Acessibilidade / Reportar erro

Validação na teoria fundamentada nos dados: rodas de conversa como estratégia metodológica

RESUMO

Objetivo:

Apresentar a validação de um modelo teórico por meio de rodas de conversa em uma pesquisa qualitativa orientada pela Teoria Fundamentada nos Dados.

Método:

Estudo a partir de uma pesquisa de tese desenvolvida em um hospital de referência no Sul do Brasil. Realizaram-se duas rodas de conversa com participação de representantes do “Prisma da Formação”, nos meses de outubro e novembro de 2016.

Resultados:

A roda de conversa possibilitou uma abordagem dialógica em profundidade acerca do tema de investigação, ampliando a visão do fenômeno e da pesquisa. Mobiliza o pensamento ao destacar a subjetividade dos sujeitos, ampliando a capacidade de compreensão do grupo e auxiliando no processo de validação de um modelo teórico.

Conclusão:

A roda de conversa emerge como uma potente estratégia para o desenvolvimento de pesquisas qualitativas em enfermagem, mais especificamente na etapa de validação na Teoria Fundamenta nos Dados.

Descritores:
Enfermagem; Pesquisa Qualitativa; Metodologia; Pesquisa em Enfermagem; Teoria Fundamentada

ABSTRACT

Objective:

To present the validation of a theoretical model through conversation circles in a qualitative research guided by the Grounded Theory.

Method:

Study carried out from a thesis developed in a reference hospital in the south region of Brazil. Two conversation circles happened, with participation of representatives of the “Training Prism”, in the months of October and November, 2016.

Results:

The conversation circle enabled an in depth dialogic approach of the subject of research, broadening the vision on the phenomenon and on the research. The circle also mobilized thinking as it highlighted the subjectivity of individuals, expanding the group’s ability of understanding and assisting in the validation process of a theoretical model.

Conclusion:

The conversation circle emerges as a powerful strategy for the development of qualitative research in nursing, more specifically in the validation step of the Grounded Theory.

Descriptors:
Nursing; Qualitative Research; Methodology; Nursing Research; Grounded Theory

RESUMEN

Objetivo:

Presentar la validación de un modelo teórico por medio de rondas de dialogo en una investigación cualitativa que ha sido orientada por la Teoría Fundamentada en los Datos.

Método:

Estudio desde la tesis que ha sido desarrollada en un hospital de referencia en la región Sur de Brasil. Se han realizado dos rondas de dialogo con la participación de representantes del “Enfoque de Formación”, en los meses de octubre y noviembre de 2016.

Resultados:

La ronda de dialogo ha posibilitado un abordaje dialógico en profundidad acerca del tema de investigación, ampliando la visión del fenómeno y de la investigación. La ronda también ha movilizado el pensamiento al subrayar la subjetividad de los individuos, ampliando la capacidad de comprensión del grupo y auxiliando en el proceso de validación de un modelo teórico.

Conclusión:

La ronda de dialogo emerge como una potente estrategia para el desarrollo de investigaciones cualitativas en enfermería, más específicamente en la etapa de validación en la Teoría Fundamentada en los Datos.

Descriptores:
Enfermería; Investigación Cualitativa; Metodología; Investigación en Enfermería; Teoría Fundamentada

INTRODUÇÃO

A teoria fundamentada nos dados e os desígnios da pesquisa qualitativa em enfermagem

A Teoria Fundamentada nos Dados (TFD) possibilita a compreensão de um fenômeno de pesquisa a partir da realidade na qual ele se manifesta, por meio de uma minuciosa análise comparativa de dados e conceitos que dão origem a uma teoria. No âmbito da pesquisa qualitativa em enfermagem e saúde, a TFD tem ganhado destaque como método que possibilita a compreensão das experiências, dos significados e das interações entre sujeitos inseridos em um determinado contexto. Para isso, a construção da teoria requer a interação entre o fazer induções (do específico para o amplo) para produzir conceitos a partir dos dados, e o fazer deduções (do amplo para o específico) para gerar hipóteses sobre as relações entre os conceitos derivados dos dados, a partir da interpretação(11 Santos JLG, Erdmann AL, Sousa FGM, Lanzoni GMM, Melo ALSF, Leite JL. Methodological perspectives in the use of grounded theory in nursing and health research. Esc Anna Nery[Internet]. 2016[cited 2016 Nov 20];20(3):e20160056. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n3/en_1414-8145-ean-20-03-20160056.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n3/en_14...

2 Charmaz K. A construção da Teoria Fundamentada: guia prático para análise qualitativa. Porto Alegre: Artmed; 2009.
-33 Kenny M, Fourie R. Contrasting Classic, Straussian, and Constructivist Grounded Theory: methodological and philosophical conflicts. Qualit Rep[Internet]. 2015[cited 2017 Mar 10];20(8):1270-89. Available from: http://nsuworks.nova.edu/tqr/vol20/iss8/9
http://nsuworks.nova.edu/tqr/vol20/iss8/...
).

