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Uma nota sobre o risco de contágio, perfil dos trabalhadores e a pandemia de COVID-19 no Brasil* * A presente pesquisa foi desenvolvida no Projeto COVID Data Analytics (http://covid.dcc.ufmg.br/), financiado pelo PrPq/UFMG/SESU/MEC (23072.211119/2020-10). Agradecemos, em especial, as contribuições dos bolsistas Ana Luiza Macêdo dos Santos e Matheus Alexandre Irias de Oliveira.

Resumo

Este artigo investiga o perfil dos trabalhadores por risco de contágio nas atividades econômicas e suas interfaces com a contaminação por COVID-19. Utilizando a PNAD COVID19 e outras fontes, empregou-se análises descritivas, taxas de ocorrência e razões de sexo. Verificou-se 5,7 milhões de trabalhadores em atividades com alto risco de contágio, com predomínio de mulheres, brancos e pessoas entre 20 e 50 anos. Quanto maior o risco de contágio da atividade econômica, maior foi a proporção de trabalhadores com sintomas de síndrome gripal, sendo mais predominante entre mulheres e negros. Esse perfil é similar ao dos contaminados por COVID-19: mulheres, entre 30 e 60 anos.

Palavras-chave
condições de trabalho; composição da força de trabalho; sexo; cor; COVID-19

1. Introdução

A pandemia de COVID-19 impôs uma conjuntura econômica sem precedentes na história recente da humanidade. A economia teve de ser paralisada e as atividades adequadas à nova realidade, na qual o trabalho presencial se tornou uma fonte significativa de contágio. Mediante esse cenário, a análise das características de sexo, cor/raça e idade dos trabalhadores, por risco de contágio da atividade econômica desempenhada e, em conjunto com a declaração de sintomas de síndrome gripal, pode revelar que a atuação no mercado de trabalho tem impacto no entendimento dos grupos de maior vulnerabilidade ao contágio por COVID-19. A observação das mudanças do perfil demográfico conforme evolui a doença, ou seja, dos que declararam sintomas de síndrome gripal, para os confirmados e os óbitos, ilustra como sexo, cor/raça e idade podem ser variáveis chave no entendimento da pandemia.

Deste modo, o objetivo desta nota foi definir o perfil dos trabalhadores brasileiros, considerando uma tríade — alto, médio e baixo — de risco de contágio da atividade laboral, bem como o cotejamento desse perfil com o de contaminados e mortes por COVID-19. O texto encontra-se dividido em duas seções além desta introdução e das considerações finais. Na primeira são apresentadas as bases de dados e métodos utilizados. E na segunda seção se têm os resultados.

2. Metodologia

2.1 Fonte de dados

A disponibilidade de informações sobre casos e óbitos por COVID-19 são cruciais para que respostas eficazes sejam tomadas para mitigar os efeitos da pandemia. Mas, ao utilizar tais informações é preciso ter em consideração suas limitações, como a subnotificação, decorrente, da baixa testagem da população, de casos assintomáticos e de contaminados que apresentam sintomas leves a moderados e não buscam serviços de saúde para fazer o teste. Assim, para que análises dos diferenciais sejam feitas, assume-se que as distribuições de idade, sexo e cor/raça dos contaminados e mortes por COVID-19 são precisas, e que não se alterariam por conta do subregistro ou diferenciais de cobertura por região do país Goldstein e Lee (2020)Goldstein, J. R., & Lee, R. D. (2020, abril). Demographic perspectives on mortality of Covid-19 and other epidemics (Working Paper N° 27043). National Bureau of Economic Research (NBER). http://dx.doi.org/10.3386/w27043
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.

Feita essas ponderações, os dados utilizados sobre contaminados por sexo e idade são provenientes das Notificações de Síndrome Gripal (SUS, 2020aSUS - Ministério da Saúde. (2020a). DataSUS: Casos nacionais. Acessado em 20 de agosto de 2020: https://opendatasus.saude.gov.br/dataset/casos-nacionais
https://opendatasus.saude.gov.br/dataset...
). Esses dados são oriundos do sistema e-SUS NOTIFICA, criado para registrar os casos de Síndrome Gripal (SG) suspeitos de COVID-19. Destaca-se que não há informações de municípios que utilizam sistemas próprios de notificação de casos suspeitos. Foram considerados os casos em que havia a declaração da idade e sexo do indivíduo e que a classificação final do caso foi de confirmado para a doença. O período coletado foi do início da pandemia até o dia 14 de agosto, com a coleta feita no dia 20 de agosto.

Os dados sobre mortes pela COVID-19 (incluem suspeitas e confirmadas), com informações de sexo e faixa etária, foram obtidos do Portal da Transparência do Registro Civil (ARPEN Brasil, 2020ARPEN Brasil. (2020). Portal da Transparência: Painel Registrai - Especial COVID-19. Acessado em 31 de agosto de 2020: https://transparencia.registrocivil.org.br/especial-covid
https://transparencia.registrocivil.org....
), no painel registrai Especial COVID-19, que tem como fonte a Central de Informações do Registro Civil (dados também coletados até o dia 14 de agosto, com coleta feita no dia 31 de agosto).

