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Identidade, riqueza e abundãncia de pequenos mamíferos (Rodentia e Didelphimorphia) de área de Floresta com Araucária no estado do Paraná, Brasil

Resumos

Roedores e Marsupiais são componentes importantes da fauna na região Neotropical. Estudos sobre a riqueza e abundância destes animais são raros na Floresta Ombrófila Mista (FOM) e aqui apresentamos um inventário conduzido na Floresta Nacional de Piraí do Sul. Esta área possui uma área aproximada de 150 ha, cercada por pastos e plantações de Pinus. A amostragem foi feita através de armadilhas de queda, Sherman e Tomahawk, dispostas nos principais tipos de vegetação encontrados. Pelo menos um casal de cada espécie foi coletado. Como resultado, durante 5.892 armadilhas.noite nós obtivemos um total de 1.049 capturas, representando 17 espécies: Akodon montensis, Bibimys labiosus, Brucepattersonius iheringi, Cryptonanus sp., Didelphis albiventris, D. aurita, Gracilinanus microtarsus, Monodelphis americana, M. scalops, Myocastor coypus, Nectomys squamipes, Oligoryzomys nigripes, Oxymycterus judex, O. nasutus, Sooretamys angouya e Thaptomys nigrita. Capturas por armadilhas de queda representaram 67% do total, e oito espécies foram registradas exclusivamente por este método. Akodon montensis, O. nigripes e T. nigrita foram as espécies mais abundantes.

Morfologia; Inventário; Diversidade; Piraí do Sul; Sul do Brasil


Rodents and Marsupials are an important component of the fauna in the Neotropical region. Studies about richness and abundance of these animals in the Araucaria Forests are scarce, and here we present an inventory at Piraí do Sul National Forest. This area has approximately 150 ha, surrounded by pastures and Pinus plantations. Pitfall, Shermann and Tomahawk traps were disposed at the main vegetation types found in this National Forest. At least a pair of each species were collected. As a result, during 5.892 traps.night we had a total of 1.049 captures, representing 17 species: Akodon montensis, Bibimys labiosus, Brucepattersonius iheringi, Cryptonanus sp., Didelphis albiventris, D. aurita, Gracilinanus microtarsus, Juliomys ossitenuis, Monodelphis americana, M. scalops, Myocastor coypus, Nectomys squamipes, Oligoryzomys nigripes, Oxymycterus judex, O. nasutus, Sooretamys angouya and Thaptomys nigrita. Pitfall represented 67% of the total, and eight species were recorded only by this method. Akodon montensis, O. nigripes and T. nigrita were the most abundant species.

Morphology; Inventory; Diversity, Piraí do Sul, Southern Brazil


INTRODUÇÃO

Os pequenos mamíferos não voadores (Rodentia e Didelphimorphia) formam o grupo de mamíferos mais diversificado do Brasil, com cerca de 280 espécies (cerca de 40% do total de mamíferos)(Paglia et al., 2012PAGLIA, A.P.; FONSECA, G.A.B.D.; RYLANDS, A.B.; HERRMANN, G.; AGUIAR, L.M.S.; CHIARELLO, A.G.; LEITE, Y.L.R.; COSTA, L.P.; SICILIANO, S.; KIERULFF, M.C.M.; MENDES, S.L.; TAVARES, V.C.; MITTERMEIER, R.A. & PATTON, J.L. 2012. Lista anotada dos mamíferos do Brasil/Annotated checklist of Brazilian mammals. 2. ed. Arlington, Conservation International.). Além disso, exercem uma importante função nos ecossistemas neotropicais, pois são predadores de sementes, invertebrados, pequenos vertebrados e ovos (Cáceres & Monteiro-Filho, 2001CÁCERES, N.C. & MONTEIRO-FILHO, E.L.A. 2001. Food habits, home range and activity of Didelphis aurita (Mammalia, Marsupialia) in a forest fragment of southern Brazil. Studies on Neotropical Fauna and Environment, 36(2): 85-92.; Miranda, 2005MIRANDA, J.M. 2005. Dieta de Sciurus ingrami Thomas (Rodentia, Sciuridae) em um remanescente de Floresta com Araucária, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 22(4): 1141-1145.; Vieira et al., 2006VIEIRA, E.M.; PAISE, G. & MACHADO, P.H. 2006. Feeding of small rodents on seeds and fruits: a comparative analysis of three species of rodents of the Araucaria Forest, southern Brazil. Acta theriologica, 51(3): 311-318.; Pinotti et al., 2011PINOTTI, B.T.; NAXARA, L. & PARDINI, R. 2011. Diet and food selection by small mammals in an old-growth Atlantic forest of south-eastern Brazil. Studies on Neotropical Fauna and Environment, 46(1): 1-9.; Vieira et al., 2011VIEIRA, E.M.; RIBEIRO, J.F. & IOB, G. 2011. Seed predation of Araucaria angustifolia (Araucariaceae) by small rodents in two areas with contrasting seed densities in the Brazilian Araucaria forest. Journal of Natural History, 45(13-14): 843-854.), além de serem presas de mamíferos maiores, aves e serpentes (Cáceres & Monteiro-Filho, 2001CÁCERES, N.C. & MONTEIRO-FILHO, E.L.A. 2001. Food habits, home range and activity of Didelphis aurita (Mammalia, Marsupialia) in a forest fragment of southern Brazil. Studies on Neotropical Fauna and Environment, 36(2): 85-92.; Pardiñas et al., 2005PARDIÑAS, U.; TETA, P. & FORTABAT, S.H. 2005. Vertebrate prey of the barn owl (Tyto alba) in subtropical wetlands of northeastern Argentina and eastern Paraguay. Journal of raptor research, 39(1): 65-69.; Rocha et al., 2008ROCHA, V.J.; AGUIAR, L.M.; SILVA-PEREIRA, J.E.; MORO-RIOS, R.F. & PASSOS, F.C. 2008. Feeding habits of the crab-eating fox, Cerdocyon thous (Carnivora: Canidae), in a mosaic area with native and exotic vegetation in Southern Brazil. Revista Brasileira de Zoologia, 25(4): 594-600.; Bernarde & Abe, 2010BERNARDE, P.S. & ABE, A.S. 2010. Hábitos alimentares de serpentes em Espigão do Oeste, Rondônia, Brasil. Biota Neotropica, 10(1): 167-173.; Rocha-Mendes et al., 2010ROCHA-MENDES, F.; MIKICH, S.B.; QUADROS, J. & PEDRO, W.A. 2010. Feeding ecology of carnivores (Mammalia, Carnivora) in Atlantic forest remnants, southern Brazil. Biota Neotropica, 10(4): 21-30.). Também atuam como agentes dispersores de sementes de várias plantas e fungos micorrízicos (Vieira et al., 2006VIEIRA, E.M.; PAISE, G. & MACHADO, P.H. 2006. Feeding of small rodents on seeds and fruits: a comparative analysis of three species of rodents of the Araucaria Forest, southern Brazil. Acta theriologica, 51(3): 311-318.; Cáceres & Monteiro-Filho, 2007CÁCERES, N.C. & MONTEIRO-FILHO, E.L.A. 2007. Germination in seed species ingested by opossums: implications for seed dispersal and forest conservation. Brazilian Archives of Biology and Technology, 50(6): 921-928.; Horn et al., 2008HORN, G.B.; KINDEL, A. & HARTZ, S.M. 2008. Akodon montensis (Thomas, 1913) (Muridae) as a disperser of endozoochoric seeds in a coastal swamp forest of southern Brazil. Mammalian Biology - Zeitschrift für Säugetierkunde, 73(4): 325-329.).

Muitas espécies destas duas ordens encontram-se ameaçadas pela perda e fragmentação do habitat, que tem gerado um declínio pronunciado em sua riqueza e abundância (Pardini et al., 2005PARDINI, R.; DE SOUZA, S.M.; BRAGA-NETO, R. & METZGER, J.P. 2005. The role of forest structure, fragment size and corridors in maintaining small mammal abundance and diversity in an Atlantic forest landscape. Biological Conservation, 124(2): 253-266.). (Costa et al. 2005COSTA, L.P.; LEITE, Y.L.R.; MENDES, S.L. & DITCHFIELD, A.D. 2005. Mammal conservation in Brazil. Conservation Biology, 19(3): 672-679.) evidenciam ainda, como agravante, a deficiência ou mesmo falta de informações a respeito da distribuição geográfica, história natural, biogeografia e sistemática da maioria dos táxons destas ordens.