Desde a sua concepção nos anos de 1960 até o período atual, a TFD como método de pesquisa desenvolveu-se em três principais perspectivas metodológicas diferentes: clássica, relativista ou subjetivista e construtivista. Cada uma dessas vertentes apresenta especificidades que viabilizam diferentes modos de operar, baseados em concepções e paradigmas epistemológicos próprios, frutos da evolução do processo de construção do conhecimento científico(11 Santos JLG, Erdmann AL, Sousa FGM, Lanzoni GMM, Melo ALSF, Leite JL. Methodological perspectives in the use of grounded theory in nursing and health research. Esc Anna Nery[Internet]. 2016[cited 2016 Nov 20];20(3):e20160056. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n3/en_1414-8145-ean-20-03-20160056.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n3/en_14...
,33 Kenny M, Fourie R. Contrasting Classic, Straussian, and Constructivist Grounded Theory: methodological and philosophical conflicts. Qualit Rep[Internet]. 2015[cited 2017 Mar 10];20(8):1270-89. Available from: http://nsuworks.nova.edu/tqr/vol20/iss8/9
http://nsuworks.nova.edu/tqr/vol20/iss8/...
).

Na vertente construtivista, a TFD pode gerar possibilidades para a construção de conhecimentos confiáveis na enfermagem cujos objetos de estudos envolvem as interações humanas constantes, na busca do desenvolvimento do cuidado interativo e complexo diante das problemáticas que demarcam a contemporaneidade(11 Santos JLG, Erdmann AL, Sousa FGM, Lanzoni GMM, Melo ALSF, Leite JL. Methodological perspectives in the use of grounded theory in nursing and health research. Esc Anna Nery[Internet]. 2016[cited 2016 Nov 20];20(3):e20160056. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n3/en_1414-8145-ean-20-03-20160056.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n3/en_14...
-22 Charmaz K. A construção da Teoria Fundamentada: guia prático para análise qualitativa. Porto Alegre: Artmed; 2009.). A TFD construtivista pauta-se no pressuposto de que tanto os dados quanto as análises são construções sociais que refletem aquilo que é determinado pelo envolvimento e interação com as pessoas, onde as percepções e expressões dos participantes da pesquisa são reflexos da realidade. O construtivismo promove a reflexividade dos pesquisadores em relação às suas próprias interpretações, bem como as interpretações dos participantes da pesquisa(22 Charmaz K. A construção da Teoria Fundamentada: guia prático para análise qualitativa. Porto Alegre: Artmed; 2009.).

Entre as etapas para o desenvolvimento de uma TFD, a validação é importante para analisar a pertinência e representatividade do estudo em relação ao fenômeno investigado. Para isso, recomenda-se a realização de discussões com os participantes acerca das categorias geradas a partir dos dados e do modelo teórico representativo da TFD. A validação dos dados possibilita a busca por informações para o desenvolvimento de uma explicação mais completa, o que permite prosseguir na pesquisa ou redirecioná-la a tempo(22 Charmaz K. A construção da Teoria Fundamentada: guia prático para análise qualitativa. Porto Alegre: Artmed; 2009.). Assim sendo, a validação possibilita analisar se o modelo teórico é representativo da realidade investigada, além de discutir sua aplicabilidade a outros contextos de tempo e espaço, admitindo modificações e incorporações de novos elementos visando ao aprimoramento da interpretação fenômeno investigado(11 Santos JLG, Erdmann AL, Sousa FGM, Lanzoni GMM, Melo ALSF, Leite JL. Methodological perspectives in the use of grounded theory in nursing and health research. Esc Anna Nery[Internet]. 2016[cited 2016 Nov 20];20(3):e20160056. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n3/en_1414-8145-ean-20-03-20160056.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n3/en_14...
,33 Kenny M, Fourie R. Contrasting Classic, Straussian, and Constructivist Grounded Theory: methodological and philosophical conflicts. Qualit Rep[Internet]. 2015[cited 2017 Mar 10];20(8):1270-89. Available from: http://nsuworks.nova.edu/tqr/vol20/iss8/9
http://nsuworks.nova.edu/tqr/vol20/iss8/...
).

Entre as estratégias que pudessem ser utilizadas para validação de dados e do modelo teórico na TFD visando à co-construção da teoria com os participantes, optou-se pela roda de conversa. A roda de conversa é um método de ressonância coletiva que consiste na criação de espaços de diálogo, em que as pessoas se expressam, escutam os outros e a si mesmas, estimulando assim a construção da autonomia dos sujeitos por meio da problematização, do compartilhamento de informações e da reflexão para a ação. No Brasil, observa-se a utilização crescente de rodas de conversa em trabalhos acadêmicos e processos educativos construtivistas(44 Campos GWS. Um método para análise e co-gestão de coletivos: a constituição do sujeito, a produção de valor de uso e a democracia em instituições: o método da roda. São Paulo: Hucitec; 2000.).

