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Duas espécies de Onciderini (Cerambycidae, Lamiinae) do Institut Royal des Sciences Naturelles de Belgique, Bruxelas

Two species of Onciderini (Cerambycidae, Lamiinae) of the Institut Royal des Sciences Naturelles de Belgique, Brussels

Resumos

Hypsioma brabanti sp. nov. de Trinidad and Tobagoé descrita e ilustrada. Novo registro (Trinidad and Tobago) para Leus ramuli (Bates, 1865) é apresentado.

Hypsioma; Leus; Onciderini; Taxonomia; Trinidad e Tobago


Hypsioma brabanti sp. nov. from Trinidad and Tobago is described and illustrated. A new record (Trinidad and Tobago) for Leus ramuli (Bates, 1865) is presented.

Hypsioma; Leus; Onciderini; Taxonomy; Trinidad and Tobago


Duas espécies de Onciderini (Cerambycidae, Lamiinae) do Institut Royal des Sciences Naturelles de Belgique, Bruxelas

Two species of Onciderini (Cerambycidae, Lamiinae) of the Institut Royal des Sciences Naturelles de Belgique, Brussels

Ubirajara R. MartinsI,* * Pesquisador do CNPq ; Maria Helena M. GalileoII,* * Pesquisador do CNPq

IMuseu de Zoologia, Universidade de São Paulo, Caixa Postal 42.594, CEP 04218-970, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: urmsouza@usp.br

IIMuseu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Caixa Postal 1.188, CEP 90001-970, Porto Alegre, RS, Brasil. E-mail: galileo@fzb.rs.gov.br

RESUMO

Hypsioma brabanti sp. nov. de Trinidad and Tobagoé descrita e ilustrada. Novo registro (Trinidad and Tobago) para Leus ramuli (Bates, 1865) é apresentado.

Palavras-Chave:Hypsioma; Leus; Onciderini; Taxonomia; Trinidad e Tobago.

ABSTRACT

Hypsioma brabanti sp. nov. from Trinidad and Tobago is described and illustrated. A new record (Trinidad and Tobago) for Leus ramuli (Bates, 1865) is presented.

Key-Words:Hypsioma; Leus; Onciderini; Taxonomy; Trinidad and Tobago.

Introdução

Foi-nos enviado material de Cerambycidae para identificação, pelo Dr. Alain Drumont, pertencente ao "Institut Royal des Sciences Naturelles de Belgique", Bruxelas, Bélgica (ISNB).

Duas espécies da tribo Onciderini foram objeto de pesquisa, uma do gênero Hypsioma Audinet-Serville, 1835 outra do gênero Leus Dillon & Dillon, 1946.

Hypsioma continha 30 espécies, ocorrentes predominantemente na América do Sul e só uma espécie está assinalada para as Pequenas Antilhas (H. grisea Fleutiaux & Sallé, 1889) e outra, H. nesiope Dillon & Dillon, 1945, para o Panamá e Colômbia (Monné & Bezark, 2009; Martins & Galileo, 2010).

Leus é gênero monotípico. A espécie-tipo, L. ramuli (Bates, 1865) foi originalmente descrita de Ega (atual Tefé, Amazonas) no gênero Trestonia Buquet, 1859. Monné & Fragoso (1984) publicaram a sinonímia entre Trestonia ramuli e Leus piperella Dillon & Dillon, 1946, figuraram-na e ampliaram a distribuição.

Resultados e Discussão

Leus ramuli (Bates, 1865)

Fig. 1


Trestonia ramuli Bates, 1865:311.

Leus ramuli; Monné & Fragoso, 1984:932, fig. 14.

Leus piperella Dillon & Dillon, 1946:222, est. 7, fig. 4; Monné & Fragoso, 1984:932 (sin.).

Segundo Monné (2005), Leus ramuli era conhecida do Equador, Peru, Brasil (Amazonas, Mato Grosso) e Bolívia. Examinamos uma fêmea procedente de Trinidad and Tobago o que estende consideravelmente a distribuição. Esta fêmea apresenta alguns caracteres cromáticos diversos daquele da forma amazônica: a faixa de pubescência branca do meio dos élitros é muito menos distinta; a mancha apical de pubescência branca também é menos evidente; a pubescência da metade basal praticamente não apresenta pubescência alaranjada.

Material examinado: TRINIDAD AND TOBAGO, Trinidad: La Vache Bay, fêmea, 15.07.1979, R. Brabant & D. Bischler col. (ISNB).

Hypsioma brabanti sp. nov.

Fig. 2

Etimologia: O nome específico é uma homenagem a Ronald Brabant coletor do holótipo.

Fronte revestida por pubescência esbranquiçada e entremeada, abundantemente, por pubescência castanha. Vértice coberto por pubescência esbranquiçada com manchas de pubescência castanha a cada lado da sutura coronal; presença de máculas esparsas, circulares, de pubescência acastanhada. Tubérculos anteníferos projetados. Lobos oculares superiores tão distantes entre si quanto pouco mais que a largura de um lobo. Escapo com tegumento preto, pedunculado e clavado; pedúnculo com pubescência branca e, na clava, pubescência mesclada de branca e castanha. Pouco menos da metade basal do antenômero III com tegumento alaranjado e restante da superfície com tegumento preto. Antenômeros seguintes com anel basal de tegumento alaranjado que quase ocupa a metade dos artículos.

