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Arqueologia discursiva: os saberes constitutivos de enfermeiras militantes em entidades de classe

RESUMO

Objetivo:

Analisar os saberes constitutivos de enfermeiras militantes em entidades de classe.

Método:

Pesquisa histórica, baseada no método de história oral, de abordagem qualitativa realizada com 11 enfermeiras que militaram/militam pelas questões profissionais desde a década de 1980 no estado da Bahia. Os dados coletados por meio de entrevistas semiestruturadas foram organizados no software n-vivo 10 e analisados com base na hermenêutica dialética.

Resultados:

Identificados os saberes pedagógico, administrativo, saúde coletiva, sociológico e de formação sindical como saberes constitutivos de sujeitos militantes.

Considerações finais:

Os saberes constitutivos de enfermeiras militantes estão inscritos nas Ciências Sociais, distanciados do saber e do poder biomédico, apontando caminhos para estruturação dos currículos de enfermagem. Identificou-se a Associação Brasileira de Enfermagem como um espaço de formação política.

Descritores:
Enfermagem; Política; Liderança; História da Enfermagem; Enfermeiras

ABSTRACT

Objective:

To analyze the constituting knowledge of militant nurses in trade associations.

Method:

Historical research, based on the oral history method, with a qualitative approach carried out with 11 nurses who are/were militants for professional issues since the 1980s in the state of Bahia. The data collected through semi-structured interviews were organized in the software n-vivo 10 and analyzed based on dialectical hermeneutics.

Results:

We identified pedagogical, administrative, public health, sociological, and trade union background knowledge as constituent of militant individuals.

Final considerations:

The constituting knowledge of militant nurses are inscribed in the Social Sciences, distanced from biomedical knowledge and power, pointing at ways for structuring nursing curricula. We identified the Brazilian Association of Nursing as a space for political formation.

Descriptors:
Nursing; Politics; Leadership; History of Nursing; Nurses

RESUMEN

Objetivo:

Analizar los saberes constitutivos de enfermeras militantes en entidades de clase.

Método:

Investigación histórica, basada en el método de historia oral, de enfoque cualitativo realizada con 11 enfermeras que militaron o militan por las cuestiones profesionales desde la década de 1980 en el estado de Bahía. Los datos recogidos mediante entrevistas semiestructuradas se organizaron en el programa informático n-vivo 10 y se analizaron con base en la hermenéutica dialéctica.

Resultados:

Se identificaron los saberes pedagógicos, administrativos, de salud colectiva, sociológicos y de formación sindical como saberes constitutivos de sujetos militantes.

Consideraciones finales:

Los saberes constitutivos de enfermeras militantes están inscritos en las Ciencias Sociales, alejados del saber y del poder biomédico, señalando caminos para la estructuración de los currículos de enfermería. Se identificó a la Asociación Brasileña de Enfermería como un espacio de formación política.

Descriptores:
Enfermería; Política; Liderazgo; Historia de la Enfermería; Enfermeras

INTRODUÇÃO

No Brasil, são recentes e incipientes os estudos sobre engajamento militante, sendo a maioria, pesquisas desenvolvidas na década de 1990 e provenientes das áreas de Educação e de Ciências Sociais. Esta lacuna representa uma fragilidade para delinear um panorama aprofundado na temática de engajamento político na enfermagem no país(11 Modalidades de intervenção política no Rio Grande do Sul [Tese]. Porto Alegre: Universidade Federal Rio Grande do Sul; 2007.).

Entendemos militância como uma forma de participação política engajada e crítica, por meio da qual são desenvolvidas ações em prol da conscientização da população. Ao exercê-la, busca-se desenvolver novos valores que possibilitem as pessoas a se organizarem e lutarem para a construção de uma sociedade justa, digna e democrática(22 Baltazar B. Encontros e desencontros da militância na vida cotidiana. Psic: Teor Pesq [Internet]. 2004 [cited 2016 Apr 4]; 20(2):183-90. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ptp/v20n2/a11v20n2.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ptp/v20n2/a11v2...
).