Na literatura científica da enfermagem brasileira sobre TFD, há estudos que discutem, por exemplo, aspectos conceituais e operacionais do método(55 Silva MM, Moreira MC, Leite JL, Stipp MAC. A Teoria Fundamentada nos Dados nos estudos de pós-graduação stricto sensu da enfermagem brasileira. Rev Eletron Enferm[Internet]. 2011[cited 2016 Nov 20];13(4):671-9. Available from: https://www.fen.ufg.br/fen_revista/v13/n4/pdf/v13n4a11.pdf
https://www.fen.ufg.br/fen_revista/v13/n...
), características e aptidões do pesquisador no desenvolvimento da pesquisa e diferenças entre as vertentes metodológicas da TFD(11 Santos JLG, Erdmann AL, Sousa FGM, Lanzoni GMM, Melo ALSF, Leite JL. Methodological perspectives in the use of grounded theory in nursing and health research. Esc Anna Nery[Internet]. 2016[cited 2016 Nov 20];20(3):e20160056. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n3/en_1414-8145-ean-20-03-20160056.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n3/en_14...
,33 Kenny M, Fourie R. Contrasting Classic, Straussian, and Constructivist Grounded Theory: methodological and philosophical conflicts. Qualit Rep[Internet]. 2015[cited 2017 Mar 10];20(8):1270-89. Available from: http://nsuworks.nova.edu/tqr/vol20/iss8/9
http://nsuworks.nova.edu/tqr/vol20/iss8/...
,55 Silva MM, Moreira MC, Leite JL, Stipp MAC. A Teoria Fundamentada nos Dados nos estudos de pós-graduação stricto sensu da enfermagem brasileira. Rev Eletron Enferm[Internet]. 2011[cited 2016 Nov 20];13(4):671-9. Available from: https://www.fen.ufg.br/fen_revista/v13/n4/pdf/v13n4a11.pdf
https://www.fen.ufg.br/fen_revista/v13/n...
). Porém, não há estudos descrevendo especificamente a etapa de validação do modelo teórico na TFD(22 Charmaz K. A construção da Teoria Fundamentada: guia prático para análise qualitativa. Porto Alegre: Artmed; 2009.), tampouco por meio da utilização de rodas de conversa. Dessa forma, destaca-se a relevância do presente artigo que poderá fornecer subsídios para pesquisadores interessados em utilizar a TFD na pesquisa em enfermagem e saúde.

Além disso, este estudo também se justifica pela necessidade de socializar aos pares experiências diferenciadas na produção do conhecimento em enfermagem e saúde, sobretudo na pesquisa qualitativa. A apresentação de novas estratégias para realização de pesquisas à comunidade científica, especificamente no tangente ao percurso metodológico e à produção de dados empíricos, é parte integrante do trabalho dos pesquisadores(66 Soratto J, Pires DEP, Cabral IE, Lazzari DD, Witt RR, Sipriano CAS. A maneira criativa e sensível de pesquisar. Rev Bras Enferm[Internet]. 2014[cited 2016 May 1];67(6):994-9. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v67n6/0034-7167-reben-67-06-0994.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reben/v67n6/003...
).

Diante dessas prerrogativas, este artigo teve como objetivo apresentar a validação de um modelo teórico por meio de rodas de conversa em uma pesquisa qualitativa orientada pela Teoria Fundamentada nos Dados.

OBJETIVO

Apresentar a validação de um modelo teórico por meio de rodas de conversa em uma pesquisa qualitativa orientada pela Teoria Fundamentada nos Dados

MÉTODO

Entrando na roda

O presente estudo configura-se como um relato de experiência sobre a estratégia de validação de um modelo teórico adotada na tese intitulada “Formação em Serviço acerca do Processo de Enfermagem na perspectiva da integração ensino-serviço: o modelo do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA)” desenvolvida junto ao Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)(77 Adamy EK, Almeida MA. Formação em serviço acerca do processo de enfermagem na perspectiva da integração ensino-serviço: o modelo do HCPA[Tese]. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2016.). A pesquisa teve como objetivo “compreender a constituição do modelo de formação em serviço acerca do Processo de Enfermagem na perspectiva da integração ensino-serviço”. Para isso, utilizou-se como referencial metodológico a TFD construtivista e o interacionismo simbólico como referencial teórico.

O cenário do estudo, o HCPA, é uma instituição pública, geral, de grande porte, universitária, vinculada ao Ministério da Educação e de forma acadêmica à UFRGS.

A definição dos participantes foi realizada com base no conceito de amostragem teórica proposta pela TFD. A amostragem teórica implica em obter os dados, construir ideias provisórias e, então, analisar essas ideias por meio de uma nova investigação empírica(22 Charmaz K. A construção da Teoria Fundamentada: guia prático para análise qualitativa. Porto Alegre: Artmed; 2009.). Os participantes foram 12 sujeitos representantes dos segmentos do “prisma da formação em saúde”. O “prisma” é uma metáfora que amplia a ideia do quadrilátero da formação, em que os sujeitos e segmentos representados – educadores, usuários, gestores e trabalhadores – estão implicados em realidades e situações diversas, as quais repercutem na maneira de exercer essa representação e, por conseguinte, deliberam sobre as mais variadas situações(88 Vendruscolo C, Prado ML, Kleba ME. Reorientação do ensino no SUS: para além do quadrilátero, o prisma da educação. Rev Reflex Ação[Internet]. 2016[cited 2017 Jan 10];24(3):246-60. Available from: https://online.unisc.br/seer/index.php/reflex/article/view/5420/pdf
https://online.unisc.br/seer/index.php/r...
). No estudo em questão, participaram da pesquisa: enfermeiro assistencial; enfermeiro professor do Curso de Graduação em Enfermagem da UFRGS; discente do penúltimo semestre do curso de graduação em Enfermagem da UFRGS; enfermeiro da Residência Multiprofissional em Saúde; enfermeiro Responsável Técnico; enfermeiro representante do Serviço de Educação em Enfermagem e da Comissão do Processo de Enfermagem; e enfermeiro representante da Associação dos Enfermeiros do HCPA (AE/HCPA).

