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Uso de dexmedetomidina em pacientes obesos mórbidos submetidos a gastroplastia: estabilidade cardiovascular e consumo de anestésicos venosos. Estudo retrospectivo

Uso de dexmedetomidina en pacientes obesos mórbidos sometidos a gastroplastia: estabilidad cardiovascular y consumo de anestésicos venosos. Estudio retrospectivo

Resumos

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A utilização de agentes anestésicos potentes e de curta duração é fundamental em pacientes submetidos à intervenção cirúrgica bariátrica. A dexmedetomidina, agonista alfa 2-adrenérgico, surgiu como uma opção adjuvante da técnica de anestesia venosa. O objetivo desta pesquisa foi avaliar a eficácia da dexmedetomidina associada à anestesia venosa, em pacientes obesos mórbidos, submetidos a gastroplastia. MÉTODO: Análise retrospectiva, de pacientes portadores de obesidade mórbida, submetidos à intervenção cirúrgica bariátrica aberta, sob anestesia com propofol e alfentanil acrescidos ou não de dexmedetomidina. Os pacientes foram alocados em dois grupos: Controle (propofol e alfentanil) e Dexmedetomidina (propofol, alfentanil e dexmedetomidina). A manutenção da anestesia nos dois grupos constou de propofol = 0,075 a 0,1 mg.kg-1.min-1 e alfentanil = 0,75 a 1 µg.kg-1.min-1; no grupo Dexmedetomidina na dose inicial de 1 µg.kg-1 em 10 min e manutenção com 0,4 a 0,7 µg.kg-1.h-1. As variáveis estudadas foram idade, sexo, IMC, tempos cirúrgico e de despertar, freqüência cardíaca (FC), pressão arterial sistólica e diastólica (PAS, PAD), saturação periférica de hemoglobina (SpO2), consumo de propofol e alfentanil e efeitos colaterais. RESULTADOS: Houve redução significativa do consumo de propofol e alfentanil no grupo Dexmedetomidina. A FC apresentou variação significativa apenas no grupo Dexmedetomidina. A PAS e a PAD apresentaram redução estatística significativa nos dois grupos nos primeiros 20 min, estabilizando-se a seguir. Os pacientes dos dois grupos não apresentaram efeitos colaterais. CONCLUSÕES: Este estudo demonstrou a eficácia do uso da dexmedetomidina associada à anestesia venosa com propofol e alfentanil, promovendo redução do consumo dos anestésicos venosos, estabilidade cardiovascular e tempo de despertar similar à técnica sem adição de dexmedetomidina. Não houve efeitos colaterais imputáveis ao uso da dexmedetomidina.

ANALGÉSICOS, Opióides; ANESTESIA, Geral; ANESTÉSICOS, Venoso; CIRURGIA, Abdominal; DOENÇAS; DROGAS


JUSTIFICATIVA Y OBJETIVOS: La utilización de agentes anestésicos potentes y de corta duración es fundamental en pacientes sometidos a la intervención quirúrgica bariátrica. La dexmedetomidina, agonista alfa 2-adrenérgica, surgió como una opción de auxilio a la técnica de anestesia venosa. El objetivo de esta investigación fue la de evaluar la eficacia de la dexmedetomidina asociada a la anestesia venosa en pacientes obesos mórbidos, sometidos a la gastroplastia. MÉTODO: Análisis retrospectivo de pacientes portadores de obesidad mórbida, sometidos a la intervención quirúrgica bariátrica abierta, bajo anestesia con propofol y alfentanil con o sin dexmedetomidina. Los pacientes fueron colocados en dos grupos: Control (propofol y alfentanil) y Dexmedetomidina (propofol, alfentanil y dexmedetomidina). El mantenimiento de la anestesia en los dos grupos constó de: propofol = 0,075 a 0,1 mg.kg-1.min-1 y alfentanil = 0,75 a 1 µg.kg-1.min-1; en el grupo Dexmedetomidina en la dosis inicial de 1 µg.kg-1 en 10 min y mantenimiento con 0,4 a 0,7 µg.kg-1.h-1. Las variables estudiadas fueron la edad, sexo, IMC, tiempo quirúrgico y de despertar, frecuencia cardiaca (FC), presión arterial sistólica y diastólica (PAS, PAD), saturación periférica de hemoglobina (SpO2), consumo de propofol y alfentanil y efectos colaterales. RESULTADOS: Se registró una reducción significativa en el consumo de propofol y alfentanil en el grupo Dex-medetomidina. La FC presentó variación significativa apenas en el grupo Dexmedetomidina. La PAS y la PAD presentaron una reducción estadística significativa en los dos grupos en los primeros 20 min, estabilizándose a continuación. Los pacientes de los dos grupos no presentaron efectos colaterales. CONCLUSIONES: Ese estudio demostró la eficacia del uso de la dexmedetomidina asociada a la anestesia venosa con propofol y alfentanil, trayendo una reducción del consumo de los anestésicos venosos, estabilidad cardiovascular y tiempo de despertar semejante a la técnica sin añadidura de la dexmedetomidina. No hubo efectos colaterales imputables al uso de la dexmedetomidina.


