Acessibilidade / Reportar erro

Reações e sentimentos do profissional de enfermagem diante da morte

Feelings and reaction of nurses in face of death

Reacciones y sentimientos del profesional de enfermería delante de la muerte

Resumos

Através deste estudo, do tipo exploratório descritivo, propomos compreender as reações e sentimentos dos profissionais de enfermagem diante dos pacientes fora de possibilidade terapêutica. Foram realizadas entrevistas individuais, semi-dirigidas, com nove profissionais de enfermagem (6 aux. de enfermagem e 3 enfermeiras) de um hospital geral da cidade de Maringá-PR. Constatamos que, para estes profissionais, o fato de lidarem com a morte diariamente é extremamente angustiante e, portanto, utilizam de mecanismos de defesa tais como negação, racionalização, para conviverem com as perdas rotineiras. Isto faz com que os profissionais de enfermagem podem deixar de perceber as limitações e angústias do paciente, o que pode vir a comprometer a qualidade do trabalho assistencial. Com base nos resultados encontrados, sugerimos a criação de um espaço terapêutico no hospital, com os profissionais da saúde, para que através de grupos de reflexão a expressão das angústias, medos, impotência e dor diante da morte e do morrer possa ser facilitada e compartilhada.

enfermagem; hospital; morte; paciente fora de possibilidade terapêutica


Through this paper which self explanatory and description we attempted to understand the reaction and feelings of nurses facing patients who are out of therapeutic possibility. W conducted individual, semi guided interviews with nine nurses from a general hospital in Maringa-PR about their reactions and feelings regarding forthcoming death on a daily base can be an extremely painful experience, therefore, they normally use self defense mechanics such as denial and reasoning death in order to live with daily losses. As a result these professional nurses may fail to notice the limits and their anxiety thus preventing them from providing a good quality of work in assisting their patients. Based on this fact we would like to suggest a prearranged space at the hospital where these health professionals could meet to share, reflect upon and express their anxieties, their fears, their helplessness and pain in face of death, enabling them to be better prepared for their daily losses.

nursing; hospital; death; patient out of therapeutic possibilities


A través de este estudio, del tipo exploratorio descriptivo proponemos comprender las reacciones y sentimientos de los profesionales de enfermería delante de los pacientes fuera de posibilidade terapéutica. Fueron realizadas entrevistas individuales, semiconducidas com nueve profesionales de enfermería (seis auxiliares de enfermería y tres enfermeras) de un hospital general de la ciudad de Maringá-PR. Comprobamos que, para estos profesionales, el hecho de estar en contacto con la muerte diariamente es extremadamente angustioso y, por lo tanto, utilizam de mecanismos de defensa tales como negación, racionalización, para que convivan con las pérdidas rutinarias. Debido a este hecho, los profesionales de enfermería pueden dejar de percibir las limitaciones y angustias del paciente, lo que podrá comprometer la calidad del trabajo asistencial. Basándose en los resultados, sugestionamos la creación de un espacio terapéutico en el hospital, con los profesionales de la salud, para que a través de grupos de reflexión, la expresión de las angustias, miedos, impotencia y dolor delante de la muerte y del morir pueda ser facilitada y compartida.

enfermería; hospital; muerte; los pacientes fuera de posibilidad terapéutica


ARTIGOS

Reacciones y sentimientos del profesional de enfermería delante de la muerte

Edna Lúcia MartinsI; Rozilda das Neves AlvesII; Sueli Aparecida Ferreira de GodoyIII

IAcadêmica do ano do curso de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM)

IIProfessora Assistente do Curso de Psicologia da UEM, Mestre em Psicologia Social

IIIPsicóloga do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, SP

RESUMO

Através deste estudo, do tipo exploratório descritivo, propomos compreender as reações e sentimentos dos profissionais de enfermagem diante dos pacientes fora de possibilidade terapêutica. Foram realizadas entrevistas individuais, semi-dirigidas, com nove profissionais de enfermagem (6 aux. de enfermagem e 3 enfermeiras) de um hospital geral da cidade de Maringá-PR. Constatamos que, para estes profissionais, o fato de lidarem com a morte diariamente é extremamente angustiante e, portanto, utilizam de mecanismos de defesa tais como negação, racionalização, para conviverem com as perdas rotineiras. Isto faz com que os profissionais de enfermagem podem deixar de perceber as limitações e angústias do paciente, o que pode vir a comprometer a qualidade do trabalho assistencial. Com base nos resultados encontrados, sugerimos a criação de um espaço terapêutico no hospital, com os profissionais da saúde, para que através de grupos de reflexão a expressão das angústias, medos, impotência e dor diante da morte e do morrer possa ser facilitada e compartilhada.

Palavras-chave: enfermagem, hospital, morte, paciente fora de possibilidade terapêutica.

ABSTRACT

Through this paper which self explanatory and description we attempted to understand the reaction and feelings of nurses facing patients who are out of therapeutic possibility. W conducted individual, semi guided interviews with nine nurses from a general hospital in Maringa-PR about their reactions and feelings regarding forthcoming death on a daily base can be an extremely painful experience, therefore, they normally use self defense mechanics such as denial and reasoning death in order to live with daily losses. As a result these professional nurses may fail to notice the limits and their anxiety thus preventing them from providing a good quality of work in assisting their patients. Based on this fact we would like to suggest a prearranged space at the hospital where these health professionals could meet to share, reflect upon and express their anxieties, their fears, their helplessness and pain in face of death, enabling them to be better prepared for their daily losses.

Keywords: nursing, hospital, death, patient out of therapeutic possibilities.