O processo de coleta e análise de dados foi realizado concomitantemente, conforme preconiza a TFD(22 Charmaz K. A construção da Teoria Fundamentada: guia prático para análise qualitativa. Porto Alegre: Artmed; 2009.). Para a coleta dos dados, utilizou-se a técnica de entrevista intensiva que permite que o entrevistador vá além das aparências da experiência descrita. A análise das entrevistas seguiu a orientação metodológica da TFD, a qual utiliza um processo de codificação visando à redução dos dados que, inicialmente, constituem códigos preliminares, passando a códigos conceituais e, posteriormente, a categorias que podem convergir em fenômenos(22 Charmaz K. A construção da Teoria Fundamentada: guia prático para análise qualitativa. Porto Alegre: Artmed; 2009.).

No cenário investigado, os integrantes do “prisma” estabeleceram uma relação entre si para constituir o modelo teórico a partir dos significados, da interação e da subjetividade de cada sujeito, das ações coletivas da integração ensino-serviço e dos pressupostos da Educação Permanente em Saúde, os quais orientam movimentos dessa natureza. Cumpre destacar que esses participantes, embora representantes de um segmento do prisma, são indivíduos com concepções próprias acerca do tema proposto oriundas das suas vivências como seres humanos sociais, enfermeiros, professores, estudantes e gestores, o que pode interferir nos demais segmentos e entre si(88 Vendruscolo C, Prado ML, Kleba ME. Reorientação do ensino no SUS: para além do quadrilátero, o prisma da educação. Rev Reflex Ação[Internet]. 2016[cited 2017 Jan 10];24(3):246-60. Available from: https://online.unisc.br/seer/index.php/reflex/article/view/5420/pdf
https://online.unisc.br/seer/index.php/r...
). A partir do seu ideário, foi possível analisar a pertinência e representatividade do estudo em relação ao fenômeno investigado, mediante as discussões acerca das categorias geradas a partir dos dados e do modelo teórico representativo da TFD.

Durante a análise, sentiu-se a necessidade de produzir um espaço de validação dos dados e de um modelo teórico que atendesse ao rigor de uma pesquisa qualitativa. Lembrando que a TFD possui esse movimento de dinamismo, o que permitiu a identificação da estratégia de validação por meio das rodas de conversa por possuir característica que respondem às necessidades do estudo, propiciando um espaço e momento de reflexão para a consolidação de ideias. Ou seja, a roda de conversa emerge como uma estratégia de validação devido ao seu caráter dialógico e dinâmico, correspondente com a metodologia da TFD.

Participaram da validação quatro sujeitos representantes do “prisma da formação” (um enfermeiro assistencial, um gestor, um representante da AE/HCPA, um estudante de enfermagem) com conhecimento e vivência acerca do Processo de Enfermagem, o que possibilitou o processo de validação. Ressalta-se que os participantes da etapa de validação não foram entrevistados durante a coleta de dados.

Para a validação, foram realizadas duas rodas de conversa com os integrantes que representaram o “prisma da formação”. Os participantes da roda foram convidados via e-mail e os encontros foram previamente agendados, sendo o primeiro realizado nas dependências da Escola de Enfermagem e o segundo nas dependências do HCPA, ambos com duração de aproximadamente uma hora, em ambiente que propiciou o sigilo e comportou o número de participantes.

Os participantes sentaram-se em círculo, a fim de que todos pudessem identificar-se ao conversarem expressando assim suas ideias e sentimentos em relação ao tema abordado. O mediador da roda (pesquisador) também participou da conversa, no sentido de retomar pontos, esclarecer ideias, amarrar questões que porventura, pudessem estar nas “entrelinhas” ou permeando o diálogo. As intervenções foram livres, não houve uma rigidez quanto aos rumos da conversa, pois entendemos que tudo o que “cai” na roda tem um sentido, um significado que o grupo vai trabalhar, enfrentar, assimilar ou deixar de lado.

O período de validação, por meio da roda de conversa, aconteceu nos meses de outubro e novembro de 2016. Todas as informações da roda de conversa foram gravadas em áudio mediante consentimento dos participantes da pesquisa.

Destaca-se que o projeto de pesquisa foi aprovado pela Comissão de Pesquisa da Escola de Enfermagem da UFRGS e pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HCPA.

