Acessibilidade / Reportar erro

A gravidade e a região da lesão corporal correlacionam com resultados a longo prazo em paciente com traumatismo grave?

Resumos

Justificativa e objetivos:

investigar se o índice de gravidade da lesão (ISS) e a escala abreviada de lesões (AIS) estão correlacionados com a qualidade de vida em longo prazo em pacientes com traumatismo grave.

Métodos:

pacientes que sofreram lesões de 2005 a 2007, com IGL≥15, foram pesquisados 16-24 meses após as lesões. O questionário de avaliação da saúde (HAQ-DI) foi usado para medir o estado funcional e o modelo abreviado do questionário com 12 itens (Short Form-12 [SF-12]) foi usado para medir o estado de saúde dividido em seus dois componentes: o resumo do componente saúde física (PCS) e o resumo do componente saúde mental (MCS). Os resultados dos questionários foram comparados com os componentes do ISS e da AIS. Os resultados do SF-12 foram comparados com os valores esperados da população geral.

Resultados:

preencheram os questionários 74 pacientes (taxa de resposta de 28%). A média dos escores foi: PCS 42,6 ± 13,3; MCS 49,4 ± 1,4; HAQ-DI 0,5 ±0,7. Houve correlação com HAQ-DI e PCS (Rho de Spearman: -0,83; p < 0,05) e nenhuma correlação entre HAQ-DI e MCS ou entre MCS e PCS (Rho de Spearman = -0,21 e 0,01, respectivamente). Os escores cutâneo-externo e extremidades-pélvico da AIS correlacionaram com o PCS (Rho de Spearman: -0,39 e -0,34, p < 0,05) e com o HAQ-DI (Rho de Spearman: 0,31 e 0,23; p < 0,05). A condição física em comparação com a população normal foi pior, exceto para os grupos com idades entre 65-74 e 55-64 anos.

Conclusões:

os pacientes com fraturas pélvicas e de extremidades são mais propensos a apresentar incapacidade em longo prazo. A gravidade das lesões externas influenciou a deficiência em longo prazo.

Índice de gravidade da lesão; Escala abreviada de lesões; Short Form-12; Questionário de avaliação da saúde; Resultado; Trauma


Background and objectives:

To investigate if the Injury Severity Score (ISS) and the Abbreviated Injury Score (AIS) are correlated with the long-term quality of life in severe trauma patients.

Methods:

Patients injured from 2005 to 2007 with an ISS ≥ 15 were surveyed 16-24 months after injury. The Health Assessment Questionnaire (HAQ-DI) was used for measuring the functional status and the Short Form-12 (SF-12) was used for measuring the health status divided into its two components, the PCS (Physical Component Summary) and the MCS (Mental Component Summary). The results of the questionnaires were compared with the ISS and AIS components. Results of the SF-12 were compared with the values expected from the general population.

Results:

Seventy-four patients filled the questionnaires (response rate 28%). The mean scores were: PCS 42.6 ± 13.3; MCS 49.4 ± 1.4; HAQ-DI 0.5 ± 0.7. Correlation was observed with the HAQ-DI and the PCS (Spearman's Rho: -0.83; p < 0.05) and no correlation between the HAQ-DI and the MCS neither between the MCS and PCS (Spearman's Rho = -0.21; and 0.01 respectively). The cutaneous-external and extremities-pelvic AIS punctuation were correlated with The PCS (Spearman's Rho: -0.39 and -0.34, p < 0.05) and with the HAQ-DI (Spearman's Rho: 0.31 and 0.23; p < 0.05). The physical condition compared with the regular population was worse except for the groups aged between 65 -74 and 55 -64.

Conclusions:

Patients with extremities and pelvic fractures are more likely to suffer long-term disability. The severity of the external injuries influenced the long-term disability.

Injury severity score; Abbreviated injury score; Short Form-12; Health Assessment Questionnaire; Outcome; Trauma


Justificación y objetivos:

investigar si el Índice de Gravedad de la Lesión (Injury Severity Score [ISS]) y la Escala Abreviada de Lesiones (Abbreviated Injury Score [AIS]) están correlacionados con la calidad de vida a largo plazo en pacientes con traumatismo grave.

Métodos:

pacientes que sufrieron lesiones entre 2005 y 2007, con un ISS ≥ 15, fueron encuestados 16-24 meses después de las lesiones. Se usó el Cuestionario de Evaluación de la Salud-Índice de Incapacidad (Health Assessment Questionnaire-Disability Index [HAQ-DI]) para medir el estado funcional, y el modelo abreviado del cuestionario con 12 ítems (Short Form-12 [SF-12]) para medir el estado de salud dividido en 2 componentes: el índice de salud física (Physical Component Summary [PCS]) y el índice de salud mental (Mental Component Summary [MCS]). Los resultados de los cuestionarios fueron comparados con los componentes del ISS y del AIS. Los resultados del SF-12 fueron comparados con los valores esperados en la población general.