BACKGROUND AND OBJECTIVES: The administration of powerful and short duration anesthetic agents is essential for patients undergoing bariatric surgical procedure. The dexmedetomidine, an alpha 2-adrenergic agonist, has appeared as an adjuvant option of the venous anesthesia technique. This study aimed at assessing the efficacy of dexmedetomidine associated with the venous anesthesia in morbid obese patients undergoing gastroplasty procedures. METHODS: Retrospective analysis of morbid obese patients undergone open bariatric surgical intervention under anesthesia with propofol and alfentanil, with or without dexmedetomidine. Patients were allocated into two groups: Control (propofol and alfentanil) and Dexmedetomidine (propofol, alfentanil and dexmedetomidine). For both groups, the anesthetic maintenance was as follows: propofol = 0.075 to 0.1 mg.kg-1.min-1 and alfentanil = 0.75 to 1 µg.kg-1.min-1; in the dexmedetomidine (DMD) group, initial dose of 1 µg.kg-1 in 10 min and maintenance with 0.4 to 0.7 µg.kg-1.h-1. The variables studied were: age, gender, body mass index (BMI), surgical time and recovery time, heart rate (HR), systolic and diastolic blood pressure (SBP and DBP), hemoglobin peripheral saturation (SpO-2), propofol and alfentanil consumption and side effects. RESULTS: The dexmedetomidine group has shown a significant reduction in propofol and alfentanil consumption. The heart rate presented a significant variation only in the dexmedetomidine group. Both SPB and DBP presented a statistically significant reduction in both groups for the first 20 minutes, and subsequent stabilization. No side effects were observed in both groups of patients. CONCLUSIONS: This study has shown the efficacy of dexmedetomidine administration in combination with venous anesthesia with propofol and alfentanil, thus promoting reduction in venous anesthetic drugs consumption, cardiovascular stability and time to recovery similar to that of the technique without dexmedetomidine. No side effects were noted associated with the use of dexmedetomidine.

ANALGESICS, Opioids; ANESTHESIA, General; ANESTHETICS, Venous; DISEASES; DRUGS; SURGERY, Abdominal


ARTIGO CIENTÍFICO

Uso de dexmedetomidina em pacientes obesos mórbidos submetidos a gastroplastia: estabilidade cardiovascular e consumo de anestésicos venosos. Estudo retrospectivo* * Recebido do CET/SBA, Serviço de Anestesiologia da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP), São Paulo, SP.

Uso de dexmedetomidina en pacientes obesos mórbidos sometidos a gastroplastia: Estabilidad cardiovascular y consumo de anestésicos venosos. Estudio retrospectivo

Luiz Piccinini FilhoI; Lígia Andrade da Silva Telles Mathias, TSAII; Carlos Alberto MalheirosIII; Waldemar Montoya de GregoriIV; Álvaro Antonio Guaratini, TSAV; Joaquim Edson Vieira, TSAVI

IMédico Assistente, Hospital Central da ISCMSP; Diretor do Serviço de Anestesiologia do Hospital Santa Isabel; Médico Assistente do Hospital Central da ISCMSP

IIDiretora do Serviço e Disciplina de Anestesiologia da ISCMSP e Faculdade de Ciências Médicas da ISCMSP; Responsável pelo CET-SBA, ISCMSP

IIIMédico Assistente, Hospital Central da ISCMSP; Professor Adjunto de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da ISCMSP