No campo da Saúde, a militância se expressa na possibilidade do encontro entre trabalhadores, gestores e usuários, em momentos de promoção e prevenção da saúde, para a produção da vida, da invenção de si e do mundo, emergindo na multiplicidade de agenciamentos que podem sinalizar para algo que vai para além da produção de saúde(33 Oliveira GN, Pena RS, Amorim SC, Carvalho SR, Azevedo BMS, Martins ALB, et al. Novos possíveis para a militância no campo da Saúde: a afirmação de desvios nos encontros entre trabalhadores, gestores e usuários do SUS. Interface Comunic Saúde Educ [Internet]. 2009[cited 2016 Apr 4];13(supl.1):523-9. Available from: http://www.scielo.br/pdf/icse/v13s1/a05v13s1.pdf
http://www.scielo.br/pdf/icse/v13s1/a05v...
).

Na área da enfermagem em particular, a militância política é compreendida como aspecto essencial para trilhar o caminho da mudança, mediante uma visão integral e comprometida, ética, política e social com o ser humano, e a sociedade brasileira(44 Geovanini T. História da Enfermagem: versões e interpretações. 3. ed, Rio de Janeiro: Revinter; 2010.).

Embora compreenda-se que esta área mantém estreita relação com o tema da política e dos processos sociais, está fortemente impregnada pela divisão técnica e social do trabalho, tanto na perspectiva vertical como na horizontal, por questões sociopolíticas. Tais questões, por sua vez, resultam de situações conflitivas que emergem cotidianamente entre médicos e enfermeiras, enfermeiras e pacientes, enfermeiras e técnicos ou auxiliares de enfermagem, e técnicos e auxiliares entre si(55 Braverman H. Trabalho e capital monopolista: a degradação do trabalho no século XX. 4ª Edição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 1983.).

Contudo, vários estudos registram a fragilidade política na enfermagem, bem como dificuldades, por parte das enfermeiras no reconhecimento da dimensão política da enfermagem e de sua prática profissional, desconhecimento das entidades de classe e conselho, com participação bastante pontual e atípica(66 Bellaguarda MLR, Padilha MICS, Pires DEP. Regional nursing council of Santa Catarina (1975-1986): importance for the profession. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2015 [cited 2016 Apr 4]; 24(3):654-61. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/2015nahead/0104-0707-tce-2015003750013.pdf
http://www.scielo.br/pdf/tce/2015nahead/...

7 Budó MLD, Beck CLC, Dal Sasso GTM, Gonzales RMB. Responsabilidade coletiva na participação da enfermagem em suas entidades organizativas. Rev Bras Enferm [Internet]. 2001 [cited 2016 Apr 4]; 54(2):237-47. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v54n2/v54n2a09.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reben/v54n2/v54...

8 Almeida DB, Queirós PJP, Silva GTR, Laitano ADC, Almeida SS. Sexist stereotypes in portuguese nursing: a historical study in the period 1935 to 1974. Esc Anna Nery Rev Enferm [Internet]. 2016 [cited 2016 Apr 4]; 20(2):228-35. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n2/en_1414-8145-ean-20-02-0228.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n2/en_14...
-99 Almeida DB, Silva GTR, Queirós PJP, Freitas GF, Laitano ADC, Almeida SS, et al. Portuguese nursing: history of the life and activism of Maria Augusta Sousa. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2016 [cited 2016 Apr 4]; 50(3):495-501. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v50n3/0080-6234-reeusp-50-03-0498.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v50n3/00...
).

Por outro lado, apesar das transformações na área educacional e pedagógica de inovações curriculares, das reformas curriculares, o modelo hegemônico da formação em Enfermagem ainda está centrado em moldes tradicionais, muitas vezes atrelados ao modelo biologicista, médico-centrado e tecnicista. Sendo a imagem de uma militante ainda, em muitos contextos, considerada como imprópria e incomoda.

Acresce a esta justificativa a constatação que na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), inserindo-se a palavra de busca Militância Política, apesar da inexistência como descritor, foram encontrados 53 estudos; quando utilizado o termo Enfermagem, detectou-se somente uma pesquisa relacionada ao movimento estudantil e, quando acrescidos os termos enfermeiro e enfermeira, não foi encontrada qualquer produção acadêmica. O mesmo ocorreu quando empregados os termos engajamento político e ativismo.

Tais achados podem expressar uma lacuna do conhecimento quando analisados o engajamento, a militância e o ativismo na profissão. Porém, entendemos que o uso de diferentes palavras-chave, ou, descritores, pelos autores de estudos neste tema podem dificultar a busca.

