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Conforto prejudicado em crianças e adolescentes com câncer

RESUMO

Objetivo:

Verificar a força da associação entre os indicadores clínicos de Conforto prejudicado e o setor de avaliação no hospital, a faixa etária e o sexo de pacientes com câncer.

Método:

Estudo transversal, realizado em um hospital pediátrico, com 192 crianças e adolescentes. Para a coleta, utilizou-se um instrumento desenvolvido para o estudo.

Resultados:

A maior parte da amostra era do sexo masculino, com idade mediana de 11 anos. Choro, Relato de falta de satisfação com a situação, Relato de sentir frio e Relato de sentir-se desconfortável foram os indicadores mais evidenciados entre os pacientes internados. Choro e Medo estiveram mais prevalentes nas crianças em comparação aos adolescentes, sendo que os meninos foram os que mais verbalizaram o Relato de falta de sentir-se à vontade com a situação.

Conclusão:

O estudo possibilitou verificar a força de associação dos indicadores de Conforto prejudicado manifestados por crianças e adolescentes com câncer.

Descritores:
Diagnóstico de Enfermagem; Câncer; Criança; Adolescente; Enfermagem

ABSTRACT

Objective:

To determine the strength of the association between the clinical indicators of Impaired Comfort and the evaluation sector in the hospital, age group and sex of patients with cancer.

Method:

Cross-sectional study, conducted in a children’s hospital, with 192 children and adolescents. For the collection, we used an instrument developed for the study.

Results:

The majority of the sample was male, with mean age of 11 years. The indicators most evidenced among the hospitalized patients were Crying, Report of lack of satisfaction with the situation, Report of feeling cold, and Report of feeling uncomfortable. Crying and Fear were more prevalent in children compared with adolescents, and boys were the ones that verbalized the most the Report of lack of satisfaction with the situation.

Conclusion:

This study enabled determining the strength of the association of the indicators of Impaired Comfort expressed by children and adolescents with cancer.

Descriptors:
Nursing Diagnosis; Cancer; Child; Adolescent; Nursing

RESUMEN

Objetivo:

Verificar la fuerza de la asociación entre los indicadores clínicos de Conforto perjudicado y el sector de evaluación en el hospital, la franja de edad y el sexo de pacientes con cáncer.

Método:

Estudio transversal, realizado en un hospital pediátrico, con 192 niños y adolescentes. Para la recogida, se utilizó un instrumento desarrollado para el estudio.

Resultados:

La parte más grande de la muestra era del sexo masculino, con edad promedio 11 años. Llanto, Relato de falta de satisfacción con la situación, Relato de sentir frío y Relato de sentirse no confortable fueron los indicadores más evidenciados entre los pacientes internados. Llanto y Miedo estuvieron más prevalentes en los niños en comparación a los adolescentes, siendo que los niños fueron los que más verbalizaron el Relato de falta de sentirse a gusto con la situación.

Conclusión:

El estudio posibilitó verificar la fuerza de la asociación de los indicadores de Conforto perjudicado manifestados por niños y adolescentes con cáncer.

Descriptores:
Diagnóstico de Enfermería; Cáncer; Niño; Adolescente; Enfermería

INTRODUÇÃO

Se comparado ao câncer em adultos ou idosos, esta doença em crianças e adolescentes tem uma baixa ocorrência(11 Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. ABC do câncer: abordagens básicas para o controle do câncer. 2 ed. Rio de Janeiro: INCA; 2012.). No Brasil e em países desenvolvidos, o câncer é a primeira causa de morte por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos(22 Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Tipos de câncer infantil [Internet]. Rio de Janeiro, INCA; 2016[cited 2017 Apr 6]. Available from: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/infantil
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/...
). Para o ano de 2017, foram estimados 12.600 casos no Brasil. Em 2013, ocorreram 2.835 óbitos na faixa etária entre 0 e 19 anos(22 Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Tipos de câncer infantil [Internet]. Rio de Janeiro, INCA; 2016[cited 2017 Apr 6]. Available from: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/infantil
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/...
). Dados do Ministério da Saúde mostram que, no Brasil, houve redução no número de óbitos de crianças e adolescentes por doenças infecciosas e parasitárias, doenças dos aparelhos circulatório e respiratório e afecções originadas no período neonatal. No entanto, ganham importância as mortes por neoplasias e causas externas(33 Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Diagnóstico precoce do câncer na criança e no adolescente. Instituto Nacional de Câncer, Instituto Ronald Mcdonald. 2 ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: INCA; 2013.).