IVMédico Assistente, Hospital Central da ISCMSP

VMédico Assistente, Hospital Central da ISCMSP; Co-Responsável pelo CET/SBA da ISCMSP

VICoordenador do Centro para Desenvolvimento da Educação Médica – CEDEM da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Dra. Lígia Andrade da Silva Telles Mathias Alameda Campinas, 139/41 01404-000 São Paulo, SP E-mail: rtimao@uol.com.br

RESUMO

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A utilização de agentes anestésicos potentes e de curta duração é fundamental em pacientes submetidos à intervenção cirúrgica bariátrica. A dexmedetomidina, agonista a 2-adrenérgico, surgiu como uma opção adjuvante da técnica de anestesia venosa. O objetivo desta pesquisa foi avaliar a eficácia da dexmedetomidina associada à anestesia venosa, em pacientes obesos mórbidos, submetidos a gastroplastia.

MÉTODO: Análise retrospectiva, de pacientes portadores de obesidade mórbida, submetidos à intervenção cirúrgica bariátrica aberta, sob anestesia com propofol e alfentanil acrescidos ou não de dexmedetomidina. Os pacientes foram alocados em dois grupos: Controle (propofol e alfentanil) e Dexmedetomidina (propofol, alfentanil e dexmedetomidina). A manutenção da anestesia nos dois grupos constou de propofol = 0,075 a 0,1 mg.kg-1.min-1 e alfentanil = 0,75 a 1 µg.kg-1.min-1; no grupo Dexmedetomidina na dose inicial de 1 µg.kg-1 em 10 min e manutenção com 0,4 a 0,7 µg.kg-1.h-1. As variáveis estudadas foram idade, sexo, IMC, tempos cirúrgico e de despertar, freqüência cardíaca (FC), pressão arterial sistólica e diastólica (PAS, PAD), saturação periférica de hemoglobina (SpO2), consumo de propofol e alfentanil e efeitos colaterais.

RESULTADOS: Houve redução significativa do consumo de propofol e alfentanil no grupo Dexmedetomidina. A FC apresentou variação significativa apenas no grupo Dexmedetomidina. A PAS e a PAD apresentaram redução estatística significativa nos dois grupos nos primeiros 20 min, estabilizando-se a seguir. Os pacientes dos dois grupos não apresentaram efeitos colaterais.

CONCLUSÕES: Este estudo demonstrou a eficácia do uso da dexmedetomidina associada à anestesia venosa com propofol e alfentanil, promovendo redução do consumo dos anestésicos venosos, estabilidade cardiovascular e tempo de despertar similar à técnica sem adição de dexmedetomidina. Não houve efeitos colaterais imputáveis ao uso da dexmedetomidina.

Unitermos: ANALGÉSICOS, Opióides: alfentanil; ANESTESIA, Geral: venosa; ANESTÉSICOS, Venoso: propofol; CIRURGIA, Abdominal: gastroplastia; DOENÇAS: obesidade mórbida; DROGAS: dexmedetomidina

RESUMEN

JUSTIFICATIVA Y OBJETIVOS: La utilización de agentes anestésicos potentes y de corta duración es fundamental en pacientes sometidos a la intervención quirúrgica bariátrica. La dexmedetomidina, agonista a 2-adrenérgica, surgió como una opción de auxilio a la técnica de anestesia venosa. El objetivo de esta investigación fue la de evaluar la eficacia de la dexmedetomidina asociada a la anestesia venosa en pacientes obesos mórbidos, sometidos a la gastroplastia.

MÉTODO: Análisis retrospectivo de pacientes portadores de obesidad mórbida, sometidos a la intervención quirúrgica bariátrica abierta, bajo anestesia con propofol y alfentanil con o sin dexmedetomidina. Los pacientes fueron colocados en dos grupos: Control (propofol y alfentanil) y Dexmedetomidina (propofol, alfentanil y dexmedetomidina). El mantenimiento de la anestesia en los dos grupos constó de: propofol = 0,075 a 0,1 mg.kg-1.min-1 y alfentanil = 0,75 a 1 µg.kg-1.min-1; en el grupo Dexmedetomidina en la dosis inicial de 1 µg.kg-1 en 10 min y mantenimiento con 0,4 a 0,7 µg.kg-1.h-1. Las variables estudiadas fueron la edad, sexo, IMC, tiempo quirúrgico y de despertar, frecuencia cardiaca (FC), presión arterial sistólica y diastólica (PAS, PAD), saturación periférica de hemoglobina (SpO2), consumo de propofol y alfentanil y efectos colaterales.