De outro modo, quando pesquisamos a produção científica em história da Enfermagem no Brasil, encontramos dois estudos, sendo um deles no período de 1972 a 2004, entre teses e dissertações, e o outro, que tratou dos artigos publicados no período de 1999 a 2009, Foram identificadas 12 teses e dissertações e 30 artigos científicos publicados acerca das entidades de classe na enfermagem(1010 Padilha MICS, Kletemberg DF, Gregório VRP, Borges LM, Borenstein MS. A produção da pesquisa histórica vinculada aos programas de pós-graduação no Brasil, 1972 a 2004. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2007 [cited 2016 Apr 4]; 16(4):617-9. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v16n4/a11v16n4.pdf
http://www.scielo.br/pdf/tce/v16n4/a11v1...
-1111 Padilha MICS, Ferreira AC, Maliska ICA, Villarinho MV, Zytkuewisz GV, Sell C. Tendências recentes da produção em história da enfermagem no Brasil. Hist Cienc Saúde-Manguinhos [Internet]. 2013 [cited 2016 Apr 4]; 20(2):695-707. Available from: http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v20n2/0104-5970-hcsm-20-02-00695.pdf
http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v20n2/0104...
).

Comunga-se com a afirmativa de que em muitos espaços prevalece, entre as enfermeiras, uma tradição no exercício obediente, inicialmente norteado por questões religiosas, compatível com o estereótipo de uma profissional competente. Finalmente, fica evidente que a obediência pode ser algo ensinado, aprendido e cultivado(1212 Passos E. De anjos a Mulheres: ideologias e valores na formação de enfermeiras. 2.ª Ed. Salvador: EDUFBA, 2012.). Mas por outro lado, observou-se um movimento de resistência a este status quo, construído historicamente, referendado pelos movimentos sociais, capitaneados pela Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), especialmente a partir da década de 1980, com o chamado Movimento Participação e o movimento de Abertura Política brasileira após 20 anos de ditadura(1313 Albuquerque GL. O Movimento Participação na Associação Brasileira de Enfermagem - Seção Santa Catarina, na visão de suas principais lideranças [Tese]. Florianópolis, SC: Departamento de Enfermagem, UFSC; 2001.).

Diante do exposto, definiu-se a seguinte questão norteadora para este estudo: Quais saberes constituem uma enfermeira militante?

Para responder a essa pergunta adotou-se a base teórico-filosófica de Michel Foucault, a qual considera que a arqueologia se concentra em recortes históricos precisos a fim de descrever não só a maneira pela qual os diferentes saberes locais se determinam, com base na construção de novos objetos que surgiram em um determinado momento, mas também, como eles se correspondem entre si e descrevem de maneira horizontal uma configuração epistêmica coerente(1414 Revel J. Dicionário Foucault. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011.). No interior da arqueologia encontra-se a ideia da arca, centrada na concepção dos objetos de conhecimento, e o conceito de arquivo, fundamentado no registro desses objetos. Por isso, é de importância a leitura horizontal das discursividades por meio da análise vertical, direcionada ao presente das determinações históricas de nosso próprio regime de discurso(1414 Revel J. Dicionário Foucault. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011.).

De modo mais específico, na arqueologia foucaultiana os discursos são tomados em sua positividade como “fatos”. Não se trata de buscar sua origem ou seu sentido secreto, mas as condições de sua emergência, as regras que presidem seu surgimento, seu funcionamento, suas mudanças, seu desaparecimento, em determinada época, assim como as novas regras que presidem a formação de novos discursos. Todos esses apontamentos contribuem para compreensão da constituição de sujeitos militantes com base nos seus discursos, na identificação vertical de uma temporalidade e na análise horizontal na construção das discursividades e na identificação de saberes.

Assim, este artigo tem o objetivo de analisar os saberes constitutivos de enfermeiras militantes a partir de 1980(11 Modalidades de intervenção política no Rio Grande do Sul [Tese]. Porto Alegre: Universidade Federal Rio Grande do Sul; 2007.).

OBJETIVO

Destacar que o estudo é uma possibilidade para análise dos processos formativos em enfermagem, dado que a constituição de sujeitos políticos corresponde a dois dos quatro pilares da formação:

MÉTODO

Aspectos éticos

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Bahia/Escola de Enfermagem, tendo obedecido aos preceitos éticos. Foram mantidos o anonimato dos participantes e a confidencialidade das informações. Os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, em duas vias, uma do sujeito participante e a outra do pesquisador, tendo sido aprovado no Comitê de Ética e Pesquisa (CEP).

