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CARTA DE FORTALEZA PARA A ENFERMAGEM BRASILEIRA

Declarada de Utilidade Pública pelo Decreto Federal nº 31.417/52. DOU 11/09/52

APRESENTAÇÃO

Os participantes do 18º Seminário Nacional de Pesquisa em Enfermagem (SENPE), promovido pela Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) e realizado pela ABEn Seção Ceará, aprovaram, em Sessão Plenária de Encerramento, no dia 03 de junho de 2015, a “Carta de Fortaleza para a Enfermagem Brasileira”. A ABEn vem a público divulgá-la, ao mesmo tempo em que solicita apoio de todos os colegiados de Programas de Pós-Graduação em Enfermagem, enfermeiros pesquisadores e gestores de instituições de saúde e enfermeiros dos diversos serviços de saúde e educação para tomada de providências aos encaminhamentos nela postulados.

CARTA DE FORTALEZA PARA A ENFERMAGEM BRASILEIRA

O 18º Seminário Nacional de Pesquisa em Enfermagem (SENPE) realizado na cidade de Fortaleza, estado do Ceará, na Fábrica de Negócios do Hotel Praia Centro, no período de 1 a 3 de junho de 2015, teve como tema central “Pesquisa em Enfermagem: aplicabilidade, implicações e visibilidade”. Participaram 1.407 pessoas, com representação de quase todos os estados brasileiros, sendo enfermeiros, estudantes de graduação e pós-graduação em Enfermagem, técnicos de enfermagem, pesquisadores do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e representantes de agências de fomento (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES e CNPq). Teve como proposta discutir e refletir sobre a pesquisa em Enfermagem, considerando sua aplicação; promoção de mudanças nas práticas e contextos profissionais, visibilidade social e consumo da produção científica, no âmbito da profissão e entre outros profissionais da área da saúde. Foi antecedido pelo Fórum de Pesquisadores e Coordenadores de Programas de Pós-Graduação em Enfermagem, cujos propósitos foram revisar as linhas de investigação e definir as prioridades em pesquisa para a Enfermagem. O evento foi organizado segundo três eixos temáticos: Eixo 1 – O que e para que pesquisar: conhecimento e consumo da produção científica em Enfermagem; Eixo 2 – Desafios da produção do conhecimento em Enfermagem como fator de mudanças e Eixo 3 – Contribuições sociais da pesquisa em Enfermagem: como a produção do conhecimento chega ao público e aos profissionais de saúde. A dinâmica do evento contou com três mesas-redondas, cujos palestrantes foram selecionados entre os melhores trabalhos submetidos à apresentação no evento, considerados mais significativos para a temática de cada eixo. Houve ainda oficina de produtos, oportunizando aos participantes discutir suas experiências, pontuar dificuldades e propor mudanças para efetivar a aplicabilidade, identificar potencialidades para promover mudanças e legitimar, por meio da visibilidade social, a produção do conhecimento em Enfermagem.

Os debates ocorridos ao longo das oficinas consideraram os avanços quantitativos e qualitativos da pesquisa em Enfermagem nacional, promovidos, essencialmente, no contexto dos Programas de Pós-Graduação em Enfermagem, mas que ainda carecem de investimento social, político, cultural, técnico e teórico para a consolidação da produção do conhecimento em Enfermagem. Ao final das oficinas, a plenária recomendou:

  • considerar, na definição das temáticas das pesquisas em Enfermagem, os determinantes sociais, perfil epidemiológico da população e necessidades de saúde, bem como temas emergentes como a violência e diversidade, nas suas mais diversas formas, e as vulnerabilidades e riscos sociais;

  • orientar a identificação das prioridades de pesquisa nos programas de pós-graduação e núcleos de pesquisa em instituições considerando o Plano Plurianual da ANVISA vigente no período;

  • incluir, nas pesquisas a serem realizadas, propostas metodológicas de forma que a devolutiva de seus resultados seja simultânea à pesquisa, a exemplo da pesquisa-ação;

  • eleger temas de pesquisa, em grupos ou programas de pós-graduação, de forma coletiva, incluindo pesquisadores das instituições de ensino, enfermeiros assistenciais, gestores de unidades de saúde de diferentes níveis de complexidade e representações da sociedade, aproximando as investigações das necessidades da população. Esta instrumentalidade da pesquisa não deve excluir a pesquisa básica, geradora de novos conteúdos e temas/problemas ainda pouco desenvolvidos, mas necessários para o avanço do conhecimento;

  • considerar a possibilidade de escolha de temas, por programas de pós-graduação, de modo a consolidar o avanço científico em áreas específicas, provocando impacto pelo conjunto de conhecimento gerado;

  • resgatar a dimensão do cuidado de enfermagem nas pesquisas, incluindo os outros membros da equipe de enfermagem;

  • integrar ensino-serviço nas etapas de produção do conhecimento, entendendo que o enfermeiro não trabalha de forma isolada, portanto, a produção do conhecimento deve constituir uma prática coletiva;

  • formular e desenvolver a pesquisa tendo como foco e finalidade o avanço do conhecimento que favoreça a melhoria da vida das pessoas;

  • estimular a elaboração de pesquisas multiprofissionais, evidenciando a participação da Enfermagem nas atividades de ensino, pesquisa e extensão;

  • incentivar os enfermeiros assistenciais a pesquisarem sua realidade;

  • adotar políticas para a melhoria da qualidade dos serviços e do estímulo institucional para a qualificação do enfermeiro;

  • divulgar os resultados de pesquisas não apenas no âmbito dos serviços onde foram realizadas, mas aos interessados em geral;

  • estimular o hábito de leitura e consumo de pesquisas desde a graduação de modo que, na prática profissional, o enfermeiro compreenda e pratique a investigação científica como via e potencialidade de transformação da prática;

  • envolver os sujeitos das pesquisas de modo que os dados reflitam suas necessidades e demandas;

  • divulgar resultados de experiências exitosas, de metodologias inovadoras e de pesquisa-intervenção, assegurando espaços nos eventos de Enfermagem e linhas de publicação em revistas científicas;

  • criar canais de comunicação para divulgar/disseminar o que está sendo produzido, de forma redacional acessível ao público leigo e pouco familiarizado com a linguagem científica, possibilitando a compreensão e o consumo dos resultados de pesquisa;

  • discutir, nas agendas, a definição de prioridade de produção de pesquisas e a importância da visibilidade de seus resultados, criando canais mais democráticos para esta divulgação.

Fortaleza, 03 de junho de 2015.

Participantes do 18º Seminário Nacional de Pesquisa em Enfermagem.

  • Como citar esse documento:
    Seminário Nacional de Pesquisa em Enfermagem, 18°, 2015; Fortaleza, CE, Carta de Fortaleza; Associação Brasileira de Enfermagem. In. Rev Bras Enferm [Internet]. 2015;68(5):676-7. DOI http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167.2015680527

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sep-Oct 2015
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