Por sua vez, os dados de confirmados e óbitos que dispunham da informação de cor/raça são oriundos das notificações para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) (SUS, 2020bSUS - Ministério da Saúde. (2020b). DataSUS: SRAG 2020 - Banco de dados de Síndrome Respiratória Aguda Grave - Incluindo dados da COVID-19. Acessado em 02 de setembro de 2020: https://opendatasus.saude.gov.br/dataset/srag-2020
https://opendatasus.saude.gov.br/dataset...
). Diante de baixa cobertura,1 1 Até 14/08/2020, foram contabilizados 3.284.242 casos de COVID-19 no Brasil, sendo que no banco de dados da SRAG foram registrados 335.525 casos (dados coletados em 02/09/2020), ou seja, apenas 10% do total. utilizou-se a SRAG como fonte de informação sobre as pessoas que foram internadas, condição de 94% dos casos. Com isso, foi possível calcular a taxa de internação (número de internados pela população) e a taxa de letalidade das internações (óbitos dos internados pelo total de internados) por cor/raça e faixa etária.2 2 Para estimar a população por cor/raça, a distribuição dessa característica foi obtida por meio das PNADs COVID-19 (média dos meses de maio, junho e julho) e aplicada a população projetada pelo IBGE. Ressalta-se que, pela baixa frequência de contaminados de cor/raça amarela (1,14% do total) e indígena (0,34%), os mesmos não são considerados na análise, enquanto pretos (4,7%) e pardos (33,77%) foram agregados na categoria negros, que é utilizada na comparação com os brancos (31,8%).

Utilizou-se também os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios — PNAD COVID19. A criação da PNAD COVID19 foi feita com base na PNAD Contínua do 1° trimestre de 2019. Cerca de 193 mil domicílios são entrevistados por telefone todo mês, sendo que o morador que atende responde o questionário por todos os moradores do domicílio. Destaca-se, ainda, que a amostra é fixa; os domicílios entrevistados no primeiro mês permanecem nos subsequentes (IBGE, 2020aIBGE. (2020a). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD COVID19. IBGE. Acessado em 25 de agosto de 2020: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/investigacoes-experimentais/ estatisticas-experimentais/27946-divulgacao-semanal-pnadcovidl
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/inv...
, 2020cIBGE. (2020c). Relatório IBGE: Pareamento de dados PNAD COVID19. IBGE. https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101725.pdf
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualiza...
).

Para efeito deste estudo, obteve-se os dados sobre sintomas de SG por meio daqueles que declararam ter sentido ao menos um de seus sintomas na semana que foram entrevistados, nos meses de maio, junho e julho.3 3 Os dados de contaminados e óbitos por COVID-19, provenientes da base de SG, SRAG e do Registro Civil vão até a metade de agosto, justamente para contabilizar o contágio que teria ocorrido até o final de julho. Também foi obtido da PNAD COVID19 as informações para criar a tríade — alto, médio e baixo — risco de contágio por atividade econômica e sua distribuição por sexo, cor/raça e idade. Por fim, o tamanho da população, para calcular as diversas taxas de ocorrência, teve por base a projeção populacional para julho de 2020, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), edição de 2018 (IBGE, 2020bIBGE. (2020b). Projeções da população. IBGE. Acessado em 5 agosto de 2020: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9109-projecao-da-populacao.html
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/soc...
).

2.2 Definição de risco de contágio por atividade econômica

A classificação de risco de contágio das atividades econômicas foi feita por meio de uma adequação do trabalho de Lima, Costa, e Souza (2020)Lima, Y. O. d., Costa, D. M., & Souza, J. M. d. (2020). Impacto COVID-19 (Coronavirus). Acessado em 25 de agosto de 2020: https://impactocovid.com.br
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.4 4 Lima et al. (2020), realizaram a classificação de risco de contágio com base nos dados da 0*NET, uma classificação de ocupações dos Estados Unidos que é mantida pelo Departament of Labor. Para mais informações: https://www.onetonline.org/find/descriptor/browse/Work_Context Os pesquisadores estimaram, para o caso brasileiro, um índice de risco de contágio por ocupação, por município e por atividade utilizando os dados de pessoas empregadas da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2018. De modo geral, foi considerada a frequência que o exercício da ocupação/atividade demanda exposição às doenças ou infecções, a necessidade de realização de tarefas em estrita proximidade física com outras pessoas e, o período de tempo em que o exercício da ocupação/atividade exige que se tenha contato com outras pessoas.