Referencial teórico-metodológico

Estudo com referencial teórico filosófico foucaultiano, na abordagem compreensivista, em especifico a hermenêutica dialética.

Tipo de estudo

Pesquisa histórica, baseada no método de história oral, com abordagem qualitativa.

Procedimentos metodológicos

Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas com 11 (onze) enfermeiras militantes, destas, 05 (cinco) foram presidentes da ABEn e do Sindicato de Enfermeiros do Estado da Bahia e 06 (seis) enfermeiras que exerceram a militância, de modo reconhecido socialmente, mas que não exerceram mandatos de presidentes nas entidades organizativas de enfermagem.

Considera-se que na técnica bola de neve os primeiros participantes contatados na aplicação da pesquisa são as “sementes”, que foram as presidentes do referido Sindicato e da ABEn, com cargos assumidos a partir da década de 1980. Estas indicaram as (os) filhas (os) das “sementes”, enfermeiras que exerceram a militância profissional de modo reconhecido socialmente, segundo alguns critérios: ser enfermeira; ser militar por questões políticas específicas da profissão, bem como em prol da valorização, da visibilidade, do respeito e do reconhecimento profissional, por um período de, no mínimo um ano, de forma sistemática, regular e reconhecida socialmente, devendo abranger o período da década de 1980; assumir e participar de movimentos e mobilizações sociais e públicos na enfermagem.

Como critério de exclusão, estabeleceu-se o limite de cinco tentativas de contato para agendamento das entrevistas; após esse período, a militante era excluída da amostra, o que ocorreu com duas delas. Nos demais, a coleta de dados foi suspensa no momento em que houve saturação de dados. Das 11 participantes, cinco enfermeiras ocuparam o cargo de presidentes na ABEn-Bahia ou SEEB no período pesquisado e seis participantes foram indicados pela técnica bola de neve. Apesar da existência de um enfermeiro no rol dos seis indicados na técnica bola de neve, trato como enfermeiras devido à grande maioria na profissão ser do sexo feminino.

Cenário do estudo

O estado da Bahia, localizado na Região Nordeste do Brasil, possui área territorial de 564.733,081 km2 e representa o quinto em extensão. A população estimada em 2015 corresponde a 15.203.934 habitantes(1515 Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE. Censo Demográfico 2009 [Internet]. 2009[cited 2016 Apr 4]. Available from: http://www.sidra.ibge.gov.br/
http://www.sidra.ibge.gov.br/...
). Em consulta ao Conselho Regional de Enfermagem, Seção Bahia, constatou-se (2014) a existência de 17 mil auxiliares de enfermagem, cerca de 60 mil (60.220) técnicos de enfermagem e aproximadamente 27 mil (27.447) enfermeiras, totalizando mais de 104 mil profissionais (104.667) na área(1616 Conselho Regional de Enfermagem. Seção Bahia. Consulta ao conselho com relação ao quantitativo de profissionais, Salvador, 2014.).

Coleta e organização dos dados

Após contato telefônico e agendamento prévio, as entrevistas, tanto com as presidentes de entidade como com as filhas das sementes, ocorreram individualmente em ambiente privativo, conduzidas por profissional treinado e habilitado, tendo duração média de 2 horas e 55 minutos. Os dados foram coletados no período de julho a dezembro de 2015. Utilizou-se um roteiro de entrevista dividido em blocos: questões sociodemográficas; militância política na enfermagem, correlacionando-a aos movimentos sociais do período pesquisado; processo de eleição dos representantes formais da enfermagem; e história de vida do sujeito militante. As entrevistas foram gravadas e, posteriormente, transcritas na íntegra. Foi utilizado o nome de Rosa dos Ventos (RV) para identificar as entrevistadas, acrescido do número da entrevista.

Análise dos dados

Para analisar os dados utilizou-se o método da Hermenêutica Dialética, baseado na Sociologia Compreensiva, que contém dois aspectos fulcrais: a teoria da experiência e a da reconstrução. Buscou-se, com base na experiência do vivido das militantes políticas da enfermagem na construção do fenômeno, suas compreensões dos saberes que constituem esta enfermeira(1717 Bleicher J. Hermenêutica Contemporânea. Lisboa: edições 70, 1980.).

