INTRODUÇÃO
Um dos enfoques mais atuais relacionados com as atividades de enfermagem a nível ambulatorial é a consulta de enfermagem através da qual a/o Enfermeira/o desempenha um papel relevante junto à clientela, num sentido bem mais abrangente, objetivando uma assistência integralizada em prol da melhoria do estado de saúde do assistido.
O aproveitamento de profissionais nessa área de atuação representa um passo significativo da enfermagem, constuindo-se em um 2.° plano as funções gerenciais dentro dos padrões de atribuições da/o Enfermeira/o nos setores ambulatoriais.
A consulta de enfermagem à gestante descrita neste trabalho vem sendo desenvolvida em uma das Unidades Médico Assistenciais do INAMPS, em Sergipe, cuja metodologia adotada baseia-se no Processo de Enfermagem como forma de sistematizar os procedimentos de intervenção de Enfermagem a partir dos problemas identificados na cliente.
As etapas do processo empregadas na consulta, referem-se ao Histórico de Enfermagem, Diagnóstico de Enfermagem e Plano Assistêncial, simplificados de forma a atender de maneira funcional os objetivos que a atividade pretende atingir.
Importância da aplicabilidade do Processo na Consulta de Enfermagem:
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propiciar uma visão global das condições de saúde da gestante e das ações de enfermagem;
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individualizar a assistência prestada;
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possibilitar o acompanhamento adequado da evolução das condições da gravidez por parte do profissional;
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fornecer dados para futuras pesquisas na área Materno-infantil.
2 — CONCEITUAÇÃO
Consulta de Enfermagem é definida como sendo "um conjunto de ações prestadas pela (o) Enfermeira (o) à pessoa sadia, de forma sistemática e completa, especificamente relacionadas com o controle da gestante de baixo risco e do crescimento e desenvolvimento da criança sadia".
3 — MÉTODOS DO PROCESSO DE ENFERMAGEM
3.1 — Histórico de Enfermagem
Histórico de Enfermagem é o meio utilizado para obtenção de informações a respeito da pessoa a ser assistida, permitindo o profissional conhecer, identificar e analisar as situações apresentadas, de modo a ser planejada adequadamente a assistência de enfermagem.
O levantamento de dados e a análise da situação permitem a seleção dos problemas existentes e a formulação do Diagnóstico de Enfermagem, os quais servem de base para a elaboração do Plano Assistencial.
Podemos aqui definir Problemas de Enfermagem, como sendo toda situação ou condição que requeira para a sua solução cuidados ou intervenção do profissional de enfermagem.
O H.E. é feito por ocasião da primeira consulta, em formulário próprio, onde estão contidos dados relativos à entrevista, exame físico e obstétrico, conforme roteiro sistematizado do formulário constante da folha n.° 10.
3.2 — Plano Assistencial de Enfermagem
O Plano Assistencial objetiva o planejamento racional da assistência de enfermagem a ser prestada à gestante através do atendimento de suas necessidades básicas afetadas.
A elaboração do Plano Assistencial é feita, portanto, com base nos problemas de enfermagem estabelecidos, sendo sua aplicação imediata, dada a peculiaridade do atendimento.
Podemos classificar como intervenção de enfermagem no Plano Assistencial da consulta, os critérios de Orientação e Encaminhamento, o último quando os problemas da resolução por parte de outro profissional.
O formulário do Plano Assistencial consta da folha n.° 11.
4 — CARACTERÍSTICA DO ATENDIMENTO
Especificamente, quatro (4) são as atividades básicas desenvolvidas por ocasião da consulta e que englobam:
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Entrevista;
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Exame Físico;
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Exame Obstétrico;
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Orientação.
4.1 — Entrevista
Compreende-se como entrevista o arrolamento de dados relativos a:
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identificação da gestante;
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antecedentes pessoal e familiar;
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condições sócio-econômicas e culturais;
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situações relacionadas com o estado gestacional;
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condições de saúde atual.
4.2 — Exame Físico
O Exame Físico compreende:
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verificação do peso e altura;
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TRP e PA;
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inspeção da mama;
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condições dos dentes;
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existência de edema e varizes.
4.3 — Exame Obstétrico
De acordo com o estágio da gestação distinguimos como imprescindível, as ações abaixo enumeradas:
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medida da circunsferência abdominal;
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fundo do útero;
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apresentação;
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situação;
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posição;
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batimentos cardiofetal - BCF.
4. 4 Orientação
As orientações, como já foram descritas anteriormente, estão voltadas para os problemas identificados, destacando-se também, as informações sobre puerpério, cuidados com a criança e medidas gerais de proteção à saúde.
5 — MODALIDADE DE ATENDIMENTO
A assistência obstétrica do INAMPS é regulamentada pela OS N.° SAM-301.1, de 18 de março de 1968 (ex-INPS), onde está definida a modalidade da assistência a ser prestada a beneficiária gestante, que compreende o atendimento no pré-natal, no parto e no puerpério.
No que concerne ao pré-natal, a referida OS recomenda que deve ser iniciada precocemente, incluindo-se orientação à gestante.
Analisando os critérios de freqüência estabelecidos, podemos distinguir a realização de oito (8) consultas com abrangência a todo período gestacional.
