Acessibilidade / Reportar erro

Anestesia venosa total (AVT) em lactente com doença de Werdnig-Hoffmann: relato de caso

Anestesia venosa total (AVT) en lactante con enfermedad de Werdnig-Hoffmann: relato de caso

Resumos

Foi com grande interesse que li o artigo "Anestesia Venosa Total (AVT) em Lactente com Doença de Werdnig-Hoffmann. Relato de Caso", de Resende e col. ¹, publicado nesta revista. Gostaria, em primeiro lugar, de parabenizar os autores pela iniciativa. Entretanto, dois pontos me chamaram a atenção. O primeiro refere-se à definição de lactente, a qual compreende o período de 1 a 12 meses de idade. A partir de 12 meses, define-se como pré-escolar ou apenas criança. No artigo, o autor coloca a idade do paciente como 1 ano, mas não especifica meses ou dias. Provavelmente, esse paciente tem mais de 12 meses, sendo, dessa forma, a definição de lactente inadequada. O segundo e mais importante ponto diz respeito à técnica usada e ao título do artigo. No título, utilizou-se a expressão "anestesia venosa total", mas no relato foi dito que, além de propofol e remifentanil, a anestesia foi mantida com oxigênio e N2O. Se foi usado um gás com propriedades anestésicas (N2O), não seria correto classificar essa técnica como venosa total. Além disso, ele cita o artigo de Crawford e col. ², que definiu doses de remifentanil para intubação em crianças. Esse estudo foi realizado utilizando-se oxigenação na concentração de 100%, pois os autores provavelmente entendem que a adição de gases com propriedades anestésicas interferiria nos resultados obtidos


Fue con un gran interés que leí el artículo "Anestesia Venosa Total (AVT) en Lactante con Enfermedad de Werdnig-Hoffmann. Relato de Caso", de Resende y col. ¹, publicado en esta revista. Y de hecho quiero, en primer lugar, felicitar a los autores por la iniciativa. Sin embargo, dos puntos me llamaron la atención. El primero, se refiere a la definición de lactante, la cual abarca el período de 1 a 12 meses de edad. A partir de los 12 meses, se define como preescolar o apenas como niño. En el artículo, el autor coloca la edad del paciente como de 1 año, pero no especifica meses o días. Tal vez, ese paciente tenga más de 12 meses y entonces la definición de lactante sería inadecuada. El segundo y el más importante de mis cuestionamientos, versa sobre la técnica usada y sobre el título del artículo. En el título, se usó la expresión "anestesia venosa total", pero en el relato se dijo que, además del propofol y del remifentanil, la anestesia se mantuvo con oxígeno y N2O. Si fue usado un gas con propiedades anestésicas (N2O), no sería correcto clasificar esa técnica como venosa total. Además, él cita el artículo de Crawford y col. ², que definió dosis de remifentanil para la intubación en niños. Ese estudio fue realizado utilizando la oxigenación en la concentración de 100%, porque los autores probablemente entienden que la adición de los gases con propiedades anestésicas interferiría en los resultados obtenidos


I read the article "Total Intravenous Anesthesia (TIA) in a Patient with Werdnig-Hoffman Disease. Case Report", of Resende et al.1, published in this journal with great interest. First, I would like to congratulate the authors for their initiative. However, two points called my attention. The first one refers to the definition of infant, which comprehends the period from 1 to 12 months of age. From 12 months on, it defines preschooler or just child. In the article, the author states the age of the patient as 1 year old, but he does not specify months or days. Probably, this patient has more than 12 months of age and, therefore, calling him an infant is inappropriate. The second and most important point refers to the technique used and to the title of the article. In the title, the expression "total intravenous anesthesia" was used, but in the report it was stated that besides propofol and remifentanil anesthesia was maintained with oxygen and N2O. If a gas with anesthetic properties (N2O) was used, it would not be correct to call this technique total intravenous anesthesia. Besides, he mentioned the article of Crawford et al. 2, who defined the doses of remifentanil for intubation in children. This study was undertaken using 100% oxygen, since the authors probably understand that the addition of gases with anesthetic properties would interfere with the results obtained


CARTA AO EDITOR

Anestesia venosa total (AVT) em lactente com doença de Werdnig-Hoffmann. Relato de caso

Anestesia venosa total (AVT) en lactante con enfermedad de Werdnig-Hoffmann. Relato de caso

Luis Otavio Esteves, TSA

TSA-SBA, Anestesiologista e coinstrutor do CET Instituto Penido Burnier e Hospital Centro-Médico de Campinas

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Luis Otavio Esteves Av. Andrade Neves, 611 Centro 13013-161 - Campinas, SP, Brasil Tel: (19) 3737-8000 E-mail: otavioanestesio@gmail.com

RESUMO

Foi com grande interesse que li o artigo "Anestesia Venosa Total (AVT) em Lactente com Doença de Werdnig-Hoffmann. Relato de Caso", de Resende e col. 1, publicado nesta revista. Gostaria, em primeiro lugar, de parabenizar os autores pela iniciativa. Entretanto, dois pontos me chamaram a atenção. O primeiro refere-se à definição de lactente, a qual compreende o período de 1 a 12 meses de idade. A partir de 12 meses, define-se como pré-escolar ou apenas criança. No artigo, o autor coloca a idade do paciente como 1 ano, mas não especifica meses ou dias. Provavelmente, esse paciente tem mais de 12 meses, sendo, dessa forma, a definição de lactente inadequada. O segundo e mais importante ponto diz respeito à técnica usada e ao título do artigo. No título, utilizou-se a expressão "anestesia venosa total", mas no relato foi dito que, além de propofol e remifentanil, a anestesia foi mantida com oxigênio e N2O. Se foi usado um gás com propriedades anestésicas (N2O), não seria correto classificar essa técnica como venosa total. Além disso, ele cita o artigo de Crawford e col. 2, que definiu doses de remifentanil para intubação em crianças. Esse estudo foi realizado utilizando-se oxigenação na concentração de 100%, pois os autores provavelmente entendem que a adição de gases com propriedades anestésicas interferiria nos resultados obtidos.