Os sinais e sintomas do câncer infantojuvenil são: palidez, fadiga, fraqueza, dores, febre, equimoses anormais, linfadenopatias e infecções recorrentes(44 Figueiredo NM, Leite JL, Machado WCA, Moreira MC, Tonini T. Enfermagem oncológica: conceitos e práticas. São Caetano do Sul, SP: Yendis Editora; 2013.), os quais se assemelham às manifestações clínicas de outras doenças comuns da infância. Portanto, abordagens eficazes e acessíveis para a detecção precoce são importantes, visto que em torno de 80% das crianças e dos adolescentes acometidos por câncer podem ser curados se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados(55 Ceará. Governo do Estado de Ceará. Diagnóstico precoce aumenta chances de cura do câncer infantil [Internet]. 2014[cited 2017 Apr 6]. Available from: http://www.hias.ce.gov.br/index.php/noticias/57130-cancerinfantil
http://www.hias.ce.gov.br/index.php/noti...
). Assim, após a confirmação do diagnóstico de neoplasia maligna, é necessário iniciar o tratamento adequado em uma unidade de oncologia pediátrica com estrutura para dar suporte a esse tratamento.

Sabe-se que o tratamento de pacientes com câncer é bastante complexo e diversificado, de modo que cada terapêutica dependerá da etiologia da doença e da resposta do paciente. Acredita-se que o ambiente hospitalar, o período de internação, o tratamento, o tempo de espera para as consultas ambulatoriais, a fisiopatologia da doença e os procedimentos realizados em crianças e adolescentes com câncer podem ocasionar o aparecimento de indicadores clínicos que sugerem a ocorrência do diagnóstico de enfermagem Conforto prejudicado.

O diagnóstico de enfermagem Conforto prejudicado foi inserido na lista de diagnósticos da NANDA Internacional em 2008. Está contido no domínio 12 (conforto) e na classe de conforto físico, conforto ambiental e conforto social. É definido como: “Falta percebida da sensação de conforto, alívio e transcendência nas dimensões física, psicoespiritual, ambiental e social”(66 Herdman TH. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2012-2014. Porto Alegre: Artmed, 2013.).

Vale ressaltar que o diagnóstico de enfermagem é constituído pelo agrupamento de indicadores clínicos, ou seja, de sinais e sintomas que ajudam a determinar a ausência ou a presença de um diagnóstico específico(66 Herdman TH. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2012-2014. Porto Alegre: Artmed, 2013.). Para a inferência diagnóstica, o enfermeiro precisa desenvolver habilidades que o auxiliem na tomada de decisão diante de manifestações clínicas expressas sob a forma de sinais e sintomas(77 Silva ERR. Diagnósticos de enfermagem com base em sinais e sintomas. Porto Alegre: Artmed; 2011.). O diagnóstico de enfermagem representa as interpretações levantadas sobre os dados do paciente, sendo definido como julgamento clínico acerca das respostas de um indivíduo, família ou comunidade aos problemas de saúde/processos de vida reais ou potenciais(66 Herdman TH. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2012-2014. Porto Alegre: Artmed, 2013.).

OBJETIVO

Verificar a força da associação entre os indicadores clínicos de Conforto prejudicado e o setor de avaliação no hospital, a faixa etária e o sexo de crianças e adolescentes com câncer.

MÉTODO

Aspectos éticos

O desenvolvimento do estudo atendeu às recomendações referentes a pesquisas desenvolvidas com seres humanos e foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição participante. Os responsáveis pelas crianças e pelos adolescentes que compuseram a amostra asseguraram suas participações no estudo mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Todos os adolescentes participantes assinaram o Termo de Assentimento.

Desenho, local do estudo e período

Estudo transversal, realizado em um centro de referência especializado no tratamento do câncer infantojuvenil, do Nordeste brasileiro. A coleta de dados foi realizada em três cenários distintos do referido centro: hospital-dia, unidade de internação clínica e unidade de quimioterapia sequencial. O período de coleta ocorreu entre os meses de setembro de 2014 e fevereiro de 2015.

Amostra, critérios de inclusão e exclusão

Realizou-se o cálculo amostral com base no número de indicadores clínicos do diagnóstico Conforto prejudicado. O estudo adotou uma estimativa de cinco crianças para cada indicador. Conforto prejudicado possui 17 indicadores clínicos, portanto, 5x17, totalizando uma amostra de, no mínimo, 85 participantes em cada grupo (hospital-dia e internação). Dessa forma, foram realizadas avaliações em dois grupos da população: no primeiro foi possível avaliar 106 crianças e adolescentes do hospital-dia e, no segundo, 86 crianças e adolescentes na unidade de internação. Portanto, participaram do estudo 192 crianças e adolescentes com câncer em tratamento quimioterápico. Os sujeitos foram captados por um processo de amostragem consecutiva.