Resultados:

setenta y cuatro pacientes rellenaron los cuestionarios (tasa de respuesta de un 28%). Las puntuaciones medias fueron: PCS 42,6 ± 13,3; MCS 49,4 ± 1,4; HAQ-DI 0,5 ± 0,7. Se registró una correlación con HAQ-DI y PCS (rho de Spearman: −0,83; p < 0,05) y ninguna correla-ción entre HAQ-DI y MCS o entre MCS y PCS (rho de Spearman = −0,21; y 0,01, respectivamente). Las puntuaciones cutáneo-externas y extremidades-pélvicas de la AIS se correlacionaron con el PCS (rho de Spearman: −0,39 y −0,34; p < 0,05) y con el HAQ-DI (rho de Spearman: 0,31 y 0,23; p < 0,05). La condición física en comparación con la población normal fue peor, excepto para los grupos con edades entre 65-74 y 55-64 años.

Conclusiones:

los pacientes con fracturas pélvicas y de extremidades son más propensos a presentar una incapacidad a largo plazo. La gravedad de las lesiones externas influyó en la discapacidad a largo plazo.

Índice de Gravedadde la Lesión; Escala Abreviada de Lesiones; Short Form-12; Cuestionario de Evaluación de la Salud; Resultado; Traumatismo


Introdução

Em 1976, o Comitê de Trauma do Colégio Americano de Cirurgiões categorizou hospitais em centros de trauma; em consequência, houve uma redução da mortalidade desde então.11. MacKenzie EJ, Rivara FP, Jurkovich GJ, Nathens AB, Frey KP, Egleston BL, Salkever DS, Scharfstein DO. A national evaluation of the effect of trauma-center care on mortality. N Engl J Med. 2006;354:366-78. Contudo, surgiram outras questões, como a qualidade de vida em longo prazo e a melhoria dos resultados em pacientes vítimas de trauma.22. Stalp M, Koch C, Ruchholtz S, et al. Standardized outcome evaluation after blunt multiple iniuries by scoring systems: a clinical follow-up investigation 2 years after injury. J Trauma. 2002;52:1160-8.

Em 1999, uma conferência de consenso internacional destacou a heterogeneidade dos instrumentos disponíveis para a mensuração da qualidade de vida.33. Neugebauera E, Lefering R, Bouillonb B, Bullingerc M, Wood-Dauphineed S. Quality of life after multiple trauma. Aim and Scope of the Conference Restor Neurol Neurosci. 2002;20:87-92.,44. Neugebauera E, Bouillonb B, Bullingerc M, Wood-Dauphineed S. Quality of life after multiple trauma-summary and recommendations of the consensus conference. Restor Neurol Neurosci. 2002;20:161-7. Várias ferramentas estão sendo usadas: os questionários abreviados com 36 (SF-36) e 12 (SF-12) itens, a escala de resultados de Glasgow, a medida de independência funcional, a escala de qualidade do bem-estar, o escore de Hannover para resultados de politraumatismo e o EuroQol-5D.22. Stalp M, Koch C, Ruchholtz S, et al. Standardized outcome evaluation after blunt multiple iniuries by scoring systems: a clinical follow-up investigation 2 years after injury. J Trauma. 2002;52:1160-8.,55. Livingston DH, Tripp T, Biggs C, Lavery RF. A fate worse than death? Long-term outcome of trauma patients admitted to the surgical intensive care unit. J Trauma. 2009;67:341-9.

6. Holbrook TL, Hoyt DB, Anderson JP. The importance of gender on outcome after maior trauma: functional and psychologic outcomes in women versus men. J Trauma. 2001;50:270-3.
-77. Ulvik A, Kvale R, Wentzel-Larsen T, Flaatten H. Quality of life 2-7 years after maior trauma. Acta Anaesthesiol Scand. 2008;52:195-201. Cada uma dessas ferramentas tem vantagens e limitações, mas nenhuma delas mede todas as dimensões que envolvem o estado de saúde em pacientes com traumatismo. Um questionário deve conter os seguintes requisitos: compreensibilidade, rapidez de feitura e análise, validação em diferentes idiomas, ser de domínio público, ter custo baixo para uso e ser validado para a autoadministração via e-mail ou correio convencional e por entrevista pessoal ou por telefone. Além disso, o questionário precisa ser difundido em todo o mundo para poder estabelecer comparações entre os diferentes grupos de pacientes em diferentes países. Com base nessas características, existem dois questionários usados com frequência: o de avaliação da saúde-índice de incapacidade (HAQ-DI) e o SF-12.

