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TREINAMENTO ESPECÍFICO PARA AUXILIAR OPERACIONAL DE SERVIÇOS DIVERSOS DE AMBULATÓRIO - RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA

INTRODUÇÃO

O presente trabalho relata a experiência de um treinamento em serviço para Auxiliar Operacional de Serviços Diversos do Ambulatório do Hospital Ana Nery - INAMPS - Salvador -Bahia, no ano de 1977.

Motivo de preocupação apresentou-se quando as enfermeiras responsáveis pelo referido setor, constataram a baixa produtividade deste pessoal de enfermagem, em virtude do seu conhecimento teórico-prático não corresponder às ações de enfermagem ali executadas.

Apesar das dificuldades encontradas e da complexidade do serviço, as autoras ressaltam que a experiência foi de grande valia, uma vez que os resultados práticos demonstraram um saldo altamente positivo.

A validade deste treinamento deveu-se, sobretudo ao trabalho de equipe desenvolvido, como também à participação do grupo que estava bem motivado, disposto a colaborar e consciente de suas deficiências.

A objetividade da programação em abordar os temas específicos para ambulatório, apareceram no plano de curso onde se abordou as características do ambiente de trabalho, a proteção de saúde do indivíduo e comunidade, as técnicas básicas de enfermagem e as rotinas de entrosamento com os demais serviços e setores.

Por fim, este relato enfoca o Ambulatório Ana Nery, o treinamento propriamente dito e descreve os resultados das avaliações diagnostica e somativa realizadas em sala de aula e no próprio ambiente de trabalho.

Resta-nos agradecer a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para o êxito do treinamento exposto, bem como, para a confecção do trabalho em pauta.

I. O AMBULATÓRIO DO HOSPITAL ANA NERY

1. Descrição Geral do Ambulatório

O Ambulatório do Hospital Ana Nery compõe-se de 3 pavimentos contando com 2 salas de curativos (uma de curativos cirúrgicos e outra de curativos contaminados, drenagens de abcessos) e hipodermia, uma sala de pequena cirurgia, 3 consultórios odontológicos e 24 consultórios médicos ,onde se atende às seguintes especialidades:

Além dos atendimentos acima especificados, ainda são desenvolvidas ações de Saúde Comunitária individual e em grupos, tendo uma sala onde a enfermeira e a nutricionista executam as suas atividades.

2. Horário de Funcionamento do Ambulatório

O funcionamento do Ambulatório é programado para atender os segurados de segunda a sexta-feira, no horário das 7 às 19 horas, fracionado a depender da carga horária dos médicos, em períodos de:

3. Recursos Humanos do Ambulatório

O Setor de Enfermagem do Ambulatório conta com 5 Enfermeiros, 2 Auxiliares de Enfermagem e 34 Auxilia-res Operacionais de Serviços Diversos (A.O.S.D.).

A carga horária dos funcionários é de 40 horas semanais, sendo que para o pessoal de enfermagem o turno é dividido em dois períodos: turno matutino (07 às 14 h.) e turno vespertino (12 às 19 h.), ambos com um plantão semanal (07 às 19 h.) para fins de complementação.

No INAMPS, a denominação de A.O.S.D. traduz o seu aproveitamento em diversos setores tais como: Administrativo, de Enfermagem, de Nutrição e outros. Por isto, este pessoal não possui qualquer formação técnica específica, e no serviço de enfermagem, é, na sua maioria, de nível 3, havendo alguns de nível 1, que exerciam funções de serviçais.

Os AOSD nível 1, desempenham tarefas simples de limpeza, copa e etc, e por isso é apenas necessário a l.ª série do 1.º Grau. Para enfermagem, geralmente são exigidos funcionários de nível 3, ou seja aqueles que possuem escolaridade de 1.º grau completo, pois vão desempenhar funções de Atendente de Enfermagem.

