc@gmail.com. Biólogo da Veragua Rainforest Reserve – Research Center

IVPesquisador do CNPq

RESUMO

Galissus nigrescens sp. nov. é descrita da Costa Rica (Veragua Rainforest Reserve, Brisas de Veragua, Liverpool, Limón) e é fornecida chave para identificação das espécies.

Palavras-Chave: Chave; Galissus; Neotropical; Taxonomia; Trachyderini.

ABSTRACT

Galissus nigrescens sp. nov. is described from Costa Rica (Veragua Rainforest Reserve, Brisas de Veragua, Liverpool, Limón), and a key to the species is added.

Key-Words:Galissus; Key; Neotropical; Taxonomy; Trachyderini.

INTRODUÇÃO

O gênero Galissus foi estabelecido por Dupont (1840) para conter G. cyanopterus Dupont, 1840, baseado numa fêmea e procedente da Guiana Francesa. Thomson (1864) mencionou, equivocadamente, G. cyanopterus para a Colômbia. Lacordaire (1869) apresentou caracteres para redefinir o gênero com base no único exemplar que examinou, uma fêmea, e corretamente deu-a como procedente da Guiana Francesa.

Zajciw (1960) estendeu a distribuição de G. cyanopterus para o Brasil, Pará, redefiniu o gênero e a espécie. Mencionou que esse exemplar paraense apresentava antenas com 12 segmentos, mas manteve a dúvida quando utilizou como caracteres complementares à descrição:

"♂ com antenas muito mais longas que o corpo (12 articuladas?)

♀ com antenas quase do comprimento do corpo (11 articuladas?)"

O mesmo autor (1969), ao apresentar uma sinopse dos gêneros brasileiros da tribo Purpuricenini (hoje na sinonímia de Trachyderini), tratou as antenas de Galissus como "12-articuladas e mais longas que o corpo em ambos os sexos". As metatíbias "dilatadas, comprimidas e não hirsutas (fig. 7)".

Monné & Martins (1981) descreveram G. azureus do Brasil (Mato Grosso) e abstiveram-se de discutir o número de artículos antenais, mas figuraram um macho de G. cyanopterus onde se contam onze segmentos nas antenas.

O holótipo fêmea de G. cyanopterus que está depositado no BMNH foi examinado através da fotografia (Bezark, 2011). No holótipo, pode-se verificar que a antena esquerda tem onze segmentos. Portanto, apesar dos artigos de Zajciw (1960, 1969), julgamos apropriado considerar antenas das fêmeas com 11 artículos e dos machos com 11 (segundo Monné & Martins, 1981, fig. 2) ou 12 artículos (segundo Zajciw, 1960, 1969).

Martins & Galileo (2010) descreveram G. rubriventris da Bolívia.

MATERIAL E MÉTODOS

As abreviaturas utilizadas no texto correspondem a BMNH, The Natural History Museum, Londres; CVRF, Coleção Veragua Rainforest Reserve, Limón; CRRC, Coleção Rolando Ramírez Campos, Heredia; MIUCR, Museo de Insectos, Centro de Investigaciones en Protección de Cultivos, Escuela de Agronomía, Universidad de Costa Rica, San José; MNCR, Museo Nacional de Costa Rica, San José; MZUSP, Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Chave para as espécies de Galissus

1. Metasterno e metepisternos pretos ou castanho-escuros; abdome preto; metatíbias (macho) expandidas, densamente pilosas nas margens; metafêmures com pilosidade densa, mais desenvolvida na face ventral. Equador, Guiana Francesa, Brasil
(Amapá, Pará) ......................................... G. cyanopterus Dupont, 1840 – Esternos torácicos e abdome pretos ou vermelhos; metatíbias não dilatadas, com pilosidade curta, esparsa; metafêmures com pelos curtos, moderadamente esparsos (macho) .................................................... 2 2(1). Tegumento elitral preto, sem reflexo metálico; esternos torácicos pretos e abdome vermelho. Costa Rica ............................... G. nigrescens sp. nov. – Tegumento elitral com reflexo metálico; esternos torácicos e abdome vermelhos ..................................................................................... 3 3(2). Protórax preto-avermelhado, unicolor. Brasil
(Mato Grosso) ................................... G. azureus Monné & Martins, 1981 – Protórax vermelho com mancha preta no pronoto.
Bolívia .......................................... G. rubiventris Martins & Galileo, 2010

Galissus nigrescens sp. nov.

(Figs. 1-4)


 




Tegumento corporal preto (Figs. 1, 4); abdome com tegumento vermelho (Figs. 2, 4). Sutura coronal bem demarcada entre os tubérculos anteníferos. Fronte (Fig. 3) finamente pontuada, menos na região elevada no centro; região entre os tubérculos anteníferos com alguns pontos. Vértice e genas com pontos esparsos. Antenas ultrapassam o ápice dos élitros na base do antenômero VIII (macho), alcançam o ápice elitral (fêmea). Escapo gradualmente engrossado para o ápice, com pontuação esparsa. Antenômero III sem sulcos ou carenas.

Pronoto (Fig. 3) praticamente liso, com alguns pontos muito pequenos e esparsos. Escutelo liso. Prosterno com áreas pequenas de pontuação sexual. Tubérculo mesosternal bem projetado. Esternos torácicos fina e esparsamente pontuados; pubescência esparsa.