O HAQ-DI foi inicialmente aplicado para avaliar as doenças reumáticas88. Bruce B, Fries JF. The Health Assessment Questionnaire (HAQ). Clin Exp Rheumatol. 2005;23:S14-8.,99. Bruce B, Fries JF. The Stanford Health Assessment Questionnaire: dimensions and practical applications. Health Qual Life Outcomes. 2003;1:20, this article is available from: http://www.hqlo.com/content/1/1/20
http://www.hqlo.com/content/1/1/20...
e, subsequentemente, estendeu-se para qualquer tipo de condição.1010. Gillen M, Jewell SA, Faucett JA, Yelin E. Functional limitations and well-being in iniured municipal workers: a longitudinal study. J Occup Rehab. 2004;14:89-105. O HAQ-DI pode ser aplicado em menos de cincominutos, foi traduzido para mais de 60 idiomas e validado para uso por telefone. O questionário SF-12 também é validado para ser aplicado por telefone e requer apenas doisminutos para ser concluído. Foi inicialmente concebido para representar o resumo dos componentes do SF-36 com 90% de precisão, o que superou completamente,1111. Vilagut G, Ferrer M, Rajmil L, Rebollo P, Permanyer-Miralda G, Quintana JM, Santed R, Valderas JM, Ribera A, Domingo-Salvany A, Alonso J. The Spanish version of the Short Form 36 Health Survey: a decade of experience and new developments. Gac Sanit. 2005;19:135-50. e tem sido aplicado para avaliar pacientes com múltiplos traumas, traumatismo pélvico ou acidentes de trabalho.1212. Kiely JM, Brasel KJ, Weidner KL, Guse CE, Weigelt JA. Predicting quality of life six months after traumatic iniury. J Trauma. 2006;61:791-8.

13. Brasel KJ, Roon-Cassini T, Bradley. Injury severity and quality of life: whose perspective is important? J Trauma. 2010;68:263-8.

14. Harris IA, Young JM, Rae H, Jalaludin B, Solomon MJ. Predictors of general health after maior trauma. J Trauma. 2008;64:969-74.

15. Gillen M, Jewell SA, Faucett JA, Yelin E. Functional limitations and well-being in iniured municipal workers: a longitudinal study. J Occup Rehabil. 2004;14:89-105.
-1616. Totterman A, Glott T, Søberg HL, Madsen JE, Røise O. Pelvic trauma with displaced sacral fractures functional outcome at one year. Spine. 2007;3:1437-43.

Diretrizes recentes foram publicadas pela Associação Europeia para a Segurança do Consumidor1717. Van Beeck EF, Larsen CF, Lyons RA, Meerding WJ, Mulder, Essink-Bot ML. Guidelines for the conduction of follow-up studies measuring injury-related disability. J Trauma. 2007;62:534-50. e classificam a deficiência de pacientes vítimas de trauma com base em revisão sistemática e opinião de especialistas. Quatro pontos diferentes de avaliação foram descritos: fase aguda no primeiro mês, fase de reabilitação em até dois meses, fase de adaptação no quarto mês e fase de recuperação em até seis meses.

A saúde e a qualidade de vida após a alta foram associadas a idade, sexo, comorbidades, gravidade do traumatismo e tempo de internação.66. Holbrook TL, Hoyt DB, Anderson JP. The importance of gender on outcome after maior trauma: functional and psychologic outcomes in women versus men. J Trauma. 2001;50:270-3.,77. Ulvik A, Kvale R, Wentzel-Larsen T, Flaatten H. Quality of life 2-7 years after maior trauma. Acta Anaesthesiol Scand. 2008;52:195-201.,1818. Holtslag HR, Post MW, Lindeman E, Van der Werken C. Long-term functional health status of severely iniured patients. Iniury. 2007;38:280-9.

19. Polinder P, Van Beeck F, Essink-Bot MK, Toet H, Looman CW, Mulder S, Meerding WJ. Functional outcome at 2.5, 5, 9, and 24 months after iniury in the Netherlands. J Trauma. 2007;62:133-41.
-2020. Holbrook TL, Hoyt DB, Anderson JP. The impact of maior in-hospital complications on functional outcome and quality of life after trauma. J Trauma. 2001;50:91-5. A gravidade do traumatismo é estratificada de acordo com o índice de gravidade da lesão (ISS), que se correlaciona com mortalidade.2121. Guzzo JL, Bochicchio GV, Napolitano LM, Malone DL, Meyer W, Scalea TM. Prediction of outcomes in trauma: anatomic or physiologic parameters? J Am Coll Surg. 2005;201:891-7. O ISS é um sistema de pontuação anatômico baseado na escala abreviada de lesões (AIS), que gradua a gravidade em diferentes regiões anatômicas.2222. Linn Sh. The iniury severity score-importance and uses. Ann Epidemiol. 1995:440-6. Quando o ISS for superior a 15, um paciente com traumatismo grave pode ser previsto.2323. Boyd CR, Tolson MA, Copes WS. Evaluating trauma care: the TRISS method. Trauma score and the iniury severity score. J Trauma. 1987;27:370-8.