Resultados e discussão: uma ciranda de conhecimentos validados na roda de conversa

O diálogo do grupo durante as conversas desenvolveu-se entre concordâncias e discordâncias, frente aos dados apresentados e assim como emergiram novos questionamentos que, contribuíram para a consolidação do modelo teórico. Durante as conversas, priorizaram-se discussões sobre o objetivo e os resultados da pesquisa, num processo dialógico, no qual os sujeitos falaram da sua visão em relação ao modelo teórico para validá-lo.

O diálogo fomenta a corresponsabilização dos envolvidos no processo, quando se trata do fortalecimento da integração ensino-serviço(99 Vendruscolo C, Ferraz F, Prado ML, Kleba ME, Reibnitz KS. Teaching-service integration and its interface in the context of reorienting health education. Interface[Internet]. 2016[cited 2017 Jan 10];20(59):1015-25. Available from: http://www.scielo.br/pdf/icse/v20n59/en_1807-5762-icse-1807-576220150768.pdf
http://www.scielo.br/pdf/icse/v20n59/en_...
). O diálogo é condição básica para o conhecimento que se constrói na práxis, a partir da comunicação entre os sujeitos e que, em consequência, gera a transformação individual e social. Cumpre destacar que, nessa perspectiva, a escuta, assim como a fala, é condição para a comunicação dialógica que ocorre entre sujeitos sociais com opiniões diferentes. A partir de tal movimento, há momentos em que a disciplina do silencio deve ser assumida com rigor, quando há interesse nos saberes dos demais(1010 Freire P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1987.-1111 Freire P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 43. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.).

Neste sentido, a validação compreendeu a seguinte sistemática: no primeiro encontro foram explicados os objetivos da roda de conversa e do estudo e realizou-se a leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). No segundo momento, apresentaram-se os caminhos percorridos e os temas norteadores para disparar a conversa na roda. A seguir, os sujeitos foram motivados a posicionarem-se acerca dos dados e da composição do modelo de formação em serviço apresentado pela pesquisadora. Essa reflexão mais aprofundada configurou-se como a validação do modelo teórico de formação em serviço, já que os participantes sugeriram um novo encontro para refletir sobre outra proposta deste modelo e que emergiu a partir das fragilidades e da necessidade de ampliar o diagrama representativo do modelo exposto. Contudo, houve consenso acerca das categorias que sustentaram o fenômeno da pesquisa.

Na segunda roda de conversa, prosseguiu-se o processo de validação do modelo teórico de formação em serviço, agora reformulado por meio de um diagrama representativo desse modelo. Nesse momento, foram sugeridas alterações na estrutura do diagrama do modelo de formação e no diagrama representativo das ações educativas, de forma que ambos representassem, a partir dos diagramas, a tese em questão. Ressalta-se que o modelo gerado caracteriza-se como uma teoria substantiva, ou seja, uma teoria específica para determinado grupo ou situação elaborada a partir dos dados, sem o objetivo de generalização para além da sua área substantiva(11 Santos JLG, Erdmann AL, Sousa FGM, Lanzoni GMM, Melo ALSF, Leite JL. Methodological perspectives in the use of grounded theory in nursing and health research. Esc Anna Nery[Internet]. 2016[cited 2016 Nov 20];20(3):e20160056. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n3/en_1414-8145-ean-20-03-20160056.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n3/en_14...
-22 Charmaz K. A construção da Teoria Fundamentada: guia prático para análise qualitativa. Porto Alegre: Artmed; 2009.). A seguir, apresenta-se uma síntese da operacionalização das duas rodas de conversa (Quadro 1).

Quadro 1
Operacionalização das duas rodas de conversa segundo objetivo, participantes, etapas e resultado

Nas práticas educativas, assistenciais ou gerenciais, as rodas de conversa vêm se instituindo como estratégias de reflexão sobre os processos de trabalho(44 Campos GWS. Um método para análise e co-gestão de coletivos: a constituição do sujeito, a produção de valor de uso e a democracia em instituições: o método da roda. São Paulo: Hucitec; 2000.,1212 Costa RRO, Bosco Filho J, Medeiros SM, Silva MBM. As rodas de conversas como espaço de cuidado e promoção da saúde mental. Rev Atenção Saúde[Internet]. 2015[cited 2017 Mar 10];13(43):30-6. Available from: http://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_ciencias_saude/article/view/2675/pdf_1
http://seer.uscs.edu.br/index.php/revist...
). No contexto dos serviços de saúde, elas podem ser consideradas estratégias metodológicas de ações de promoção da saúde, de escuta de si, de autocuidado individual e coletivo. O método da roda propõe a ideia de que se “pensa a constituição do sujeito e dos coletivos em função de planos situados entre o seu mundo interno e as suas circunstâncias – mundo externo”(44 Campos GWS. Um método para análise e co-gestão de coletivos: a constituição do sujeito, a produção de valor de uso e a democracia em instituições: o método da roda. São Paulo: Hucitec; 2000.).