RESULTADOS: Se registró una reducción significativa en el consumo de propofol y alfentanil en el grupo Dex-medetomidina. La FC presentó variación significativa apenas en el grupo Dexmedetomidina. La PAS y la PAD presentaron una reducción estadística significativa en los dos grupos en los primeros 20 min, estabilizándose a continuación. Los pacientes de los dos grupos no presentaron efectos colaterales.

CONCLUSIONES: Ese estudio demostró la eficacia del uso de la dexmedetomidina asociada a la anestesia venosa con propofol y alfentanil, trayendo una reducción del consumo de los anestésicos venosos, estabilidad cardiovascular y tiempo de despertar semejante a la técnica sin añadidura de la dexmedetomidina. No hubo efectos colaterales imputables al uso de la dexmedetomidina.

INTRODUÇÃO

A mortalidade é significativamente elevada nos pacientes cirúrgicos com obesidade mórbida (OM). A anestesia de pacientes submetidos à intervenção cirúrgica bariátrica, exige o conhecimento da sua fisiopatologia, fundamental pelas alterações anatômicas, fisiológicas e bioquímicas sobre os diversos órgãos e sistemas que implicam diferentes respostas aos fármacos e às técnicas anestésicas 1.

Da separação da medetomidina racêmica, agonista a2-adrenérgico de uso veterinário, em dois isômeros, surgiu a dexmedetomidina (isômero dextrógiro - DMD), ficando evidente que os efeitos de hipnose e analgesia eram devidos à ação em receptores a2A2.

Talke e col. 3 demonstraram que a dexmedetomidina pode ser utilizada com segurança em pacientes com alto risco de complicações. Estudos em animais mostraram que ela não apenas reduz a necessidade de anestésicos, mas também possui propriedade anestésica intrínseca 4,5.

Na procura de uma técnica anestésica mais segura para pacientes obesos mórbidos submetidos à intervenção cirúrgica bariátrica, surgiu a possibilidade do uso da dexmedetomidina como adjuvante da técnica de anestesia geral balanceada. Assim, o objetivo desta pesquisa foi avaliar a eficácia do uso da dexmedetomidina associada à anestesia venosa, em estudo retrospectivo, com pacientes obesos mórbidos submetidos à gastroplastia por via aberta.

MÉTODO

Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, o estudo consistiu no levantamento de prontuários de pacientes com obesidade mórbida (índice de massa corpórea - IMC a partir de 40 kg.m-2), submetidos à intervenção cirúrgica bariátrica do tipo gastroplastia aberta com derivação gastro-jejunal em Y de Roux e anel de sylastic, sob anestesia geral venosa (midazolam, propofol e alfentanil) associada ou não à dexmedetomidina, durante os anos de 2001 e 2002.

Os pacientes pertenciam ao Grupo de Obesidade Mórbida da Instituição, e como tais, fizeram avaliação pré-operatória por equipe multidisciplinar, com exames complementares recentes e condição clínica compensada, sendo considerados estado físico ASA II.

Foram considerados critérios de exclusão: IMC < 40 kg.m-2, idade > 60 anos, administração de qualquer fármaco anestésico ou analgésico, exceto propofol, alfentanil e dexmedetomidina durante o ato anestésico, administração de medicação pré-anestésica, alteração da freqüência cardíaca independente da doença de base e uso de antagonistas a2-adrenérgicos, antidisrítmicos ou ansiolíticos.

Os prontuários dos pacientes foram alocados em dois grupos:

Grupo Controle - técnica anestésica: propofol e alfentanil;

Grupo Dexmedetomidina - técnica anestésica: propofol, alfentanil e dexmedetomidina.

Toda a seqüência de cuidado e atendimento aos pacientes dos dois grupos foi idêntica. A monitorização e a técnica anestésica também foram iguais, excetuando-se a administração de dexmedetomidina.

Na sala de operação foi canulizada veia periférica com cateter 18G e iniciada hidratação, empregando-se solução de Ringer com lactato.

