EDITORIAL
80 anos de existência na enfermagem brasileira escola de enfermagem Anna Nery
Maria Antonieta Rubio TyrrellI; Ieda de Alencar BarreiraII
IDoutora Professora Titular do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil - DEMI e Diretora da /EEAN, Membro do NUPESM/EEAN/UFRJ
IIDoutora Professora Titular do Departamento de Enfermagem Fundamental e membro do NUPHEBRAS/ DEF/ EEAN/UF, E-mail: iedabarreira@openlink.com.br
Os 80 anos de existência da EEAN nos propõe uma reflexão sobre a tradição de comemorarmos o aniversário de uma instituição, em intervalos regulares de tempo. Por um lado, ao celebrarmos aquele evento inaugural, fazemos lembrar, a nós mesmos e aos outros, a vitória de uma permanência na sociedade. Por outro lado, ao retirarmos os tempos de seu contexto social e, pela repetição, transformar tais comemorações em rituais, podemos fazer esquecer o sentido histórico que lhes é inerente.
Essas comemorações, que procuram dar uma certa visibilidade à nossa Escola, buscam, também, a construção de uma memória coletiva institucionalizada e ainda uma consagração identitária. Mas não aquela das origens, nem a expressão de uma nostalgia pelo passado, nem a glorificação do presente, mas, sim, a busca dos nexos identitários entre passado, presente e futuro.
Se temos orgulho de nossas origens, indissociáveis da reforma Carlos Chagas, da Missão Parsons, da criação da Associação Brasileira de Enfermagem e da Revista Brasileira de Enfermagem, nosso reconhecimento e nossas homenagens se dirigem também para todos os que, com maior ou menor empenho ou visibilidade contribuíram ou vêm contribuindo para que a EEAN possa cumprir seu papel histórico e sua função social. E isto porque a EEAN se constitui numa realidade humana, que abrange as relações das pessoas que integram seu corpo social e que lhe dão vida.
Desde 1923 e durante catorze gestões administrativas, a EEAN vem atuando no campo da educação e da saúde, desenvolvendo atividades de ensino, pesquisa e extensão. Até o final de 2003, a EEAN terá graduado quase 5.000 profissionais, 500 mestres e 150 doutores; contribuído para a construção do conhecimento de enfermagem, através de seus oito núcleos de pesquisa; colaborado diretamente com outras instituições no esforço pela melhoria da qualidade de vida das comunidades brasileiras; e participado, junto às entidades de classe e instituições científicas, no desenvolvimento da enfermagem. É, portanto, uma escola que procura situar-se na vanguarda de seu tempo, de modo a melhor cumprir seu compromisso social.
A problematização da temporalidade do presente exige a ligação do passado ao presente, por meio de um distanciamento e de uma reflexão sobre seus limites e sua finitude, bem como a construção de uma visão de tempo que não seja apenas a de uma confirmação do tempo presente ou a negação do passado no presente.
No entanto, para que possa haver projeto, é necessária uma cuidadosa consideração da história e da memória, que leva à compreensão do sentido próprio de herança. E é nesse sentido que se vem trabalhando a EEAN. O Centro de Documentação, ao desenvolver atividades que visam à preservação e a acessibilidade dos documentos aos pesquisadores, procura remover obstáculos à reconstrução de uma memória fragmentada.
E o núcleo de pesquisa de história da enfermagem brasileira, diante de uma historicidade que se pretende contínua e homogênea, busca fazer aparecer as descontinuidades e as diferenças; trabalhar contra o silêncio e o esquecimento; problematizar e interpretar os acontecimentos como expressões de uma relação de forças. A percepção da coexistência de temporalidades diversas favorece uma compreensão possível do tempo histórico presente e nos faz possível conviver com o diferente, no exercício da autonomia e da liberdade.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
28 Fev 2012 -
Data do Fascículo
Fev 2003