A partir desse ponto de vista, a roda possibilita espaços de troca, em que as aprendizagens são mediadas com fins ao desenvolvimento de competências, oportunizando assim que todos os que entram na roda tenham poderes iguais sobre o território de que falam(66 Soratto J, Pires DEP, Cabral IE, Lazzari DD, Witt RR, Sipriano CAS. A maneira criativa e sensível de pesquisar. Rev Bras Enferm[Internet]. 2014[cited 2016 May 1];67(6):994-9. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v67n6/0034-7167-reben-67-06-0994.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reben/v67n6/003...
). Ela também pode ser considerada uma estratégia no desenvolvimento de pesquisas qualitativas, em que o espaço de troca, compartilhamento e desenvolvimento de saberes configura-se como dispositivo de empoderamento, fortalecimento da autonomia profissional e espaço de (re)significação de valores, normas e práticas profissionais.

Autores como Paulo Freire fazem menção ao espaço produzido em círculos, de forma a integrar e agregar a todos numa mesma posição, ou seja, a de aprendizes. Nesse contexto, o espaço da roda tenciona a construção de novas possibilidades que se abrem ao pensar, em um movimento contínuo de perceber-refletir-agir-modificar, em que os participantes podem se reconhecer como condutores de sua ação(1010 Freire P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1987.

11 Freire P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 43. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

12 Costa RRO, Bosco Filho J, Medeiros SM, Silva MBM. As rodas de conversas como espaço de cuidado e promoção da saúde mental. Rev Atenção Saúde[Internet]. 2015[cited 2017 Mar 10];13(43):30-6. Available from: http://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_ciencias_saude/article/view/2675/pdf_1
http://seer.uscs.edu.br/index.php/revist...
-1313 Sampaio J, Santos GC, Agostini M, Salvador AS. Limites e potencialidades das rodas de conversa no cuidado em saúde: uma experiência com jovens no sertão pernambucano. Interface[Internet]. 2014[cited 2016 Aug 12);18(suppl-2):1299-311. Available from: http://www.scielo.br/pdf/icse/v18s2/1807-5762-icse-18-s2-1299.pdf
http://www.scielo.br/pdf/icse/v18s2/1807...
). Portanto, quando utilizada como instrumento de pesquisa, a roda apresenta-se como uma estratégia não só de coleta e validação de dados, mas acima de tudo de intervenção. Na roda, o que se produz são conversas, para tanto é necessário estar aberto ao diálogo, de modo que todos possam se sentir à vontade para partilhar e escutar, de forma que o que é dito, o conversado, possa ser (re)significado, revisto, compreendido, tornando assim o momento relevante para o grupo e suscitando a atenção na escuta.

O diálogo é um momento singular de partilha por ser um exercício de escuta e de fala, em que se tem a participação de vários interlocutores, sendo que os momentos de escuta são mais numerosos do que os de fala. As percepções de cada sujeito são construídas por meio da interação com o outro, seja para complementar, discordar ou concordar com a fala, pois as conversas nos espaços da roda permitem a compreensão do diálogo com mais profundidade, reflexão e ponderação, no sentido de compartilhar as informações(1010 Freire P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1987.).

A noção de círculos e redes está presente nas formulações em educação/aprendizagem, pois o círculo se constitui e a um grupo de trabalho e de debate(1010 Freire P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1987.). Para Freire, a educação, como relação entre sujeitos cognoscentes, mediatizados por objetos cognoscíveis, é um fazer problematizador, no qual estudante e professor são problematizados. Neste método educativo, cada movimento do sujeito, no sentido de aprofundar-se na situação problematizada, abre novas possibilidades de compreensão do objeto de análise aos demais sujeitos(1010 Freire P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1987.). Neste sentido, se favorece relações que se pretendem fecundas, criativas, mediante a alteridade, cujo conceito implica na possibilidade de colocar-se no lugar do outro, de dialogar, porém, sem anular a criatividade do outro(88 Vendruscolo C, Prado ML, Kleba ME. Reorientação do ensino no SUS: para além do quadrilátero, o prisma da educação. Rev Reflex Ação[Internet]. 2016[cited 2017 Jan 10];24(3):246-60. Available from: https://online.unisc.br/seer/index.php/reflex/article/view/5420/pdf
https://online.unisc.br/seer/index.php/r...
).

Nessa construção dialógica, as rodas produzem conhecimentos coletivos e contextualizados ao privilegiarem a fala crítica e a escuta sensível,(1313 Sampaio J, Santos GC, Agostini M, Salvador AS. Limites e potencialidades das rodas de conversa no cuidado em saúde: uma experiência com jovens no sertão pernambucano. Interface[Internet]. 2014[cited 2016 Aug 12);18(suppl-2):1299-311. Available from: http://www.scielo.br/pdf/icse/v18s2/1807-5762-icse-18-s2-1299.pdf
http://www.scielo.br/pdf/icse/v18s2/1807...
) possibilitando o entrosamento entre os participantes e o compartilhamento de informações, o que favoreceu a validação do modelo teórico de formação em serviço do HCPA acerca do Processo de Enfermagem.