Considerando a grande problemática que envolve o grupo materno-infantil em decorrência dos índices elevados de mortalidade e morbidade, o engajamento da equipe de enfermagem nessa assistência, através das orientações sistematizadas segundo as necessidades individuais identificadas, constituirá uma somação de esforços no sentido de ser atingida a melhoria das condições de saúde do grupo enfocado. Deste modo, as ações de enfermagem serão prestadas através da consulta de enfermagem, segundo os critérios descritos anteriormente, podendo ser adotado o sistema intercalado entre o atendimento médico e o de enfermagem tornando-se, entretanto, imprescindível que o primeiro atendimento seja realizado também pela enfermeira, pelas seguintes razões
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necessidade de elaboração do Histórico de Enfermagem, tornando-se possível um conhecimento detalhado a respeito da gestante a ser assistida;
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com base nesses dados poder efetuar o plano assistencial desde o início da gestação;
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dar condições de ser estabelecido o controle dos próximos comparecimentos.
Com relação ao tempo necessário para realização da consulta, verifica-se que a enfermeira dispende em média 30 minutos nos primeiros atendimentos e 15 minutos nos atendimentos subseqüentes.
6 — RECURSOS NE9CESSÁRIOS
6.1 — Pessoal
A atividade de consulta de enfermagem é prerrogativa da (o) Enfermeira (o), conforme consta das atribuições desse profissional contidas no Regimento Interno do Serviço de Enfermagem de Postos de Assistência Médica do INAMPS.
O Auxiliar de Enfermagem exerce atividade de apoio, tendo como atribuições:
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a pré-consulta;
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visita domiciliar;
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educação sanitária individual;
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registros de dados estatísticos e das atividades efetuadas.
O quantitativo de Enfermeiras(os) e de Auxiliar de Enfermagem, será determinado por cada serviço, levando-se em contas as metas programadas.
7 — ÁREA FÍSICA E MATERIAL
As diferentes atividades desenvolvidas nas prestação da assistência de enfermagem à gestante, englobam ações educativas de caráter grupai e imunização, sendo portanto, indispensáveis as seguintes áreas:
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01 sala para consulta de enfermagem;
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01 sala para vacinação;
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01 sala para reuniões de grupo.
A especificação abaixo, relaciona-se com a composição da sala para consulta de enfermagem:
8 — COMPLEMENTAÇÀO DA CONSULTA
Complementa a consulta de enfermagem as seguintes ações:
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Encaminhamento:
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Ao Médico
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À Nutricionista
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À Assistente Social
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Ao Odontólogo
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À Vacinação
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A outros Profissionais ou Serviços.
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Visita Domiciliar:
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À gestante faltosa
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À puérpera.
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Cursos de orientação Pré-Natal, segundo programação estabelecida.
9 — CONCLUSÃO
O estudo evidenciou a atuação da/o Enfermeira/o na assistência pré-natal, através da realização da consulta de enfermagem. A adoção de fases do Processo de Enfermagem como forma de metodotizar as ações desenvolvidas pelo profissional, constitui um padrão de atendimento, com reflexos positivos no nível de trabalho realizado.
O preparo específico do profissional na área obstétrica e seu contínuo aperfeiçoamento técnico torna-se imprescindível à prestação eficiente da assistência de enfermagem.
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ARAUJO, O.M.M. - Consulta de enfermagem à gestante. - Rev. Bras. Enf.; DF, 32 : 259-270, 1979.
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Tema Livre apresentado no XXXI CBEn — Fortaleza-Ceará — 1979.
MPAS - INAMPS PROGRAMA DE SAÚDE COMUNITÁRIA
INAMPS - PROGRAMA DE SAÚDE COMUNITÁRIA PLANO ASSISTENCIAL DE ENFERMAGEM
INAMPS - PROGRAMA DE SAÚDE COMUNITÁRIA FICHA DE AVALIAÇÃO
INAMPS PROGRAMA DE SAÚDE COMUNITÁRIA
INAMPS - PROGRAMA DE SAÚDE COMUNITÁRIA ATIVIDADES EDUCATIVAS - REGISTRO DE FREQUÊNCIA
INAMPS - PROGRAMA DE SAÚDE COMUNITÁRIA ATIVIDADES EDUCATIVAS - TEMAS ABORDADOS
BIBLIOGRAFIA
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1CIETTO, L. - Pesquisa e desenvolvimento da enfermagem: considerações, sua importância na área materno-infantil. Enf. Nov. Dimens. 2(2): 93-97, 1976.
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2BARBOSA, M. G. F. - Aplicação do Processo de Enfermagem a nível Ambulatorial. Apostilha, Secretaria Regional de Assistência Médica. INPS. Bahia, 1977.
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3PAIM, L. - Plano Assistencial e prescrições de enfermagem. Rev. Bras. de Enf. DF. 29: 66-82, 1976.
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4HORTA, W. A. - Wanda de Aguiar - A observação sistematizada na Identificação dos Problemas de Enfermagem em seus aspectos físicos. Rev. Bras. de Enf. 27(2): 214-219, 1974.
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5GRELLE, F. C. - Vade-Mécum de Obstetrícia. Livraria Atheneu S.A. - Rio de Janeiro, 1963.
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6ROCH, R. M. e OKA, L. N. - Processo de Enfermagem - Avaliação feita pelos alunos do departamento de enfermagem da XJSP. Rev. Bras. de Enf. 30: 274-285, 1977.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
Jul-Sep 1979