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From silence to voice: resenha de livro

From silence to voice: reseña de un libro

Buresh, B; Gordon, S. . From Silence to voice: What nurses know and must communicate to the public[Internet]. 2ª edition. New York: Cornell University Press; 2006 [cited in 2006 Feb 22]. Available from:

O livro(11 Buresh B, Gordon S. Do silêncio à voz: o que as enfermeiras sabem e precisam de comunicar ao público. Traduzido por Leonor Abecasis. Portugal: Lusociência, 2014.) é uma tradução do original From silence to voice(22 Buresh, B, Gordon S. From Silence to voice: What nurses know and must communicate to the public [Internet]. 2ª edition. New York: Cornell University Press; 2006 [cited in 2006 Feb 22]. Available from: http://digitalcommons.ilr.cornell.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1024&context=books
http://digitalcommons.ilr.cornell.edu/cg...
), publicado pela Cornell Paperbacks, em 2006. Bernice Burech e Susanne Gordon são jornalistas e tomaram a profissão de enfermagem como objeto de estudo. As autoras diagnosticaram o silêncio na profissão, o que serviu de motivação para escrever uma obra em que se valoriza o uso de todos os tipos de meios de comunicação para ajudar a tornar visível a profissão de enfermagem.

A obra tanto interessa à enfermagem como à área de comunicação, relações públicas e jornalismo. Poderá também contribuir com outras áreas da saúde, humanas e sociais interessadas em aplicar princípios da comunicação no seu campo. Assim, tem um caráter interdisciplinar.

No prefácio à edição portuguesa, Ana Albuquerque Queiroz destaca que grande parte da obra é dedicada às competências de comunicação e à necessidade de os enfermeiros e enfermeiras assumirem com garra e determinação o papel de “agência” da profissão, mudando o registro de virtude (dominante e hegemônico) para um registro de conhecimento (emergente).

A obra está organizada em duas partes, com um total de treze capítulos. Na Parte I, denominada “Em silêncio, nunca mais”, há cinco capítulos. A Parte II, denominada “Comunicar com os Media e com o Público”, contém oito capítulos. O termo “Media” em Portugal significa todo e qualquer meio de comunicação social. No Brasil o correspondente é mídias.

Na introdução as autoras referem que a investigação que realizaram sobre a profissão começou em 1989. O projeto foi financiado e administrado por um conselho de representantes das organizações de enfermagem dos EUA. Na investigação obtiveram material dos EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido, outros países da Europa e Japão. Com base em um estudo documental e de campo com jornalistas e enfermeiras, as autoras destacam que a narrativa dominante era a de “problemas” não contrabalançados nos meios de comunicação por uma narrativa da “prática” que ajude o público a compreender o que as enfermeiras fazem.

Na Parte I do livro, a mensagem das autoras é “acabar com o silêncio”, com destaque à necessidade de o profissional buscar os três R: respeito, reconhecimento e recompensa. A mídia ficará atenta se for convencida de que algo digno de notícia acontece na enfermagem. Se ficarmos em silêncio, a enfermagem não será notícia. As autoras não só discutem aspectos da comunicação pública como também apontam sugestões, atividades e exercícios para que os profissionais “digam ao mundo o que fazem”.

No último capítulo dessa primeira parte, há exemplos de como construir episódios e argumentos para que as agências se interessem pelo que se faz na enfermagem. Há cinco passos a seguir: construa uma imagem; evite o jargão; inclua fatos e estatísticas; coloque-se na imagem; construa todo o cenário. Uma das ênfases deve ser dada ao julgamento clínico que os profissionais fazem ao cuidar, que precisa dar “o tom” das notícias sobre a profissão, exatamente para dar “foco” ao conhecimento em vez de às virtudes. Afirmam que “[...] as enfermeiras parecem ter dificuldade em reconhecer o eu no nós, enquanto os médicos acham mais difícil encontrar o nós no eu”(11 Buresh B, Gordon S. Do silêncio à voz: o que as enfermeiras sabem e precisam de comunicar ao público. Traduzido por Leonor Abecasis. Portugal: Lusociência, 2014.) (p.93). E alertam: “quando as enfermeiras deixam de estar caladas, o público ouve”.