No cenário desta pesquisa, as discussões em roda permitiram validar os dados que emergiram da coleta de dados por meio de entrevistas intensivas. A roda de conversa mostrou-se uma útil para a validação do modelo em uma pesquisa utilizando TFD, pois proporcionou a expressão da impressão dos participantes sobre o fenômeno investigado de maneira leve e dialógica, configurando-se como processo construtivo a partir de uma ciranda de impressões. Destarte, exigiu do pesquisador uma percepção mais aguçada acerca do tema em questão e permitiu ampliar a visão acerca do fenômeno, pois os participantes possuíam um conhecimento exacerbado que ampliou os limites da pesquisa. Foi nesse sentido que funcionou como uma ciranda/dança, que permitiu aos participantes se colocarem e exercerem seu papel fundamental na validação do modelo teórico.

A possibilidade de debater as categorias e o fenômeno da pesquisa por meio da roda de conversa, colocando no círculo o diálogo que sustenta a tese, permitiu reafirmar os movimentos provocados na construção dos processos educativos no cenário da pesquisa. A roda potencializa o pensamento, colocando em voga a subjetividade dos sujeitos e a capacidade de entendimento e interpretação do pesquisador de forma coletiva. Nesse sentido, destaca-se que, para além de emergir a subjetividade dos sujeitos, a roda possibilitou a discussão das identidades submersas nessa subjetividade que refletem nas práticas do cuidado, resultando na estruturação do Processo de Enfermagem, que culminou com a qualidade no atendimento prestado e fortalecimento da identidade profissional.

Em relação ao processo dialógico, favorecido por essa estrutura metodológica, vale lembrar que movimentos educativos favorecem as relações entre os sujeitos envolvidos no processo, implicando no comprometimento e também na responsabilização de cada um(88 Vendruscolo C, Prado ML, Kleba ME. Reorientação do ensino no SUS: para além do quadrilátero, o prisma da educação. Rev Reflex Ação[Internet]. 2016[cited 2017 Jan 10];24(3):246-60. Available from: https://online.unisc.br/seer/index.php/reflex/article/view/5420/pdf
https://online.unisc.br/seer/index.php/r...
). Os níveis de envolvimento dos diferentes sujeitos que compuseram a roda foram determinantes para o estabelecimento de relações fecundas, assim como para romper com os espaços instituídos de cada ator social do prisma. Assim, constituíram-se efetivas rodas ou redes no que tange a atenção a saúde, em que todos os envolvidos se implicaram na busca do inovador, confirmando que a integração ensino-serviço é condição para o fortalecimento deste e de outros constructos na direção da qualificação da assistência, neste caso, do Processo de Enfermagem.

Por meio do diálogo, o homem torna-se consciente e percebe a possibilidade de crescimento, tornando-se crítico e reflexivo. Nesse movimento, se busca novos saberes, em que todos aprendem e ensinam de maneira conjunta, buscando conhecer os problemas comuns do dia a dia(1010 Freire P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1987.). Nessa direção, considera-se fundamental que os sujeitos imbricados nesse processo (prisma), transcendam seus projetos individuais de saber/poder, emergindo em pensamentos profissionais e institucionais, empenhando-se em obter novas e mais efetivas formas de produzir saúde(88 Vendruscolo C, Prado ML, Kleba ME. Reorientação do ensino no SUS: para além do quadrilátero, o prisma da educação. Rev Reflex Ação[Internet]. 2016[cited 2017 Jan 10];24(3):246-60. Available from: https://online.unisc.br/seer/index.php/reflex/article/view/5420/pdf
https://online.unisc.br/seer/index.php/r...
).

A ciência faz-se quando o pesquisador aborda os fenômenos aplicando recursos técnicos, seguindo um método e apoiando-se em fundamentos epistemológicos. Dessa forma, ao pensar nos limites e possibilidades da roda como estratégia metodológica, não só para validação, mas para produção de informações em pesquisas qualitativas, entendemos que, dentre os desafios está o fato de que nem sempre todos os participantes podem estar presentes nos momentos propostos. Como potencialidades, destaca-se, para além do que já foi apresentado, a coerência da metodologia com a ideia de profundidade, o que atende aos pressupostos das pesquisas qualitativas, bem como ao rigor científico.

Por fim, ressalta-se que, para além do método, é necessário clareza de que a investigação na área da saúde, especialmente na enfermagem, deve preocupar-se com problemas que sejam relevantes no seu processo de trabalho, com vistas à qualidade do cuidado e orientada para a construção do conhecimento tecnológico, científico e humano na área.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A roda de conversa, no contexto das práticas educativas, assistenciais, de gestão e da promoção da saúde já está consolidada. No campo da pesquisa qualitativa em enfermagem, mais especificamente na TFD, a roda de conversa emerge como uma estratégia eficaz de validação dos dados e de modelo teórico e, para além disso, como importante ferramenta de produção de dados qualitativos.

Vislumbraram-se as rodas de conversa como potentes alternativas aos estudos qualitativos, a fim de valorizar a credibilidade dos achados e das análises, configurando-se como um espaço dialógico, criativo e de troca, compartilhamento e desenvolvimento de saberes, empoderamento dos sujeitos envolvidos, além de fortalecer a autonomia profissional.