Constituíram critérios de inclusão para a pesquisa: idade entre 6 e 18 anos; diagnóstico médico de câncer; estar em tratamento quimioterápico e encontrar-se clinicamente estável. Os critérios de exclusão foram: crianças e adolescentes que possuíssem comorbidades que pudessem influenciar na identificação do diagnóstico Conforto prejudicado e/ou em uso de antipsicótipos, ansiolíticos e antidepressivos. No presente estudo, excluiu-se uma criança por estar em uso de antipsicótipos, ansiolíticos e antidepressivos.

A faixa etária foi estabelecida com o intuito de avaliar o Conforto prejudicado em toda a amostra infantojuvenil (crianças e adolescentes). Como o referido diagnóstico contém indicadores subjetivos, o ponto de corte para incluir os pacientes no grupo criança foi determinado a partir dos seis anos (idade escolar), ou seja, aqueles considerados capazes de responder aos questionamentos. Para o grupo de adolescentes, consideraram-se os indivíduos na faixa etária de 12 a 18 anos, conforme definição do Ministério da Saúde(88 Brasil. República Federativa do Brasil. Estatuto da criança e do adolescente: Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e legislação correlata. 13 ed. Brasília: Câmara dos Deputados; 2015.).

Protocolo do estudo

Os dados foram coletados por três enfermeiras, por meio de um instrumento adaptado de um estudo anterior(99 Leandro TA. Acurácia das características definidoras do diagnóstico de enfermagem: conforto prejudicado em crianças com câncer. [Monografia]. Departamento de Enfermagem, Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 2012. 57 f). Antes de iniciar a fase de coleta dos dados, convidou-se a equipe de coleta para um treinamento, a fim de padronizar a forma de obtenção das informações e evitar vieses durante as avaliações.

A criança ou o adolescente e seu responsável foram entrevistados para obtenção de dados de identificação e sociodemográficos, como: nome, sexo, idade, data de nascimento, procedência, naturalidade, renda familiar, número de membros na família e dados escolares. Ainda durante a entrevista, foram obtidas informações acerca de dados clínicos da criança e do adolescente. De posse desses dados, foram coletadas informações subjetivas e objetivas referentes aos sinais e sintomas do diagnóstico de enfermagem Conforto prejudicado, apresentados pelas crianças e pelos adolescentes, a saber: Ansiedade, Choro, Incapacidade para relaxar, Inquietação, Irritabilidade, Lamentação, Medo, Padrão de sono perturbado, Relato de falta de satisfação com a situação, Relato de falta de sentir-se à vontade com a situação, Relato de fome, Relato de prurido, Relato de sentir calor, Relato de sentir frio, Relato de sentir-se desconfortável, Relato de sintomas de angústia e Suspiros.

Após coleta de todas as informações citadas, realizou-se consulta ao prontuário de cada criança e adolescente para obtenção de informações relacionadas a: número do prontuário, iniciais do nome, data de nascimento, data de internamento, diagnóstico médico, período em que iniciou o tratamento quimioterápico, fase do tratamento quimioterápico e protocolo utilizado para realização das quimioterapias.

Vale ressaltar que os dados foram coletados com fonte primária. Quando o sujeito do estudo não apresentou condições de responder aos questionamentos com fidedignidade, esta entrevista foi realizada com o seu responsável.

Análise dos resultados e estatística

A análise estatística se desenvolveu com o apoio do programa estatístico IBM® SPSS® versão 21.0 for Windows® e do software R versão 2.12.1. A análise descritiva dos dados incluiu o cálculo de frequências absolutas, percentuais, medidas de tendência central e de dispersão. Para as proporções de variáveis categóricas, foram calculados intervalos de confiança de 95%. Utilizou-se o teste de Qui-Quadrado de Pearson para a análise da associação entre as variáveis nominais e a presença do diagnóstico de enfermagem em questão. Para verificação de aderência à distribuição normal, aplicou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov.

RESULTADOS

Dos 192 participantes da pesquisa, 55,2% foram avaliados no hospital-dia, 53,6% eram crianças e 53,1% do sexo masculino. Mais de 60% da amostra eram procedentes de cidades do interior do estado. Uma elevada porcentagem dos participantes, 63,5% das crianças e dos adolescentes, não frequentava a escola em decorrência da doença. Ressalta-se que 89,1% dos indivíduos não possuíam comorbidades. A maioria da amostra (70,8%) não possuía histórico familiar de câncer. Quanto à realização de cirurgia para correção da doença, 75% das crianças e dos adolescentes não precisaram realizar esse tipo de intervenção durante o tratamento.