Do ponto de vista operacional, ao analisar os dados coletados das entrevistas, foram consideradas as seguintes etapas:

  1. Nível das determinações fundamentais que corresponde à fase exploratória da investigação. Trata-se do contexto sócio-histórico dos grupos sociais e que constitui o marco teórico-fundamental para a análise, no caso deste estudo, alicerçado em Foucault;

  2. Ordenação dos dados que compreende a sistematização de todos aqueles coletados, as histórias de vida das militantes;

  3. Classificação dos dados, em que é preciso compreender que estes não existem por si só, mas são construídos pelo exercício de questioná-los, com base nos fundamentos teóricos;

  4. Análise final, momento em que se estabelece a articulação entre os dados coletados e os referenciais teórico-filosóficos da pesquisa, para encontrar os fundamentos às questões e objetivos formulados(1818 Minayo MCS. O Desafio do Conhecimento. São Paulo: Editora Hucitec, 1996.).

Na etapa de ordenação dos dados, recorreu-se ao software N vivo 10 for Windows a fim de organizar trechos das falas por núcleos de sentidos. Este programa é amplamente utilizado em pesquisas em saúde de abordagem qualitativa, inclusive em outras áreas, como a Antropologia, e em diversos países, a exemplo da Austrália e do Reino Unido.

Após esta etapa, confrontando o referencial téorico-filosófico foucaultiano em que se insere o presente artigo com as possibilidades apontadas no software n-vivo, elaborou-se o seguinte quadro de análise e foI construída a categoria e suas respectivas subcategorias de análise:

Quadro 1
Quadro de categoria e subcategorias, Bahia, Salvador, Brasil, 2017

RESULTADOS

Da amostra de 11 entrevistadas, houve a seguinte caracterização: seis tinham entre 60 e 69 anos de idade, dez eram do sexo feminino, cinco enfermeiras eram solteiras, quatro possuíam 40 a 49 anos de formadas em Enfermagem, nove militantes foram graduadas em universidades públicas, seis apresentavam pós-graduação stricto sensu, quatro entrevistadas atuaram como militantes durante 40 a 49 anos e a renda salarial situou-se entre 10 e 15 salários mínimos para quatro delas.

Nos dados empíricos são visíveis os saberes que constituem o sujeito militante, conforme evidencia o quadro 2 a seguir:

Quadro 2
Arqueologia discursiva: os saberes constitutivos de enfermeiras militantes, Bahia, Salvador, Brasil, 2017

DISCUSSÃO

Com base na análise das falas, etapa auxiliada pelo software n-vivo, foi possível identificar os seguintes saberes: pedagógico, administrativo, saúde coletiva, sociológico e de formação sindical. Esses resultados possuem concordância com o afirmado em outro estudo, de que a filiação médica da enfermagem e a idealização da enfermeira pelo escopo do trabalho do médico interfere na sua identidade profissional(2020 Collière MF. Promover a Vida das práticas das mulheres de virtude aos cuidados de Enfermagem. Coimbra: Lindel; 1999.).

Nesse sentido, distanciar-se do espaço do exercício profissional do profissional médico poderá propiciar outros modelos de identificação, o que converge para os achados deste estudo, no qual os saberes destacados estão marcados por áreas desvinculadas, em parte, do ascendente médico(2020 Collière MF. Promover a Vida das práticas das mulheres de virtude aos cuidados de Enfermagem. Coimbra: Lindel; 1999.).

O primeiro destaque sobre os saberes que constituem uma profissional militante na enfermagem envolve o campo pedagógico, a capacidade de pensar. O fato de atuar como professora durante muito tempo possibilitou aos entrevistados refletirem mais criticamente e contribuiu para a sua responsabilidade no ensino da profissão. Sob esta perspectiva, a educação é uma experiência humana que permite intervir no mundo, o que requer, além do conhecimento dos conteúdos, esforço para evitar a mera reprodução da ideologia dominante. Mais do que isso, deve-se desmascará-la, pois, por sua própria dialética contraditória, a educação não pode ser só uma ou só a outra, dessas duas coisas(2121 Freire P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.).

Outro saber apontado como constitutivo das militantes foi o administrativo, identificado na análise hermenêutica como uma diferença, pois quando se reflete sobre a prática de uma militante, em especial os saberes constituídos, este saber não se revela em um primeiro momento. Contudo, vale salientar que a prática militante identificada na enfermagem ocorre em espaços institucionais representativos e, certamente por este motivo, é essencial haver o saber administrativo.

