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Congresso Brasileiro de Enfermagem: instrumento de empoderamento da profissão

EDITORIAL

Congresso Brasileiro de Enfermagem: instrumento de empoderamento da profissão

Joel Rolim ManciaI; Teresinha Valduga CardosoII

IAssociação Brasileira de Enfermagem, Seção Rio Grande do Sul (Primeiro Tesoureiro). Coordenador da Subcomissão de Temas do 64º Congresso Brasileiro de Enfermagem. Porto Alegre-RS, Brasil

IIAssociação Brasileira de Enfermagem, Seção Rio Grande do Sul (Presidente). Coordenadora da Comissão Executiva do 64º Congresso Brasileiro de Enfermagem. Porto Alegre-RS, Brasil

De 29 de outubro a primeiro de novembro de 2012 aconteceram em Porto Alegre-RS o 64º Congresso Brasileiro de Enfermagem (64º CBEn), o sexto já realizado no Estado, e o 3º Colóquio Latino Americano de História da Enfermagem (3º CLAHEn). O tema central: Empoderamento da enfermagem na aliança com o usuário foi desdobrado em três eixos e um tema síntese, quais sejam: 1- Historicidade da Enfermagem nos espaços de poder; 2- Empoderamento da Enfermagem na contemporaneidade; 3- Empoderamento do usuário para o controle social; Tema síntese: 4- A aliança da Enfermagem com o usuário na defesa do SUS. O 3º CLAHEn desenvolveu o primeiro eixo.

As discussões se deram em torno das temáticas propostas, com mais de 50 palestrantes, entre estes cinco internacionais, dois canadenses, uma chilena, uma espanhola e uma americana. As formas de exposição foram por apresentações clássicas e por meio de metodologias inovadoras, como a videoconferência de abertura, em que a palestrante falou de seu próprio país de origem, fato que, na avaliação dos participantes do evento, foi um ponto de destaque no temário.

No entanto, o Congresso se constituiu de muitas outras atividades que tomaram vida durante os quatro dias em que se materializou em Porto Alegre. Como as oficinas promovidas em parceria com órgãos de governo, que foram muito concorridas e viabilizadas por inúmeros palestrantes tanto no local como por Internet. Atividades que foram inaugurais neste evento e, de pleno sucesso junto aos profissionais de enfermagem e, ao que parece também para a organização do Congresso que teve um evento com menor custo.

Outro destaque foi a apresentação das Voluntárias do Imama, movimento de mulheres para a prevenção do câncer de mama, que realizaram um flash mob no terceiro dia do Congresso para celebrar o Outubro Rosa. Essa atividade teve grande adesão entre o público e ressonância na imprensa local pelo tema e, principalmente, pela inovação da abordagem.

A Tenda Paulo Freire, espaço de educação popular, que já é uma atividade regular do Congresso, esteve sempre muito disputada e suas discussões trouxeram temas inusitados e atuais. A programação privilegiou a visibilidade de atores sociais, tais como indígenas e travestis que expuseram suas formas de educação e de lutas no sistema de saúde.

Também a movimentação política em torno da profissão foi fortemente tratada em todo o evento. Como a luta pelas 30 horas semanais para os profissionais de enfermagem, que envolve as três organizações Associação Brasileira de Enfermagem, Conselho Federal de Enfermagem e Federação Nacional dos Enfermeiros e tem sido um fator de agregação profissional.

Certamente discutir as repercussões do Congresso na vida da enfermagem brasileira pode render muito discurso. Mas gostaríamos de comentar, mais de perto, os resultados que nos pareceram mais concretos. Dentre estes, pensamos que, ao discutir empoderamento, foi possível aos profissionais de enfermagem ter maior clareza que sua força se faz por meio de sua relação com o usuário, com o público consumidor do cuidado. Aquele que não nos vê, que não sabe que fazemos sua defesa, que lutamos por sua segurança, por melhor condição de saúde, por educação, por reabilitação.

Defender o paciente/usuário/consumidor do nosso trabalho, do nosso conhecimento foi o grande mote deste evento. Assim, a palavra de ordem será Advocacy, precisamos agora superar o grande desafio de garantir uma grande aliança, estar junto, apresentar-se, dizer o que fazemos, defender e dizer o quê se está fazendo(1).

Finalizando, entendemos que o Congresso Brasileiro de Enfermagem reflete a construção da história da enfermagem brasileira, impulsiona a reflexão crítica dos problemas da profissão, investe na produção de conhecimentos e, principalmente, defende uma agenda política(2). De outro modo, as recomendações forjadas no espaço coletivo do evento são poderosos indicativos para as categorias que constituem a ABEn e sua Diretoria.

  • 1. Buresh B, Gordon SC. From silence to voice: what nurses know and must communicate to the public. 2nd Ithaca: Cornell University Press; 2006.
  • 2. Mancia JR, Padilha MICS, FRS Ramos, Cordova FP; Amaral NV. Congresso Brasileiro de Enfermagem: sessenta anos de história. Rev Bras Enferm 2009;62(3): 471-79.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Abr 2013
  • Data do Fascículo
    Dez 2012
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