No Brasil, o estudo destes pequenos mamíferos ainda é restrito a poucos ecossistemas. A Floresta Ombrófila Mista (FOM, ou Floresta com Araucária) (Hueck, 1972HUECK, K. 1972. As florestas da América do Sul: ecologia, composição e importância econômica. São Paulo, Polígono.) é encontrada principalmente nos estados da região sul, e é considerada ameaçada em toda sua área de distribuição (Castella & de Britez, 2004CASTELLA, P.R. & DE BRITEZ, R.M. 2004. A floresta com araucária no Paraná: conservação e diagnóstico dos remanescentes florestais. Ministério do Meio Ambiente, Centro de Informação, Documentação Ambiental e Editoração - CID Ambiental.; Mähler-Junior & Larocca, 2009MÄHLER-JUNIOR, J.K.F. & LAROCCA, J.F. 2009. Fitofisionomias, desmatamento e fragmentação da Floresta com Araucária. In: FONSECA, C.R.; SOUZA, A.F.; LEAL-ZANCHET, A.M.; DUTRA, T.; BACKES, A. & GANADO, G. Floresta com Araucária: Ecologia, conservação e desenvolvimento sustentável. Ribeirão Preto, SP, Holos. p. 243-252.). No Paraná, onde chegou a representar 40% da cobertura florestal, hoje recobre cerca de 5% de sua área original, com uma fração ainda menor considerada como mantendo um certo estado natural (Castella & de Britez, 2004CASTELLA, P.R. & DE BRITEZ, R.M. 2004. A floresta com araucária no Paraná: conservação e diagnóstico dos remanescentes florestais. Ministério do Meio Ambiente, Centro de Informação, Documentação Ambiental e Editoração - CID Ambiental.; Mähler-Junior & Larocca, 2009MÄHLER-JUNIOR, J.K.F. & LAROCCA, J.F. 2009. Fitofisionomias, desmatamento e fragmentação da Floresta com Araucária. In: FONSECA, C.R.; SOUZA, A.F.; LEAL-ZANCHET, A.M.; DUTRA, T.; BACKES, A. & GANADO, G. Floresta com Araucária: Ecologia, conservação e desenvolvimento sustentável. Ribeirão Preto, SP, Holos. p. 243-252.). Neste tipo de floresta, e na região sul do Brasil, estudos que abordam os pequenos mamíferos não voadores são escassos, principalmente aqueles relacionados a inventários (Persson & Lorini, 1990abPERSSON, V.G. & LORINI, M.L. 1990b. Notas sobre a distribuição do gênero Caluromys ALLEN, 1900 no sul do Brasil (Mammalia:Didelphidae). Acta Biologica Leopoldensia, 12(2): 277-282.; Cherem & Perez, 1996CHEREM, J.J. & PEREZ, D.M. 1996. Mamíferos terrestres de floresta de araucária no município de Três Barras, Santa Catarina, Brasil. Biotemas, 9(2): 29-46.; Cheida et al., 2005CHEIDA, C.C.; MOTTA, M.C. & LIMA, I.P. 2005. Ordem Didelphimorphia. In: REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; FANDIÑO-MARIÑO, H. & ROCHA, V.J. Mamíferos da Fazenda Monte Alegre - Paraná. EdUEL, Londrina.; Dalmagro & Vieira, 2005DALMAGRO, A.D. & VIEIRA, E.M. 2005. Patterns of habitat utilization of small rodents in an area of Araucaria forest in Southern Brazil. Austral Ecology, 30(4): 353-362.; Oliveira et al., 2005OLIVEIRA, J.A.; SILVEIRA, G.; ROCHA, V.J. & SILVA, C.E.F. 2005. Ordem Rodentia. In: REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; FANDIÑO-MARIÑO, H. & ROCHA, V.J. Mamíferos da Fazenda Monte Alegre - Paraná. Londrina, EdUEL.; Dias & Mikich, 2006DIAS, M. & MIKICH, S.B. 2006. Levantamento e conservação da mastofauna em um remanescente de floresta ombrófila mista, Paraná, Brasil. Pesquisa Florestal Brasileira, 52: 61-78.; Cademartori et al., 2008CADEMARTORI, C.V.; SARAIVA, M.; SARAIVA, C. & DE MIRANDA, J.A. 2008. Nota sobre a fauna de pequenos roedores em mosaico antropogênico com remanescente florestal do domínio Mata Atlântica, sul do Brasil. Biodiversidade Pampeana, 6(2): 187-194.; Pedó et al., 2010PEDÓ, E.; FREITAS, T.R.D. & HARTZ, S.M. 2010. The influence of fire and livestock grazing on the assemblage of non-flying small mammals in grassland-Araucaria Forest ecotones, southern Brazil. Zoologia, Curitiba, 27(4): 533-540.; Vieira et al., 2011VIEIRA, E.M.; RIBEIRO, J.F. & IOB, G. 2011. Seed predation of Araucaria angustifolia (Araucariaceae) by small rodents in two areas with contrasting seed densities in the Brazilian Araucaria forest. Journal of Natural History, 45(13-14): 843-854.; Galiano et al., 2013GALIANO, D.; KUBIAK, B.B.; MARINHO, J.R. & FREITAS, T.R.O. 2013. Population dinamycs of Akodon montensis and Oligoryzomys nigripes in an Araucaria forest of Southern Brazil. Mammalia, 77(2): 173-179.). Desta forma, apresentamos aqui o inventário desta fauna na Floresta Nacional de Piraí do Sul, situada nos domínios da Floresta com Araucária, mas que também sofre influência dos Campos Sulinos, enclaves de Cerrado, Mata Atlântica stricto sensu (Floresta Ombrófila Densa) e Floresta Estacional Semidecidual paranaenses.

MATERIAL E MÉTODOS

A Floresta Nacional de Piraí do Sul (24°34'22"S 49°55'35"W) é uma Unidade de Conservação de uso sustentável localizada no estado do Paraná. Possui uma área aproximada de 150 ha, dos quais 7,2 ha são reflorestamentos de araucária e imbuia, 39 ha de Pinus, plantados nas décadas de 1970 e 1980, 13 ha em aceiros, e o restante (cerca de 93 ha) representados por formações nativas de Floresta com Araucária em diferentes estados de sucessão. O clima predominante é o subtropical temperado mesotérmico, ou Cfb (Kottek et al., 2006KOTTEK, M.; GRIESER, J.; BECK, C.; RUDOLF, B. & RUBEL, F. 2006. World map of the Koppen-Geiger climate classification updated. Meteorologische Zeitschrift, 15(3): 259-263.) e os solos são predominantemente do tipo Latossolo bruno, em altitudes variando de 900 a 1.248 m (Moro et al., 2009MORO, R.S.; KACZMARECH, R.; PEREIRA, T.K.; CHAVES, C.C.; MILAN, E.; GELS, M.; MORO, R.F. & MIODUSKI, J. 2009. Perfil fitossociológico da vegetação da Floresta Nacional de Piraí do Sul, PR. Relatório técnico. Ponta Grossa, Pr, ICMBio/UEPG.). A Floresta Nacional de Piraí do Sul está inserida em uma matriz dominada por intensiva agricultura industrial, pastagens e plantações de Pinus, e faz fronteira com uma área com aproximadamente 450 ha de Floresta Ombrófila Mista secundária em regeneração natural, pertencente à empresa Iguaçu Celulose (Fig. 1). Os pequenos mamíferos foram inventariados em cinco locais representativos da vegetação ocorrentes nesta Unidade de Conservação, considerados aqui como:

  1. Talhão de reflorestamento com Pinus (FP): Talhão não manejado, plantado entre 30 e 40 anos atrás. Possui sub-bosque semiestruturado, estrato herbáceo praticamente inexistente e solo dominado pelas acículas desta árvore.

  2. Mata Ciliar ou Floresta Ombrófila Mista Aluvial (MC): Floresta secundária em estádio inicial a médio de sucessão que margeia um rio de aproximadamente 2 m de largura. Embora (IBGE 2012INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. 2012. Manual técnico da vegetação brasileira. 2. ed. revista e ampliada. Rio de Janeiro, IBGE.) aponte que a composição florística da fitofisionomia pode variar muito de acordo com a situação geográfica e a altitude, merecem destaque a presença de plantas dos gêneros Ocotea, Cryptocarya e Nectandra.

  3. Talhão de reflorestamento com araucárias (RA): Plantado entre 30 e 40 anos atrás, encontra-se em estágio sucessional médio. As famílias com maior riqueza e abundância - com exceção de Araucariaceae - são Flacourtiaceae, Lauraceae, Rubiaceae e Aquifoliaceae, com cerca de 40% das espécies e quase metade das angiospermas amostradas. As espécies mais importantes na estrutura do talhão são Casearia sylvestris, Ilex paraguariensis e Rudgea jasminoides, com as maiores densidades e dominância relativas (Moro et al., 2009MORO, R.S.; KACZMARECH, R.; PEREIRA, T.K.; CHAVES, C.C.; MILAN, E.; GELS, M.; MORO, R.F. & MIODUSKI, J. 2009. Perfil fitossociológico da vegetação da Floresta Nacional de Piraí do Sul, PR. Relatório técnico. Ponta Grossa, Pr, ICMBio/UEPG.).