No caso deste estudo, as atividades da PNAD COVID19 foram agrupadas em alto, médio e baixo risco de contágio, em conformidade com a classificação de Lima et al. (2020)Lima, Y. O. d., Costa, D. M., & Souza, J. M. d. (2020). Impacto COVID-19 (Coronavirus). Acessado em 25 de agosto de 2020: https://impactocovid.com.br
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. Para utilizar o índice de risco de contágio com base nos dados da PNAD COVID19 foi necessária considerável adaptação frente ao que foi feito por Lima et al. (2020)Lima, Y. O. d., Costa, D. M., & Souza, J. M. d. (2020). Impacto COVID-19 (Coronavirus). Acessado em 25 de agosto de 2020: https://impactocovid.com.br
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, dado o pouco número de atividades disponíveis no questionário (25), o que pode levar a imprecisões na classificação. Apesar da limitação, o cruzamento de informações entre o risco de contágio das atividades e a proporção dos trabalhadores que declararam ter sentido algum sintoma relacionado a SG se justifica pelo avanço que pode proporcionar no entendimento da doença.

Foram consideradas de alto risco as atividades com índice no valor de 70 pontos ou mais, de médio risco aquelas entre 60 e 70 pontos e, as inferiores a 60 pontos, foram denominadas de baixo risco.5 5 Lima et al. (2020) definiram que os trabalhadores que estariam sob risco seriam aqueles em que o risco de contágio fosse igual ou superior à 60. Ressalta-se que a atividade enquadrada como de alto risco de contágio foi a da área da saúde, já comprovada como de maior risco, dado a exposição a pacientes infectados por COVID-19 (WHO, 2020WHO - World Health Organization. (2020,14 de maio). Gender and COVID-19 (Advocacy Brief). WHO. https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/332080/ WHO-2019-nCoV-Advocacy_brief-Gender-2020.1-eng.pdf
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). A classificação completa das atividades está no Apêndice.

Destaca-se que a categorização por risco de contágio não capta mudanças na forma de exercer as atividades, com isso, o número de trabalhadores em risco de contágio médio e alto está sobrerrepresentado, dado que algumas atividades estavam paralisadas ou sendo realizadas de forma remota. Assim, os resultados devem ser entendidos como um indicativo do montante total de trabalhadores expostos em um cenário de desempenho habitual das atividades.

2.3 Estatísticas descritivas

A análise dos diferencias por sexo e cor/raça é feita com base em estatísticas descritivas e taxas de ocorrência.6 6 A taxa de ocorrência é a razão entre o número de ocorrências pelo número de pessoas expostas a ocorrência, sendo a ocorrência o fenômeno que se deseja investigar. Diversas taxas de ocorrência serão consideradas, como de pessoas que declararam sintomas de SG e de contaminados, internados e de óbitos por COVID-19 (as taxas serão apresentadas no formato de proporções e também como ocorrências por 1.000 habitantes).

Nas análises que comparam homens e mulheres, também foram calculadas as razões de sexo (RS)7 7 A razão de sexo é a divisão do número de homens pelo número de mulheres. Com ela se identifica, por exemplo, o número de homens contaminados para cada mulher contaminada. Quando seu valor é igual a 1 há um equilíbrio, quando é maior do que 1 indica maior risco para os homens e, inferior a 1, para as mulheres. das taxas de ocorrência (proporções) com o objetivo de eliminar o efeito do tamanho da população, fazendo com que a razão se torne uma medida de risco relativo entre os sexos (Sobotka, Brzozowska, Muttarak, Zeman, & di Lego, 2020Sobotka, T., Brzozowska, Z., Muttarak, R., Zeman, K., & di Lego, V. (2020). Age, gender and COVID-19 infections. medRxiv. http://dx.doi.org/10.1101/2020.05.24.20111765
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; Souza, Randow, & Siviero, 2020Souza, L. G., Randow, R., & Siviero, P. C. L. (2020). Reflexões em tempos de COVID-19: diferenciais por sexo e idade. Comunicação em Ciências da Saúde, 31(Suplemento especial sobre a COVID-19), 75-83. http://dx.doi.org/10.51723/ccs.v31iSuppl%201.672
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).

Para verificar se as diferenças entre mulheres e homens e entre negros e brancos são significativas, foi utilizado o teste de Qui-quadrado de Pearson 2) para a proporção dos que declararam sintomas e também para a distribuição nas atividades por risco de contágio com relação aos dados disponíveis nas PNADs COVID19. O teste também foi empregado para verificar as diferenças entre brancos e negros, no banco de dados da SRAG, com relação a proporção dos internados que morreram por conta da doença.

3. Resultados

A manutenção de atividades econômicas essenciais representa maior exposição ao vírus para aqueles que nelas trabalham, seja pela própria característica da função, como é o caso dos profissionais da saúde, ou pelo simples fato da atividade requerer alguma interação social. Conforme Lee e Kim (2020)Lee, J., & Kim, M. (2020). Estimation of the number of working population at high-risk of COVID-19 infection in Korea. Epidemiology and Health, 42(e2020051). http://dx.doi.org/10.4178/epih.e2020051
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, o surto de COVID-19 em vários locais de trabalho chamou a atenção ao fato de que além dos profissionais da saúde outras categorias ocupacionais são vulneráveis ao contágio e, podem ser vetor de transmissão da doença. Assim, os autores ponderam que pesquisadores internacionais têm desenvolvido listas de ocupações com maiores chances de contaminação da COVID-19, considerando fatores como proximidade física no ambiente de trabalho, exposição a doenças infecciosas e interação social. Este trabalho segue essa linha de investigação, sendo analisado o perfil dos trabalhadores considerando a tríade de alto, médio e baixo risco da atividade em termos de contágio, bem como a declaração de sintomas da síndrome gripal.