Protórax tronco-cônico sem sulco lateral. Pronoto com três tubérculos: dois ântero-laterais e um central discreto. Pubescência pronotal variegada de branca e castanha. Esternos torácicos revestidos por pubescência amarelada. Processo prosternal com quilha transversal mediana.

Élitros com tegumento preto revestidos, na metade basal, por pubescência predominantemente acastanhada variegada de escassa pubescência branca; no meio, com faixa oblíqua de pubescência branca bem evidente; da faixa ao ápice com a pubescência branca entremeada à castanha. Tubérculos umerais bem projetados; cristas centro-basais discretas, sem grânulos; pontuação moderada no terço basal, prolongada posteriormente junto à sutura até o meio.

Fêmures pretos, revestidos por pubescência esbranquiçada, entremeada por alguma pubescência castanha. Pró- e mesotíbias indistintamente aneladas de branco no terço basal. Metatíbias intumescidas. Base dos meso- e metatarsômeros V preto-avermelhada

Urosternitos I-V com pubescência amarelada, esparsa no centro e mais concentrada nos lados.

Dimensões, em mm: Comprimento total, 14,5; comprimento do protórax, 2,8; maior largura do protórax, 4,2; comprimento do élitro, 10,0; largura umeral, 6,7.

Material-tipo: Holótipo macho, TRINIDAD AND TOBAGO, Trinidad: Blanchiseuse Road, 12.VII.1969, R. Brabant & D. Bischler col. (ISNB).

Discussão: Hypsioma brabanti sp. nov. apresenta os meso- e metatarsômeros V preto-avermelhados na base, contrastante com o restante da superfície que é preta; antenas com anel basal alaranjado, largo, nos flagelômeros; protórax com, praticamente, duas gibosidades. Estes caracteres não são comuns nas espécies de Hypsioma e, alguns deles, encontram-se nas espécies de Tulcus. Entretanto, H. brabanti é descrita em Hypsioma pelos tarsômeros V sem tegumento amarelado na base.

Hypsioma brabanti difere de H. renatoi Martins & Galileo, 1990 pela ausência de crista centro basal dos élitros encimada por grânulos; pelo vértice e pronoto com pubescência castanha entremeada à pubescência branca; pelos lados do protórax sem tubérculo. Hypsioma renatoi tem crista centro-basal granulosa, vértice e pronoto com pubescência predominantemente branca e lados do protórax com pequeno tubérculo no quarto basal.

Distingue-se de H. grisea (Fleutiaux & Sallé, 1889), ocorrente nas Pequenas Antilhas, pela pubescência da cabeça e do pronoto nitidamente variegada de castanho e sem pubescência ocre; pela metade basal dos élitros com pubescência predominantemente acastanhada e pela faixa de pubescência branca dos élitros muito nítida. Em H. grisea a pubescência da cabeça e do pronoto é "d’une gris blanchâtre melée d’ocre et de brun" (Chalumeau & Touroult, 2005); a metade basal dos élitros tem pubescência ocre entremeada à castanha e a faixa do meio dos élitros é muito pouco aparente.

Agradecimentos

Ao Dr. Alain Drumont (ISNB) pelo empréstimo de material; a Eleandro Moisés (bolsista PIBIC/CNPq/FZB) pela execução e tratamento das imagens.

Aceito em: 12.03.2012

Publicado em: 29.06.2012

  • Bates, H.W. 1865. Contributions to an insect fauna of the Amazon Valley. Coleoptera: Longicornes. The Annals and Magazine of Natural History, Ser. 3, 16:101-113; 167-182; 308-314.
  • Chalumeau, F. & Touroult, J. 2005. Les longicornes des Petites Antilles (Coleoptea, Cerambycidae) taxonomie, éthologie, biogéographie. Sofia-Moscow, Pensoft. 242p.
  • Dillon, L.A. & Dillon, E.S. 1946. The tribe Onciderini Part II. Scientific Publications of the Reading Public Museum, 6:189-413.
  • Martins, U.R. & Galileo, M.H.M. 2010. Novos táxons em Onciderini (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae). Revista Brasileira de Entomologia, 54(1):66-71.
  • Monné, M.A. 2005. Catalogue of the Cerambycidae (Coleoptera) of the Neotropical region. Part II. Subfamily Lamiinae. Zootaxa, 1023:1-759.
  • Monné, M.A. & Fragoso, S.A. 1984. Notas sobre Onciderini. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 19(8):925-933.
  • Monné, M.A. & Bezark, L.G. 2009. Checklist of the Cerambycidae, or longhorned wood-boring beetles, of Western Hemisphere. Rancho Dominguez, Bioquip Publications. 463p.
  • *
    Pesquisador do CNPq
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      26 Jun 2012
    • Data do Fascículo
      2012

    Histórico

    • Recebido
      12 Mar 2012
    • Aceito
      29 Jun 2012
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