4. Necessidade de Terinamento Específico para A.O.S.D. do Ambulatório

A necessidade de treinar o pessoal de Ambulatório surgiu em decorrência de 4 fatores fundamentais, sentidos pelas enfermeiras do referido setor, no desenvolver das atividades diárias no serviço:

  1. Dificuldade de recrutamento de mão-de-obra

  2. Baixa qualidade

  3. Problemas humanos

  4. Eaixa produção.

O Serviço de Enfermagem não tem ingerência no recrutamento e seleção do pessoal, chegando este aos Setores sem formação específica para assumir as funções para as quais são designadas após a admissão. Conseqüentemente, esse pessoal não possui capacitação técnica adequada ao tipo de serviço, no que resulta a sua baixa produtividade.

Vale ressaltar que os problemas humanos, tais como: nível de educação e cultura, distúrbios de personalidade, conflitos psicológicos e outros, apesar de não deverem se constituir em "objeto" de treinamento em si, influem sobremaneira no desenvolver das atividades. Tal influência se traduz, na maioria das vezes, pela inobservância aos princípios basilares de relações humanas no trabalho, contribuindo destarte, para reduzir cada vez mais, o moral do grupo. Desse modo, de acordo com o moderno conceito de treinamento, que tem o servidor como centro de sua ação, e visa o aumento da produtividade por meio da capacitação e da integração do mesmo ao ambiente de trabalho, procura proporcionar-lhe conhecimentos, maior satisfação, assim como o seu bem-estar social.

O Setor de Treinamento de Enfermagem, implantado em agosto de 1975 no Hospital Ana Nery, tem como finalidade contribuir para elevar o padrão de eficiência técnica, ajudar na satisfação e estabilidade emocional do pessoal de enfermagem, bem como despertar seu interesse e atenção no atendimento aos segurado do INAMPS.

Desde então, este Setor vem realizando terinamento para AOSD que desempenham suas funções nas Unidades de Internação e nos quais foram incluídos alguns funcionários do Ambulatório. Contudo, a partir do depoimento das próprias participantes dos treinamentos acima referidos, concluiu-se não terem sido alcançados os objetivos propostos, para atender às deficiências do pessoal de ambulatório, pois o principal enfoque teórico-prático esteve voltado para prestar cuidados aos pacientes internados.

Pensou-se então na possibilidade de um treinamento específico para este pessoal, onde seriam abordados assuntos pertinentes ao serviço, com posterior acompanhamento e avaliação dos mesmos no desempenho de suas funções no próprio ambulatório.

II. RELATO DO TREINAMENTO

1. Planejamento

Uma vez identificada a necessidade de treinamento para o pessoal auxiliar de Ambulatório, esta unidade solicitou oficialmente, através de memorando, ao Setor de Treinamento de Enfermagem, um curso, cuja programação enfocasse de maneira objetiva e específica, as atribuições inerentes ao pessoal auxiliar, naquela área. Este apelo encontrou plena ressonância por parte das enfermeiras responsáveis por aquele Setor.

De imediato, foi iniciada a fase do planejamento, constando em primeiro lugar de 4 reuniões conjuntas com as Enfermeiras Chefes da Unidade de Pacientes Externos e do Ambulatório, Coordenadora e Assistente do Setor de Treinamento de Enfermagem, com a seguinte finalidade:

  1. Determinação dos assuntos a serem enfocados, baseada nas necessidades identificadas.

  2. Divisão das turmas.

  3. Elaboração do plano de curso.

  4. Distribuição das aulas teórico-práticas.

  5. Acompanhamento e avaliação do desempenho em serviço.

Foi realizada uma reunião com o grupo de Auxiliares, com a finalidade de esclarecer quanto aos objetivos do treinamento, sua necessidade e valor para o serviço, e para cada qual em particular, e ainda despertar o seu interesse para uma participação efetiva e consciente.