  4. Floresta Ombrófila Mista secundária em Regeneração Natural (RN): Floresta em estágio médio de sucessão. As famílias com maior riqueza e abundância de espécies são Lauraceae, Rubiaceae, Sapindaceae, Myrtaceae e Flacourtiaceae, que representam quase metade das espécies encontradas. As três primeiras, acrescidas de Araucariaceae, são também as famílias com maior valor de importância na comunidade vegetal (Moro et al., 2009MORO, R.S.; KACZMARECH, R.; PEREIRA, T.K.; CHAVES, C.C.; MILAN, E.; GELS, M.; MORO, R.F. & MIODUSKI, J. 2009. Perfil fitossociológico da vegetação da Floresta Nacional de Piraí do Sul, PR. Relatório técnico. Ponta Grossa, Pr, ICMBio/UEPG.).

  5. Capoeirinha de altitude (CA): Essa área é a mais alta da UC, a cerca de 1.250 m de altitude. Se encontra em estágio sucessional inicial e tem solo predominantemente do tipo Cambissolo. Fisionomicamente é uma vegetação arbustiva fechada, de baixo porte, com altura média de 2 m, ocupando a encosta da Serra das Pedras. O estrato herbáceo é constituído de diversas espécies de Poaceae, bromélias terrestres, epífitas, além de musgos e liquens, filicíneas e diversas espécies escandentes de Asclepiadacea, Malpiguiacea e Sapindacea, com a ocorrência também de Orchidaceae terrestres. As famílias com maior número de espécies e de indivíduos são Myrtaceae, Asteraceae, Melastomataceae e Myrsinaceae (Moro et al., 2009MORO, R.S.; KACZMARECH, R.; PEREIRA, T.K.; CHAVES, C.C.; MILAN, E.; GELS, M.; MORO, R.F. & MIODUSKI, J. 2009. Perfil fitossociológico da vegetação da Floresta Nacional de Piraí do Sul, PR. Relatório técnico. Ponta Grossa, Pr, ICMBio/UEPG.).

FIGURA 1
Distribuição do Bioma Mata Atlântica (em cinza claro) e Floresta com Araucária (em cinza escuro) no Brasil. O ponto vermelho indica a Floresta Nacional de Piraí do Sul, no estado do Paraná. No mapa da Floresta Nacional de Piraí do Sul os números indicam os locais onde houve amostragem de pequenos mamíferos não voadores (1 = Talhão de reflorestamento com Pinus elliotti; 2 = Floresta Ombrófila Mista Aluvial secundária em regeneração natural; 3 = Talhão de reflorestamento com Araucaria angustifolia; 4 = Floresta Ombrófila Mista Montana secundária em regeneração natural; 5 = Capoeirinha de altitude; 6 = Banhado; 7 = Taquaral; 8 = Área Antropizada). A imagem de satélite foi retirada do software Google Earth, em Março de 2014.

Em cada fitofisionomia foram instaladas três linhas de quatro baldes de 60 litros (55 cm de altura por 41 cm de diâmetro), conectados por lona preta de cerca de 80 cm de altura, distantes 10 m um do outro. Cada linha foi instalada a cerca de 30 m de distância da outra, e cada uma delas possuía cerca de 40 m de comprimento. Adicionalmente, foram instaladas três linhas de seis armadilhas do tipo Sherman (Pequena: 250 × 90 × 90 mm; Grande: 310 × 95 × 95 mm) e Tomahawk (Pequena: 350 × 145 × 180 mm; Grande: 450 × 145 × 180 mm), distantes cerca de 5 m umas das outras, e iscadas com uma massa feita com banana, sardinha, bacon, aveia, pasta de amendoim e farinha de milho. Cada linha tinha cerca de 25 m de comprimento e distava cerca de 30 m uma da outra. As armadilhas foram dispostas principalmente no solo, porém eventualmente em árvores a cerca de 1,5 m de altura. 30 armadilhas foram instaladas em cada fitofisionomia.

FIGURA 2
Fitofisionomias da Floresta Nacional de Piraí do Sul (Paraná, Brasil) com maior esforço amostral de pequenos mamíferos não voadores (A = Talhão de reflorestamento com Pinus elliotti; B = FOM Aluvial em regeneração natural; C = Talhão de reflorestamento com Araucaria angustifolia; D = FOM Montana secundária em regeneração natural; E = Capoeirinha de altitude).

Armadilhas adicionais dos tipos Sherman Pequena, Sherman Grande, Sherman (400 × 120 × 140 mm), Tomahawk (450 × 210 × 210 mm) e Armadilha de Passagem (780 × 200 × 200 mm) foram utilizadas para a amostragem em outros locais, como um banhado (BA) vizinho à UC, em um grande taquaral (TA), e em áreas antropizadas ao redor da sede (AA) (Figs. 1 e 3).

FIGURA 3
Fitofisionomias da Floresta Nacional de Piraí do Sul (Paraná, Brasil) com menor esforço amostral de pequenos mamíferos não voadores (A = Banhado; B = Taquaral; C = Área Antropizada).

As campanhas foram realizadas a cada dois meses, entre setembro de 2012 e setembro de 2013, em sete campanhas de campo. Em cada campanha foram feitas cinco manhã de revisão, com exceção de setembro de 2012, com seis manhãs. Todos as localidades foram amostradas simultaneamente.

Pelo menos um casal de cada espécie foi coletado para estudos citogenéticos e taxonômicos. Outros indivíduos foram marcados com brinco numerado e soltos. A morfologia foi analisada no Laboratório de Biodiversidade e Conservação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Setor Litoral, e a análise cromossômica foi realizada no Laboratório de Citogenética Animal da UFPR. Os exemplares de Gracilinanus foram identificados com base em (Costa et al. 2003COSTA, L.P.; LEITE, Y.L.R. & PATTON, J.L. 2003. Phylogeography and systematic notes on two species of gracile mouse opossums, genus Gracilinanus (Marsupialia: Didelphidae) from Brazil. Proceedings of the Biological Society of Washington, 116(2): 275-292.). A nomenclatura das espécies baseou-se em (Wilson & Reeder 2005WILSON, D.E. & REEDER, D.M. 2005. Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference. Maryland, Johns Hopkins University Press.) e (Weksler et al. 2006WEKSLER, M.; PERCEQUILLO, A.R. & VOSS, R.S. 2006. Ten new genera of oryzomyine rodents (Cricetidae: Sigmodontinae). American Museum Novitates, (3537): 1-29.), para a tribo Oryzomyini. Os exemplares coletados serão tombados no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (MNRJ).

A abundância relativa de indivíduos foi obtida dividindo-se o número total de indivíduos de cada espécie pelo número total de indivíduos das espécies registradas na área de estudo (Magurran, 2004MAGURRAN, A.E. 2004. Measuring biological diversity. Oxford, Blackwell Science.). Para se verificar a suficiência amostral foi feita uma curva média de acumulação de espécies e calculados os valores dos estimadores de riqueza ACE - baseado na abundância das espécies, sendo aquelas com 10 ou menos indivíduos consideradas raras - e Chao 2, com intervalo de confiança de 95% (Magurran, 2004MAGURRAN, A.E. 2004. Measuring biological diversity. Oxford, Blackwell Science.). As estimativas de riqueza foram realizadas no software EstimateS 9.1.0 (Colwell, 2012COLWELL, R.K. 2012. EstimateS. Disponível em: http://purl.oclc.org/estimates.
http://purl.oclc.org/estimates...
).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O esforço amostral totalizou 5.892 armadilhas.noite (2.117 em armadilhas de queda e 3.775 nas demais), resultando em 1.049 capturas ("capturabilidade" de 17,8%) de 801 espécimes, pertencentes a 16 espécies de pequenos mamíferos não voadores. Adicionalmente, um indivíduo de Myocastor coypus foi avistado nos arredores da sede da unidade. O esforço amostral diferiu entre as fitofisionomias. Em setembro de 2011 apenas o Reflorestamento de Araucárias, Regeneração Natural e Capoeirinha de Altitude foram amostrados, e algumas armadilhas de queda foram fechadas na Mata Ciliar por causa de alagamento (Tabela 1).

TABELA 1
Esforço amostral (armadilhas.noite), riqueza de espécies, número de indivíduos capturados e capturabilidade (%) das fitofisionomias amostradas na FLONA de Piraí do Sul, Paraná, Brasil.