RESUMEN

Fue con un gran interés que leí el artículo "Anestesia Venosa Total (AVT) en Lactante con Enfermedad de Werdnig-Hoffmann. Relato de Caso", de Resende y col. 1, publicado en esta revista. Y de hecho quiero, en primer lugar, felicitar a los autores por la iniciativa. Sin embargo, dos puntos me llamaron la atención. El primero, se refiere a la definición de lactante, la cual abarca el período de 1 a 12 meses de edad. A partir de los 12 meses, se define como preescolar o apenas como niño. En el artículo, el autor coloca la edad del paciente como de 1 año, pero no especifica meses o días. Tal vez, ese paciente tenga más de 12 meses y entonces la definición de lactante sería inadecuada. El segundo y el más importante de mis cuestionamientos, versa sobre la técnica usada y sobre el título del artículo. En el título, se usó la expresión "anestesia venosa total", pero en el relato se dijo que, además del propofol y del remifentanil, la anestesia se mantuvo con oxígeno y N2O. Si fue usado un gas con propiedades anestésicas (N2O), no sería correcto clasificar esa técnica como venosa total. Además, él cita el artículo de Crawford y col. 2, que definió dosis de remifentanil para la intubación en niños. Ese estudio fue realizado utilizando la oxigenación en la concentración de 100%, porque los autores probablemente entienden que la adición de los gases con propiedades anestésicas interferiría en los resultados obtenidos.

RÉPLICA

Prezado Editor,

Em resposta a Carta enviada pelo Dr. Luís Otávio Esteves.

Muito importante receber críticas, um sinal próximo de que o texto foi lido. Certamente outras poderiam ser citadas como a utilização de sistema sem absorvedor de CO2 (Baraka) ou a dose de cefalosporina utilizada.

Com relação aos pontos salientados pelo colega de Campinas:

A) O dicionário Aurélio define lactente como aquele em fase de amamentação. Por determinação da Organização Mundial de Saúde (OMS), do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Pediatria deve-se promover a amamentação até os dois anos de idade 1. Atualmente o período até 24 meses é aceito para lactente. Portanto, a idade mesmo que superior a um ano não ocasiona dificuldade para o contexto. Na língua inglesa, o vocábulo 'infant' já traduz o desenvolvimento da criança até 24 meses. A criança do relato de caso tinha exatamente um ano e vinte dias, quando do ato anestésico-cirúrgico.

B) É correta a afirmação que diz ser a Anestesia Venosa Total (AVT) uma técnica para indução e manutenção exclusivamente com drogas venosas, assim evitando o uso de anestésicos inalatórios e de óxido nitroso. Em nosso relato, o óxido nitroso realmente foi utilizado como adjuvante, para analgesia sem interferência no despertar rápido e seguro da anestesia, além de diluidor do fluxo de oxigênio inspirado.

A utilização de óxido nitroso associado ao propofol e remifentanil em cirurgias abdominais já foi citada na literatura com o intuito de mostrar variação de concentração de remifentanil que inibisse resposta somática 2. Investigação mais recente realizada na Índia sobre o uso de óxido nitroso na prática anestésica revelou que ele era utilizado para suplementação de anestesia venosa total por 59,44% dos entrevistados 3. No entanto, em 'stricto sensu', a ideia de suplementação impede o reconhecimento da técnica com sendo administrada apenas com agentes venosos, sendo assim o título de nosso trabalho foi mal empregado.

Atenciosamente,

Dr. Marco Antonio Cardoso de Resende, TSA

Corresponsável pelo CET/SBA do Serviço de Anestesiologia do Hospital Universitário Antônio Pedro da UFF

Submetido em 16 de abril de 2010

Aprovado para publicação em 4 de junho de 2010

  • 01. Resende MAC, Silva EVS, Nascimento OJM, Gemal AE, Quintanilha G, Vasconcelos EM - Anestesia Venosa Total (AVT) em Lactente com Doença de Werdnig-Hoffmann. Relato de Caso. Rev Bras Anestesiol, 2010;60:2:170-175.
  • 02. Crawford MW, Hayes J, Tan JM - Dose-response of remifentanil for tracheal intubation in infants. Anesth Analg, 2005;100:1599-1604.
  • Endereço para correspondência:

    Luis Otavio Esteves
    Av. Andrade Neves, 611 Centro
    13013-161 - Campinas, SP, Brasil
    Tel: (19) 3737-8000
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      30 Set 2010
    • Data do Fascículo
      Out 2010

    Histórico

    • Recebido
      16 Abr 2010
    • Aceito
      04 Jun 2010
    Sociedade Brasileira de Anestesiologia R. Professor Alfredo Gomes, 36, 22251-080 Botafogo RJ Brasil, Tel: +55 21 2537-8100, Fax: +55 21 2537-8188 - Campinas - SP - Brazil
    E-mail: bjan@sbahq.org