Outrossim, foi proposto ao grupo, pela chefia do Ambulatório, uma alteração no horário do turno vespertino, que na ocasião do curso teórico-prático teria inicio às 10:45 h., com o compromisso de posteriormente resgatar as horas extras, em folgas. Com o assentimento prévio do grupo, elaborou-se um mapa para controle destas horas (ANEXO I ANEXO I CONTROLE DE HORAS EXTRAS ).

Foram então selecionadas 2 turmas, com 13 e 16 participantes respectivamente, obedecendo-se os seguintes critérios:

  1. Carência de conhecimento - foram escolhidas para compor a l.ft turma, as auxiliares consideradas mais deficientes, do ponto de vista teórico-prático.

  2. Férias - foram observados os períodos de férias das mesmas, a fim de que não houvesse coincidência com o curso.

  3. Licença de gestação - observou-se a data provável do parto, e foi dada preferência para participar da primeira turma, às que estariam de licença na época da participação da segunda e vice-versa.

  4. Licença médica - as que estavam afastadas por licença médica, ficaram aguardando a realização da segunda etapa do curso.

Cada um dos treinamentos foi dividido em duas etapas: a primeira constou de um curso teórico-prático, cujo programa foi centrado nas reais necessidades de se preparar estes funcionários para desempenharem as atividades impostas pela função assumida.

A segunda parte foi a observação direta dos treinandos no seu ambiente de trabalho.

Na programação das aulas teórico-práticas, estabeleceram-se objetivos educacionais do curso e os intermediários de cada unidade, visando preparar os auxiliares de Ambulatório para melhorar seu padrão de assistência de enfermagem ao indivíduo, integrando-os ao seu ambiente de trabalho, orientando-os quanto à profilaxia das enfermidades, assim como no atendimento de situação de emergências apresentadas e habilitando-os para o desempenho de técnicas básicas de enfermagem inerentes ao serviço.

2. Execução

A realização do Treinamento foi feita em dois períodos, distribuídos nos meses de março e agosto de 1977, em horário de serviço, de segunda a sexta-feira, das llàs 13 horas.

O programa foi dividido em 4 unidades, contendo aulas teóricas e demonstrações de técnicas básicas de enfermagem. A carga horária total foi de 56 horas, assim distribuídas: 2 horas para a apresentação do curso, 12 horas para a primeira unidade, 14 horas para a segunda unidade, 17 hoars para a terceira unidade, 9 horas para a quarta unidade e 2 horas para o encerramento do curso (ANEXO II ANEXO II INPS - HAN ).

A execução deste Plano de curso foi facilitada pela colaboração efetiva de uma equipe multiprofissional composta das Enfermeiras do Ambulatório e das demais Unidades do Setor de Internação, Assistente Social e Odontólogo. É necessário esclarecer que a coordenação do curso, assim como o maior número de aulas, ficou sob a responsabilidade do Setor de Treinamento.

Ressaltamos que as demonstrações práticas foram feitas no próprio Setor de Treinamento e no ambiente de trabalho, aproveitando as oportunidades ali surgidas.

A maior dificuldade sentida foi a de se conseguir manter a pontualidade e assiduidade do grupo às aulas sem detrimento para o serviço.

Ressalte-se que houve uma comunicação prévia ao crefe do Ambulatório e aos médicos e dentistas, de per si, para obter dos mesmos a colaboração, pois no espaço de tempo destinado à ministração das aulas haveria uma diminuição expressiva de pessoal auxiliar.

Ainda fazendo parte da programação de treinamento houve sessão de Instalação e de Encerramento, contando com a presença de todo o corpo discente e docente, da Chefe do Serviço de Enfermagem do Hospital e do Médico-Chefe da Unidade de Pacientes Externos. Nas devidas oportunidades, houve apresentação dos alunos e professores, do Plano do Curso e distribuição de certificados, respectivamente.

III. AVALIAÇÃO DO TREINAMENTO

1. Sistema de Avaliação

A avaliação dos treinados foi realizada obedecendo-se a três modalidades:

  • diagnostica

  • formativa

  • somativa.