Os pacientes avaliados tinham idade mediana de 11 anos. A renda mediana das famílias dos pais ou responsável era de R$ 724,00 reais, com mediana de quatro pessoas na família. O tempo de tratamento na unidade hospitalar das crianças e dos adolescentes apresentou mediana de cinco meses. O número de tratamentos quimioterápicos teve mediana de um tratamento. Sobre os dias de internamento, a mediana foi de quatro dias e o número de internações nos últimos 12 meses teve mediana de duas hospitalizações.

Leucemias (45,3%), Linfomas (16,1%), Tumores ósseos malignos (14,6%) e Sarcomas de partes moles (10,9%) foram os tipos de cânceres mais identificados nos pacientes. Ao especificar o diagnóstico médico, prevaleceram os seguintes subtipos: Leucemia Linfoide Aguda (33,9%) e Osteossarcoma (12%). Em relação à fase de tratamento quimioterápico, 20,8% da amostra estavam na de manutenção.

Realizaram-se testes de associação estatística para comparar as crianças e os adolescentes avaliados no hospital-dia com os da internação, em relação a sexo (p = 0,928), procedência (p = 0,602), naturalidade (p = 0,631), frequenta escola (p = 0,089), comorbidades (p = 0,095), antecedentes familiares para câncer (p = 0,506), realização de procedimento cirúrgico (p = 0,867) e diagnóstico médico (p = 0,078). Observa-se que os testes aplicados indicam que essas variáveis não são estatisticamente significantes entre o grupo avaliado na internação e no hospital-dia (p > 0,05).

Os indicadores clínicos do diagnóstico de enfermagem Choro (p = 0,013), Relato de falta de satisfação com a situação (p = 0,000), Relato de sentir frio (p = 0,000) e Relato de sentir-se desconfortável (p = 0,000) apresentaram associação estatística significante com o setor de avaliação. Esses foram mais evidenciados em crianças e adolescentes que estavam internados (Tabela 1).

Tabela 1
Associação entre os indicadores clínicos de Conforto prejudicado e o setor de avaliação na unidade de tratamento

Realizaram-se análises que comparavam o grupo crianças x adolescentes com as variáveis sexo (p = 0,835), procedência (p = 0,036), naturalidade (p = 0,267), frequenta escola (p = 0,101), comorbidades (p = 0,083), antecedentes familiares para câncer (p = 0,198), realização de procedimento cirúrgico (p = 0,802) e diagnóstico médico (p = 0,297). A procedência dos participantes apresentou diferença estatística entre o grupo crianças x adolescentes (p < 0,005). Portanto, a proporção de crianças advindas de cidades do interior para realizar tratamento de câncer é maior do que a de adolescentes.

Ao realizar associação estatística entre os indicadores clínicos do diagnóstico com os grupos crianças versus adolescentes, Choro (p=0,000) e Medo (p=0,000) apresentaram associação estatística significante com a variável faixa etária, significando que a presença de choro e medo foi mais prevalente e significativa para o grupo crianças (Tabela 2).

Tabela 2
Associação entre os indicadores clínicos do diagnóstico Conforto prejudicado e a variável faixa etária

Foram realizadas análises de associação entre as variáveis procedência (p = 0,123), naturalidade (p = 0,001), frequenta escola (p = 0,955), comorbidades (p = 0,318), antecedentes familiares para câncer (p = 0,474), realização de procedimento cirúrgico (p = 0,867) e diagnóstico médico (p = 0,467) comparando com os subgrupos masculino e feminino. De acordo com o exposto, o teste aplicado mostrou diferença estatisticamente significante para a variável naturalidade quando comparadas as subamostras masculino e feminino (p < 0,005). Portanto, os dados apontam que, dos pacientes provenientes do interior, a maioria pertencia ao sexo masculino.

Ao avaliar os sexos masculino e feminino, o indicador Relato de falta de sentir-se à vontade com a situação apresentou associação estatística com os pacientes do sexo masculino (p = 0,033). Dessa forma, os meninos verbalizaram mais o Relato de falta de sentir-se à vontade com a situação (Tabela 3).