O objetivo de nosso estudo foi determinar se o estado de saúde em longo prazo após trauma grave, medido com a aplicação do HAQ-DI e do SF-12, tem correlação com as lesões prolongadas medidas pelo ISS.

Métodos

Após a aprovação do Comitê de Ética do hospital, um banco de dados foi criado. Todos os pacientes vítimas de trauma atendidos em nosso centro de trauma por causa de uma lesão contundente ou penetrante de 2005 a 2007 foram incluídos. Os pacientes com ISS≥15, com idade ≥18 anos e que receberam alta do hospital foram acompanhados. Os dados coletados foram características demográficas dos pacientes, tipo de lesão, ISS e AIS.

As questões do HAQ-DI foram agrupadas em oito categorias (vestir-se, levantar-se, comer, andar, higiene, alcançar e segurar objetos e fazer as atividades habituais). Cada categoria foi pontuada de 0 a 3 (0: sem qualquer dificuldade; 1: com alguma dificuldade; 2: com muita dificuldade; 3: incapaz de fazer). Subsequentemente, a média das oito categorias foi calculada para obter o escore do questionário. No caso de o paciente precisar de ajuda ou usar dispositivos especiais em qualquer uma das categorias, um fator de correção era aplicado. Pelo menos seis das oito categorias devem ser respondidas ou o questionário não pode ser calculado. Os escores foram classificados como 0, sem deficiência; 0-1, deficiência leve; 1-2, deficiência moderada e 2-3, incapacidade grave.88. Bruce B, Fries JF. The Health Assessment Questionnaire (HAQ). Clin Exp Rheumatol. 2005;23:S14-8.,99. Bruce B, Fries JF. The Stanford Health Assessment Questionnaire: dimensions and practical applications. Health Qual Life Outcomes. 2003;1:20, this article is available from: http://www.hqlo.com/content/1/1/20
http://www.hqlo.com/content/1/1/20...

O SF-12 incluiu oito categorias (função física, desempenho físico, desempenho emocional, função social, saúde mental, saúde geral, dores no corpo e vitalidade). A pontuação numérica obtida em cada categoria foi calculada pela soma dos itens e convertida para uma escala de 0 (pior pontuação) a 100 (melhor pontuação).1111. Vilagut G, Ferrer M, Rajmil L, Rebollo P, Permanyer-Miralda G, Quintana JM, Santed R, Valderas JM, Ribera A, Domingo-Salvany A, Alonso J. The Spanish version of the Short Form 36 Health Survey: a decade of experience and new developments. Gac Sanit. 2005;19:135-50. Os resultados foram divididos em dois componentes principais, o resumo do componente físico e o resumo do componente mental, ambos validados para as populações americana e espanhola, e obtiveram pesos semelhantes para os componentes dos resumos para ambas as populações.2424. Vilagut G, Valderas JM, Ferrera M, Garina O, López-García E, Alonso J. Interpretación de los cuestionarios de salud SF-36 y SF-12 en España: componentes físico y mental. Med Clin. 2008;130:726-35. Há duas formas de estimar os componentes dos resumos: a forma padrão, que se refere aos dados dos EUA, e a forma específica, na qual os dados usados se referem a cada país em particular. Escolhemos a forma padrão por ser recomendada para publicações internacionais. Os resumos dos componentes foram criados para refletir o desvio-padrão da média com um valor de 50. Um estado normal de saúde foi considerado quando os valores dos resumos dos componentes ficaram entre 40 e 60, estado de saúde limitado abaixo de 40 e bom estado de saúde superiores a 60.

Os resultados obtidos com o SF-12 foram comparados com os resultados esperados da população geral, estratificados de acordo com a idade. O poder do tamanho do efeito de cada população foi calculado.

Os questionários foram aplicados no período de 16-24 meses pós-lesão, via telefone por pessoal treinado. Caso o paciente não atendesse ao telefone na primeira chamada, três chamadas extras eram feitas na parte da manhã, tarde e noite. Perdas de acompanhamento foram consideradas caso não fosse possível entrar em contato com o paciente ou o paciente não quisesse responder as perguntas.

Análise estatística foi feita com o uso do pacote SPSS 15.0 WIN. Usamos o teste do qui-quadrado (com correção de Yates e teste exato de Fisher) para comparar as proporções de pacientes que responderam e não responderam. O teste de Kruskal-Wallis foi usado para comparar as pontuações categorizadas dos diferentes questionários. O teste de Spearman foi usado para comparar a relação entre qualidade de vida com o ISS e os componentes da AIS. O tamanho do efeito foi usado para comparar os escores dos pacientes que responderam com os da população de referência. Os dados são apresentados como média e desvio-padrão ou mediana e variação quando indicado. Um valor de p ≤ 0,05 foi considerado significante.