DIAGNOSTICA - Feita através de um pré-teste, aonde se determinou o nível inicial de conhecimento dos alunos, pré-requisito para realização do curso teórico-prático, adaptado às suas reais necessidades, em virtude do reajuste do programa aos resultados encontrados.

FORMATIVA - Obtida através do emprego de 3 testes de aproveitamento durante a realização do curso, dando subsídio às 2 enfermeiras responsáveis pelo Setor do Treinamento de Enfermagem para a verificação do aproveitamento dos alunos durante o desenvolvimento das unidades.

SOMATIVA - Realizada através de aplicação de um pós-teste, onde se verificou o comportamento cognitivo final do aluno, demonstrado através de suas respostas aos itens estabelecidos neste instrumento de avaliação. Ainda fazendo parte da avaliação somativa o desempenho dos treinados foi avaliado pelas enfermeiras do ambulatório por observação em serviço, durante 90 dias após o terinamento (ANEXO III ANEXO III I. N. P. S. - HOSPITAL ANA NERY Pontos a observar: 1.3 - Discernimento ( ) 1.4 - Iniciativa ( ) 1.5 - Disponibilidade ( ) 1.6 - Aprendizagem ( ) 1.7 - Equilíbrio emocional ( ) 1.8 - Receptividade ( ) 1.9 - Disciplina ( ) 1.10 - Ordem ( ) 1.11 - Polidez ( ) 2. Em eficiência técnica: 2.5 Administração de medicamento 2.5.1 - Oral ( ) 2.5.2 - Parenteral 1 - Injeção intramuscular ( ) 2 - Injeção intradérmica ( ) 3 - Injeção subcutânea ( ) 2.5.3 - Tópica 1 - Pele ( ) 2 - Mucosa ocular ( ) 3 - Mucosa auditiva ( ) 4 - Mucosa vaginal ( ) 2.6 - Tricotomia 2.7 - Arrumação do consultório médico e dentário ( ) 2.8 - Colocar o paciente em posição para exames e tratamentos ( ) 2.9 - Circulação em sala de exames e tratamentos ( ) 2.10- Arrumação de sala para curativo ( ) 2.11- Circulação em sala de curativo ( ) 2.12- Execução da técnica de curativo: - Simples ( ) - Infectado ( ) - Queimado ( ) 2.13- Arrumação de material para cateterismo vesical ( ) 2.14- Montagem de sala para pequena cirurgia ( ) 2.15- Circulação em sala de pequena cirurgia ( ) 2.16- Cuidado com o material contaminado nos diversos exames, tratamentos( ) 2.17- Transporte do paciente em maca ( ) 2.18- Transporte do paciente da maca para a mesa de exames e vice-versa ( ) 2.19- Transporte do paciente em cadeiras de rodas ( ) 2.20- Transporte do paciente da cadeira de rodas para mesa de exames e vice-versa ( ) 3. Em conhecimento científico: 3.1 - Aplicação dos princípios científicos na execução das técnicas ( ) 3.2 - Orientação de paciente ( ) 3.3 - Educação sanitária ao paciente e família ( ) ).

No final do curso teórico-prático os participantes responderam a um questionário elaborado no sentido de obter informações que possibilitasse ao S.T.E.* * Setor de Treinamento de Enfermagem. uma avaliação global do referido curso.

2. Resultado da Avaliação

Da utilização do esquema de avaliação anteriormente descrito, foram colhidos dados que revelam a satisfatoriedade do treinamento tanto no desenvolvimento das próprias atividades didático-pedagógicas quanto no desempenho em serviço, posterior ao treinamento.

A análise dos resultados obtidos será feita da seguinte forma: resultados da avaliação geral do treinamento pelos participantes; avaliação do desempenho dos participantes após o treinamento.