A "capturabilidade" foi considerada alta em relação a outros esforços realizados em formações florestais da Mata Atlântica (Pires et al., 2002PIRES, A.S.; KOELER LIRA, P.; FERNANDEZ, F.A.; SCHITTINI, G.M. & OLIVEIRA, L.C. 2002. Frequency of movements of small mammals among Atlantic Coastal Forest fragments in Brazil. Biological Conservation, 108(2): 229-237.; Vieira & Monteiro-Filho, 2003VIEIRA, E.M. & MONTEIRO-FILHO, E.L.A. 2003. Vertical stratification of small mammals in the Atlantic rain forest of south-eastern Brazil. Journal of Tropical Ecology, 19(5): 501-507.; Pardini et al., 2005PARDINI, R.; DE SOUZA, S.M.; BRAGA-NETO, R. & METZGER, J.P. 2005. The role of forest structure, fragment size and corridors in maintaining small mammal abundance and diversity in an Atlantic forest landscape. Biological Conservation, 124(2): 253-266.; Pardini & Umetsu, 2006PARDINI, R. & UMETSU, F. 2006. Pequenos mamíferos não-voadores da Reserva Florestal do Morro Grande-distribuição das espécies e da diversidade em uma área de Mata Atlântica. Biota Neotropica, 6(2): 1-22.; Quintela et al., 2012QUINTELA, F.M.; SANTOS, M.B.; CHRISTOFF, A.U. & GAVA, A. 2012. Pequenos mamíferos não-voadores (Didelphimorphia, Rodentia) em dois fragmentos de mata de restinga de Rio Grande, Planície Costeira do Rio Grande do Sul. Biota Neotropica, 12(1): 261-266.), embora esteja dentro do encontrado em outros estudos realizados na Floresta Ombrófila Mista (Dalmagro & Vieira, 2005DALMAGRO, A.D. & VIEIRA, E.M. 2005. Patterns of habitat utilization of small rodents in an area of Araucaria forest in Southern Brazil. Austral Ecology, 30(4): 353-362.; Cademartori et al., 2009CADEMARTORI, C.V.; MARQUES, R.V. & PACHECO, S.M. 2009. Estratificação vertical no uso do espaço por pequenos mamíferos (Rodentia, Sigmodontinae) em área de Floresta Ombrófila Mista, RS, Brasil. Revista Brasileira de Zoociências, 10(3): 34-38.; Pedó et al., 2010PEDÓ, E.; FREITAS, T.R.D. & HARTZ, S.M. 2010. The influence of fire and livestock grazing on the assemblage of non-flying small mammals in grassland-Araucaria Forest ecotones, southern Brazil. Zoologia, Curitiba, 27(4): 533-540.). Em nosso estudo, 67% (n = 698) das capturas foram realizadas em armadilhas de queda, não utilizadas na maioria dos estudos citados, sendo oito espécies registradas exclusivamente por este método (Bibimys labiosus, Brucepattersonius iheringi, Cryptonanus sp., Gracilinanus microtarsus, Juliomys ossitenuis, Monodelphis americana, Monodelphis scalops e Oxymycterus nasutus).

Em relação à riqueza, os baixos índices encontrados nos estudos conduzidos em Floresta Ombrófila Mista acima citados não condizem com o encontrado na FLONA, que se equipara, e as vezes supera, resultados obtidos em Floresta Ombrófila Densa como os de (Pires et al. 2002PIRES, A.S.; KOELER LIRA, P.; FERNANDEZ, F.A.; SCHITTINI, G.M. & OLIVEIRA, L.C. 2002. Frequency of movements of small mammals among Atlantic Coastal Forest fragments in Brazil. Biological Conservation, 108(2): 229-237.), (Vieira & Monteiro-Filho 2003VIEIRA, E.M. & MONTEIRO-FILHO, E.L.A. 2003. Vertical stratification of small mammals in the Atlantic rain forest of south-eastern Brazil. Journal of Tropical Ecology, 19(5): 501-507.) e (Pessôa et al. 2009PESSÔA, F.S.; MODESTO, T.C.; ALBUQUERQUE, H.G.; ATTIAS, N. & BERGALLO, H.D.G. 2009. Non-volant mammals, Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Rio das Pedras, municipality of Mangaratiba, state of Rio de Janeiro, Brazil. Check List, 5(3): 577-586.). Os resultados obtidos não estão de acordo com a conclusão de (Dalmagro & Vieira 2005DALMAGRO, A.D. & VIEIRA, E.M. 2005. Patterns of habitat utilization of small rodents in an area of Araucaria forest in Southern Brazil. Austral Ecology, 30(4): 353-362.) que afirmam que a Floresta com Araucária tem riqueza de pequenos mamíferos não voadores inferior à Floresta Ombrófila Densa, levantando dúvidas se esse padrão de baixa riqueza encontrado pelos autores na literatura não seria o resultado de uma amostragem restrita pela ausência de armadilhas de queda e em fragmentos florestais alterados.

Akodon montensis foi a espécie com o maior número de indivíduos capturados. Juntos, Akodon montensis, Oligoryzomys nigripes e Thaptomys nigrita foram responsáveis por mais de 75% dos indivíduos capturados na FLONA. A curva média de acumulação de espécies sugere que o esforço de coleta foi suficiente durante o período do estudo (Fig. 4).

FIGURA 4
Curva média de acumulação de espécies por dia de amostragem de pequenos mamíferos não voadores da Floresta Nacional de Piraí do Sul, Paraná, Brasil.

Os estimadores de riqueza ACE e Chao 2 obtiveram como resultado as estimativas de 16,86 e 16,66, sendo que o segundo pode chegar a 23,63 devido ao intervalo de confiança de 95%. Os resultados confirmam que o esforço de coleta foi suficiente no período amostrado. Por outro lado, algumas espécies consideradas como abundantes em Floresta com Araucária estiveram ausentes deste inventário, tais como Akodon paranaensis, A. serrensis, Delomys dorsalis, Cavia aperea, Euryoryzomys russatus, Euryzygomatomys spinosus, Guerlinguetus ingrami, Kannabateomys amblyonyx, Micoureus paraguayanus e Necromys lasiurus.

As Tabelas 2-5 apresentam as medidas obtidas dos exemplares, enquanto que a Tabela 6 apresentam as demais informações, incluindo os números diploide e autossomal. A Fig. 5 ilustra algumas das espécies registradas na Unidade.

TABELA 2:
Medidas externas, em milímetros dos Didelphimorphia, capturados na Floresta nacional de Piraí do Sul, Paraná, Brasil. O primeiro valor indica a média da medida, entre parênteses o número de animais utilizados para a medida e na linha de baixo a amplitude da mesma.

TABELA 3
Medidas cranianas, em milímetros, dos Didelphimorphia capturados na Floresta nacional de Piraí do Sul, Paraná, Brasil. O primeiro valor indica a média da medida, entre parênteses o número de animais utilizados para a medida e na linha de baixo a amplitude da mesma.

TABELA 4
Medidas externas, em milímetros, dos Rodentia capturados na Floresta nacional de Piraí do Sul, Paraná, Brasil. O primeiro valor indica a média da medida, entre parênteses o número de animais utilizados para a medida e na linha de baixo a amplitude da mesma.

TABELA 5
Medidas cranianas, em milímetros, dos Rodentia capturados na Floresta nacional de Piraí do Sul, Paraná, Brasil. O primeiro valor indica a média da medida, entre parênteses o número de animais utilizados para a medida e na linha de baixo a amplitude da mesma.

TABELA 6
Número de indivíduos por fitofisionomias e total, número de capturas por tipo de armadilha e total, e cariótipo dos pequenos mamíferos não voadores capturados na Floresta Nacional de Piraí do Sul, Paraná, Brasil. O período de amostragem é de Setembro de 2011 a Setembro de 2013. Abreviações: FP = Floresta de Pinus; MC = Mata Ciliar; RA = Reflorestamento de Araucárias; RN = Regeneração Natural; CA = Capoeirinha de Altitude; BA = Banhado; TA = Taquaral; AA = Área Antropizada; AdQ = Armadilha de Queda; S = Sherman; T = Tomahawk; AdP = rmadilha de Passagem; 2n = Número diploide; NA = Número autossomal.

FIGURA 5
Espécies de pequenos mamíferos registradas na Floresta Nacional de Piraí do Sul, Paraná, Brasil. A = Akodon montensis; B = Bibimys labiosus; C = Brucepattersonius iheringi; D = Cryptonanus sp.; E = Didelphis albiventris (Fotografia de Elvira de Bastiani); F = D. aurita; G = Gracilinanus microtarsus; H = Juliomys ossitenuis; I = Monodelphis americana; J = Oligoryzomys nigripres; K = Oxymycterus judex; L = O. nasutus; M = Sooretamys angouya; N = Thaptomys nigrita.