Além disso, trata-se de um saber importante àqueles que assumem a direção de entidades representativas, visto que esta atividade requer ainda mais transparência, responsabilidade e democracia no uso dos recursos financeiros, o que confere aos dirigentes poder econômico e de decisão.

Outro saber identificado na constituição do sujeito militante foi o político. Compreende-se que a dimensão política é inerente aos indivíduos, porém, no caso de alguns, o exercício político é mais expressivo, pois concebem a política como um processo pelo qual os interesses são transformados em objetivos e os objetivos conduzidos à formulação e tomada de decisões efetivas transformadoras(2222 Ribeiro JU. Política: quem manda, porque manda, como manda. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira; 1998.). Neste ponto, durante a análise dos dados, observou-se um aspecto divergente quanto à prática docente, citada como favorecedora da obstrução da prática militante, característica que será abordada em texto futuro.

Observa-se também, nos discursos de várias militantes, comprometimento com as comunidades mais vulneráveis, bem como com as questões sociais que permeiam o processo saúde-doença. Nestes casos, exercem, por meio da militância, o poder de intervir sobre a realidade social. A prática militante é vista, portanto, como dispositivo gerador de poder, expresso nas relações, nas formas de resistência contra as diferentes formas de poder, visíveis em alguns enunciados discursivos. Destaca-se que a resistência atua como um catalisador químico, de forma a esclarecer as relações de poder, localizar sua posição, descobrir seu ponto de aplicação e os métodos utilizados(2323 Foucault M. Estratégia, Poder-Saber. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária; 2012.).

Por outro lado, quando se analisa a prática política na enfermagem, percebe-se que essa trajetória militante e implicada politicamente com a área não é majoritária. Ao contrário, estudo sobre a ABEn menciona o pouco conhecimento a respeito da história da profissão e da importância da participação dos profissionais na associação, bem como o desconhecimento da trajetória histórica da entidade e a ausência de novas lideranças nos espaços de poder, o que reduz o senso crítico das discussões(2424 Oliveira FVS. Associação Brasileira de Enfermagem - mudanças e continuidades: a propósito do movimento participação (1979-1989) [Dissertação]. Natal (RN): Universidade Federal do Rio Grande do Norte; 1990.).

Nesse sentido, identificou-se nos discursos uma divergência, uma vez que as enfermeiras brasileiras são reconhecidas no cenário internacional como profissionais críticas. E tal explicação está fundamentada em uma série de achados desse estudo, como: o regime político adotado pelo país, a inserção e contribuição das enfermeiras na Saúde Coletiva, na Gestão de Serviços e no Sistema Único de Saúde.

Outra subcategoria encontrada foi o saber referente à Saúde Coletiva, aqui concebida como um campo de produção do conhecimento e de intervenção profissional especializada, mas também interdisciplinar, no qual não há limites precisos ou rígidos entre as diferentes escutas ou modos de olhar, pensar e produzir saúde(2525 Campos GWS. Tratado de Saúde Coletiva. Rio de Janeiro: Fiocruz; São Paulo: Hucitec; 2006.).

Em algumas falas, é possível notar que os saberes mais distanciados da prática médica, do modelo hospitalocêntrico e biologiscista compõem o repertório de militantes. Isso resulta em possibilidades de práticas de libertação e na construção de saberes libertários da situação de submissão, invisibilidade e falta de identidade presente em todas as categorias que compõem a equipe de enfermagem.

O saber da Saúde Coletiva contribui para avanços significativos no campo de atuação da enfermeira, pois possibilita ampliar as práticas de Saúde e conceber saúde coletiva para além do positivismo e do estruturalismo. Permite também, transcender o modelo de saúde pública vigente, constituído à imagem e semelhança da tecnociência e do modelo biomédico(2626 Campos GWS. Saúde pública e saúde coletiva: campo e núcleo de saberes e práticas. Ciênc Saúde Colet [Internet]. 2000 [cited 2016 Apr 4]; 5(2):219-30. Available from: http://www.scielo.br/pdf/csc/v5n2/7093.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v5n2/7093.p...
).

Do mesmo modo, o saber sociológico é apontado como constitutivo de enfermeiras militantes, aqui caracterizado como ciência, cujo objeto é o estudo dos fenômenos sociais atrelados ao processo saúde-doença. Trata-se de um saber que requer abordagem coletiva e social da doença e formação de pessoal especializado para o entendimento desta perspectiva(2727 Alves DB. Trabalho, Educação e Conhecimento na Enfermagem: uma contribuição aos estudos sobre força de trabalho feminina. Salvador: Central; 1997.).