Nota-se na Tabela 1, que mais de 5 milhões de brasileiros, nos três meses considerados, estavam ocupados em atividades com alto risco de contágio da COVID-19. Nas atividades com médio risco de contágio, mais de 16 milhões de brasileiros, em alguma medida, podem ter sido expostos ao vírus devido ao exercício da profissão. Esses números revelam que o ambiente de trabalho é um espaço preocupante de disseminação da COVID-19.8 8 No caso dos Estados Unidos, Baker, Peckham, e Seixas (2020), encontraram que 10% da força de trabalho (cerca de 14,4 milhões de trabalhadores) atuavam em ocupações em que a exposição a doenças/infecções ocorria ao menos uma vez por semana. Lee e Kim (2020), considerando 30 ocupações de alto risco de contágio na Coreia estimaram que por volta de 1,5 milhões de trabalhadores estariam altamente expostos ao vírus.

Tabela 1
Total de trabalhadores, por risco de contágio da atividade - Brasil - maio, junho, julho de 2020

A Figura 1(a) revela que, nos três meses considerados, há uma notória diferença no perfil por sexo das atividades conforme risco de contágio no Brasil. Verifica-se que a presença feminina vai diminuindo conforme cai o grau de risco de contaminação. Essa associação é confirmada pelo teste de Qui-quadrado com 99% de confiança.

Figura 1
Proporção de pessoas por risco de contágio da atividade por sexo e cor/raça – Brasil – maio, junho e julho de 2020

Considerando os extremos, no alto risco de contágio a presença feminina é por volta de 45 pontos percentuais (pp) superior a masculina e, no baixo risco, a presença masculina é cerca de 26 pp superior a feminina. Esses números indicam que as mulheres tendem a estar mais expostas a COVID-19 devido ao exercício da função laboral. Analisando o caso da Coreia, Lee e Kim (2020)Lee, J., & Kim, M. (2020). Estimation of the number of working population at high-risk of COVID-19 infection in Korea. Epidemiology and Health, 42(e2020051). http://dx.doi.org/10.4178/epih.e2020051
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, também encontraram que ocupações com maior proporção de mulheres apresentaram maiores chances de terem risco de infecção por COVID-19.

Ao considerar a cor/raça dos trabalhadores conforme atividade por risco de contágio (Figura 1(b)), nota-se que a presença dos brancos aumenta à medida que se caminha para as atividades com maior risco de contágio, já a presença dos negros caminha em sentido contrário (associação confirmada, pelo teste Qui-quadrado, com 99% de confiança).

A diferença no caso da cor/raça não é tão expressiva como no caso do sexo. Na atividade com risco alto de contágio a presença dos brancos, ao longo dos três meses, oscila em torno de 52% e de negros em torno de 48%. Já na atividade com baixo risco a presença dos brancos fica em torno de 46% ao passo de 54% para os negros. Por meio desses dados, poderia-se inferir que os brancos são levemente mais expostos a COVID-19 devido ao exercício da atividade.

A Figura 2 traz a distribuição dos trabalhadores por faixa etária e risco de contágio da atividade. Nota-se que, nos três meses analisados e para as três categorias de risco, a faixa etária com maior proporção de trabalhadores foi a de 30 a 39 anos, seguida da de 40 a 49 anos e de 20 a 29 anos, concentrando juntas, em todos os casos, mais de 70% dos trabalhadores.

Figura 2
Proporção de pessoas por faixa etária e risco de contágio da atividade- Brasil - maio, junho e julho de 2020 (%)

Na tentativa de fazer inferências mais puras entre a atividade laboral e a contaminação na pandemia, as tabelas abaixo mostram a proporção de pessoas que declararam ter sintomas de síndrome gripal considerando as atividades por seu risco de contágio.

Na Tabela 2 observa-se que, entre as mulheres a proporção dos que declaram sintomas de síndrome gripal é maior entre as que trabalhavam em atividades com risco alto de contágio. No caso dos homens, em junho e julho a maior proporção dos que declararam ter sintomas da doença estavam em atividades com risco médio de contágio. O fato pode guardar relação com a concentração de mulheres no setor de saúde, reconhecidamente tido como o mais exposto ao vírus. Nota-se também, em todas as categoriais de atividade, que mais mulheres declararam ter sintomas da doença do que homens, com os testes de Qui-quadrado comprovando a relação entre as variáveis sexo e proporção dos que declararam sintomas, com 99% de confiança.

Tabela 2
Proporção de pessoas com sintomas de síndrome gripal, por sexo e risco de contágio da atividade – Brasil – maio, junho e julho de 2020

Quando o olhar é direcionado para a cor/raça (Tabela 3), nota-se que a proporção de déclarantes com sintomas de SG é maior na atividade com risco alto de contágio, exceção para os brancos no mês de julho que a proporção foi maior em atividade com risco médio de contágio. Para as três categoriais de atividade, ao longo do período analisado, mais negros do que brancos declararam ter tido sintomas de SG, diferença estatisticamente significativa a 1 %, em todos os períodos, conforme teste de Qui-quadrado.