Resultados

Receberam alta do hospital 267 pacientes com ISS≥15. Em 160 casos não houve resposta por causa dos números errados de telefone ou de mais de três chamadas sem resposta; 24 pacientes se recusaram a responder os questionários; em cinco casos houve barreira idiomática; em dois casos, os pacientes faleceram e em dois casos a condição médica impossibilitou os pacientes de responderem os questionários. Completaram os questionários 74 pacientes.

Comparando-se os pacientes que responderam os questionários com aqueles que não responderam, a população que não respondeu era mais jovem (36 ± 14 vs. 43 ± 17; p = 0,02). Não houve diferenças entre os dados demográficos, as regiões anatômicas lesionadas e os escores da AIS (tabela 1).

Tabela 1
Comparação das características demográficas e valores da AIS entre os pacientes que responderam e não responderam aos questionários

As medianas dos escores e das variações foram 46 (11,8-60,9) para o resumo do componente físico; 51 (12,9-74,2) para o resumo do componente mental e 0,12 (0-3) para o HAQ-DI.

Os valores do ISS foram comparáveis para as diferentes categorias do HAQ-DI e para os componentes físicos e mentais dos resumos do SF-12 (tabela 2).

Tabela 2
Relação entre os níveis do questionário de avaliação da saúde, sumário do componente físico do SF-12 e resumo do componente mental do SF-12 com o ISS (índice de gravidade da lesão)

Obtivemos uma correlação negativa entre o HAQ-DI e o componente físico do SF-12 (Rho de Spearman = -0,83; p = 0,000) e nenhuma correlação entre o HAQ-DI e o componente mental do SF-12 (Rho de Spearman = -0,21, p = 0,07) ou entre os componentes mentais e físicos do SF-12 (Rho de Spearman = 0,01, p = 0,9).

Ao analisar os componentes da AIS do ISS (tabela 3) descobrimos uma correlação negativa significante entre o PCS e o escore cutâneo-externo da AIS e com o escore extremidades/pélvico. Da mesma forma, encontramos correlação positiva significativa desses dois escores com o HAQ-DI; e uma correlação positiva entre o PCS e o conteúdo do escore abdominal/pélvico da AIS. Também houve correlação entre abdome AIS e as extremidades pélvicas (Rho de Spearman = -−0,35, p = 0,002).

Tabela 3
Correlação entre o questionário de avaliação da saúde, resumo do componente físico do SF-12 e resumo do componente mental do SF-12 com os componentes da escala abreviada de lesões

Ao comparar o estado de saúde física e mental de nossos pacientes vítimas de trauma com os valores normais da população, observamos que a condição física foi globalmente pior em todas as faixas etárias, exceto em pacientes com idades entre 55-64 e 65-74 anos, nos quais o tamanho do efeito foi menor. Quanto ao estado de saúde mental, os valores obtidos mostraram uma leve diferença na faixa etária entre 35 e 44 anos, com estado de saúde mental menor do que o normal (tabela 4).

Tabela 4
Estimativa do tamanho do efeito do grupo de estudo em relação à população normal, medida pelo SF-12

Discussão

Após a aplicação do HAQ-DI e do SF-12 a nossos pacientes, os valores obtidos para o estado de saúde ficaram na faixa de pontuação mais baixa, com valores piores no componente físico do que no componente mental. Avaliamos o estado de saúde 16-24 meses pós-lesão, portanto os valores baixos obtidos foram medidos após um longo período de reabilitação. A mensuração em longo prazo da qualidade de vida de pacientes com traumatismo deve ser considerada após a reabilitação completa. Segundo alguns autores 1717. Van Beeck EF, Larsen CF, Lyons RA, Meerding WJ, Mulder, Essink-Bot ML. Guidelines for the conduction of follow-up studies measuring injury-related disability. J Trauma. 2007;62:534-50.,2525. Currens B. Evaluation of disability and handicap following injury. Injury. 2000;31:99-106., uma alta porcentagem de pacientes apresentou recuperação completa 12 meses após sofrerem as lesões. Contudo, considera-se melhor avaliar o estado de saúde 24 meses após o traumatismo para garantir uma situação estável das incapacidades.22. Stalp M, Koch C, Ruchholtz S, et al. Standardized outcome evaluation after blunt multiple iniuries by scoring systems: a clinical follow-up investigation 2 years after injury. J Trauma. 2002;52:1160-8.,1919. Polinder P, Van Beeck F, Essink-Bot MK, Toet H, Looman CW, Mulder S, Meerding WJ. Functional outcome at 2.5, 5, 9, and 24 months after iniury in the Netherlands. J Trauma. 2007;62:133-41.