Considera-se que utilizar as estratégias das rodas de conversa foi fundamental para a coleta e validação dos dados da investigação que ilustra essa experiência, pois a TFD como método de pesquisa exigiu o retorno ao campo, possibilitando construir um modelo teórico que representasse o fenômeno estudado.

  • FOMENTO
    Este estudo foi financiado pela Coordenação de Ensino Superior e Pós-Graduação (Capes), em um projeto de Doutorado Interinstitucional (Dinter), em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFRGS.

REFERENCES

  • 1
    Santos JLG, Erdmann AL, Sousa FGM, Lanzoni GMM, Melo ALSF, Leite JL. Methodological perspectives in the use of grounded theory in nursing and health research. Esc Anna Nery[Internet]. 2016[cited 2016 Nov 20];20(3):e20160056. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n3/en_1414-8145-ean-20-03-20160056.pdf
    » http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n3/en_1414-8145-ean-20-03-20160056.pdf
  • 2
    Charmaz K. A construção da Teoria Fundamentada: guia prático para análise qualitativa. Porto Alegre: Artmed; 2009.
  • 3
    Kenny M, Fourie R. Contrasting Classic, Straussian, and Constructivist Grounded Theory: methodological and philosophical conflicts. Qualit Rep[Internet]. 2015[cited 2017 Mar 10];20(8):1270-89. Available from: http://nsuworks.nova.edu/tqr/vol20/iss8/9
    » http://nsuworks.nova.edu/tqr/vol20/iss8/9
  • 4
    Campos GWS. Um método para análise e co-gestão de coletivos: a constituição do sujeito, a produção de valor de uso e a democracia em instituições: o método da roda. São Paulo: Hucitec; 2000.
  • 5
    Silva MM, Moreira MC, Leite JL, Stipp MAC. A Teoria Fundamentada nos Dados nos estudos de pós-graduação stricto sensu da enfermagem brasileira. Rev Eletron Enferm[Internet]. 2011[cited 2016 Nov 20];13(4):671-9. Available from: https://www.fen.ufg.br/fen_revista/v13/n4/pdf/v13n4a11.pdf
    » https://www.fen.ufg.br/fen_revista/v13/n4/pdf/v13n4a11.pdf
  • 6
    Soratto J, Pires DEP, Cabral IE, Lazzari DD, Witt RR, Sipriano CAS. A maneira criativa e sensível de pesquisar. Rev Bras Enferm[Internet]. 2014[cited 2016 May 1];67(6):994-9. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v67n6/0034-7167-reben-67-06-0994.pdf
    » http://www.scielo.br/pdf/reben/v67n6/0034-7167-reben-67-06-0994.pdf
  • 7
    Adamy EK, Almeida MA. Formação em serviço acerca do processo de enfermagem na perspectiva da integração ensino-serviço: o modelo do HCPA[Tese]. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2016.
  • 8
    Vendruscolo C, Prado ML, Kleba ME. Reorientação do ensino no SUS: para além do quadrilátero, o prisma da educação. Rev Reflex Ação[Internet]. 2016[cited 2017 Jan 10];24(3):246-60. Available from: https://online.unisc.br/seer/index.php/reflex/article/view/5420/pdf
    » https://online.unisc.br/seer/index.php/reflex/article/view/5420/pdf
  • 9
    Vendruscolo C, Ferraz F, Prado ML, Kleba ME, Reibnitz KS. Teaching-service integration and its interface in the context of reorienting health education. Interface[Internet]. 2016[cited 2017 Jan 10];20(59):1015-25. Available from: http://www.scielo.br/pdf/icse/v20n59/en_1807-5762-icse-1807-576220150768.pdf
    » http://www.scielo.br/pdf/icse/v20n59/en_1807-5762-icse-1807-576220150768.pdf
  • 10
    Freire P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1987.
  • 11
    Freire P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 43. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
  • 12
    Costa RRO, Bosco Filho J, Medeiros SM, Silva MBM. As rodas de conversas como espaço de cuidado e promoção da saúde mental. Rev Atenção Saúde[Internet]. 2015[cited 2017 Mar 10];13(43):30-6. Available from: http://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_ciencias_saude/article/view/2675/pdf_1
    » http://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_ciencias_saude/article/view/2675/pdf_1
  • 13
    Sampaio J, Santos GC, Agostini M, Salvador AS. Limites e potencialidades das rodas de conversa no cuidado em saúde: uma experiência com jovens no sertão pernambucano. Interface[Internet]. 2014[cited 2016 Aug 12);18(suppl-2):1299-311. Available from: http://www.scielo.br/pdf/icse/v18s2/1807-5762-icse-18-s2-1299.pdf
    » http://www.scielo.br/pdf/icse/v18s2/1807-5762-icse-18-s2-1299.pdf

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Nov-Dec 2018

Histórico

  • Recebido
    29 Jun 2017
  • Aceito
    13 Abr 2018
Associação Brasileira de Enfermagem SGA Norte Quadra 603 Conj. "B" - Av. L2 Norte 70830-102 Brasília, DF, Brasil, Tel.: (55 61) 3226-0653, Fax: (55 61) 3225-4473 - Brasília - DF - Brazil
E-mail: reben@abennacional.org.br