Tabela 3
Proporção de pessoas com sintomas de síndrome gripal, por cor/raça e risco de contágio da atividade- Brasil - maio, junho e julho de 2020

A atenção agora foca sobre os registros oficiais de contaminados e mortes por COVID-19. Os dados oficiais de contaminados pela COVID-19 mostram uma prevalência de mulheres — 54% do total no Brasil. Desagregando por grandes regiões, um maior equilíbrio ocorre na Centro-Oeste e Sul, onde as mulheres eram cerca de 52% do total de contaminados. Nas regiões Norte e Sudeste, a proporção foi de 54% do total e, na região Nordeste, mais de 55% dos contaminados eram do sexo feminino.

Ressalta-se que, assim como nos achados de Sobotka et al. (2020)Sobotka, T., Brzozowska, Z., Muttarak, R., Zeman, K., & di Lego, V. (2020). Age, gender and COVID-19 infections. medRxiv. http://dx.doi.org/10.1101/2020.05.24.20111765
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, que analisaram dez países europeus, a relativa igualdade entre sexos, quando considerado o total de casos, não permanece quando analisadas as taxas de contaminação ao longo das idades.

A Figura 3(a) expõe, por faixa etária, as taxas de infecção por 1.000 habitantes, de mulheres e homens, e a razão de sexo das taxas de infecção do Brasil — as linhas laranjas representam as infecções das mulheres e as verdes as dos homens, ambas referentes ao eixo esquerdo, enquanto a linha pontilhada é a razão de sexo das taxas, com sua escala no eixo direito. Na Figura 3(b) estão as razões de sexo das Grandes Regiões. Vê-se que os diferenciais entre homens e mulheres contaminados não são homogêneos quando considerada a idade.

Figura 3
Taxas de infecção da COVID-19 por sexo e faixa etária, por 1.000 habitantes (eixo esquerdo) e razão Homem/Mulher das taxas por faixa etária (eixo direito) para o Brasil e Grandes Regiões*

Com relação as taxas de infecção por sexo, tem-se uma maior taxa entre as mulheres, considerando jovens e adultos e, entre os 50 a 59 e 60 aos 69 anos, ocorre inversão em todas as regiões do país. As razões de sexo inferiores a 1 até a faixa dos 50 aos 59 anos, confirmam que haviam mais contaminados entre as mulheres e, que entre os mais velhos, com a razão de sexo superior a 1, houve maior número de contaminados entre os homens.

Considerando a idade, observa-se que, de modo geral, as maiores taxas de infecção ocorrem nas idades adultas, principalmente entre os 30 e 50 anos, justamente as idades de maior concentração dos trabalhadores, como exposta na Figura 2.

Nos resultados de Sobotka et al. (2020)Sobotka, T., Brzozowska, Z., Muttarak, R., Zeman, K., & di Lego, V. (2020). Age, gender and COVID-19 infections. medRxiv. http://dx.doi.org/10.1101/2020.05.24.20111765
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, que averiguaram os diferenciais das taxas de infecção de dez países europeus também houve essa inversão entre os sexos. Como explicações citam a maior presença de mulheres em atividades de maior exposição e a pouca testagem da população — nas idades adultas a predominância de mulheres estaria associada à sua maior presença nas atividades de saúde, que requerem maior testagem e, nas idades mais velhas, a maior presença dos homens pode decorrer de sua maior probabilidade de agravamento da doença e, portanto, também com maior a testagem.

Como mostra o Figura 1(a), mais de 70% dos trabalhadores brasileiros alocados nas atividades de alto risco de contágio são mulheres, justamente de saúde humana e assistência social. A pouca testagem também é o caso no Brasil; segundo o WorldoMeters,9 9 https://www.worldometers.info/coronavirus/#countries até o dia 23 de setembro, apenas pouco mais de 84 mil testes haviam sido realizados por 1 milhão de habitantes (valor que era de mais de 111 mil na China e 301 mil nos Estados Unidos).

Para avançar na questão a Figura 4 mostra as razões de sexo das taxas dos sintomáticos e dos trabalhadores por risco de contágio da atividade, para os meses de maio (linhas contínuas), junho (linhas pontilhadas) e julho (linhas tracejadas) para o Brasil (Figura 4(a)). Já a Figura 4(b) traz a variação, com relação a média dos meses, das razões H/M das Grandes Regiões em comparação com o Brasil.10 10 A idade foi limitada entre 20 a 69 anos para excluir os grupos etários que tem menor participação no mercado de trabalho, evitando oscilações resultantes da baixa proporção.