Não conseguimos observar alguma relação entre o estado de saúde e os valores do ISS. O ISS é baseado em lesões anatômicas e, por essa razão, uma associação com o estado de saúde pode ser esperada. No entanto, os resultados de nosso estudo estavam de acordo com os publicados por outros autores.1212. Kiely JM, Brasel KJ, Weidner KL, Guse CE, Weigelt JA. Predicting quality of life six months after traumatic iniury. J Trauma. 2006;61:791-8.,1313. Brasel KJ, Roon-Cassini T, Bradley. Injury severity and quality of life: whose perspective is important? J Trauma. 2010;68:263-8.,1818. Holtslag HR, Post MW, Lindeman E, Van der Werken C. Long-term functional health status of severely iniured patients. Iniury. 2007;38:280-9.,2626. Palma JA, Fedorka P, Simko LC. Quality of life experienced by severely injured trauma survivors. AACN Clin Issues. 2003;14:54-63. Contudo, alguma associação entre o ISS e o componente físico do estado de saúde em longo prazo1414. Harris IA, Young JM, Rae H, Jalaludin B, Solomon MJ. Predictors of general health after maior trauma. J Trauma. 2008;64:969-74. e com a qualidade de vida global avaliada 2-7 anos após o traumatismo77. Ulvik A, Kvale R, Wentzel-Larsen T, Flaatten H. Quality of life 2-7 years after maior trauma. Acta Anaesthesiol Scand. 2008;52:195-201. foi observada, bem como uma relação entre o ISS e o componente físico da qualidade de vida, avaliada logo após a lesão.1313. Brasel KJ, Roon-Cassini T, Bradley. Injury severity and quality of life: whose perspective is important? J Trauma. 2010;68:263-8. A interpretação global de papéis opostos é difícil e os resultados não são comparáveis por causa do uso de diferentes questionários e diferentes tempos de avaliação.

Descobrimos uma correlação significativa entre a qualidade de vida em longo prazo, medida duas vezes por meio do resumo do componente físico e do HAQ-DI e o componente cutâneo-externo e o componente extremidades-anel pélvico do ISS. Não houve relação desses dois componentes com o resumo do componente mental. A associação entre as lesões pélvicas e as das extremidades com a qualidade de vida em longo prazo foi relatada por outros autores,22. Stalp M, Koch C, Ruchholtz S, et al. Standardized outcome evaluation after blunt multiple iniuries by scoring systems: a clinical follow-up investigation 2 years after injury. J Trauma. 2002;52:1160-8.,1818. Holtslag HR, Post MW, Lindeman E, Van der Werken C. Long-term functional health status of severely iniured patients. Iniury. 2007;38:280-9.,2727. Holbrook TL, Anderson JP, Sieber WJ, Browner D, Hoyt DB. Outcome after major trauma: discharge and 6-month follow-up results from the Trauma Recovery Project. J Trauma. 1998;45:315-23. porém a associação com a região cutânea não foi reconhecida. A correlação das pontuações cutâneas com a qualidade de vida em longo prazo pode ser interpretada como um reflexo dessas lesões pela magnitude das fraturas nas extremidades. Da mesma forma, houve associação entre as pontuações da AIS do componente abdome e a lesão do anel pélvico, o que indica a associação de graves fraturas pélvicas com a presença de vasos lesionados e outras lesões intra-abdominais. Também descobrimos uma correlação entre o componente abdominal do ISS e o resumo do componente físico, mas não com o HAQ-DI.

A correlação entre o HAQ-DI e o resumo do componente físico do SF-12 reforça a deficiência física em nossos pacientes. Os valores do resumo do componente mental do SF-12 não foram correlacionados com a deficiência física medida pelo HAQ-DI. Portanto, ambos os questionários medem diferentes componentes da deficiência e isso reforça a importância do uso de questionários complementares para medir o estado de saúde. O HAQ-DI inclui a avaliação de movimentos precisos e das atividades motoras das extremidades superiores e inferiores.88. Bruce B, Fries JF. The Health Assessment Questionnaire (HAQ). Clin Exp Rheumatol. 2005;23:S14-8.

9. Bruce B, Fries JF. The Stanford Health Assessment Questionnaire: dimensions and practical applications. Health Qual Life Outcomes. 2003;1:20, this article is available from: http://www.hqlo.com/content/1/1/20
http://www.hqlo.com/content/1/1/20...
-1010. Gillen M, Jewell SA, Faucett JA, Yelin E. Functional limitations and well-being in iniured municipal workers: a longitudinal study. J Occup Rehab. 2004;14:89-105.,2828. Wildner M, Sanghal O, Clarck DE, Döring A, Manstetten A. Independent living after fractures in the elderly. Osteoporos Int. 2002;13:579-85. Porém, um dos pontos fracos desse questionário é que ele não mede a deficiência relacionada a problemas psiquiátricos, ao comprometimento de órgãos sensoriais, à satisfação do paciente ou à integração social. Essas deficiências podem ser complementadas com a aplicação do questionário SF-12, levando em consideração ambos os componentes dos resumos, o físico e o mental.