Élitros (Fig. 1) fina e esparsamente pontuados. Margens laterais dos élitros com pelos curtos (20x); extremidades elitrais transversalmente truncadas, com espículo externo.

Fêmures com pontos finos, esparsos. Metafêmures com pelos pretos, curtos, na face anterior. Metatíbias esbeltas com pelos pretos, mais concentrados no terço apical; pontuadas.

Urosternitos (Fig. 2) praticamente lisos, com pelos muito esparsos.

Dimensões, em mm, macho/fêmea respectivamente: Comprimento total, 18,5-23,4/21,3-22,3; comprimento do protórax, 3,4-4,2/4,0-4,2; maior largura do protórax, 4,3-5,5/5,0-5,4; comprimento do élitro, 12,4-16,4/ 14,4-15,1; largura umeral, 4,8-6,6/5,9-6,3.

Material-tipo: Holótipo macho, COSTA RICA, Limón: Liverpool (Brisas de Veragua, Veragua Rainforest Reserve, 430 m), macho, 26.VII.2010, Julián Solano Salazar & Rolando Ramírez Campos col. em inflorescências de Coccoloba tuerckheimii Donn.Sm., Polygonaceae (MNCR). Parátipos: COSTA RICA, Limón: Liverpool (Brisas de Veragua, Veragua Rainforest Reserve, 430 m), 2 machos 10.V.2010, Julián Solano Salazar & Rolando Ramírez Campos col., em inflorescências de Casearia arborea (Rich.) Urb., Salicaceae (MZUSP, CRRC); macho, 12.V.2010, Stanley Salazar Nuñez col., em inflorescências de Casearia arborea (Rich.) Urb., Salicaceae (CVRF); macho, 05.VI.2010, Rolando Ramírez Campos col., em inflorescências de Coccoloba tuerckheimii Donn.Sm., Polygonaceae (MIUCR); fêmea, 26.VII.2010, Julián Solano Salazar & Rolando Ramírez Campos col., em inflorescências de Coccoloba tuerckheimii Donn.Sm., Polygonaceae (CRRC); fêmea, 15.VI.2011, Stanley Salazar Nuñez col., em inflorescências de Casearia arborea (Rich.) Urb., Salicaceae (CVRF).

Discussão: Galissus nigrescens sp. nov. distingue-se das demais espécies conhecidas do gênero pelo padrão de colorido da face ventral: esternos torácicos pretos e abdome vermelho e pelos élitros sem brilho metálico.

Biologia: Os espécimes de Galissus nigrescens foram observados e coletados entre os meses de maio a agosto, sobrevoando a uma altura entre 15 e 25 m, nas inflorescências das árvores de Casearia arborea (Salicaceae) e Coccoloba tuerckheimii (Polygonaceae). Em ambas, observou-se que os espécimes estavam se alimentando das flores e atuando como polinizadores e, ainda, casais em cópula sobre as flores e folhas.

AGRADECIMENTOS

A Julián Solano Salazar e Stanley Salazar Nuñez (Veragua Rainforest) pela cooperação na coleta dos exemplares; Luis Alfonso Campos pelas fotografias dos exemplares coletados; José Rafaél Esteban Durán (Instituto Nacional de Investigación y Tecnologia Agrária y Alimentaria, Madrid) pela remessa de material; a Eleandro Moysés (Bolsista PIBIC/CNPq, Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul) pelas fotografias e tratamento digital das imagens publicadas.

Aceito em: 08.02.2012

Publicado em: 29.06.2012

  • BEZARK, L. 2011. A photographic Catalogo the Cerambycidae of the New World. Disponível em: http://plant.cdfa.ca.gov.byciddb/default_wImage.asp Acessado em julho de 2011.
  • DUPONT, H. 1840. Supplement à la monographie des trachydérides. Magasin de Zoologie, 1840: est. 28-38.
  • LACORDAIRE, J.T. 1869. Histoire naturelle des insectes. Genera des Coléoptères ou exposé méthodique et critique de tous les genres proposés jusqu'ici dans cet ordre d'insectes. Paris, Librairie Encyclopédique de Roret. v. 9, pt. 1, 409p.
  • MARTINS, U.R. & GALILEO, M.H.M. 2010. Notas e descrições em Hesperophanini, Ebiriini, Piezocerini e Trachyderini (Coleoptera, Cerambycidae, Cerambycinae) do Brasil e da Bolívia. Papéis Avulsos de Zoologia, 50(38):587-593.
  • MONNÉ, M.A. & MARTINS, U.R. 1981. Notas e descrições em Heteropsini e Purpuricenini. Revista Brasileira de Biologia, 41(1):185-189.
  • THOMSON, J. 1864. Systema cerambycidarum ou exposé de tous les genres compris dans la famille des cérambycides et familles limitrophes. H. Dessain, Liége. 352p.
  • ZAJCIW, D. 1960. Longicórneos novos para a fauna do Brasil II. Revista Brasileira de Entomologia, 9:69-79.
  • ZAJCIW, D. 1969. Sinopse dos gêneros brasileiros da tribo Purpuricenini Fairm., 1864. Revista Brasileira de Biologia, 29(1):109-120.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Jun 2012
  • Data do Fascículo
    2012

Histórico

  • Recebido
    08 Fev 2012
  • Aceito
    29 Jun 2012
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