RESUMEN

A través de este estudio, del tipo exploratorio descriptivo proponemos comprender las reacciones y sentimientos de los profesionales de enfermería delante de los pacientes fuera de posibilidade terapéutica. Fueron realizadas entrevistas individuales, semiconducidas com nueve profesionales de enfermería (seis auxiliares de enfermería y tres enfermeras) de un hospital general de la ciudad de Maringá-PR. Comprobamos que, para estos profesionales, el hecho de estar en contacto con la muerte diariamente es extremadamente angustioso y, por lo tanto, utilizam de mecanismos de defensa tales como negación, racionalización, para que convivan con las pérdidas rutinarias. Debido a este hecho, los profesionales de enfermería pueden dejar de percibir las limitaciones y angustias del paciente, lo que podrá comprometer la calidad del trabajo asistencial. Basándose en los resultados, sugestionamos la creación de un espacio terapéutico en el hospital, con los profesionales de la salud, para que a través de grupos de reflexión, la expresión de las angustias, miedos, impotencia y dolor delante de la muerte y del morir pueda ser facilitada y compartida.

Palavras llave: enfermería, hospital, muerte, los pacientes fuera de posibilidad terapéutica

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

1 O termo paciente fora de possibilidade terapêutica, neste trabalho, será empregado no mesmo sentido de paciente terminal descrito por Piva e Carvalho (1993, p.130): "determinado momento na evolução de uma doença que, mesmo que se disponha de todos os recursos, o paciente não é mais salvável, ou seja, está em processo de morte inevitável. Este conceito não abrange apenas a potencialidade de cura ou reversibilidade de uma função orgânica atingida [...]. Refere-se àquele momento em que as medidas terapêuticas, neste caso, torna-se fútil ou pressupõe sofrimento"

2 A identificação dos sujeitos entrevistados foi feita através de nomes fictícios com o intuito de preservarmos a identidade dos mesmos.

3 Grifo nosso.

  • ALVES, R. N.; GODOY, S. A. F. Reflexões sobre a morte e a AIDS na rotina de enfermagem. Psicologia em estudo, Maringá, v.2, n.3, p.79-91, 1997.
  • BOEMER, M.R.; ROSSI, L.R.G.; NASTARI, R.R. A idéia da morte em unidade de terapia intensiva-análise de depoimentos. Revista Gaúcha de Enfermagem, v.10, n.2, p. 8-14, jul. 1989.
  • CASSORLA, R. M. S. (coord.) Da morte. Campinas, Papirus: 1991.
  • CHEIDA, M.L.C.; CHRISTÓFOLLI, D.A.S. A equipe de enfermagem frente à problemática da assistência individualizada ao paciente terminal. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.37, n.3/4, p.165-173, jul./dez. 1984.
  • DEWALD, P. Psicoterapia - uma abordagem dinâmica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984.
  • FERNANDES, M.F.P.; FUJIMORI, M.; KOIZUME, M.S. Estudo sobre as intervenções de enfermagem frente ao paciente em morte eminente. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.37, n.2, p.102-108, 1984.
  • FERRAZ, A.F.; CARVALHO, D.V.; COSTA, T.M.P.F.; CARVALHO, W.S. Assistência de enfermagem a pacientes em fase terminal. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.39, n.1, p.50-60, jan./mar. 1986.
  • FERREIRA, N.M.L.A. Assistência emocional - dificuldades do enfermeiro. Revista Baiana de Enfermagem, Salvador, v.5, n.1, p.30-41, out. 1992.
  • GUEDES, W.G.; TORRES, W.C. A negação da morte e suas implicações na instituição hospitalar. Arquivos Brasileiros de Psicologia, Rio de Janeiro, v.36, n.4, p. 102-111, out./dez. 1984.
  • JOFFE, H. "Eu não", "meu grupo não": representações sociais transculturais da AIDS. In JOVCHELOVITCH; GUARESCHI. Textos em Representações Sociais. Petrópolis:Vozes, 1995.
  • KOVÁCS, M. J. Pensando a morte e a formação de profissionais de saúde. ln:CASSORLA, R. M. S. (Coord.) Da morte. Campinas, Papirus, 1991.
  • KOVÁCS, M. J. Morte e desenvolvimento humano. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1992.
  • MARANHÃO, J.L.S. O que é Morte. São Paulo: Brasiliense, 1992.
  • MENZIES, I.E.P. O Funcionamento das organizações como sistemas sociais de defesa contra a ansiedade. Trad. Arakcy M. Rodrigues, São Paulo,1970. mimeo.
  • PIVA, J.P. & CARVALHO,P.R.A. Considerações éticas nos cuidados médicos do paciente terminal. Bioética, v.1, n.2, p. 129-138, 1993.
  • ROCKENBACH, L.H. A Enfermagem e a Humanização do Paciente. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.38, n.1, p.49-54, jan./mar. 1985.
  • SPINDOLA, T. & MACEDO, M.C.S. A morte no hospital e seu significado para os profissionais, Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.47, n.2, p.108-117, abr./jun. 1994.
  • TORRES, W.C.; GUEDES, W. G.; TORRES, R.C.; EBERT, T.H. Atitudes frente a morte: implicações na formação de equipe profissionais multidisciplinares. Arquivos Brasileiros de Psicologia, Rio de Janeiro, v.41, n.1, p.43-72, fev. 1989.
  • Reações e sentimentos do profissional de enfermagem diante da morte

    Feelings and reaction of nurses in face of death
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      19 Set 2014
    • Data do Fascículo
      Mar 1999
    Associação Brasileira de Enfermagem SGA Norte Quadra 603 Conj. "B" - Av. L2 Norte 70830-102 Brasília, DF, Brasil, Tel.: (55 61) 3226-0653, Fax: (55 61) 3225-4473 - Brasília - DF - Brazil
    E-mail: reben@abennacional.org.br