A Parte II do livro tem como mensagem “Comunicar é o caminho”. Nos capítulos seis, sete e oito, a ênfase é dada ao funcionamento dos serviços noticiosos e como podemos produzir notícias sobre as competências da enfermagem no cuidar-cuidado da saúde da população. De maneira incisiva, afirmam as autoras: “pense quais são as imagens que podiam mostrar o seu trabalho e ajudar as pessoas a perceberem o que faz, pois os jornalistas precisam de enfermeiros/as que queiram falar com eles”(11 Buresh B, Gordon S. Do silêncio à voz: o que as enfermeiras sabem e precisam de comunicar ao público. Traduzido por Leonor Abecasis. Portugal: Lusociência, 2014.) (p.118). Destacam que os eventos científicos têm sido uma oportunidade de os profissionais “serem notícia”, mas os eventos do cotidiano do cuidar-cuidado precisam ser mais comunicados. Descrevem como fazer comunicados de imprensa, ressaltam a importância de convidar os jornalistas e ter para eles “uma boa história”.

Nos capítulos nove, dez e 11 ressaltam-se as campanhas, cartas ao editor, artigos de opinião, blogs, bem como presença na TV e no rádio. De uma maneira geral, as autoras indicam como utilizar esses meios de comunicação a favor da construção de uma imagem positiva da enfermagem.

O capítulo 12 ressalta a investigação em enfermagem, que precisa chegar à mídia desde a aprovação dos projetos; estes podem prever gastos com divulgação, o que facilitará a utilização de diferentes mídias. O que chama a atenção é o alerta das autoras no que se refere à linguagem, pois a enfermagem tem que ser capaz de falar sobre as investigações de forma não especializada para que o público possa compreender. Elas referem: os resumos das pesquisas são escritos “em investiguês”, mas precisam ser traduzidos em linguagem comum para o grande público. Finalmente, no capítulo 13, concluem a obra indicando que a visibilidade da profissão não deve ser uma opção, mas uma obrigação.

De forma geral, o livro representa um guia para os interessados em diminuir o silêncio da profissão na mídia. A leitura é agradável, instigante e instrutiva. As instituições de ensino que têm curso de enfermagem/saúde, bem como de comunicação/jornalismo e ou relações públicas, poderão aplicar muitos dos destaques da obra em projetos integrados com os estudantes dos referidos cursos, inovando assim a formação dos respectivos profissionais. Sugerimos sua divulgação e leitura para estudantes de graduação, profissionais e interessados em compreender e aplicar os meios de comunicação a favor da enfermagem e outras profissões.

Na era da diversidade de espaços sociovirtuais, a enfermagem precisa assumir protagonismo da informação do cuidado de Enfermagem como principal estratégia para responder às necessidades da sociedade, contribuir com os sistemas de cuidados e, especialmente, diminuir sua (in)visibilidade e ou marginalidade da estrutura de poder na área da saúde.

REFERÊNCIAS

  • 1
    Buresh B, Gordon S. Do silêncio à voz: o que as enfermeiras sabem e precisam de comunicar ao público. Traduzido por Leonor Abecasis. Portugal: Lusociência, 2014.
  • 2
    Buresh, B, Gordon S. From Silence to voice: What nurses know and must communicate to the public [Internet]. 2ª edition. New York: Cornell University Press; 2006 [cited in 2006 Feb 22]. Available from: http://digitalcommons.ilr.cornell.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1024&context=books
    » http://digitalcommons.ilr.cornell.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1024&context=books

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Feb 2017

Histórico

  • Recebido
    23 Fev 2016
  • Aceito
    19 Ago 2016
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