Os pacientes foram posicionados na mesa cirúrgica em decúbito dorsal horizontal, em discreto céfalo-aclive de 10 graus. Foram monitorizados a freqüência cardíaca (FC), o traçado eletrocardiográfico (ECG), as pressões arteriais sistólica (PAS) e diastólica (PAD) pelo método não-invasivo e a saturação periférica da hemoglobina (SpO2), procedendo-se então à colocação do eletrodo do índice bispectral (BIS) na fronte.

As doses dos fármacos utilizados durante o ato anestésico foram calculadas tendo-se como base o peso de 100 kg para homens e mulheres.

Iniciou-se a oxigenação com O2 a 100% sob máscara facial, procedendo-se então a indução venosa com administração seqüencial das seguintes medicações: midazolam (5 a 10 mg), alfentanil (300 µg), propofol (2 a 3 mg.kg-1) e atracúrio (50 mg).

Após intubação orotraqueal os pacientes foram mantidos em ventilação mecânica com aparelho de anestesia em sistema circular semi-fechado, com fluxo de 2 L.min-1, utilizando-se mistura de O2:N2O a 50%.

A manutenção da anestesia foi realizada utilizando-se a infusão dos fármacos através de bomba com velocidades ajustadas para manter o BIS com valores entre 50 e 60 6, iniciando-se nos dois grupos com as doses de propofol de 0,075 a 0,1 mg.kg-1.min-1 e alfentanil de 0,75 a 1,0 µg.kg-1. min-1. As doses de dexmedetomidina utilizadas foram: inicial – 1 µg.kg-1 em 10 min, manutenção – 0,4 a 0,7 µg.kg-1.h-1.

No início da sutura da aponeurose, as bombas de infusão de dexmedetomidina e alfentanil foram desligadas. No início da sutura da pele, foi desligada a bomba de infusão de propofol. Quando o paciente atingia volume corrente acima de 400 mL em ventilação assistida, e estando consciente, era mantido em ventilação espontânea e, uma vez esta se mostrasse adequada, era extubado na sala de operações. Era então avaliado o tempo de despertar (BIS > 90 tido como padrão) 7; presença e intensidade de dor, náuseas e vômitos, sendo a seguir encaminhado à sala de recuperação pós-anestésica.

As variáveis estudadas foram idade, sexo, peso, altura, IMC; tempo cirúrgico; consumo de propofol, alfentanil e dexmedetomidina; FC; PAS; PAD; SpO2; tempo de despertar e complicações intra e pós-operatórias.

Os dados das variáveis FC, PAS, PAD e SpO2 foram analisados antes do início da indução, a cada 5 até 60 min, após a indução e a cada 10 min até o final do procedimento anestésico.

Os testes estatísticos utilizados foram t de Student não pareado, Mann-Whitney, Qui-quadrado, Análise de Variância (ANOVA) de medidas repetidas e Tukey. Foi considerada diferença estatística significativa quando p < 0,05, sendo utilizado o pacote estatístico Sigma Stat for Windows, version 2.03, SPSS Inc.

RESULTADOS

Foram analisados os prontuários de 73 pacientes, 33 no grupo Controle e 40 no grupo Dexmedetomidina. Não houve diferença significativa entre os dois grupos quanto aos dados demográficos e os resultados das variáveis FC, PAS e PAD no início do estudo (Tabela I).

Os tempos cirúrgicos (em mediana) foram 165 e 180 min nos grupos Controle e Dexmedetomidina, respectivamente, não havendo diferença significativa entre eles (p = 0,85 - teste de Mann-Whitney). O tempo de despertar foi similar nos dois grupos, variando entre cinco e 10 minutos.

O consumo de propofol e alfentanil foi apresentado como mediana porque não passou no teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov e foi registrado para dose total e relativa ao tempo de observação nos dois grupos (Tabela II). A redução observada foi da ordem de 30%, tanto para o propofol quanto para o alfentanil e houve diferença estatística significativa.

O consumo médio total de dexmedetomidina foi 198,1 ± 16,9 µg e o consumo médio relativo ao tempo foi 0,98 µg.min-1. Levando-se em conta a dose inicial que foi de 1 µg.kg-1 em 10 min e o peso estabelecido em 100 kg, todos os pacientes receberam 100 µg nos primeiros 10 min. A seguir a dose foi reduzida para 0,4 a 0,7 µg.kg.h-1, o que corresponde a 40 a 70 µg.kg-1.h-1.