Ordem Didelphimorphia

Cryptonanus sp.: Em virtude da distinção de habitats, da distância dos locais de coleta das espécies conhecidas e de divergências na descrição das mesmas por (Voss et al. 2005VOSS, R.S.; LUNDE, D.P. & JANSA, S.A. 2005. On the contents of Gracilinanus Gardner and Creighton, 1989, with the description of a previously unrecognized clade of small didelphid marsupials. American Museum Novitates, (3482): 1-36.), os espécimes capturados na FLONA podem vir a ser considerados como pertencentes a uma espécie de Cryptonanus ainda não nomeada. Cinco espécimes foram capturados em armadilha de queda na Capoeirinha de Altitude, sugerindo uma preferência do gênero, já citada por (Voss et al. 2005VOSS, R.S.; LUNDE, D.P. & JANSA, S.A. 2005. On the contents of Gracilinanus Gardner and Creighton, 1989, with the description of a previously unrecognized clade of small didelphid marsupials. American Museum Novitates, (3482): 1-36.), por ambientes abertos. Por outro lado, nenhuma das capturas de Gracilinanus ocorreu na Capoeirinha de Altitude, apenas na Mata Ciliar, Reflorestamento de Araucárias e Regeneração Natural, indicando assim uma distinção na preferência de habitat entre as espécies e corroborando a divisão de gêneros proposta em (Voss et al. 2005VOSS, R.S.; LUNDE, D.P. & JANSA, S.A. 2005. On the contents of Gracilinanus Gardner and Creighton, 1989, with the description of a previously unrecognized clade of small didelphid marsupials. American Museum Novitates, (3482): 1-36.) (Fig. 5D).

Didelphis albiventris: Dois espécimes capturados na Floresta de Pinus em março de 2013, e uma fêmea, com filhotes no marsúpio, foi avistada em torno das construções da sede da FLONA em setembro do mesmo ano. O baixo número de registros, em relação a D. aurita (n = 36), reforça a conclusão encontrada por (Cáceres & Monteiro-Filho 1998CÁCERES, N.C. & MONTEIRO-FILHO, E.L.A. 1998. Population dynamics of the common opossum, Didelphis marsupialis (Mammalia, Marsupialia), in southern Brazil. International Journal of Mammalian Biology, 63(3): 169-172., 2006CÁCERES, N.C. & MONTEIRO-FILHO, E.L.A. 2006. Uso do espaço por marsupiais: fatores influentes, comportamento e heterogeneidade espacial. In: CÁCERES, N.C. & MONTEIRO-FILHO, E.L.A. Os marsupiais do Brasil: biologia, ecologia e evolução. Campo Grande, Editora UFMS.), que consideram que em zona de simpatria, D. aurita habita fragmentos florestais enquanto que D. albiventris prefere suas bordas ou o exterior deles (Fig. 5E).

Didelphis aurita: Marsupial com maior número de indivíduos na área, e também a que foi capturada em todas fitofisionomias amostradas. Sua presença e abundância era esperada e chama a atenção quando comparada aos esparsos registros de D. albiventris, sustentando a hipótese de exclusão competitiva proposta por (Cáceres & Monteiro-Filho 2006CÁCERES, N.C. & MONTEIRO-FILHO, E.L.A. 2006. Uso do espaço por marsupiais: fatores influentes, comportamento e heterogeneidade espacial. In: CÁCERES, N.C. & MONTEIRO-FILHO, E.L.A. Os marsupiais do Brasil: biologia, ecologia e evolução. Campo Grande, Editora UFMS.) (Fig. 5F).

Gracilinanus microtarsus: Um adulto e dois jovens capturados nas formações florestais mais baixas da FLONA, enquanto que Cryptonanus sp. foi capturado apenas na Capoeirinha de Altitude. O fato de ser uma espécie com preferência por ambientes florestais é conhecido em literatura (compilação em Cáceres & Monteiro-Filho, 2006CÁCERES, N.C. & MONTEIRO-FILHO, E.L.A. 2006. Uso do espaço por marsupiais: fatores influentes, comportamento e heterogeneidade espacial. In: CÁCERES, N.C. & MONTEIRO-FILHO, E.L.A. Os marsupiais do Brasil: biologia, ecologia e evolução. Campo Grande, Editora UFMS.). (Cheida et al. 2005CHEIDA, C.C.; MOTTA, M.C. & LIMA, I.P. 2005. Ordem Didelphimorphia. In: REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; FANDIÑO-MARIÑO, H. & ROCHA, V.J. Mamíferos da Fazenda Monte Alegre - Paraná. EdUEL, Londrina.) capturaram a espécie em áreas naturais, reflorestamentos de Araucária e reflorestamentos de Pinus, ambientes semelhantes aos encontrados na FLONA, porém no talhão de Pinus da FLONA a espécie não foi registrada (Fig. 5G).

Monodelphis americana e Monodelphis scalops: Um adulto e dois jovens de Monodelphis americana foram capturados no Reflorestamento de Araucárias e Capoeirinha de Altitude, e um adulto de M. scalops na segunda fitofisionomia. (Marques et al. 2011MARQUES, R.V.; CADEMARTORI, C.V. & PACHECO, S.M. 2011. Mastofauna no Planalto das Araucárias, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, 9(3): 278-288.) registraram as duas espécies em área de FOM em São Francisco de Paula (RS) e as consideraram como sendo raras. Em Telêmaco Borba, em uma localidade com fitofisionomia similar, (Cheida et al. 2005CHEIDA, C.C.; MOTTA, M.C. & LIMA, I.P. 2005. Ordem Didelphimorphia. In: REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; FANDIÑO-MARIÑO, H. & ROCHA, V.J. Mamíferos da Fazenda Monte Alegre - Paraná. EdUEL, Londrina.) (Fig. 5I) registraram M. iheringi e M. dimidiata.

Ordem Rodentia

Akodon montensis: Espécie mais abundante em três das cinco principais fitofisionomias amostradas, com exceção da Floresta de Pinus e Regeneração Natural. Akodon montensis é reconhecidamente muito abundante em florestas pertencentes ao Bioma Atlântico no sul do país em estágio inicial ou intermediário de sucessão ecológica (Cherem & Perez, 1996CHEREM, J.J. & PEREZ, D.M. 1996. Mamíferos terrestres de floresta de araucária no município de Três Barras, Santa Catarina, Brasil. Biotemas, 9(2): 29-46.; Dalmagro & Vieira, 2005DALMAGRO, A.D. & VIEIRA, E.M. 2005. Patterns of habitat utilization of small rodents in an area of Araucaria forest in Southern Brazil. Austral Ecology, 30(4): 353-362.; Oliveira et al., 2005OLIVEIRA, J.A.; SILVEIRA, G.; ROCHA, V.J. & SILVA, C.E.F. 2005. Ordem Rodentia. In: REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; FANDIÑO-MARIÑO, H. & ROCHA, V.J. Mamíferos da Fazenda Monte Alegre - Paraná. Londrina, EdUEL.; Pardini & Umetsu, 2006PARDINI, R. & UMETSU, F. 2006. Pequenos mamíferos não-voadores da Reserva Florestal do Morro Grande-distribuição das espécies e da diversidade em uma área de Mata Atlântica. Biota Neotropica, 6(2): 1-22.; Cademartori et al., 2008CADEMARTORI, C.V.; SARAIVA, M.; SARAIVA, C. & DE MIRANDA, J.A. 2008. Nota sobre a fauna de pequenos roedores em mosaico antropogênico com remanescente florestal do domínio Mata Atlântica, sul do Brasil. Biodiversidade Pampeana, 6(2): 187-194.; Antunes et al., 2010ANTUNES, P.C.; CAMPOS, M.A.A.; OLIVEIRA-SANTOS, L.G.R. & GRAIPEL, M.E. 2010. Population dynamics of Akodon montensis (Rodentia, Cricetidae) in the Atlantic forest of Southern Brazil. Mammalian Biology - Zeitschrift für Säugetierkunde, 75(2): 186-190.; Pedó et al., 2010PEDÓ, E.; FREITAS, T.R.D. & HARTZ, S.M. 2010. The influence of fire and livestock grazing on the assemblage of non-flying small mammals in grassland-Araucaria Forest ecotones, southern Brazil. Zoologia, Curitiba, 27(4): 533-540.; Vieira et al., 2011VIEIRA, E.M.; RIBEIRO, J.F. & IOB, G. 2011. Seed predation of Araucaria angustifolia (Araucariaceae) by small rodents in two areas with contrasting seed densities in the Brazilian Araucaria forest. Journal of Natural History, 45(13-14): 843-854.; Quintela et al., 2012QUINTELA, F.M.; SANTOS, M.B.; CHRISTOFF, A.U. & GAVA, A. 2012. Pequenos mamíferos não-voadores (Didelphimorphia, Rodentia) em dois fragmentos de mata de restinga de Rio Grande, Planície Costeira do Rio Grande do Sul. Biota Neotropica, 12(1): 261-266.; Galiano et al., 2013GALIANO, D.; KUBIAK, B.B.; MARINHO, J.R. & FREITAS, T.R.O. 2013. Population dinamycs of Akodon montensis and Oligoryzomys nigripes in an Araucaria forest of Southern Brazil. Mammalia, 77(2): 173-179.) (Fig. 5A). Akodon montensis parece preferir habitats nativos.

Bibimys labiosus: Espécie rara no estado, registrada apenas através de armadilhas de queda, em área de vegetação pouco avançada em sua sucessão e em ambiente composto basicamente de espécies exóticas (Fig. 5B).

