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Revista Brasileira de Anestesiologia bilingue e on-line: exposição e responsabilidade

EDITORIAL

Revista Brasileira de Anestesiologia bilingue e on-line: exposição e responsabilidade

Os avanços da Revista Brasileira de Anestesiologia (RBA) nos últimos anos foram notáveis. A periodicidade, a pontualidade e a qualidade gráfica de sua apresentação são incontestáveis. Ganhou corpo e consistência, graças à contribuição sistemática de autores e excelente trabalho editorial. Gradualmente, se internacionalizou. Inicialmente, por meio de uma publicação anual em inglês dos seus trabalhos mais relevantes (Brazilian Journal of Anes- thesiology International Issue, 1990-2000). Finalmente, em 2001, consagrou-se como publicação bilingüe português-inglês. O próximo passo, conseqüência natural, colocou a RBA na internet. Ganhamos versão on-line. A RBA se expõe à comunidade médica internacional em condições de igualdade com outros periódicos de primeira grandeza.

A evolução da RBA foi uma jornada longa, difícil, gratificante, e ainda não terminou. Há muito por fazer. Estar on-line aumenta nossa exposição, mas aumenta também nossa responsabilidade. Exige que o material nela veiculado seja apresentado de acordo com um padrão internacional estabelecido. É fundamental que estar on-line signifique inclusão efetiva na comunidade científica internacional. A literatura hoje é lida de forma sistemática e comparativa. Isso se reflete claramente no poderoso instrumento atual de integração de dados, as metanálises. Elas selecionam, para inclusão em seu banco de dados, apenas publicações que contenham informações mínimas que garantam a reprodutibilidade e comparatividade dos dados.

Para estar incluído é preciso comunicar-se nas línguas oficiais da ciência. Algumas fontes têm sido amplamente divulgadas e utilizadas como instrumento para garantir a sistematização da apresentação de resultados de ensaios clínicos aleatórios 1-3. Uma delas, talvez a mais utilizada, é a The Consolidation of Standards of Reporting Trials CONSORT Statement 1,2.Essas diretrizes são também fundamentais nos estudos observacionais. Em setembro próximo passado, especialistas se reuniram em Bristol para discutir as bases de um novo documento, o STROBE, the Standards for the Reporting of Observational Studies in Epidemiology 4. O STROBE tentará sistematizar a apresentação de estudos populacionais (cohort) e tipo caso-controle.

É impossível hoje publicar-se um artigo em periódico de grande impacto sem que o estudo tenha sido planejado e analisado de acordo com requisitos rigorosos. Não pode e não deve ser diferente com a RBA. Entre eles, podemos citar: a) o processo de seleção dos casos; b) os critérios de elegibilidade dos casos; c) o tipo de encobrimento; d) os detalhes precisos das intervenções; d) as hipóteses específicas; e) o atributo primário e os atributos secundários a serem estudados; e) os critérios de determinação do tamanho da amostra e f) a definição clara dos métodos estatísticos utilizados.

O cumprimento dessas diretrizes é responsabilidade de autores e editores. Autores devem planejar seus estudos com método apurado e esmerar-se para que os resultados sejam bem analisados e as conclusões bem fundamentadas. Editores devem garantir que essas informações sejam explícitas no texto, cumprindo ao mesmo tempo função de policiamento e educativa. A RBA, por meio de seu Corpo Editorial, tem a responsabilidade de zelar pela qualidade da informação publicada em suas páginas. Hoje, essa informação não mais atinge somente os anestesiologistas de língua portuguesa. Publicada em inglês e disponível on-line, nossa revista está tão acessível à comunidade médica internacional quanto os periódicos de maior impacto de nossa especialidade.

A Anestesiologia brasileira detém características ímpares, experiência clínica fenomenal e propostas inovadoras. A RBA está pronta para comunicar essa experiência ao mundo. Para isso, ainda temos uma etapa a vencer. Não basta que ela seja publicidade em inglês. É preciso que ela se adapte à estrutura e à linguagem que a comunidade internacional exige ler. Estar on-line em inglês é uma responsabilidade muito grande para a comunidade anestesiológica brasileira. Responsabilidade essa que deve ser repartida entre a Sociedade Brasileira de Anestesiologia, a universidade, os centros de ensino e treinamento, os autores e o corpo editorial da Revista Brasileira de Anestesiologia.

Dr. José Carlos Almeida Carvalho, TSA, PhD, FANZCA, FRCPC

Professor Associado de Anestesia em Ginecologia e Obstetrícia, Universidade de Toronto

Diretor de Anestesia em Obstetrícia do Hospital Mount Sinai

REFERÊNCIAS

01. Moher D, Schulz KF, Altman D - The CONSORT Group. The CONSORT statement: revised recommendations for improving the quality of reports of parallel-group randomized trials. JAMA, 2001;285:1987-1991.

02. http://jama.ama-assn.org/cgi/content/short/285/15/1987.

03. International Committee of Medical Journal Editors. Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals: writing and editing for biomedical publications. Available at: http:/www.icmje.org.

04. http:/www.strobe-statement.org.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Jan 2005
  • Data do Fascículo
    Dez 2004
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