A evolução média no tempo não se mostrou diferente entre os grupos para as variáveis FC, PAS e PAD (p = 0,073, 0,121, 0,89, respectivamente). Foram observadas diferenças estatísticas significativas na FC inicial, 5 e 140 min; na PAS inicial, 5, 10 e 35 min e na PAD inicial, 5, 10, 140 e 150 min.

A variação da FC, em relação aos momentos, nos dois grupos estudados podem ser observados na figura 1. No grupo Controle, a ANOVA para medidas repetidas da FC não mostrou diferença estatística entre todos os momentos estudados (p = 0,077). Já no grupo Dexmedetomidina, este teste revelou diferença estatística significativa (p < 0,001) entre os diferentes momentos. Os resultados do teste de Tukey com variação estatística significativa constam da tabela III.


A figura 2 mostra a variação da PAS, em relação aos momentos, nos dois grupos estudados. Os valores de PAS mostraram evolução estatística significativa em ambos os grupos (ANOVA < 0,0001) e os resultados do teste de Tukey com variação estatística significativa encontram-se na tabela III.


A variação da PAD, em relação aos momentos, nos dois grupos estudados pode ser observada na figura 3. Na Análise de Variância para medidas repetidas, verificou-se diferença estatística (p < 0,001) nos dois grupos e os resultados do teste de Tukey com variação estatística significativa estão na tabela III.


Os valores registrados para SpO2 mostraram estabilidade durante todo o período de observação, não havendo diferença estatística significativa entre os grupos e nos momentos considerados.

O tempo de despertar foi similar nos grupos Controle e Dexmedetomidina, variando entre 5 e 10 minutos. Os pacientes acordaram sem náuseas ou vômitos em ambos os grupos e apenas quatro pacientes do grupo Controle e três do grupo Dexmedetomidina apresentaram dor, de pequena intensidade, sem necessidade de analgésicos.

Todos os pacientes foram transferidos para a sala de recuperação pós-anestésica, com índice de Aldrete-Kroulik entre 9 e 10.

Os pacientes do grupo Controle e Dexmedetomidina não apresentaram complicações nos períodos intra e pós-operatório relacionadas às técnicas anestésicas utilizadas.

DISCUSSÃO

A cirurgia bariátrica mudou o perfil dos pacientes com obesidade mórbida que necessitam de anestesia. Eles são avaliados por equipe multidisciplinar, recebem apoio psicoterápico, as doenças associadas são adequadamente investigadas e tratadas e só então são liberados para a intervenção cirúrgica. Houve também grande investimento na evolução pós-operatória desses pacientes 8. Dessa forma, a morbiletalidade associada ao ato anestésico-cirúrgico diminuiu sensivelmente 9.

Poucos trabalhos relacionam a técnica anestésica para cirurgia bariátrica com as condições hemodinâmicas intra-operatórias e do despertar 10-13. Até o momento da realização deste estudo, haviam sido encontradas três publicações sobre o uso da dexmedetomidina em anestesia para cirurgia bariátrica, sendo um relato de caso 14 e dois estudos que avaliaram apenas analgesia intra e pós-operatória15,16.

Esta pesquisa avaliou a técnica anestésica padrão da Instituição, comparando-a ao uso associado de dexmedetomidina, que deveria trazer vantagens para o paciente obeso mórbido, tanto no intra, como no pós-operatório.

A utilização do BIS foi fundamental para mostrar que houve o mesmo nível de profundidade anestésica nos dois grupos de pacientes anestesiados, além de promover redução da quantidade de anestésico6.

Várias fórmulas têm sido propostas para calcular o peso ideal 11,17,18. Bouillon e Shafer 19 sugeriram que, utilizando-se qualquer uma das fórmulas existentes no cômputo do peso ideal, não se ultrapasse os valores de 80 kg para mulheres e 100 kg para homens como máximos. Stoelting e Dierdorf20, propuseram que se considerasse como peso ideal em pacientes obesos, 80 kg para mulheres e 100 kg para homens.

Como não há consenso quanto ao método de cálculo da dose de anestésico em pacientes obesos, decidiu-se utilizar como peso ideal o valor de 100 kg para ambos os sexos. No entanto, é importante salientar que este cálculo foi utilizado apenas para início da administração dos fármacos, pois a seguir, durante infusão contínua, o critério foi a manutenção do BIS entre 50 e 60, valores considerados pela literatura, indicativos de hipnose profunda 6.