Brucepattersonius iheringi: O número de indivíduos foi semelhante entre as campanhas e fitofisionomias, e alto quando comparado a (Oliveira et al. 2005OLIVEIRA, J.A.; SILVEIRA, G.; ROCHA, V.J. & SILVA, C.E.F. 2005. Ordem Rodentia. In: REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; FANDIÑO-MARIÑO, H. & ROCHA, V.J. Mamíferos da Fazenda Monte Alegre - Paraná. Londrina, EdUEL.), (Cademartori et al. 2009CADEMARTORI, C.V.; MARQUES, R.V. & PACHECO, S.M. 2009. Estratificação vertical no uso do espaço por pequenos mamíferos (Rodentia, Sigmodontinae) em área de Floresta Ombrófila Mista, RS, Brasil. Revista Brasileira de Zoociências, 10(3): 34-38.), (Marques et al. 2011MARQUES, R.V.; CADEMARTORI, C.V. & PACHECO, S.M. 2011. Mastofauna no Planalto das Araucárias, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, 9(3): 278-288.) e (Vieira et al. 2011VIEIRA, E.M.; RIBEIRO, J.F. & IOB, G. 2011. Seed predation of Araucaria angustifolia (Araucariaceae) by small rodents in two areas with contrasting seed densities in the Brazilian Araucaria forest. Journal of Natural History, 45(13-14): 843-854.), todos em FOM (Tabela 6). O fato do número de capturas entre as fitofisionomias ser similar sugere que a espécie pode não ser muito seletiva quanto à escolha de seu habitat. Na FLONA, todas as 49 capturas da espécie se deram por armadilhas de queda, o que vai de encontro com seu hábito terrícola e reforça a importância da utilização deste tipo de armadilha em estudos de inventários de mastofauna de pequeno porte (Fig. 5C).

Juliomys ossitenuis: Descrita recentemente, com diversos registros no sudeste brasileiro (Costa et al., 2007COSTA, L.P.; PAVAN, S.E.; LEITE, Y.L. & FAGUNDES, V. 2007. A new species of Juliomys (Mammalia: Rodentia: Cricetidae) from the Atlantic forest of southeastern Brazil. Zootaxa, 1463(1): 21-37.; Pavan & Leite, 2011PAVAN, S.E. & LEITE, Y.L.R. 2011. Morphological diagnosis and geographic distribution of Atlantic Forest red-rumped mice of the genus Juliomys (Rodentia: Sigmodontinae). Zoologia, Curitiba, 28(5): 633-672.). O baixo número de indivíduos na maioria dos locais onde foi capturada sugere que deve se tratar de uma espécie rara, tendo em vista ainda o fato deste ser o primeiro registro da espécie para o estado do Paraná e para a Floresta Ombrófila Mista (Grazzini et al., 2015GRAZZINI, G.; MOCHI-JUNIOR, C.M.; OLIVEIRA, H.; PONTES, J.S.; GATTO-ALMEIDA, F.; SBALQUEIRO, I.J.; HASS, I. & TIEPOLO, L.M. 2015. First record of Juliomys ossitenuis Costa, Pavan, Leite & Fagundes, 2007 (Rodentia, Sigmodontinae) in Paraná state, southern Brazil. Check List, 11(2), artigo n. 1561.). Apesar das capturas em armadilhas de queda, a espécie é considerada arborícola (Costa et al., 2007COSTA, L.P.; PAVAN, S.E.; LEITE, Y.L. & FAGUNDES, V. 2007. A new species of Juliomys (Mammalia: Rodentia: Cricetidae) from the Atlantic forest of southeastern Brazil. Zootaxa, 1463(1): 21-37.) (Fig. 5H).

Nectomys squamipes: A espécie é comumente amostrada no estado do Paraná e no sul do Brasil (Tiepolo, 2007TIEPOLO, L.M. 2007. Roedores Sigmodontinae do Brasil Meridional: composição taxonômica, distribuição e relações fitogeográficas. Museu Nacional, Programa de Pós-Graduação em Zoologia. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 254p.), e sua presença na FLONA era esperada. Todas as capturas se deram em armadilhas nas margens de brejos ou rios (com exceção de uma captura em armadilha de queda), sendo a maioria delas situada no chão, enquanto que as capturas em árvores a aproximadamente 3 metros de altura sugerem um hábito escansorial além do já conhecido semiaquático.

Oligoryzomys nigripes: Segunda espécie com mais indivíduos amostrados, capturada em todas as campanhas, e na maior parte das vezes no solo. O hábito escansorial e o grande número de indivíduos capturados foram também registrados por (Cherem & Perez 1996CHEREM, J.J. & PEREZ, D.M. 1996. Mamíferos terrestres de floresta de araucária no município de Três Barras, Santa Catarina, Brasil. Biotemas, 9(2): 29-46.), (Cademartori et al. 2002CADEMARTORI, C.V.; MARQUES, R.V.; PACHECO, S.M.; BAPTISTA, L.M. & GARCÍA, M. 2002. Roedores ocorrentes em Floresta Ombrófila Mista (São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul) e a caracterização do seu hábitat. Comunicações do Museu de Ciências e Tecnologia - PUCRS, Serie Zoologia, 15(1): 61-86.), (Oliveira et al. 2005OLIVEIRA, J.A.; SILVEIRA, G.; ROCHA, V.J. & SILVA, C.E.F. 2005. Ordem Rodentia. In: REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; FANDIÑO-MARIÑO, H. & ROCHA, V.J. Mamíferos da Fazenda Monte Alegre - Paraná. Londrina, EdUEL.), (Cademartori et al. 2008CADEMARTORI, C.V.; SARAIVA, M.; SARAIVA, C. & DE MIRANDA, J.A. 2008. Nota sobre a fauna de pequenos roedores em mosaico antropogênico com remanescente florestal do domínio Mata Atlântica, sul do Brasil. Biodiversidade Pampeana, 6(2): 187-194., 2009CADEMARTORI, C.V.; MARQUES, R.V. & PACHECO, S.M. 2009. Estratificação vertical no uso do espaço por pequenos mamíferos (Rodentia, Sigmodontinae) em área de Floresta Ombrófila Mista, RS, Brasil. Revista Brasileira de Zoociências, 10(3): 34-38.), (Pedó et al. 2010PEDÓ, E.; FREITAS, T.R.D. & HARTZ, S.M. 2010. The influence of fire and livestock grazing on the assemblage of non-flying small mammals in grassland-Araucaria Forest ecotones, southern Brazil. Zoologia, Curitiba, 27(4): 533-540.), (Marques et al. 2011MARQUES, R.V.; CADEMARTORI, C.V. & PACHECO, S.M. 2011. Mastofauna no Planalto das Araucárias, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, 9(3): 278-288.), (Vieira et al. 2011VIEIRA, E.M.; RIBEIRO, J.F. & IOB, G. 2011. Seed predation of Araucaria angustifolia (Araucariaceae) by small rodents in two areas with contrasting seed densities in the Brazilian Araucaria forest. Journal of Natural History, 45(13-14): 843-854.) e (Galiano et al. 2013GALIANO, D.; KUBIAK, B.B.; MARINHO, J.R. & FREITAS, T.R.O. 2013. Population dinamycs of Akodon montensis and Oligoryzomys nigripes in an Araucaria forest of Southern Brazil. Mammalia, 77(2): 173-179.), em Floresta com Araucária. (Quintela et al. 2012QUINTELA, F.M.; SANTOS, M.B.; CHRISTOFF, A.U. & GAVA, A. 2012. Pequenos mamíferos não-voadores (Didelphimorphia, Rodentia) em dois fragmentos de mata de restinga de Rio Grande, Planície Costeira do Rio Grande do Sul. Biota Neotropica, 12(1): 261-266.) afirmam que O. nigripes e Akodon montensis são os pequenos mamíferos não voadores mais abundantes na maior parte dos estudos conduzidos em formações florestais do Brasil Meridional. Única espécie de roedor capturada em todas as fitofisionomias amostradas (com exceção da Área Antropizada), principalmente na Floresta de Pinus, onde foram registrados 61 indivíduos. Estes resultados reforçam as informações de que a espécie se adapta bem a formações vegetais em estágio inicial de sucessão (Dalmagro & Vieira, 2005DALMAGRO, A.D. & VIEIRA, E.M. 2005. Patterns of habitat utilization of small rodents in an area of Araucaria forest in Southern Brazil. Austral Ecology, 30(4): 353-362.), possui grande plasticidade ambiental, e é até mesmo favorecida pela fragmentação florestal (Cademartori et al., 2008CADEMARTORI, C.V.; SARAIVA, M.; SARAIVA, C. & DE MIRANDA, J.A. 2008. Nota sobre a fauna de pequenos roedores em mosaico antropogênico com remanescente florestal do domínio Mata Atlântica, sul do Brasil. Biodiversidade Pampeana, 6(2): 187-194.; Pedó et al., 2010PEDÓ, E.; FREITAS, T.R.D. & HARTZ, S.M. 2010. The influence of fire and livestock grazing on the assemblage of non-flying small mammals in grassland-Araucaria Forest ecotones, southern Brazil. Zoologia, Curitiba, 27(4): 533-540.) (Fig. 5D) (Fig. 5J).

