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Resposta à carta ao editor - Anestesia para parto cesáreo em paciente portadora de síndrome de Klippel-Trenaunay

Inicialmente agradecemos o interesse pela apreciação de nosso estudo.11 Teixeira CEFA, Braga AFA, Braga FSDS, et al. Anesthesia for cesarean delivery in a patient with Klippel-Trenaunay syndrome. Rev Bras Anestesiol. 2018;68:641-4. Embora o bloqueio espinhal seja a técnica de excelência para anestesia obstétrica, no caso descrito por Avelar Teixeira et al.11 Teixeira CEFA, Braga AFA, Braga FSDS, et al. Anesthesia for cesarean delivery in a patient with Klippel-Trenaunay syndrome. Rev Bras Anestesiol. 2018;68:641-4. optou-se por fazer anestesia geral conforme justificado e descrito na discussão do referido artigo: tratava-se de paciente portadora de síndrome de Klippel-Trenaunay (SKT), com história prévia de duas cesáreas anteriores sob raquianestesia que cursaram com sangramento intenso e com instabilidade hemodinâmica, necessitou de transfusão de hemocomponentes; ao exame clínico, apresentava hemangiomas cutâneos, principalmente em tronco e região lombar, e não havia sido feito exame de imagem com avaliação de neuroeixo que pudesse descartar a presença de malformações vasculares nessa região.

Diante desse quadro e sabendo-se da possível associação de hemangiomas cutâneos com malformações vasculares no neuroeixo, e consequente risco de trauma vascular no trajeto da agulha até o canal medular, que pode resultar em hemorragia, hematoma, compressão radicular e medular e lesão neurológica permanente, 22 Sivaprakasam MJ, Dolak JA. Anesthetic and obstetric considerations in a parturient with Klippel-Trenaunay syndrome. Can J Anaesth. 2006;53:487-91. optou-se por não fazer bloqueio do neuroeixo nessa paciente. Essa situação difere dos casos descritos por Gonnella et al., nos quais as pacientes apresentavam ressonância magnética de coluna lombar negativa para malformações arteriovenosas, o que tornava o bloqueio espinhal uma opção anestésica segura.

A angiotomografia computadorizada de abdômen mostrava útero irregular, com múltiplas varizes e vasos de permeio de origem arterial e varizes perianexiais bilaterais, com previsão de cirurgia de grande porte e sangramento intenso, possível indicação de embolização arterial e provável histerectomia, com participação de equipe multidisciplinar.

Diante de todos os aspectos clínicos pré e perioperatórios consideráveis, e como não havia na literatura técnicas anestésicas definidas em relação ao planejamento anestésico para pacientes obstétricas portadoras de SKT, optou-se pela anestesia geral por julgarmos ser a técnica mais segura para a paciente em questão.

Acreditamos que esses casos devem ser avaliados individualmente, considerando todos os comemorativos encontrados no espectro dessa síndrome, para a melhor escolha da técnica anestésica. Agradecemos a carta enviada por Gonnella et al. e aproveitamos para parabenizar os autores pela contribuição científica para um tema raro e de extrema relevância para a anestesia obstétrica.

References

  • 1
    Teixeira CEFA, Braga AFA, Braga FSDS, et al. Anesthesia for cesarean delivery in a patient with Klippel-Trenaunay syndrome. Rev Bras Anestesiol. 2018;68:641-4.
  • 2
    Sivaprakasam MJ, Dolak JA. Anesthetic and obstetric considerations in a parturient with Klippel-Trenaunay syndrome. Can J Anaesth. 2006;53:487-91.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Jul 2020
  • Data do Fascículo
    Jan-Feb 2020

Histórico

  • Recebido
    18 Jul 2019
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