Tabela 3
Associação entre os indicadores clínicos do diagnóstico de enfermagem Conforto prejudicado e a variável sexo

DISCUSSÃO

As taxas de cânceres infantojuvenis são geralmente maiores em crianças do sexo masculino, semelhante ao que foi observado no presente estudo, no qual 53,1% dos participantes eram homens. Pesquisas anteriores corroboram os dados identificados. Em estudo epidemiológico realizado com adolescentes com câncer, 56,8% dos participantes eram do sexo masculino(1010 Presti PF, Macedo CRD, Caran R, Petrilli AS. Epidemiological study of cancer in adolescents at a referral center. Rev Paul Pediatr [Internet]. 2012 [cited 2015 Jan 8]; 30(2):210-16. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rpp/v30n2/en_09.pdf
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). Em relação à população de crianças, o sexo masculino também é mais afetado pela doença, sendo reportado, em um estudo, percentual de 63,8% dos casos(1111 Elman I, Soares NS, Silva MEMP. Análise da sensibilidade do gosto Umami em crianças com câncer. Rev Bras Cancerol [Internet]. 2010 [cited 2014 Dec 17]; 56(2):237-42. Available from: http://www.inca.gov.br/rbc/n_56/v02/pdf/09_artigo_analise_sensibilidade_gosto_umami.pdf
http://www.inca.gov.br/rbc/n_56/v02/pdf/...
).

Participaram da pesquisa crianças e adolescentes com mediana de idade de 11 anos e 53,6% deles pertencentes ao subgrupo crianças, isto é, pacientes com idade a partir dos seis anos. A maioria das avaliações foi realizada no hospital-dia (55,2%). Em pesquisa realizada em setor de pediatria de pacientes oncológicos, evidenciaram-se dados semelhantes aos do presente estudo. Na pesquisa citada, os participantes possuíam mediana de idade de 12 anos(1212 Benites EC, Cabrini DP, Silva AC, Silva JC, Catalan DT, Berezin EN, et al. Acute respiratory viral infections in pediatric cancer patients undergoing chemotherapy. J Pediatr [Internet]. 2014 [cited 2015 Jan 15]; 90(4):370-6. Available from: http://www.scielo.br/pdf/jped/v90n4/0021-7557-jped-90-04-00370.pdf
http://www.scielo.br/pdf/jped/v90n4/0021...
).

Os sujeitos tinham renda familiar mediana de R$ 724,00 reais e média de quatro pessoas por família. Esse valor refere-se ao salário mínimo vigente na época da coleta de dados do estudo (2014-2015). Corroborando os dados deste estudo, outros autores encontraram famílias de indivíduos com câncer cuja renda mensal era de um salário mínimo e identificaram dificuldades como: abandono do trabalho e disponibilidade de tempo para o tratamento(1313 Sanchez KOL, Ferreira NMLA. Social support for the families of patients with cancer living in poverty. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2012 [cited 2015 Jan 21]; 21(4):792-9. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v21n4/en_09.pdf
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14 Sime MM, Shishido NS, Santos WA. Caracterização do perfil da clientela do setor de terapia ocupacional na oncologia pediátrica. Rev Bras Cancerol [Internet]. 2011 [cited 2014 Dec 15]; 57(2):167-75. Available from: http://www1.inca.gov.br/rbc/n_57/v02/pdf/04_artigo_caracterizacao_perfil_clientela_setor_terapia_ocupacional_oncologia_pediatrica.pdf
http://www1.inca.gov.br/rbc/n_57/v02/pdf...
-1515 Viaro VD, Silva KV. Qualidade de vida dos adolescentes curados de câncer: uma abordagem qualitativa e interdisciplinar. Adolesc Saude [Internet]. 2012 [cited 2015 Feb 1]; 9(1):39-45. Available from: http://www.adolescenciaesaude.com/detalhe_artigo.asp?id=305
http://www.adolescenciaesaude.com/detalh...
). Ainda, em outra pesquisa, foram encontradas famílias compostas por, em média, 3,8 pessoas por domicílio(1616 Oliveira LN, Breigeiro NB, Márcia K, Hallmanna S, Witkowski MC. Vulnerabilities of children admitted to a pediatric inpatient care unit. Rev Paul Pediatr [Internet]. 2014 [cited 2015 Jan 6]; 32(4):367-73. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rpp/v32n4/0103-0582-rpp-32-04-00367.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rpp/v32n4/0103-...
). Muitos pais ou responsáveis relataram que o longo período de tratamento da doença, as constantes internações e a distância da residência ao centro de tratamento foram fatores que interferiram na manutenção do trabalho, e, por isso, necessitaram abandoná-lo para acompanhamento de seu(sua) filho(a) durante o tratamento. Assim, muitas vezes, o auxílio doença foi a única fonte de renda para a família.