Oxymycterus judex: (Oliveira et al. 2005OLIVEIRA, J.A.; SILVEIRA, G.; ROCHA, V.J. & SILVA, C.E.F. 2005. Ordem Rodentia. In: REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; FANDIÑO-MARIÑO, H. & ROCHA, V.J. Mamíferos da Fazenda Monte Alegre - Paraná. Londrina, EdUEL.) e (Raboni et al. 2009RABONI, S.M.; HOFFMANN, F.G.; OLIVEIRA, R.C.; TEIXEIRA, B.R.; BONVICINO, C.R.; STELLA, V.; CARSTENSEN, S.; BORDIGNON, J.; D'ANDREA, P.S. & LEMOS, E.R.S. 2009. Phylogenetic characterization of hantaviruses from wild rodents and hantavirus pulmonary syndrome cases in the state of Paraná (southern Brazil). Journal of General Virology, 90(9): 2166-2171.) registraram a espécie no Estado do Paraná, e (Oliveira et al. 2005OLIVEIRA, J.A.; SILVEIRA, G.; ROCHA, V.J. & SILVA, C.E.F. 2005. Ordem Rodentia. In: REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; FANDIÑO-MARIÑO, H. & ROCHA, V.J. Mamíferos da Fazenda Monte Alegre - Paraná. Londrina, EdUEL.) e (Graipel et al. 2006GRAIPEL, M.E.; CHEREM, J.J.; MONTEIRO-FILHO, E.L. & GLOCK, L. 2006. Dinâmica populacional de marsupiais e roedores no Parque Municipal da Lagoa do Peri, Ilha de Santa Catarina, sul do Brasil. Mastozoología Neotropical, 13(1): 31-49.) capturaram a espécie em áreas de Floresta Ombrófila Mista nativa, reflorestamentos de Araucária e áreas úmidas alteradas, sempre em poucos indivíduos. As capturas da FLONA ocorreram em áreas de vegetação mais aberta, e a espécie é considerada como associada a ambientes em estágio mais inicial de sucessão (Lessa et al., 1999LESSA, G.; GONÇALVES, P.R.; MORAIS JR., M.; COSTA, F.M.; PEREIRA, R.F. & PAGLIA, A.P. 1999. Caracterização e monitoramento da fauna de pequenos mamíferos terrestres de um fragmento de mata secundária em Viçosa, Minas Gerais. Bios, Cadernos do Departamento de Ciências Biológicas da PUC Minas, 7(7): 41-49.; Graipel et al., 2006GRAIPEL, M.E.; CHEREM, J.J.; MONTEIRO-FILHO, E.L. & GLOCK, L. 2006. Dinâmica populacional de marsupiais e roedores no Parque Municipal da Lagoa do Peri, Ilha de Santa Catarina, sul do Brasil. Mastozoología Neotropical, 13(1): 31-49.; Oliveira & Bonvicino, 2011OLIVEIRA, J.A. & BONVICINO, C.R. 2011. Ordem Rodentia. In: REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; PEDRO, W.A. & LIMA, I.P. Mamíferos do Brasil. Londrina, EdiUEL. p. 358-414.) (Fig. 5K).

Oxymycterus nasutus: Apenas um registro na área de Regeneração Natural, por armadilha de queda. Este padrão de poucas capturas condiz com o encontrado por (Marques et al. 2011MARQUES, R.V.; CADEMARTORI, C.V. & PACHECO, S.M. 2011. Mastofauna no Planalto das Araucárias, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, 9(3): 278-288.), (Vieira et al. 2011VIEIRA, E.M.; RIBEIRO, J.F. & IOB, G. 2011. Seed predation of Araucaria angustifolia (Araucariaceae) by small rodents in two areas with contrasting seed densities in the Brazilian Araucaria forest. Journal of Natural History, 45(13-14): 843-854.) e mesmo por (Quintela et al. 2012QUINTELA, F.M.; SANTOS, M.B.; CHRISTOFF, A.U. & GAVA, A. 2012. Pequenos mamíferos não-voadores (Didelphimorphia, Rodentia) em dois fragmentos de mata de restinga de Rio Grande, Planície Costeira do Rio Grande do Sul. Biota Neotropica, 12(1): 261-266.) para as áreas costeiras do Rio Grande do Sul, porém diverge da grande abundância (n = 87) encontrada por (Pedó et al. 2010PEDÓ, E.; FREITAS, T.R.D. & HARTZ, S.M. 2010. The influence of fire and livestock grazing on the assemblage of non-flying small mammals in grassland-Araucaria Forest ecotones, southern Brazil. Zoologia, Curitiba, 27(4): 533-540.), em área de ecótono entre FOM e Campos Sulinos. Esta informação reforça a observação de (Tiepolo 2007TIEPOLO, L.M. 2007. Roedores Sigmodontinae do Brasil Meridional: composição taxonômica, distribuição e relações fitogeográficas. Museu Nacional, Programa de Pós-Graduação em Zoologia. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 254p.), de que se trata de uma espécie com preferência por ambientes campestres e bordas de mata, em detrimento de formações florestais. Destaca-se também o registro de simpatria entre as espécies O. nasutus e O. judex, revelando um novo ponto de contato entre suas populações em áreas planálticas do sul do Brasil (Fig. 5L).

Sooretamys angouya: Presente em todas as campanhas, capturado tanto no solo quanto em árvores, demonstrando a capacidade escansorial já conhecida para a espécie (Cademartori et al., 2002CADEMARTORI, C.V.; MARQUES, R.V.; PACHECO, S.M.; BAPTISTA, L.M. & GARCÍA, M. 2002. Roedores ocorrentes em Floresta Ombrófila Mista (São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul) e a caracterização do seu hábitat. Comunicações do Museu de Ciências e Tecnologia - PUCRS, Serie Zoologia, 15(1): 61-86.; Cademartori et al., 2009CADEMARTORI, C.V.; MARQUES, R.V. & PACHECO, S.M. 2009. Estratificação vertical no uso do espaço por pequenos mamíferos (Rodentia, Sigmodontinae) em área de Floresta Ombrófila Mista, RS, Brasil. Revista Brasileira de Zoociências, 10(3): 34-38.; Marques et al., 2011MARQUES, R.V.; CADEMARTORI, C.V. & PACHECO, S.M. 2011. Mastofauna no Planalto das Araucárias, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, 9(3): 278-288.). Esteve presente nas cinco principais fitofisionomias amostradas na FLONA, porém em maior número na Regeneração Natural. Aparentemente possui plasticidade na utilização de habitats, mas tem preferência por habitats florestais em estado mais avançado de sucessão. Alguns autores registraram a espécie em Floresta Ombrófila Mista do Rio Grande do Sul em associação com as espécies Akodon montensis, Brucepattersonius iheringi, Delomys dorsalis, Oligoryzomys nigripes e Oxymycterus nasutus (Cademartori et al., 2002CADEMARTORI, C.V.; MARQUES, R.V.; PACHECO, S.M.; BAPTISTA, L.M. & GARCÍA, M. 2002. Roedores ocorrentes em Floresta Ombrófila Mista (São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul) e a caracterização do seu hábitat. Comunicações do Museu de Ciências e Tecnologia - PUCRS, Serie Zoologia, 15(1): 61-86.; Cademartori et al., 2004CADEMARTORI, C.V.; FABIÁN, M.E. & MENEGHETI, J.O. 2004. Variações na abundância de roedores (Rodentia, Sigmodontinae) em duas áreas de floresta ombrófila mista, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Zoociências, 6(2): 147-167.; Cademartori et al., 2008CADEMARTORI, C.V.; SARAIVA, M.; SARAIVA, C. & DE MIRANDA, J.A. 2008. Nota sobre a fauna de pequenos roedores em mosaico antropogênico com remanescente florestal do domínio Mata Atlântica, sul do Brasil. Biodiversidade Pampeana, 6(2): 187-194.; Cademartori et al., 2009CADEMARTORI, C.V.; MARQUES, R.V. & PACHECO, S.M. 2009. Estratificação vertical no uso do espaço por pequenos mamíferos (Rodentia, Sigmodontinae) em área de Floresta Ombrófila Mista, RS, Brasil. Revista Brasileira de Zoociências, 10(3): 34-38.; Marques et al., 2011MARQUES, R.V.; CADEMARTORI, C.V. & PACHECO, S.M. 2011. Mastofauna no Planalto das Araucárias, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, 9(3): 278-288.; Vieira et al., 2011VIEIRA, E.M.; RIBEIRO, J.F. & IOB, G. 2011. Seed predation of Araucaria angustifolia (Araucariaceae) by small rodents in two areas with contrasting seed densities in the Brazilian Araucaria forest. Journal of Natural History, 45(13-14): 843-854.), o que seria, portanto, uma assembleia muito semelhante com a encontrada na FLONA. Suas principais diferenças, no entanto, se baseiam na ausência de D. dorsalis e na presença e grande abundância de Thaptomys nigrita. A mesma situação foi registrada na Floresta Nacional de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, e na Fazenda Monte Alegre, distante cerca de 140 km da FLONA, localidades sob domínio da Floresta Ombrófila Mista (Oliveira et al., 2005OLIVEIRA, J.A.; SILVEIRA, G.; ROCHA, V.J. & SILVA, C.E.F. 2005. Ordem Rodentia. In: REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; FANDIÑO-MARIÑO, H. & ROCHA, V.J. Mamíferos da Fazenda Monte Alegre - Paraná. Londrina, EdUEL.; Galiano et al., 2013GALIANO, D.; KUBIAK, B.B.; MARINHO, J.R. & FREITAS, T.R.O. 2013. Population dinamycs of Akodon montensis and Oligoryzomys nigripes in an Araucaria forest of Southern Brazil. Mammalia, 77(2): 173-179.) (Fig. 5M).