Figura 4
Razões H/M das taxas das atividades por risco de contágio e dos que declararam sintomas de síndrome gripal, por faixa etária e mês para o Brasil (a) e variação % das razões de sexo (média dos meses) das Grandes Regiões em comparação com o Brasil (b)*

Nota-se que, quanto maior o risco de contaminação, menor é a razão de sexo (maior é a participação das mulheres). Quando consideradas as razões de sexo dos que declararam sintomas, as mesmas ficam entre as de alto e médio risco de contágio na atividade, ou seja, como no caso dos contaminados, há maior presença de mulheres entre os que declararam sintomas, possivelmente relacionada a sua maior presença nas atividades de maior risco. Também destaca-se que, com o avanço das idade, ocorre um aumento das razões de sexo das atividade, possivelmente impactando na maior concentração de homens contaminados nas faixas etárias mais avançadas.

Para entender o perfil demográfico associado a evolução da doença, a Figura 5 traz as razões de sexo das taxas dos que declararam sintomas de SG (média das razões dos três meses), das taxas de infecção e das taxas de mortalidade por COVID-19. De modo geral, destaca-se o aumento das razões de sexo conforme se passa dos que declararam sintomas de SG, para os contaminados e para os óbitos pela COVID-19. Enquanto entre as taxas de contaminados ocorre maior presença de homens do que de mulheres apenas nas faixas etárias mais velhas, entre os óbitos a maior presença dos homens é verificada em quase todas as faixas etárias, comportamento que ocorre em todas as regiões do país.

Figura 5
Razão Homem/Mulheres das taxas dos que declararam sintomas de síndrome gripal, das taxas de infecção e das taxas de mortalidade por COVID-19, por faixa etária -Grandes Regiões e Brasil

O risco de morte aumenta com a idade, e, com relação a COVID-19, algumas pesquisas mostram que esse comportamento é muito semelhante ao da mortalidade de modo geral. Quando considerado o sexo, também se verifica, na maioria dos países, maior mortalidade entre os homens. No caso dos óbitos por COVID-19 esse também tem sido o caso, porém o comportamento ao longo das idades é mais errático (Goldstein & Lee, 2020Goldstein, J. R., & Lee, R. D. (2020, abril). Demographic perspectives on mortality of Covid-19 and other epidemics (Working Paper N° 27043). National Bureau of Economic Research (NBER). http://dx.doi.org/10.3386/w27043
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; Guilmoto, 2020Guilmoto, C. Z. (2020). COVID-19 death rates by age and sex and the resulting mortality vulnerability of countries and regions in the world. medRxiv. http://dx.doi.org/10.1101/2020.05.17.20097410
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).

Verifica-se que, de modo geral, a partir da faixa etária dos 20 aos 29 anos inicia-se o aumento da razão de sexo dos óbitos, ou seja, maior é o número de óbitos masculinos por femininos.11 11 Oscilações abaixo dessa faixa etária podem ser atribuídas a baixa mortalidade entre crianças e jovens. Nas faixas etárias mais velhas se observa uma queda nas razões de sexo, no entanto as mesmas ainda ficam em torno de 1,5 na faixa dos 80 anos e mais.

Algumas explicações levantadas para a maior letalidade masculina estão relacionadas a fatores sociais e comportamentais de gênero (menos lavagem das mãos e maior consumo de álcool e fumo, que são mais associados a comportamentos masculinos) e maior incidência de comorbidades e fatores genéticos, como maior prevalência de hipertensão e doenças cardiovascular e pulmonar entre os homens (Goldstein & Lee, 2020Goldstein, J. R., & Lee, R. D. (2020, abril). Demographic perspectives on mortality of Covid-19 and other epidemics (Working Paper N° 27043). National Bureau of Economic Research (NBER). http://dx.doi.org/10.3386/w27043
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; Guilmoto, 2020Guilmoto, C. Z. (2020). COVID-19 death rates by age and sex and the resulting mortality vulnerability of countries and regions in the world. medRxiv. http://dx.doi.org/10.1101/2020.05.17.20097410
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; WHO, 2020WHO - World Health Organization. (2020,14 de maio). Gender and COVID-19 (Advocacy Brief). WHO. https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/332080/ WHO-2019-nCoV-Advocacy_brief-Gender-2020.1-eng.pdf
https://apps.who.int/iris/bitstream/hand...
).

Direcionando-se para os diferenciais de cor/raça, a Figura 6 mostra duas tendências gerais (com algumas exceções). Uma é a queda, considerando o mesmo risco de contágio, nas taxas de declaração de sintomas no decorrer do período, o que indica uma redução da disseminação da doença - mas tal queda deve ser entendida diante do fato de que a amostra da PNADs COVID 19 é fixa, ou seja, que os domicílios entrevistados são os mesmos todo mês. A outra é a queda, quando considerado o mesmo período, da taxa dos que declararam sintomas de SG com relação ao risco de contágio da atividade, com maiores taxas de sintomáticos entre aqueles que trabalhavam em atividades de alto risco, seguido das de risco médio e baixo, respectivamente.