Os participantes desta pesquisa, em sua maioria, eram provenientes do interior do estado. Vale ressaltar que a instituição locus do estudo é referência no Nordeste do Brasil no tratamento do câncer infantojuvenil. Dessa forma, pacientes das cidades do interior ou até mesmo de outros estados deslocam-se para realizar tratamento na referida instituição, o que pode justificar a elevada prevalência de pessoas do interior do estado em tratamento na unidade. Estudos em outros estados com a mesma clientela configuram situação similar: crianças e adolescentes provenientes de cidades do interior(1515 Viaro VD, Silva KV. Qualidade de vida dos adolescentes curados de câncer: uma abordagem qualitativa e interdisciplinar. Adolesc Saude [Internet]. 2012 [cited 2015 Feb 1]; 9(1):39-45. Available from: http://www.adolescenciaesaude.com/detalhe_artigo.asp?id=305
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).

O abandono das atividades escolares durante o tratamento é uma situação bastante comum. Muitas crianças e adolescentes relataram que não frequentavam a escola em decorrência do câncer, de efeitos do tratamento, hospitalizações, consultas frequentes, entre outros. As pesquisas confirmam tais achados, uma vez que, na maioria das vezes, durante o tratamento oncológico, efetivam o abandono escolar devido às frequentes hospitalizações e toxicidades dos quimioterápicos(1414 Sime MM, Shishido NS, Santos WA. Caracterização do perfil da clientela do setor de terapia ocupacional na oncologia pediátrica. Rev Bras Cancerol [Internet]. 2011 [cited 2014 Dec 15]; 57(2):167-75. Available from: http://www1.inca.gov.br/rbc/n_57/v02/pdf/04_artigo_caracterizacao_perfil_clientela_setor_terapia_ocupacional_oncologia_pediatrica.pdf
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-1515 Viaro VD, Silva KV. Qualidade de vida dos adolescentes curados de câncer: uma abordagem qualitativa e interdisciplinar. Adolesc Saude [Internet]. 2012 [cited 2015 Feb 1]; 9(1):39-45. Available from: http://www.adolescenciaesaude.com/detalhe_artigo.asp?id=305
http://www.adolescenciaesaude.com/detalh...
,1717 Gomes IP, Lima KA, Rodrigues LV, Lima RAG, Collet N. From diagnosis to survival of pediatric cancer: children’s perspective. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2013 [cited 2015 Jan 13]; 22(3):671-9. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v22n3/en_v22n3a13.pdf
http://www.scielo.br/pdf/tce/v22n3/en_v2...
). Apreendeu-se, na fala dos participantes, tristeza pela necessidade de abandono das atividades escolares e do convívio com os colegas de escola.

Geralmente, o tratamento do câncer está relacionado com a quimioterapia, cirurgia e/ou radioterapia. No câncer infantil, a quimioterapia é um importante componente terapêutico, uma vez que a maioria das doenças é sensível aos quimioterápicos, o que justifica a baixa ocorrência de procedimentos cirúrgicos para tratamento da doença na população infantojuvenil. No presente estudo, 75% dos participantes não haviam realizado esse procedimento.

O tempo de tratamento na unidade hospitalar das crianças e dos adolescentes variou de zero a 57 meses, com mediana de cinco meses. Em relação ao número de tratamentos quimioterápicos, os participantes apresentaram mediana de, pelo menos, um tratamento realizado. A mediana para as variáveis dias de internamento e número de internamentos nos últimos 12 meses foi de, pelo menos, quatro dias e dois internamentos, respectivamente. Estudo realizado com crianças sob cuidados paliativos evidenciou média de 2,5 internações(1818 Garcia NR, Pacciulio AM, Panúncio-Pinto MP, Pfeifer LI. Intervenção terapêutica ocupacional junto a adolescentes com câncer em contexto hospitalar. Rev Bras Cancerol [Internet]. 2011 [cited 2015 Jan 8]; 57(4):519-24. Available from: http://www.inca.gov.br/rbc/n_57/v04/pdf/08_artigo_intervencao_terapeutica_ocupacional_junto_adolescentes_com_cancer_em_contexto_hospitalar.pdf
http://www.inca.gov.br/rbc/n_57/v04/pdf/...
). Outra pesquisa, realizada com crianças com câncer no ambulatório, revelou que, para 33,3% dos participantes, o período de tratamento não ultrapassou seis meses e 76,6% já tinham sido hospitalizados duas ou mais vezes(1919 Artilheiro APS, Almeida FA, Chacon JMF. Use of therapeutic play in preparing preschool children for outpatient chemotherapy. Acta Paul Enferm [Internet]. 2011 [cited 2015 Jan 20]; 24(5):611-6. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ape/v24n5/en_03v24n5.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ape/v24n5/en_03...
). O tratamento do câncer é longo e delicado, o que requer mais de uma internação e consultas rotineiras.