A literatura é escassa quanto à comparação entre diferentes técnicas anestésicas para pacientes obesos mórbidos. No entanto, analisando-se os estudos publicados sobre alterações hemodinâmicas, respiratórias e de RPA em pacientes com OM, pode-se notar que a maioria utilizou propofol como anestésico geral, o que deve indicar que este é um anestésico seguro para obesos mórbidos 21-28.

Ainda que possam ocorrer controvérsias sobre qual técnica de anestesia utilizar, venosa ou inalatória, as pesquisas mostraram que a associação de dexmedetomidina, em pacientes não obesos, pode ser vantajosa quando comparada às duas técnicas isoladamente 29-33.

Os consumos totais e por tempo de propofol e alfentanil apresentaram diferenças estatísticas significativas nos dois grupos, sendo menores no grupo Dexmedetomidina, diferença esta em torno de 30%, o que é clinicamente importante, confirmando pesquisas anteriores em pacientes não obesos 29,30,32.

Não foi o escopo deste estudo avaliar custo das técnicas utilizadas, mas como custo é um item primordial atualmente em termos de gestão hospitalar, vale notar que na época em que os procedimentos foram realizados, a soma dos gastos com a técnica do grupo Controle foi maior do que a soma dos gastos do grupo Dexmedetomidina, incluindo-se aí uma ampola de dexmedetomidina. Assim, do ponto de vista de consumo de anestésicos, a associação de dexmedetomidina à técnica anestésica venosa mostrou-se vantajosa, como a literatura já havia evidenciado para pacientes não obesos mórbidos 29,30,32 .

A freqüência cardíaca não sofreu alteração estatística significativa no grupo Controle. No grupo Dexmedetomidina, ocorreu redução significativa logo após a indução, mantendo-se estável até o final do estudo. Embora a diferença estatística fosse significativa, essa redução foi de 12,5%, o que não tem valor clínico 34.

Os valores da pressão arterial sistólica e diastólica tiveram comportamento similar nos dois grupos, sofrendo variação significativa no decorrer do tempo. Em ambos os grupos houve redução inicial e estabilização posterior, com tendência a voltar aos valores basais. No grupo Controle a redução da PAS e PAD foi de 15% e no grupo Dexmedetomidina foi de 15% a 20%.

Os pacientes dos dois grupos apresentaram tempo de despertar similar, sem intercorrências.

A dexmedetomidina associada à técnica anestésica venosa produziu redução inicial dos valores das variáveis FC, PAS e PAD, mantendo-os depois em níveis adequados e promovendo estabilidade cardiovascular durante o tempo do estudo, conforme a literatura observou para pacientes não obesos3,35. Além disso, o uso da dexmedetomidina não aumentou a prevalência de eventos adversos.

A hipóxia no período pós-operatório é uma das maiores complicações das intervenções cirúrgicas em pacientes com OM. Alguns autores chegam a propor a administração de oxigênio durante os três primeiros dias de pós-operatório 36,37. Os pacientes obesos mórbidos têm incidência elevada de doença tromboembólica, com risco de embolia pulmonar 36. Assim, técnicas anestésicas que permitam recuperação pós-anestésica mais rápida, possibilitando movimentação precoce do paciente obeso mórbido, diminuem a possibilidade de depressão respiratória e de tromboembolismo.

Por todas essas considerações, pode-se inferir neste estudo que a técnica anestésica proposta, anestesia venosa com dexmedetomidina, tem indicação em pacientes com OM, diminuindo o consumo de anestésicos, mantendo estabilidade cardiovascular e promovendo recuperação pós-anestésica precoce.

Apresentado (Submitted) em 02 de junho de 2005

Aceito (Accepted) para publicação em 09 de janeiro de 2006

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  • Endereço para correspondência:
    Dra. Lígia Andrade da Silva Telles Mathias
    Alameda Campinas, 139/41
    01404-000 São Paulo, SP
    E-mail:
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    Recebido do CET/SBA, Serviço de Anestesiologia da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP), São Paulo, SP.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      11 Maio 2006
    • Data do Fascículo
      Abr 2006

    Histórico

    • Aceito
      09 Jan 2006
    • Recebido
      02 Jun 2005
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