Figura 6
Taxas dos que declararam sintomas de síndrome gripal por cor/raça e risco de contágio da atividade, por 1.000 habitantes*

As taxas de internação dos infectados por COVID-19 por 1.000 habitantes, por cor/raça e faixa etária (Figura 7), reforçam a relação direta entre idade e gravidade da doença, mas também revelam diferenciais entre negros e brancos e entre as regiões do Brasil. As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentam claro descolamento entre as curvas de internação de negros e brancos a partir da faixa dos 50 a 59 anos, com maior internação de negros. Enquanto que na região Sudeste as curvas são muito próximas em todas as faixas etárias e, na região Sul, observa-se o comportamento oposto, com maiores taxas de internações de brancos do que de negros a partir da faixa dos 30 aos 39 anos.

Figura 7
Taxa de internação dos infectados por COVID-19, por cor/raça e faixa etária - Grandes Regiões e Brasil

Dos internados por COVID-19 houve o registro de óbito em 36,8% dos casos entre os negros e em 32,5% entre os brancos, com as maiores taxas de mortalidade localizadas na região Norte e Nordeste. Para todas as regiões, rejeitou-se a hipótese nula do teste Qui-quadrado de Pearson (com 95% de confiança para região Centro-Oeste e 99% para as demais), indicando associação entre as variáveis cor/raça e a letalidade dos internados. No entanto, essa associação variou entre as regiões: no

Sudeste, Sul e Centro-Oeste houve maior mortalidade entre os negros e, no Norte e Nordeste ela foi maior entre os brancos.

A Figura 8 corrobora a relação entre a idade e a letalidade da doença também para negros e brancos. Considerando as regiões do país, verifica-se um comportamento da taxa de letalidade e a idade muito semelhante, chegando a uma taxa de letalidade de 60% dos internados que estavam com 80 anos ou mais, tanto para negros como para brancos.12 12 Oscilações nas faixas etárias mais jovens podem ser reflexo dos poucos casos de internação e óbito.

Figura 8
Taxa de letalidade dos internados por COVID-19, por cor/raça e faixa etária – Grandes Regiões e Brasil

A oscilação entre a declaração de sintomas de síndrome gripal, dos internados e dos óbitos por COVID-19 entre negros e brancos e entre as regiões do país indicam atuação forte de outros fatores não consideradas no presente estudo, tais como diferenciais socioeconómicos entre negros e brancos e a desigualdade regional que é marcante no Brasil.

4. Considerações finais

Os resultados deste estudo indicam que a análise da composição demográfica dos grupos de atividade econômica de risco alto, médio e baixo auxiliam no entendimento da pandemia e na formulação de medidas mais eficientes no seu combate. Nota-se que quanto maior o risco de contágio da atividade desempenhada no mercado de trabalho, maior foi a proporção de pessoas que declararam sintomas de SG.

Considerando o sexo, verificaram-se maiores taxas dos que declararam sintomas de SG entre as mulheres em todas as atividades e, também, maior prevalência de mulheres entre os infectados por COVID-19. Porém, os perfis de infecção por idade revelaram diferenças entre os sexos, com maiores taxas de infecções nas idades adultas entre as mulheres e, nas idades mais avançadas, entre os homens. Tais diferenciais, provavelmente, guardam relação com a grande concentração de mulheres — mais de 70% do total — entre os trabalhadores nas atividades de alto risco, que são as de saúde humana e assistência social.

Com relação a cor/raça, a distribuição por risco de contágio da atividade apontou uma exposição um pouco maior para os brancos, no entanto, a proporção dos que declararam sintomas de SG foi maior entre os negros. Atentando para as internações e letalidade dos internados nenhum padrão foi identificado, com os resultados variando conforme variável e região analisada. Os resultados apontam a necessidade de considerar outras questões nas análises de cor/raça, como diferenciais socioeconómicos entre as regiões e entre negros e brancos.

Cabe ressaltar que a maior mortalidade entre idosos e homens é uma característica observada na mortalidade de modo geral e que a letalidade por COVID-19 tem um comportamento semelhante. Por fim, fica evidente a importância da coleta das informações demográficas dos afetados pela doença, sendo tais informações essenciais na compreensão de grupos mais vulneráveis a COVID-19.