2.1. Avaliação do Treinamento pelos Participantes

Segundo os participantes, globalmente considerado, o treinamento foi excelente (48,5%), muito bom (30,3%), bom (18,2%), regular (3,0%). No geral, observa-se que a opinião dos participantes é muito positiva em relação a todas as atividades desenvolvidas no período do treinamento. Praticamente não se detectou nenhuma opinião desfavorável (ver TABELA I - ANEXO IV ANEXO IV ).

2.1.1 - Do ponto de vista de aquisição de novos conhecimentos, 97,0% dos participantes afirmam ter recebido novas informações com o desenvolvimento do curso (TABELA II - ANEXO IV ANEXO IV ). Essa informação é compatível com o juízo que os participantes fazem sobre a quantidade de conhecimentos que possuíam sabre os assuntos abordados antes do desenvolvimento do treinamento, pois que somente 1 (um) participante (3,0%) possuía "amplos conhecimentos" sobre os assuntos (ver TABELA II - ANEXO IV ANEXO IV ).

2.1.2 - Quanto à praticidade dos assuntos abordados para a vida profissional, 91,0% dos participantes consideram que "grande parte do que se falou no decorrer do treinamento tem aplicação na vida profissional (TABELA IV - ANEXO IV ANEXO IV ) e quanto à orientação para a execução de técnicas básicas de enfermagem,67,0% dos participantes consideram que o treinamento "trouxe orientação segura para a aplicação de novas técnicas" e 33,0% consideram que "trouxe-lhes a certeza de que estavam utilizando-se de técnicas adequadas em seu desempenho profissional" (TABELA V - ANEXO IV ANEXO IV ). Estes dados revelam que, no parecer dos participantes as atividades realmente se desenvolveram ao nível de treinamento, ou seja, totalmente voltadas para a prática profissional de cada um.

2.1.3 - Quanto aos aspectos didáticos do treinamento, ressalta-se que 97,0% dos participantes consideram que as técincas didáticas utilizadas foram adequadas (TABELA VI - ANEXO IV ANEXO IV ), 82,0% consideram que a quantidade de material oferecido foi ' suficiente" (TABELA VII - ANEXO IV ANEXO IV ), e, quanto à qualidade desse material, 40,0% consideram-no "muito bom", 36,0% ''bom", 24,0% "razoável" (TABELA VIII - ANEXO IV ANEXO IV ). Para todos os participantes, os instrumentos de avaliação utilizados foram adequados (TABELA IX - ANEXO IV ANEXO IV ). No ver dos participantes, praticamente, não existiram aspectos negativos na abordagem didática dos assuntos e no desenvolvimento do treinamento.

2.1.4 - Quanto aos aspectos administrativos, 74,0% dos participantes consideram que o número de horas diárias do treinamento foi "razoável", 23,5% consideram que foi excessivo (TABELA X - ANEXO IV ANEXO IV ), 39,5% consideram que o horário do treinamento foi "muito bom", 42,5% "bom", 12,0% "razoável" e 6,0% "péssimo" (TABELA XI - ANEXO IV ANEXO IV ), 82,0% dos participantes consideram que o ambiente físico onde se realizou o treinamento foi "adequado", porém 48,5% deles acharam-no "confortável" e 33,5% consideram-no "desconfortável" (TABELA XII - ANEXO IV ANEXO IV ). Ainda que com percentuais mais baixos que nos outros itens, os participantes avaliaram positivamente os aspectos administrativos do treinamento.

Os dados acima especificados revelam que efetivamente os participantes estavam ligados no treinamento, globalmente consideram-no de bom nível, e, a avaliação de aspectos separados do treinamento não se afasta do juízo global que fizeram sobre o seu desenvolvimento. Esse estado de afetividade aberto à execução do treinamento foi de suma importância para a sua validade em termos dos objetivos que se tinha ao realizá-lo.