Leucemia Linfoide Aguda é o tipo mais comum de Leucemia na infância(33 Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Diagnóstico precoce do câncer na criança e no adolescente. Instituto Nacional de Câncer, Instituto Ronald Mcdonald. 2 ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: INCA; 2013.). Tal afirmação corrobora os resultados do presente estudo, no qual a maior parte da população tinha leucemia e a mais prevalente foi a Leucemia Linfoide Aguda (45,3% e 33,9%, respectivamente). Entre os Linfomas, o mais comum na infância é o Linfoma não Hodgkin(2020 Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Tipos de câncer infantil [Internet]. Rio de Janeiro: INCA ; 2017[cited 2017 Apr 6]. Available from: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/linfoma_nao_hodgkin
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/...
). Na presente pesquisa, esse foi o tipo de Linfoma mais comumente identificado nas crianças e nos adolescentes (7,8%). Os tumores ósseos malignos mais comuns na infância, o tumor de Ewing e o Osteossarcoma, representam 5% dos cânceres em crianças(2121 Malagutti W. Oncologia Pediátrica: uma abordagem multiprofissional. São Paulo: Martinari, 2011. 384p.). No presente estudo, foram o terceiro tipo de tumor mais prevalente na população, com 14,6% dos casos. Em relação ao subtipo, predominou o Osteossarcoma.

Em relação à fase de tratamento quimioterápico, 20,8% da população estavam na de manutenção. O tratamento é dividido em fases, sendo a de manutenção a mais extensa(2222 Macêdo TM, Campos TF, Mendes REF, França DC, Chaves GSS, Mendonça KMPP. Pulmonary function of children with acute leukemia in maintenance phase of chemotherapy. Rev Paul Pediatr [Internet]. 2014 [cited 2014 Dec 13]; 32(4):320-5. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rpp/v32n4/0103-0582-rpp-32-04-00320.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rpp/v32n4/0103-...
). Portanto, a alta incidência de crianças e adolescentes nesta fase no presente estudo deve-se ao fato de corresponder ao período mais prolongado do tratamento.

Ao analisar a associação dos indicadores, Choro, Relato de falta de satisfação com a situação, Relato de sentir frio e Relato de sentir-se desconfortável foram mais evidenciados em crianças/adolescentes internados. Já os indicadores Choro e Medo estiveram mais prevalentes quando avaliados na subamostra crianças.

Choro é uma reação comum nas crianças e na população internada, principalmente diante de um tratamento agressivo e doloroso como o do câncer. Muitas vezes, a própria notícia da hospitalização causa choro na criança e no adolescente, por se tratar de um evento associado a fatores negativos de saúde. Já no grupo específico crianças, muitas vezes, o choro está relacionado ao Medo. Em estudo realizado com um grupo de crianças durante o período de hospitalização, a reação emocional Medo foi a mais identificada (37,8%). O ambiente hospitalar está relacionado a algumas situações que causam reação natural de Medo diante da possibilidade de procedimentos invasivos(2323 Oliveira GF, Dantas FDC, Fonseca PN. O impacto da hospitalização em crianças de 1 a 5 anos de idade. Rev SBPH [Internet]. 2004 [cited 2015 Jan 7]; 7(2):37-54. Available from: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1516-08582004000200005&script=sci_abstract
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid...
).

Ao avaliar as diferenças entres os indicadores apresentados, percebeu-se que Relato de falta de sentir-se à vontade com a situação mostrou-se mais prevalente entre meninos. Já para as meninas destacou-se o indicador Choro. Sabe-se que a maioria dos cânceres infantojuvenis é mais frequente na população masculina(33 Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Diagnóstico precoce do câncer na criança e no adolescente. Instituto Nacional de Câncer, Instituto Ronald Mcdonald. 2 ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: INCA; 2013.) e, portanto, esse grupo fica mais susceptível aos efeitos nocivos e traumáticos do tratamento quimioterápico, bem como aos efeitos da própria doença, podendo justificar o indicador Relato de falta de sentir-se à vontade com a situação como o mais prevalente na população masculina. Além disso, esse indicador mostrou associação estatística significativa para os participantes do sexo masculino.