Thaptomys nigrita: Presente em todas as campanhas e a espécie com o maior número de indivíduos em setembro de 2011 (n = 26). A situação parece ser padrão para a Floresta com Araucária paranaense (Oliveira et al., 2005OLIVEIRA, J.A.; SILVEIRA, G.; ROCHA, V.J. & SILVA, C.E.F. 2005. Ordem Rodentia. In: REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; FANDIÑO-MARIÑO, H. & ROCHA, V.J. Mamíferos da Fazenda Monte Alegre - Paraná. Londrina, EdUEL.) e catarinense (Cherem & Perez, 1996CHEREM, J.J. & PEREZ, D.M. 1996. Mamíferos terrestres de floresta de araucária no município de Três Barras, Santa Catarina, Brasil. Biotemas, 9(2): 29-46.). Apenas (Vieira et al. 2011VIEIRA, E.M.; RIBEIRO, J.F. & IOB, G. 2011. Seed predation of Araucaria angustifolia (Araucariaceae) by small rodents in two areas with contrasting seed densities in the Brazilian Araucaria forest. Journal of Natural History, 45(13-14): 843-854.) e (Galiano et al. 2013GALIANO, D.; KUBIAK, B.B.; MARINHO, J.R. & FREITAS, T.R.O. 2013. Population dinamycs of Akodon montensis and Oligoryzomys nigripes in an Araucaria forest of Southern Brazil. Mammalia, 77(2): 173-179.) registram a espécie na Floresta Ombrófila Mista do Rio Grande do Sul, indicando que aquele deve ser o limite meridional de sua distribuição e que devem haver diferenças existentes em nível de micro-habitat entre as formações. Na FLONA, quase a totalidade das capturas da espécie se deram em armadilhas de queda. A informação reforça o padrão encontrado por Vieira & Monteiro-Filho (2003) em Floresta Ombrófila Densa, e realça a ideia de seu hábito estritamente semifossorial. A espécie esteve presente nas principais fitofisionomias amostradas, mas com muito mais indivíduos na RN. Estas informações indicam a preferência da espécie por formações florestais em grau intermediário ou avançado de sucessão, tal qual encontrado por (Pardini & Umetsu 2006PARDINI, R. & UMETSU, F. 2006. Pequenos mamíferos não-voadores da Reserva Florestal do Morro Grande-distribuição das espécies e da diversidade em uma área de Mata Atlântica. Biota Neotropica, 6(2): 1-22.) (Fig. 5N).

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos evidenciaram o grau de desconhecimento da mastofauna de pequeno porte para o estado do Paraná e região sul do Brasil. Os registros inéditos de Juliomys ossitenuis (na FOM, no Paraná e na região sul do país), do gênero Cryptonanus (na FOM e no Paraná) e Bibimys labiosus (na FOM) exemplificam o estágio ainda inicial do conhecimento de aspectos básicos do grupo, tais como a distribuição geográfica das espécies e a preferência por determinadas fitofisionomias. Em relação à amostragem, os resultados demonstraram que estes animais devem ser inventariados a partir de distintos métodos de captura. Como contribuições ao conhecimento taxonômico do grupo dos pequenos mamíferos não voadores, além das ampliações de distribuição geográfica já mencionadas, foram registrados novos pontos de simpatria entre espécies dos gêneros Didelphis (D. albiventris e D. aurita), Monodelphis (M. americana e M. scalops) e Oxymycterus (O. judex e O. nasutus). Além disso, mais uma vez as espécies A. montensis, B. iheringi, O. nigripes, O. nasutus, S. angouya e T. nigrita foram simpátricas em região de Floresta com Araucária, o que reforça as evidências de serem táxons associados com a fitofisionomia, resultado também encontrado por (Cademartori et al. 2002CADEMARTORI, C.V.; MARQUES, R.V.; PACHECO, S.M.; BAPTISTA, L.M. & GARCÍA, M. 2002. Roedores ocorrentes em Floresta Ombrófila Mista (São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul) e a caracterização do seu hábitat. Comunicações do Museu de Ciências e Tecnologia - PUCRS, Serie Zoologia, 15(1): 61-86.), (Oliveira et al. 2005OLIVEIRA, J.A.; SILVEIRA, G.; ROCHA, V.J. & SILVA, C.E.F. 2005. Ordem Rodentia. In: REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; FANDIÑO-MARIÑO, H. & ROCHA, V.J. Mamíferos da Fazenda Monte Alegre - Paraná. Londrina, EdUEL.), (Marques et al. 2011MARQUES, R.V.; CADEMARTORI, C.V. & PACHECO, S.M. 2011. Mastofauna no Planalto das Araucárias, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, 9(3): 278-288.), (Vieira et al. 2011VIEIRA, E.M.; RIBEIRO, J.F. & IOB, G. 2011. Seed predation of Araucaria angustifolia (Araucariaceae) by small rodents in two areas with contrasting seed densities in the Brazilian Araucaria forest. Journal of Natural History, 45(13-14): 843-854.) e (Galiano et al. 2013GALIANO, D.; KUBIAK, B.B.; MARINHO, J.R. & FREITAS, T.R.O. 2013. Population dinamycs of Akodon montensis and Oligoryzomys nigripes in an Araucaria forest of Southern Brazil. Mammalia, 77(2): 173-179.). Ainda, tão importante quanto a informação das espécies presentes, é aquela referente às ausentes, sendo as principais Delomys dorsalis e Euryoryzomys russatus, devido à sua grande abundância em áreas de Floresta com Araucária previamente estudadas (Dalmagro & Vieira, 2005DALMAGRO, A.D. & VIEIRA, E.M. 2005. Patterns of habitat utilization of small rodents in an area of Araucaria forest in Southern Brazil. Austral Ecology, 30(4): 353-362.; Oliveira et al., 2005OLIVEIRA, J.A.; SILVEIRA, G.; ROCHA, V.J. & SILVA, C.E.F. 2005. Ordem Rodentia. In: REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; FANDIÑO-MARIÑO, H. & ROCHA, V.J. Mamíferos da Fazenda Monte Alegre - Paraná. Londrina, EdUEL.; Cademartori et al., 2009CADEMARTORI, C.V.; MARQUES, R.V. & PACHECO, S.M. 2009. Estratificação vertical no uso do espaço por pequenos mamíferos (Rodentia, Sigmodontinae) em área de Floresta Ombrófila Mista, RS, Brasil. Revista Brasileira de Zoociências, 10(3): 34-38.; Pedó et al., 2010PEDÓ, E.; FREITAS, T.R.D. & HARTZ, S.M. 2010. The influence of fire and livestock grazing on the assemblage of non-flying small mammals in grassland-Araucaria Forest ecotones, southern Brazil. Zoologia, Curitiba, 27(4): 533-540.).

AGRADECIMENTOS

Somos gratos a Gustavo Nabrzecki e Karina Ferreira de Barros, analistas ambientais do ICMBio, e ao funcionário Arnoldo Félix da Silva, por todo apoio nos trabalhos de campo. Pelo auxílio nos procedimentos citogenéticos somos gratos a Iris Hass e Ives José Sbalqueiro. Agradecemos ao CNPq pela concessão parcial de apoio financeiro por meio do Projeto Sistemática, Evolução e Conservação dos Mamíferos do Brasil Austral (Processo 562357/2010-6); ao Programa REUNI (MEC) e CAPES pela concessão da bolsa de mestrado do primeiro autor. Por fim, agradecemos à Pós-graduação em Zoologia da Universidade Federal do Paraná pelo auxílio financeiro para a realização deste trabalho.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2015

Histórico

  • Aceito
    14 Jan 2015
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