2.2. Avaliação do Desempenho dos Participantes no Decorrer do Treinamento

A nossa análise, neste item, referir-se-á aos resultados de aprendizagem decorrentes do treinamento executado. Os dados que serão comentados encontram-se na TABELA XIII (ANEXO IV) ANEXO IV , colunas 1, 2 e 3. A coluna 1 refere-se aos dados do pré-teste, a coluna 2 aos resultados do pós-teste e a 3 aos resultados somativos de pré-teste, avaliação formativa, pós-teste (média final).

Considerando os conhecimentos anteriores ao treinamento, apresentados na coluna 1 (pré-teste), observamos que 38,3% dos participantes apresentaram um nível inferior de conhecimento, ou seja obtiveram notas entre 1,00 e 4,99; 35,2% obtiveram uma nota média entre 5,00 e 6,99; somente 23,6% obtiveram uma nota média superior entre 7,00 e 8,99; ninguém obteve conceito plenamente superior, entre 9,00 e 10,00. Esses dados, de certa forma, são compatíveis com a opinião que os próprios participantes fizeram de si mesmos no questionário de avaliação final do treinamento: só 1 (3,0%) dos participantes considerava possuir "amplos conhecimentos" sobre os assuntos abordados e três (9,0%) possuir "bons" conhecimentos (TABELA II - ANEXO IV ANEXO IV ).

A coluna 2 da TABELA XIII ANEXO IV , relativa ao pós-teste, apresenta modificações sensíveis em termos de conhecimentos adquiridos. Do total de 34 participantes, 9 (26,5%) passaram para o nível superior pleno (notas 9,00-10,0), o nível médio-superior sobe para 32,4%, o nível médio desce para 29,5% e os níveis inferiores quase que desaparecem, atingindo um total de 8,7%. A coluna 3, média final do treinamento, apresenta algumas modificações devido incluir todo o processo de crescimento dos participantes com o desenvolvimento das atividades. O pós-teste, efetivamente, tem a característica de demonstrar o resultado final de um processo, a média é sempre uma medida entre o passado e o presente. Os méritos do presente são subtraídos pelos deméritos do passado. Mas ainda assim, a média final não é negativa; ao contrário, ela é positiva em relação ao estado inicial (proteste) dos alunos. Senão vejamos. Enquanto no pré-teste 38,3% dos participantes estavam no nível inferior (notas de 1,00 a 4,99), na média final somente 11,8% se encontram na mesma situação; enquanto no pré-teste 35,2% se encontravam na média (notas de 5,0 x 6,99), na média final somente 32,4% se apresentam na mesma situação; e enquanto no pré-teste somente 23,6% se encontram com aproveitamento médio superior, na média final 55,8% se apresentam nesta situação, divididos entre os médio-superiores (50,0%?) e plenamente superiores (5,8%).

Em termos de aprendizagem, o treinamento apresenta-se da maior validade, desde que o nível geral dos participantes se modificou do primeiro estado (pré-teste) para o segundo estado (pós-teste e média final). Aliás estes dados estão perfeitamente relacionados com a opinião que os participantes fizeram de si mesmos na avaliação final do treinamento, ou seja, 97,0% deles considera ter obtido novos conhecimentos (TABELA II - ANEXO IV ANEXO IV ).

Numa atividade didática, feita aos moldes de tempo e conteúdo de aprendizagem fixos, os alunos apresentaram uma aprendizagem significativa, ou seja, praticamente todos melhoraram. O nível de conhecimento teórico-prático necessário ao desenvolvimento de sua prática profissional melhorou sensivelmente.

2.3. Desempenho em Serviço, após o Treinamento

A coluna 3 da TABELA XIII (ANEXO IV) ANEXO IV nos mostra os resultados de desempenho dos treinandos, após a participação no treinamento. Essas notas representam a média das notas que se encontram na TABELA XIV (ANEXO IV) ANEXO IV , relativos ao boletim de desempenho preenchidos pelas enfermeiras do Ambulatório do Hospital, 90 dias após o término do treinamento. Os dados são plenamente positivos, desde que todos os participantes do treinamento passam a ter desempenho de médio para superior em suas atividades profissionais. Obtém notas entre 9,0 e 10,0, ou seja, desempenho plenamente superior, um total de 32,4% dos participantes do treinamento; 50,0% atingem um desempenro médio superior e 11,8% atingem um desempenho médio, ninguém apresenta desempenho inferior.