Já o indicador Choro foi mais evidenciado entre as meninas, pelo fato de, com frequência, não ser exteriorizado pelos meninos devido à formação ainda machista, incorporada desde a infância, de ausência de choro para a população do sexo masculino. Conforme mencionado, a principal reação da criança diante de Medo é o Choro. Portanto, o tratamento da doença e o próprio ambiente hospitalar causam a sensação de Medo na criança e, consequentemente, a reação do Choro. Estudo realizado anteriormente, avaliando crianças com câncer em tratamento quimioterápico, identificou que as meninas são mais propensas a apresentar estresse psicológico, pois, geralmente, a população feminina é mais sensível aos acontecimentos de sua vida(2424 Marques APFS. Câncer e estresse: um estudo sobre crianças em tratamento quimioterápico. Psicol Hosp [Internet]. 2004 [cited 2015 Jan 30]; 2(2). Available from: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-74092004000200006
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?scr...
). Esse evento pode, também, justificar a presença do Choro nessa subamostra durante a vivência do câncer.

Relato de sentir frio e Relato de sentir-se desconfortável também foram indicadores significativos para o grupo de participantes internados. Martins(2525 Martins ACF. Adaptação da escala do conforto térmico para a população portuguesa. [Dissertação]. Escola Superior de Enfermagem do Porto: Porto; 2015. 85 f) identificou achados similares, ao evidenciar a relação de procedimentos hospitalares e a presença de desconforto térmico. Além disso, a hospitalização pode gerar ansiedade nos pacientes e, consequentemente, reações fisiológicas responsáveis por alterações na pressão sanguínea e na temperatura(2323 Oliveira GF, Dantas FDC, Fonseca PN. O impacto da hospitalização em crianças de 1 a 5 anos de idade. Rev SBPH [Internet]. 2004 [cited 2015 Jan 7]; 7(2):37-54. Available from: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1516-08582004000200005&script=sci_abstract
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid...
). Acresce-se que o elevado número de relatos de desconforto nos pacientes hospitalizados pode ser justificado pela exposição aos diversos procedimentos da rotina hospitalar(2626 Fonseca AS, (Org.). Enfermagem Pediátrica. São Paulo: Martinari; 2013.-2727 Coyne I. Children’s experiences of hospitalization. J Child Health Care [Internet]. 2006 [cited 2017 Apr 6]; 104:326-36. Available from: http://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/1367493506067884
http://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1...
).

Limitações do estudo

A escassez de estudos realizados com o diagnóstico de enfermagem Conforto prejudicado limitou a comparação dos resultados sobre os indicadores clínicos apresentados por esta população específica. Ressalta-se que não foram encontradas pesquisas publicadas que abordassem o referido diagnóstico em crianças e adolescentes com câncer. Além disso, o método utilizado não possibilitou descrever relações temporais entre as variáveis, ou seja, não permitiu verificar a influência dos indicadores na progressão do diagnóstico, de modo que podem existir outros aspectos importantes para o conforto dessa população que, talvez, não tenham sido identificados.

Contribuições para a área da enfermagem, saúde ou políticas públicas

Os profissionais de enfermagem estão diretamente relacionados à promoção de conforto aos seus pacientes. Dessa forma, identificar os indicadores clínicos de Conforto prejudicado associados a crianças e adolescentes em tratamento quimioterápico torna-se relevante para a prática do enfermeiro na oncologia pediátrica, pois esse conhecimento irá subsidiar intervenções direcionadas aos fatores etiológicos do diagnóstico durante o tratamento do câncer e possibilitará promover uma assistência de qualidade e direcionada a essa população. Sugere-se que novos estudos sejam realizados, para aprofundar o conhecimento da presença desse diagnóstico na população infantil.

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos na pesquisa possibilitaram verificar a força de associação dos dados sociodemográficos e clínicos com os indicadores clínicos de Conforto prejudicado em crianças e adolescentes com câncer. Dessa forma, o indicador Relato de falta de sentir-se à vontade com a situação apresentou associação estatística com os pacientes do sexo masculino. Choro e Medo apresentaram associação estatística significante com o grupo crianças. Por fim, quatro indicadores tiveram relação estatística significante com o setor de avaliação (internação): Choro, Relato de falta de satisfação com a situação, Relato de sentir frio e Relato de sentir-se desconfortável.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Jun 2018

Histórico

  • Recebido
    01 Mar 2017
  • Aceito
    03 Maio 2017
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