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Organização tecnológica do trabalho em hanseníase com a introdução da poliquimioterapia

Resumos

Pretendeu-se caracterizar a organização tecnológica do trabalho em hanseníase com a poliquimioterapia, tomando-a como uma nova tecnologia, significando um conjunto de saberes e instrumentos apropriados para intervir no problema. Para a análise do processo de trabalho elegeu-se uma unidade de saúde e utilizou-se de dois instrumentos: observação direta das ações dos agentes e entrevistas com agentes e clientes. A poliquimioterapia orientou a inserção de outros profissionais, estabeleceu novas relações sociais, sofreu influências marcantes das condições históricas e sociais e criou novos instrumentos destinados a atender a finalidade de uma assistência individual e curativa, relegando o controle do processo saúde-doença no plano coletivo. O trabalho da enfermagem se mostrou parcelado em tarefas independentes.


The present investigation was conducted with the aim of characterizing the technological organization of leprosy treatment with the polychemoterapy, considered to be a technology, signifying a conjunction of knowledge and specific tools appropriate for treatment of leprosy. For the analysis of the work process one health center and two instruments were used: observation of the actions by the agents and interview with the agents and clients. Polychemoterapy determined the induction of the professionals into the work process, permitted new social relationships, suffered the notable influence of the social and historic conditions of the time, and created new tools to attend the aim of an individual and curative treatment. The control of the health-disease process as a whole was considered to be secondary. The nursing routine has turned out to be divided into separate and independent tasks.


ARTIGOS

Organização tecnológica do trabalho em hanseníase com a introdução da poliquimioterapia* * Este artigo e uma condensação da Dissertação de Mestrado, defendida e publicada em outubro de 1992. junto à Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Trabalho Financiado em parte pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico). Apresentado como tema livre no 45º Congresso Brasileiro de Enfermagem, Recife-PE, 28 de novembro a 3 de dezembro de 1993.

Francisco Carlos Félix Lana

Professor Assistente do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais

RESUMO

Pretendeu-se caracterizar a organização tecnológica do trabalho em hanseníase com a poliquimioterapia, tomando-a como uma nova tecnologia, significando um conjunto de saberes e instrumentos apropriados para intervir no problema. Para a análise do processo de trabalho elegeu-se uma unidade de saúde e utilizou-se de dois instrumentos: observação direta das ações dos agentes e entrevistas com agentes e clientes. A poliquimioterapia orientou a inserção de outros profissionais, estabeleceu novas relações sociais, sofreu influências marcantes das condições históricas e sociais e criou novos instrumentos destinados a atender a finalidade de uma assistência individual e curativa, relegando o controle do processo saúde-doença no plano coletivo. O trabalho da enfermagem se mostrou parcelado em tarefas independentes.

ABSTRACT

The present investigation was conducted with the aim of characterizing the technological organization of leprosy treatment with the polychemoterapy, considered to be a technology, signifying a conjunction of knowledge and specific tools appropriate for treatment of leprosy. For the analysis of the work process one health center and two instruments were used: observation of the actions by the agents and interview with the agents and clients. Polychemoterapy determined the induction of the professionals into the work process, permitted new social relationships, suffered the notable influence of the social and historic conditions of the time, and created new tools to attend the aim of an individual and curative treatment. The control of the health-disease process as a whole was considered to be secondary. The nursing routine has turned out to be divided into separate and independent tasks.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ALMEIDA, Maria Cecília Puntel de. O trabalho de enfermagem e sua articulação com o processo de trabalho em saúde coletiva: rede básica de saúde em Ribeirão Preto. Ribeirão Preto, 1991. 297 p. Tese (Livre-Docência) -Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

2. ANTUNES, José et al. A lepra sob a mira da lei. Rev. Inst. Adolfo Lutz, v. 48, n. 1/2, p. 29-36, 1988.

3. ARAÚJO, Marcelo Grossi. Hanseníase na região metropolitana de Belo Horizonte: uma avaliação longitudinal de alguns indicadores epidemiológicos no período de 1980 a 1985 em comparação com o estado de Minas Gerais. Belo Horizonte, 1988. 142 p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais.

4. BRASIL, Ministério da Saúde. Serviço Nacional de Lepra. Manual de Leprologia. Rio de Janeiro, 1960.

5. ______ Divisão Nacional de Dermatologia Sanitária. Normas técnicas e procedimentos para utilização de esquemas de poliquimioterapia no tratamento da hanseníase. Brasília, 1990.