Os dados empíricos explicitam o quanto o componente curricular sobre sociologia da saúde agrega à enfermagem, ampliando a atuação da enfermeira para o entendimento das questões sociais, bem como sobre os diversos aspectos que influenciam o processo de saúde-doença. Além disso, outros discursos indicam que a perspectiva sociológica colabora com o entendimento das questões de raça e gênero, que também tangenciam o trabalho da enfermeira e da equipe de enfermagem e influenciam no processo do adoecimento.

Corrobora esta discussão o estudo que trata da experiência de ensino da Sociologia Aplicada à Enfermagem como meio de instrumentalizar as futuras trabalhadoras para enfrentar o mundo do trabalho, tendo como eixo norteador o trabalho da enfermagem. Neste caso, utiliza-se a Sociologia como instrumento de análise da enfermagem, que foca o trabalho como princípio educativo e o conhecimento como elemento de libertação das trabalhadoras da enfermagem(2828 Rossi W, Gerab W. Para entender os sindicatos no Brasil: uma visão classista. São Paulo: Expressão Popular, 2009.).

Em última subcategoria, foi citado o saber da formação sindical na constituição de sujeitos militantes, em virtude da intrínseca relação existente entre a luta de classes e a fundação de sindicatos no Brasil para o enfrentamento dos conflitos entre exploradores e explorados e as polarizações de poder existentes nas disputas da sociedade(2828 Rossi W, Gerab W. Para entender os sindicatos no Brasil: uma visão classista. São Paulo: Expressão Popular, 2009.).

Por fim, há de se destacar que a fala de uma das entrevistadas, a última destacada no Quadro 2, pontua a associação e o sindicato dos enfermeiros como espaços de constituição de militantes políticos, em decorrência de representarem a totalidade do exercício e da prática profissional de enfermagem: o desenvolvimento teórico, a defesa dos seus interesses e a regulamentação do seu exercício(44 Geovanini T. História da Enfermagem: versões e interpretações. 3. ed, Rio de Janeiro: Revinter; 2010.).

Em contraponto, reconhece-se que estudos qualitativos e históricos possuem aspectos que limitam a generalização dos resultados. Todavia, os achados corroboram o acervo da revisão de literatura referente ao tema, ao passo que apresentam aspectos inovadores e desconhecidos para o campo de saber em questão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os saberes constitutivos de enfermeiras militantes estão inscritos entre as Ciências Sociais, distanciados da Medicina, em destaque, os saberes pedagógico, político, de saúde coletiva, sociológico e de formação sindical. Identificou-se a Associação Brasileira de Enfermagem como sendo um importante espaço de formação política.

É válido destacar que o estudo é uma possibilidade para análise dos processos formativos em enfermagem, dado que a constituição de sujeitos políticos corresponde a dois dos quatro pilares da formação: o saber conviver e saber ser, apesar da fragilidade na dimensão política da formação e dos determinantes de contexto destacados. Nesta possibilidade, reside a centralidade do conhecimento emancipatório na formação dos profissionais dessa área, sendo importante pontuar que a formação não ocorre somente na escola, ela se dá no curso da vida. Além disso, o conhecimento emancipatório viabiliza-se por meio de saberes, práticas e vivências ativadoras da condição de sujeito.

Em conclusão, este estudo apresenta uma base teórica, filosófica e metodológica que possibilita sua replicação em outras partes do mundo. Sendo que o autor ao participar do grupo de pesquisadores em Portugal, ao implementar pesquisa que tratava da história de vida de militantes na enfermagem, encontrou resultados muito semelhantes no continente europeu.

  • FOmento
    Este estudo foi financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) através da concessão de bolsa pelo Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior.

REFERENCES

  • 1
    Modalidades de intervenção política no Rio Grande do Sul [Tese]. Porto Alegre: Universidade Federal Rio Grande do Sul; 2007.
  • 2
    Baltazar B. Encontros e desencontros da militância na vida cotidiana. Psic: Teor Pesq [Internet]. 2004 [cited 2016 Apr 4]; 20(2):183-90. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ptp/v20n2/a11v20n2.pdf
    » http://www.scielo.br/pdf/ptp/v20n2/a11v20n2.pdf
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Jun 2018

Histórico

  • Recebido
    08 Maio 2017
  • Aceito
    07 Jun 2017
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