  • 1
    Até 14/08/2020, foram contabilizados 3.284.242 casos de COVID-19 no Brasil, sendo que no banco de dados da SRAG foram registrados 335.525 casos (dados coletados em 02/09/2020), ou seja, apenas 10% do total.
  • 2
    Para estimar a população por cor/raça, a distribuição dessa característica foi obtida por meio das PNADs COVID-19 (média dos meses de maio, junho e julho) e aplicada a população projetada pelo IBGE.
  • 3
    Os dados de contaminados e óbitos por COVID-19, provenientes da base de SG, SRAG e do Registro Civil vão até a metade de agosto, justamente para contabilizar o contágio que teria ocorrido até o final de julho.
  • 4
    Lima et al. (2020)Lima, Y. O. d., Costa, D. M., & Souza, J. M. d. (2020). Impacto COVID-19 (Coronavirus). Acessado em 25 de agosto de 2020: https://impactocovid.com.br
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    , realizaram a classificação de risco de contágio com base nos dados da 0*NET, uma classificação de ocupações dos Estados Unidos que é mantida pelo Departament of Labor. Para mais informações: https://www.onetonline.org/find/descriptor/browse/Work_Context
  • 5
    Lima et al. (2020)Lima, Y. O. d., Costa, D. M., & Souza, J. M. d. (2020). Impacto COVID-19 (Coronavirus). Acessado em 25 de agosto de 2020: https://impactocovid.com.br
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    definiram que os trabalhadores que estariam sob risco seriam aqueles em que o risco de contágio fosse igual ou superior à 60.
  • 6
    A taxa de ocorrência é a razão entre o número de ocorrências pelo número de pessoas expostas a ocorrência, sendo a ocorrência o fenômeno que se deseja investigar.
  • 7
    A razão de sexo é a divisão do número de homens pelo número de mulheres. Com ela se identifica, por exemplo, o número de homens contaminados para cada mulher contaminada. Quando seu valor é igual a 1 há um equilíbrio, quando é maior do que 1 indica maior risco para os homens e, inferior a 1, para as mulheres.
  • 8
    No caso dos Estados Unidos, Baker, Peckham, e Seixas (2020)Baker, M. G., Peckham, T. K., & Seixas, N. S. (2020). Estimating the burden of United States workers exposed to infection or disease: A key factor in containing risk of COVID-19 infection. PLOS ONE, 25(4), e0232452. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0232452
    http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0...
    , encontraram que 10% da força de trabalho (cerca de 14,4 milhões de trabalhadores) atuavam em ocupações em que a exposição a doenças/infecções ocorria ao menos uma vez por semana. Lee e Kim (2020)Lee, J., & Kim, M. (2020). Estimation of the number of working population at high-risk of COVID-19 infection in Korea. Epidemiology and Health, 42(e2020051). http://dx.doi.org/10.4178/epih.e2020051
    http://dx.doi.org/10.4178/epih.e2020051...
    , considerando 30 ocupações de alto risco de contágio na Coreia estimaram que por volta de 1,5 milhões de trabalhadores estariam altamente expostos ao vírus.
  • 9
  • 10
    A idade foi limitada entre 20 a 69 anos para excluir os grupos etários que tem menor participação no mercado de trabalho, evitando oscilações resultantes da baixa proporção.
  • 11
    Oscilações abaixo dessa faixa etária podem ser atribuídas a baixa mortalidade entre crianças e jovens.
  • 12
    Oscilações nas faixas etárias mais jovens podem ser reflexo dos poucos casos de internação e óbito.
  • *
    A presente pesquisa foi desenvolvida no Projeto COVID Data Analytics (http://covid.dcc.ufmg.br/), financiado pelo PrPq/UFMG/SESU/MEC (23072.211119/2020-10). Agradecemos, em especial, as contribuições dos bolsistas Ana Luiza Macêdo dos Santos e Matheus Alexandre Irias de Oliveira.
  • JEL Codes J81, J82

Apêndice.

Tabela 4 Atividade por risco de contágio
Principal atividade do local ou empresa em que trabalha Risco de Contágio
Saúde humana e assistência social Alto

Administração pública (governo federal, estadual e municipal)

Atividade artísticas, esportivas e de recreação

Cabeleireiros, tratamento de beleza e serviços pessoais

Educação

Informação e comunicação (jornais, rádio e televisão, telecomunicações e informática)

Transporte de passageiros

Médio

Agricultura, pecuária, produção florestal e pesca

Armazenamento, correios e serviços de entregas

Atividades de locação de mão de obra, segurança, limpeza, paisagismo e teleatendimento

Atividades imobiliárias

Bancos, atividades financeiras e de seguros

Construção

Comércio no atacado e varejo

Escritórios de advocacia, engenharia, publicidade e veterinária (Atividades profissionais, científicas e técnicas)

Extração de petróleo, carvão mineral, minerais metálicos, pedra, areia, sal etc.

Fornecimento de eletricidade e gás, água, esgoto e coleta de lixo

Hospedagem (hotéis, pousadas etc.)

Indústria da transformação (inclusive confecção e fabricação caseira)

Organizações religiosas, sindicatos e associações

Reparação de veículos automotores e motocicletas

Serviço de alimentação (bares, restaurantes, ambulantes de alim.)

Serviço doméstico remunerado

Transporte de mercadorias

Outro

Baixo
  • Fonte: Elaborado pelos autores com base em Lima et al. (2020)Lima, Y. O. d., Costa, D. M., & Souza, J. M. d. (2020). Impacto COVID-19 (Coronavirus). Acessado em 25 de agosto de 2020: https://impactocovid.com.br
    https://impactocovid.com.br...
    .
  • Referências bibliográficas

    Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      13 Mar 2023
    • Data do Fascículo
      Jul-Sep 2022

    Histórico

    • Recebido
      Nov 2020
    • Aceito
      Ago 2021
    Fundação Getúlio Vargas Praia de Botafogo, 190 11º andar, 22253-900 Rio de Janeiro RJ Brazil, Tel.: +55 21 3799-5831 , Fax: +55 21 2553-8821 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
    E-mail: rbe@fgv.br