Esses resultados da avaliação do desempenho dos participantes, em serviço, após o término do treinamento, são compatíveis com suas opiniões sobre a praticidade da orientação do treinamento. As TABELAS IV ANEXO IV e V (ANEXO IV) ANEXO IV manifestam que praticamente todos os participantes consideram ter ganho orientação segura para sua atividade prática ou certeza de que estavam exercendo da melhor forma possível sua atividade profissional.

Os três tipos de avaliação realizados - avaliação do treinamento a partir de opinião, avaliação da aprendizagem e avaliação de desempenho - manifestam o alto teor de positividade alcançado pelas atividades pedagógicas executadas. E certamente garantem a validade da sua execução.

CONCLUSÃO

O nosso trabalho tinha como intenção apresentar, em forma de relatório de uma atividade de treinamento, a validade de sua execução para o melhoramento do nível de desempenho dos funcionários que servem uma unidade de saúde. No nosso caso, as Auxiliares Operacionais de Serviços Diversos que atuam no Ambulatório do Hospital Ana Nery - INAMPS, Salvador, Bahia.

O treinamento foi realizado em função de necessidade específica, detectada pelas enfermeiras que atuam no próprio ambulatório. O planejamento de treinamento específico para a função que ocupavam foi produto de atividade conjunta das enfermeiras do Ambulatório com as enfermeiras responsáveis pelo Treinamento em Enfermagem do Hospital. A execução foi conjunta destas mesmas enfermeiras e enfermeiras de outras unidades do hospital que puderam oferecer sua colaboração. Os resultados foram manifestados por 34 Auxiliares treinados teórico-praticamente para um desempenho mais eficiente de suas atividades funcionais.

Com tudo isso, queremos demonstrar que agindo intencionalmente sobre necessidades específicas pode-se melhorar muito o nível de desempenho de funcionários dedicados, no caso, ao setor de saúde, desde que se lhes ofereça um treinamento específico para a função a que se destinam. E mais: que, é preciso preparar o espírito dos mesmos funcionários para que afetivamente se envolvam no treinamento, no processo de aprendizagem.

Estar presente às atividades didáticas do treinamento não necessariamente significa estar participando e aproveitando das mesmas atividades. É preciso que as atividades de treinamento apareçam na vida dos funcionários como uma necessidade pessoal de crescimento e uma necessidade de atendimento adequado às pessoas a quem prestam os seus serviços. Aqui, não os patrões, mas os pacientes que atendem.

O nosso relato parece ter trazido exatamente este testemunho, e, daí a sua validade demonstrada pelos dados de avaliação de desempenho quer seja no decorrer do treinamento, quer seja após o término do treinamento. Os funcionários se envolveram afetivamente com o treinamento e com suas atividades, receberam as informações teórico-práticas de que necessitavam e puderam passar a um desempenho mais eficiente de suas funções, atendendo, de um lado, sua realização pessoal, como agente de um processo e, de outro lado, atendendo melhor às pessoas que necessitam de seus serviços, no caso, pacientes.

Certamente que o nosso treinamento não foi isento de falhas, todavia, vale ressaltar a sua validade para o nosso serviço de ambulatório e, mesmo fundamentar a nossa sugestão de que às necessidades específicas, soluções específicas devem ser apresentadas.

  • SERRA, C.V. e Colaboradoras - Treinamento específico para auxiliar operacional de serviços diversos de ambulatório. Rev. Bras. Enf.; DF, 32: 25-47, 1979.
  • -
    Trabalho apresentado no XXX CBEn, Belém-PA, 16 a 22/6/73 - Tema livre.
  • *
    Setor de Treinamento de Enfermagem.

