Em comemoração ao ano internacional da criança, nós, enfermeiras pediatras, estamos cada vez mais conscientizadas do nosso papel importantíssimo frente à crança. O nosso trabalho deve ser intenso não só neste ano dedicado à criança, mas em todos os anos subseqüentes, visto que cada dia novas crianças vêm ao mundo e cada vez mais necessitam da nossa atenção.
Cabe lembrar aqui que uma cheche é um "investimento social", pois desempenha funções preventivas à reprovação escolar, à debilidade mental (provocada, em parte, pela sub-nutrição) e à deficiência de estimulação senso-motora, afetiva, social e verbal. Por outro lado, estaremos contribuindo para diminuir a marginalização social da criança que, adequadamente assistida, será amanhã um indivíduo integrado, socializado e feliz no meio em que vive
A creche só atingirá seus objetivos se tiver um planejamento e contar com uma equipe composta de:
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— Enfermeira pediatra
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— Médico pediatra
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— Pedagogos
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— Psico-pedagogos
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— Nutricionista
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— Assistente social
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— Recreacionista
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— Professores de música
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— Professores de pintura
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— Professores de ginástica ritmica ou expressão corporal
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— Auxiliares de enfermagens
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— Pagens e outros.
A formação integral da criança é de vital importância, sendo que os primeiros anos de vida constituem o alicerce básico para o desenvolvimento futuro. Justificam-se assim os recursos humanos e materiais dispendidos nesta fase da vida da criança.
Os primeiros anos são básicos na aprendizagem do ser humano e deles depende o comportamento futuro. Cada fase tem que ser preenchida com a aprendizagem e estimulação adequadas.
Passada esta fase, tudo o que se fizer depois, não preencherá falhas e lacunas na aprendizagem daquele período.
Quanto maior as condições de estimulação psicomotora precoce, maior o número de neurônios que entrarão em funcionamento, dando condições de um desenvolvimento mental superior.
As estimulações têm por objetivo o desenvolvimento aprimorado dos órgãos sensoriais (visão, olfato, audição, tato e gosto), tendo sempre em vista, junto ao mesmo, o desenvolvimento psico-motor, social e afetivo.
Estímulos Visuais
Através dos olhos a criança conhece o mundo. Sua sensibilidade social e afetiva é bem desenvolvida quando lhe proporcionamos o melhor em estímulos visuais.
Ao redor da criança poderão haver objetos coloridos, diferentes em forma, brilhantes e opacos, para que a riqueza de experiências estimule novas respostas.
Estímulos Auditivos
A curiosidade e o ato de exploração do objeto ou situação é mais intensa quando proporcionamos ao mesmo tempo uma experiência visual e auditiva.
Iniciar as estimulações com sons de vivência da criança, como por exemplo:
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— Ruído da cozinha
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— Barulho da água jorrando da torneira
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— A voz dos familiares
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— Passos dos pais e irmãos
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— Barulho da chuva.
A associação entre o ruído e o objeto ou situação deve ser traduzida à criança, mesmo tenra, com palavras carinhosas.
Ensinando e fazendo-a cantar e ouvir boa música, estamos facilitando à criança um aprimoramento de uma seleção musical bem feita.
Estímulos Olfativos
Toda a criança pequena sente necessidade de ver, ouvir, sentir, manipular e cheirar.
Na exploração do seu meio ambiente, torna-se importante a orientação da criança, fazendo com que ela aprenda a associar determinados odores ou fragrâncias a objetos ou situações.
Estímulos Táteis
Pelas atividades manuais, a criança adquire as noções de espaço, consistência e forma. É necessário que lhes demos brinquedos de formas, que ela perceba o que é fino, macio, leve, rugoso e áspero. A boneca e o ursinho proporcionam o desenvolvimento de sua parte afetiva.
Estímulos Gustativos
É característica peculiar de todas as crianças pequenas, quando da exploração de objetos, levá-los à boca. A vigilância é importante, tanto para a segurança da criança, como também para ajudá-la a formar associação entre objetos e os diferentes gostos que experimenta.
Os transtornos freqüentes ao desenvolvimento normal da criança, em muitas instituições públicas, se têm atribuído à carência do amor materno; porém, sabe-se hoje que um outro fator é responsável direto destes transtornos: a PRIVAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DE ESTÍMULOS.
Crianças não solicitadas a dar quaisquer estímulos ou respostas, tomam-se, mais tarde, adultos apáticos, sem iniciativa ou criatividade; por outro lado, o processo estímulo-resposta não orientado, pode trazer como resultado: crianças ou adultos desajustados ao seu meio.
Nesta educação não basta só a atuação da equipe de profissionais, mas também o papel dos pais e familiares.
É indispensável que a comunidade adulta se sinta incluída na responsabilidade de educação, mesmo que não pertença à própria família.
A enfermeira ainda tem outras tarefas importantes dentro de uma creche, tais como:
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— Higiene individual e da habitação
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— Alimentação, hidratação e excreções
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— Sono e repouso
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— Controle de dados pondoestaturais
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— Prevenção de doenças transmissíveis, através da vacinação
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— Prevenção de outras doenças, através de orientação dos funcionários sob sua responsabilidade, pais e familiares da criança
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— Controle de medicamentos, prevenindo intoxicações pelo mau uso ou auto-medicação
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— Reconhecimento de situações de emergência referentes à saúde da criança
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— Socorros de urgência
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— Palestras aos pais, enfocando aspectos preventivos, conscientizando-os cada vez mais do quanto são importantes na saúde e no desenvolvimento normal da criança
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— Orientações individuais aos pais ou responsáveis, sempre que detectados problemas que possam prejudicar a criança.
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BIRCK, M.N. - Creche - Rev. Bras. Enf.; DF. 32 : 296-298. 1979.
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Trabalho apresentado na Semana da Enfermagem. ABEn — Seção Rio Grande do Sul — 1979
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
Jul-Sep 1979