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Barotrauma pulmonar no intra-operatório de procedimento cirúrgico oftalmológico: relato de caso

CARTAS AO EDITOR

Barotrauma pulmonar no intra-operatório de procedimento cirúrgico oftalmológico. Relato de caso

Prezada Editora,

Com relação ao artigo "Barotrauma Pulmonar no Intra-Operatório de Procedimento Cirúrgico Oftalmológico. Relato de Caso", dos colegas Affonso Henrique Zugliani e col., queremos fazer algumas considerações que julgamos pertinentes.

No nosso Serviço dispomos, já há algum tempo, de alguns ventiladores mecânicos HB modelo Conquest 3000, idêntico ao citado na publicação, os quais utilizamos diariamente em nossas anestesias, estando assim bem familiarizados com o seu desempenho.

Ao justificarem o barotrauma pulmonar, os autores atribuem ao acotovelamento da mangueira de conexão entre o ventilador e o circuito anestésico como a causa do acidente, com o que discordamos (Figura 3).

A angulação dessa mangueira impede que o volume contido no fole e que seria o volume inspiratório seja ejetado para dentro do circuito, provocando seu escape através da válvula de segurança limitadora de pressão, que está próxima da conexão com o ventilador, conforme podemos observar na própria figura 3. Esse escape produz um ruído bem característico.

Ora, se esse volume não pode ser ejetado para os pulmões do paciente, ele não pode ser o responsável pelo barotrauma.

Ao nosso ver, a explicação mais provável é que a válvula pop-off situada acima da bolsa respiratória estivesse fechada, não permitindo a saída do excesso de gases frescos, que continuando a adentrar o circuito respiratório e impedidos de serem eliminados para o meio ambiente, com o passar do tempo causaram o barotrauma.

No esquema apresentado (Figura 4), constatamos uma série de equívocos que não estão de acordo com a montagem correta do aparelho.

Há uma afirmação que não está totalmente certa: "A bolsa reservatória é excluída do circuito no modo controlado."

Se a chave seletora for colocada na posição Ventilação Controlada, de fato ocorre a exclusão da bolsa reservatória do circuito, mas somente na fase inspiratória, pois isso impede que o volume ejetado pelo fole possa ser desviado para a bolsa. Na fase expiratória isso não ocorre e há comunicação entre a bolsa reservatória e o fole que aspira, ao descer, seu conteúdo juntamente com aos gases frescos e o agente anestésico que continuam adentrando ao sistema, fazendo, assim, sua alimentação.

O acotovelamento da citada mangueira, como já dissemos, impede que o volume ejetado pelo fole adentre ao sistema, mas não impede, como afirmam os autores, que a saída do excesso de gases seja feita através da válvula pop-off que, por isso, é de fundamental importância que ela esteja sempre aberta para permitir a saída do excesso de gases e impedir que pressões excessivas sejam criadas no circuito.

Atenciosamente,

Dr. Guilherme F. F. Reis

Resp CET/SBA Casa de Saúde Campinas

Caixa Postal 529

13001-970 Campinas, SP

E-mail: guigoreis@globo.com

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Set 2008
  • Data do Fascículo
    Out 2008
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