Quando comparamos o estado de saúde de nossa população com as normas-padrão da população, observamos que os valores do resumo do componente físico foram menores do que o normal e essa diferença foi maior na população com idade inferior a 54 anos, que apresentou um estado físico pior. Polinder et al.1919. Polinder P, Van Beeck F, Essink-Bot MK, Toet H, Looman CW, Mulder S, Meerding WJ. Functional outcome at 2.5, 5, 9, and 24 months after iniury in the Netherlands. J Trauma. 2007;62:133-41. relataram que os pacientes com idade inferior a 65 anos apresentaram uma pior qualidade de vida em longo prazo do que o grupo mais idoso e que esse resultado foi influenciado pela presença de outras doenças. Livingston et al.55. Livingston DH, Tripp T, Biggs C, Lavery RF. A fate worse than death? Long-term outcome of trauma patients admitted to the surgical intensive care unit. J Trauma. 2009;67:341-9. descobriram uma correlação fraca entre o estado de saúde e a idade, mas também relataram que a população acima de 65 anos avaliou melhor a qualidade de vida e isso pode estar relacionado a uma expectativa menor sobre a saúde do que a da população mais jovem.

A taxa baixa de resposta é uma das limitações de nosso estudo, mas esse percentual está de acordo com a literatura e varia entre 21% e 88%.1919. Polinder P, Van Beeck F, Essink-Bot MK, Toet H, Looman CW, Mulder S, Meerding WJ. Functional outcome at 2.5, 5, 9, and 24 months after iniury in the Netherlands. J Trauma. 2007;62:133-41.,2929. Holbrook TL, Anderson JP, Sieber WJ, Browner D, Hoyt DB. Outcome after major trauma: 12-month and 18-month follow-up results from the Traum Recovery Project. J Trauma. 1999;46:765-71. Essa variabilidade depende da metodologia usada,1212. Kiely JM, Brasel KJ, Weidner KL, Guse CE, Weigelt JA. Predicting quality of life six months after traumatic iniury. J Trauma. 2006;61:791-8.,1414. Harris IA, Young JM, Rae H, Jalaludin B, Solomon MJ. Predictors of general health after maior trauma. J Trauma. 2008;64:969-74. mas normalmente os estudos de resultados em longo prazo, como o nosso, têm uma taxa baixa de resposta. Polinder et al.,1919. Polinder P, Van Beeck F, Essink-Bot MK, Toet H, Looman CW, Mulder S, Meerding WJ. Functional outcome at 2.5, 5, 9, and 24 months after iniury in the Netherlands. J Trauma. 2007;62:133-41. em 24 meses de acompanhamento, relataram uma taxa de resposta de 21%. Em nosso estudo, não foram encontradas diferenças nas características dos traumas dos pacientes que responderam e não responderam. Esperam-se, assim, resultados semelhantes em ambas as populações.

Concluímos que a determinação da qualidade de vida em longo prazo pode ajudar a identificar os pacientes nos quais seria necessário mais esforço e ênfase nos processos de reabilitação e adaptação, além de ajudar a detectar abordagens preventivas voltadas para diminuir a deficiência pós-traumática. Em nossa população, aqueles que sofreram fraturas de extremidades e pélvicas eram mais propensos a apresentar incapacidade em longo prazo e a gravidade das lesões externas também é um preditivo de incapacidade em longo prazo em pacientes vítimas de traumatismo.