6. FOUCAULT, Michel. Microfisica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1986.

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8. MENDES-GONÇALVES, Ricardo Bruno. Tecnologia e Organização Social das Práticas de Saúde: características tecnológicas do processo de trabalho na rede estadual de centros de saúde de São Paulo. São Paulo, 1986. 416 p. Tese (Doutorado) - Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo.

9. MERHY, Emerson Elias. O capitalismo e a saúde pública: a emergência das práticas sanitárias no estado de São Paulo. 2. ed. Campinas: Papirus, 1987.

10. MINAYO, Cecília. O Desafio do Conhecimento: metodologia de pesquisa social (qualitativa) em saúde. Rio de Janeiro, 1989. 365 p. Tese (Doutorado) - Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz.

11. NEMES, Maria Inês Baptistella. A hanseníase e as práticas sanitárias em São Paulo: 10 anos de sub-programa de controle da hanseníase na Secretaria de Estado da Saúde (1977-1987). São Paulo, 1989. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, 194p.

12. ROCHA, Semíramis Melani Melo. Puericultura e enfermagem. São Paulo: Cortez, 1987.

13. ROTBERG, Abrahão et al. Lepra x hanseníase. Ars Curandi, v. 6, p. 58-69, 1983.

14. SOUZA-ARAÚJO, Heráclito C. História da lepra no Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1946.

Recebido para publicação em 28.11.93.

  • 1. ALMEIDA, Maria Cecília Puntel de. O trabalho de enfermagem e sua articulação com o processo de trabalho em saúde coletiva: rede básica de saúde em Ribeirão Preto. Ribeirão Preto, 1991. 297 p. Tese (Livre-Docência) -Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
  • 2. ANTUNES, José et al. A lepra sob a mira da lei. Rev. Inst. Adolfo Lutz, v. 48, n. 1/2, p. 29-36, 1988.
  • 3. ARAÚJO, Marcelo Grossi. Hanseníase na região metropolitana de Belo Horizonte: uma avaliação longitudinal de alguns indicadores epidemiológicos no período de 1980 a 1985 em comparação com o estado de Minas Gerais. Belo Horizonte, 1988. 142 p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais.
  • 4
    BRASIL, Ministério da Saúde. Serviço Nacional de Lepra. Manual de Leprologia. Rio de Janeiro, 1960.
  • 5. ______ Divisão Nacional de Dermatologia Sanitária. Normas técnicas e procedimentos para utilização de esquemas de poliquimioterapia no tratamento da hanseníase. Brasília, 1990.
  • 6. FOUCAULT, Michel. Microfisica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1986.
  • 7. MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Trad. de Reginaldo Sant'anna. 13. ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 1989, v. 1, livro 1.
  • 8. MENDES-GONÇALVES, Ricardo Bruno. Tecnologia e Organização Social das Práticas de Saúde: características tecnológicas do processo de trabalho na rede estadual de centros de saúde de São Paulo. São Paulo, 1986. 416 p. Tese (Doutorado) - Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo.
  • 9. MERHY, Emerson Elias. O capitalismo e a saúde pública: a emergência das práticas sanitárias no estado de São Paulo. 2. ed. Campinas: Papirus, 1987.
  • 10. MINAYO, Cecília. O Desafio do Conhecimento: metodologia de pesquisa social (qualitativa) em saúde. Rio de Janeiro, 1989. 365 p. Tese (Doutorado) - Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz.
  • 11. NEMES, Maria Inês Baptistella. A hanseníase e as práticas sanitárias em São Paulo: 10 anos de sub-programa de controle da hanseníase na Secretaria de Estado da Saúde (1977-1987). São Paulo, 1989. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, 194p.
  • 12. ROCHA, Semíramis Melani Melo. Puericultura e enfermagem. São Paulo: Cortez, 1987.
  • 13. ROTBERG, Abrahão et al. Lepra x hanseníase. Ars Curandi, v. 6, p. 58-69, 1983.
  • 14. SOUZA-ARAÚJO, Heráclito C. História da lepra no Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1946.
  • *
    Este artigo e uma condensação da Dissertação de Mestrado, defendida e publicada em outubro de 1992. junto à Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Trabalho Financiado em parte pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico). Apresentado como tema livre no 45º Congresso Brasileiro de Enfermagem, Recife-PE, 28 de novembro a 3 de dezembro de 1993.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      26 Fev 2015
    • Data do Fascículo
      Dez 1993

    Histórico

    • Recebido
      28 Nov 1993
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