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A difícil convivência com o câncer: um estudo das emoções na enfermagem oncológica

RESUMOS DE TESES E DISSERTAÇÕES

A difícil convivência com o câncer: um estudo das emoções na enfermagem oncológica

Noeli M. L. A Ferreira

Enfermeira. Professora Assistente do Depto. de Enfermagem da UFSC - SP

Professora Orientadora: Mary jane Paris Spink

FERREIRA, Noeli M. L. A. A DIFíCIL CONVIVÊNCIA COM O CÂNCER: UM ESTUDO DAS EMOÇÕES NA ENFERMAGEM ONCOLÓGICA. Dissertação de Mestrado em Psicologia Social. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Este trabalho surgiu das reflexões sobre as dificuldades percebidas a nível individual e coletivo de uma profissão em conflito entre assistir as necessidades biológicas do indivíduo -área mais visível e carente da assistência de Enfermagem aos pacientes -e levar em consideração as necessidades das áreas psicológica e social. O conflito se estabelece não só pela dificuldade em assistir o homem como todo dinâmico e integrado, mas também, pela necessidade de se proteger da ansiedade que todo contexto de trabalho com o ser doente suscita, principalmente quando se forma uma relação efetiva com o mesmo. Os inúmeros mecanismos de defesa (Menzies, 1975) que foram sendo incorporados à organização do trabalho dos enfermeiros ao longo da história tiveram como principal finalidade justamente o controle das emoções, visando diminuir a ansiedade e viabilizar a assistência. Mas estes embora ainda eficientes, muitas vezes falham, principalmente diante de situações em que lidar com doenças estigmatizantes, mutiladoras e incuráveis faz parte do cotidiano de trabalho. Doenças como o câncer, a qual, apesar de toda a tecnologia e avanços terapêuticos alcançados, conseguiu-se assim, a quantidade dos contatos entre o paciente e os profissionais do hospital. Para o enfermeiro este é também um ponto crucial, uma vez que, pelas circunstâncias do seu trabalho com ênfase na área hospital -ele tem mais oportunidades de conviver com este paciente e, portanto, de experienciar suas dores e seus sofrimentos e conseqüentemente estabelecer um maior envolvimento com a fragilidade humana. Vemos então que cada vez mais o enfermeiro está sendo chamado a se preparar para enfrentar a problemática do doente terminal, uma vez que este o coloca face a face com as frustrações de um trabalho com poucos retornos gratificantes, onde se torna necessário entender as construções culturais comulativas que medeiam o significado imputado às emoções, no dia-a-dia do seu trabalho. Abdu-Lughod & Lutz (1990), vêem as emoções como uma construção sócio-cultural que pode ser explorada através de estudos etnográficos. Heller (1985), considera que as emoções são originárias da regulação dos demais sentimentos e as normas éticas têm um papel decisivo na regulação de emoções. Harré; Clarke; De Carlo (1985), estudando as emoções consideraram que algumas delas só podem ser identificadas á luz de uma distinção no campo dos direitos e deveres. Portanto, com este estudo pretendemos verificar que emoções estão presentes na Assistência de Enfermagem ao paciente oncológico, como elas são enfrentadas pelos enfermeiros e em que medida estas estratégias se processam a nível individual ou coletivo. -Para alcance deste objetivo, foram consultados 40 enfermeiros numa abordagem inicialmente quantitativa que permitisse a contextualização da população estudada e a de suas condições de trabalho. À partir desses dados, foi realizado um aprofundamento da questão com a utilização de metodologia qualitativa, através de técnicas de entrevistas estruturadas e semi-estruturada, bem como da realização de observação de campo. A análise temática dos discursos dos enfermeiros permitiu a identificação dos núcleos de sentidos destacados na elaboração dos Mapas de Associação de Idéias, sendo eles: a doença, o paciente, a equipe e a instituição, as emoções emergentes e as formas de enfrentamentos. -A análise desses dados nos permitiu identificar qual a visão que os enfermeiros têm do câncer e do paciente, que emoções eles apresentam no dia a dia da Assistência de Enfermagem, as formas como enfrentam as situações consideradas dificeis e a mediação da cultura institucional como elemento controlador da expressão emocional.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Fev 2015
  • Data do Fascículo
    Dez 1995
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