Referências

  • 1
    MacKenzie EJ, Rivara FP, Jurkovich GJ, Nathens AB, Frey KP, Egleston BL, Salkever DS, Scharfstein DO. A national evaluation of the effect of trauma-center care on mortality. N Engl J Med. 2006;354:366-78.
  • 2
    Stalp M, Koch C, Ruchholtz S, et al. Standardized outcome evaluation after blunt multiple iniuries by scoring systems: a clinical follow-up investigation 2 years after injury. J Trauma. 2002;52:1160-8.
  • 3
    Neugebauera E, Lefering R, Bouillonb B, Bullingerc M, Wood-Dauphineed S. Quality of life after multiple trauma. Aim and Scope of the Conference Restor Neurol Neurosci. 2002;20:87-92.
  • 4
    Neugebauera E, Bouillonb B, Bullingerc M, Wood-Dauphineed S. Quality of life after multiple trauma-summary and recommendations of the consensus conference. Restor Neurol Neurosci. 2002;20:161-7.
  • 5
    Livingston DH, Tripp T, Biggs C, Lavery RF. A fate worse than death? Long-term outcome of trauma patients admitted to the surgical intensive care unit. J Trauma. 2009;67:341-9.
  • 6
    Holbrook TL, Hoyt DB, Anderson JP. The importance of gender on outcome after maior trauma: functional and psychologic outcomes in women versus men. J Trauma. 2001;50:270-3.
  • 7
    Ulvik A, Kvale R, Wentzel-Larsen T, Flaatten H. Quality of life 2-7 years after maior trauma. Acta Anaesthesiol Scand. 2008;52:195-201.
  • 8
    Bruce B, Fries JF. The Health Assessment Questionnaire (HAQ). Clin Exp Rheumatol. 2005;23:S14-8.
  • 9
    Bruce B, Fries JF. The Stanford Health Assessment Questionnaire: dimensions and practical applications. Health Qual Life Outcomes. 2003;1:20, this article is available from: http://www.hqlo.com/content/1/1/20
    » http://www.hqlo.com/content/1/1/20
  • 10
    Gillen M, Jewell SA, Faucett JA, Yelin E. Functional limitations and well-being in iniured municipal workers: a longitudinal study. J Occup Rehab. 2004;14:89-105.
  • 11
    Vilagut G, Ferrer M, Rajmil L, Rebollo P, Permanyer-Miralda G, Quintana JM, Santed R, Valderas JM, Ribera A, Domingo-Salvany A, Alonso J. The Spanish version of the Short Form 36 Health Survey: a decade of experience and new developments. Gac Sanit. 2005;19:135-50.
  • 12
    Kiely JM, Brasel KJ, Weidner KL, Guse CE, Weigelt JA. Predicting quality of life six months after traumatic iniury. J Trauma. 2006;61:791-8.
  • 13
    Brasel KJ, Roon-Cassini T, Bradley. Injury severity and quality of life: whose perspective is important? J Trauma. 2010;68:263-8.
  • 14
    Harris IA, Young JM, Rae H, Jalaludin B, Solomon MJ. Predictors of general health after maior trauma. J Trauma. 2008;64:969-74.
  • 15
    Gillen M, Jewell SA, Faucett JA, Yelin E. Functional limitations and well-being in iniured municipal workers: a longitudinal study. J Occup Rehabil. 2004;14:89-105.
  • 16
    Totterman A, Glott T, Søberg HL, Madsen JE, Røise O. Pelvic trauma with displaced sacral fractures functional outcome at one year. Spine. 2007;3:1437-43.
  • 17
    Van Beeck EF, Larsen CF, Lyons RA, Meerding WJ, Mulder, Essink-Bot ML. Guidelines for the conduction of follow-up studies measuring injury-related disability. J Trauma. 2007;62:534-50.
  • 18
    Holtslag HR, Post MW, Lindeman E, Van der Werken C. Long-term functional health status of severely iniured patients. Iniury. 2007;38:280-9.
  • 19
    Polinder P, Van Beeck F, Essink-Bot MK, Toet H, Looman CW, Mulder S, Meerding WJ. Functional outcome at 2.5, 5, 9, and 24 months after iniury in the Netherlands. J Trauma. 2007;62:133-41.
  • 20
    Holbrook TL, Hoyt DB, Anderson JP. The impact of maior in-hospital complications on functional outcome and quality of life after trauma. J Trauma. 2001;50:91-5.
  • 21
    Guzzo JL, Bochicchio GV, Napolitano LM, Malone DL, Meyer W, Scalea TM. Prediction of outcomes in trauma: anatomic or physiologic parameters? J Am Coll Surg. 2005;201:891-7.
  • 22
    Linn Sh. The iniury severity score-importance and uses. Ann Epidemiol. 1995:440-6.
  • 23
    Boyd CR, Tolson MA, Copes WS. Evaluating trauma care: the TRISS method. Trauma score and the iniury severity score. J Trauma. 1987;27:370-8.
  • 24
    Vilagut G, Valderas JM, Ferrera M, Garina O, López-García E, Alonso J. Interpretación de los cuestionarios de salud SF-36 y SF-12 en España: componentes físico y mental. Med Clin. 2008;130:726-35.
  • 25
    Currens B. Evaluation of disability and handicap following injury. Injury. 2000;31:99-106.
  • 26
    Palma JA, Fedorka P, Simko LC. Quality of life experienced by severely injured trauma survivors. AACN Clin Issues. 2003;14:54-63.
  • 27
    Holbrook TL, Anderson JP, Sieber WJ, Browner D, Hoyt DB. Outcome after major trauma: discharge and 6-month follow-up results from the Trauma Recovery Project. J Trauma. 1998;45:315-23.
  • 28
    Wildner M, Sanghal O, Clarck DE, Döring A, Manstetten A. Independent living after fractures in the elderly. Osteoporos Int. 2002;13:579-85.
  • 29
    Holbrook TL, Anderson JP, Sieber WJ, Browner D, Hoyt DB. Outcome after major trauma: 12-month and 18-month follow-up results from the Traum Recovery Project. J Trauma. 1999;46:765-71.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Mar-Apr 2014

Histórico

  • Recebido
    16 Ago 2012
  • Aceito
    20 Mar 2013
Sociedade Brasileira de Anestesiologia R. Professor Alfredo Gomes, 36, 22251-080 Botafogo RJ Brasil, Tel: +55 21 2537-8100, Fax: +55 21 2537-8188 - Campinas - SP - Brazil
E-mail: bjan@sbahq.org