ANEXO I CONTROLE DE HORAS EXTRAS

ANEXO II INPS - HAN

ANEXO III I. N. P. S. - HOSPITAL ANA NERY

Pontos a observar:

  • 1.3 - Discernimento ( )

  • 1.4 - Iniciativa ( )

  • 1.5 - Disponibilidade ( )

  • 1.6 - Aprendizagem ( )

  • 1.7 - Equilíbrio emocional ( )

  • 1.8 - Receptividade ( )

  • 1.9 - Disciplina ( )

  • 1.10 - Ordem ( )

  • 1.11 - Polidez ( )

2. Em eficiência técnica:

  • 2.5 Administração de medicamento

    • 2.5.1 - Oral ( )

    • 2.5.2 - Parenteral

      • 1 - Injeção intramuscular ( )

      • 2 - Injeção intradérmica ( )

      • 3 - Injeção subcutânea ( )

    • 2.5.3 - Tópica

      • 1 - Pele ( )

      • 2 - Mucosa ocular ( )

      • 3 - Mucosa auditiva ( )

      • 4 - Mucosa vaginal ( )

  • 2.6 - Tricotomia

  • 2.7 - Arrumação do consultório médico e dentário ( )

  • 2.8 - Colocar o paciente em posição para exames e tratamentos ( )

  • 2.9 - Circulação em sala de exames e tratamentos ( )

  • 2.10- Arrumação de sala para curativo ( )

  • 2.11- Circulação em sala de curativo ( )

  • 2.12- Execução da técnica de curativo:

    • - Simples ( )

    • - Infectado ( )

    • - Queimado ( )

  • 2.13- Arrumação de material para cateterismo vesical ( )

  • 2.14- Montagem de sala para pequena cirurgia ( )

  • 2.15- Circulação em sala de pequena cirurgia ( )

  • 2.16- Cuidado com o material contaminado nos diversos exames, tratamentos( )

  • 2.17- Transporte do paciente em maca ( )

  • 2.18- Transporte do paciente da maca para a mesa de exames e vice-versa ( )

  • 2.19- Transporte do paciente em cadeiras de rodas ( )

  • 2.20- Transporte do paciente da cadeira de rodas para mesa de exames e vice-versa ( )

3. Em conhecimento científico:

  • 3.1 - Aplicação dos princípios científicos na execução das técnicas ( )

  • 3.2 - Orientação de paciente ( )

  • 3.3 - Educação sanitária ao paciente e família ( )

ANEXO IV

BIBLIOGRAFIA

  • 1
    BLOOM, R. Semelhanças e diferenças entre avaliação diagnostica, formativa, In Handbok on Formative and Summative Evolution of Student Learning, N. Y., McGraw-Hill Book, Co., 1971, p. 91-92.
  • 2
    CASTRO, Berenice Teixeira de. Considerações gerais sobre Educação em Serviço. Revista Paulista de Hospitais, 10, 1971.
  • 3
    FERREIRA, Paulo Pinto. Treinamento de Pessoal: A Tecnico-Pedagogia do Treinamento, S. Paulo, Eidtora Atlas, S.A., 1975.
  • 4
    FONTES, Lauro Barreto. Manual do Treinamento na Empresa Moderna, São Paulo, Editora Atlas S.A., 1975.
  • 5
    SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodo logia do Trabalho Científico: Metodologia para o Trabalho Didático-Científico na Universidade, S. Paulo, Cortez e Moraz Ltda., 1976
  • 6
    Vera, Asti. Metodologia da Pesquisa Científica, Porto Alegre, Editora Globo, 1973.
  • 7
    VXANNA, Heraldo Merelin. Testes em Educação, São Paulo, IBRASA, Fundação Carlos Chagas, 1973.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 1979
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