Acessibilidade / Reportar erro

Intervenções comunitárias relacionadas à violência entre parceiros íntimos adolescentes: revisão de escopo

RESUMO

Objetivo:

Mapear as experiências exitosas das intervenções direcionadas ao enfrentamento da violência entre parceiros íntimos na adolescência, à luz das categorias gênero e geração.

Método:

Revisão de escopo realizada nas bases de dados MEDLINE,CINAHL,Scopus e PsycINFO. Foram selecionados estudos primários, empíricos, quantitativos e qualitativos, publicados em três idiomas.

Resultados:

Dos 3.234 artigos encontrados, 31 compuseram a revisão. A maioria das intervenções foi realizada no âmbito escolar, com focos de interesse em desenvolvimento de habilidades para manutenção de relacionamentos saudáveis; tipos de violência; conhecimento de alternativas não violentas para a resolução de conflitos; recursos para auxílio aos envolvidos; e papel dos amigos como interventores.

Considerações finais:

As intervenções para o enfrentamento desse fenômeno podem modificar os relacionamentos afetivos e sexuais na adolescência. Além da categoria geracional, as ações devem incorporar a perspectiva de gênero, relacionada aos processos de construção de feminilidade e masculinidade.

Descritores:
Adolescentes; Violência entre Parceiros Íntimos; Revisão; Estratégias; Enfermagem

ABSTRACT

Objective:

To map the successful experiences of interventions aimed at coping with violence among intimate partners in adolescence, in the light of the gender and generation categories.

Method:

Scope review carried out in the MEDLINE, CINAHL, Scopus and PsycINFO databases. We selected primary, empirical, quantitative and qualitative studies published in three languages.

Results:

From the 3,234 articles found, 31 made up the review. Most of the interventions were carried out at the school level, with focus of interest in developing skills to maintain healthy relationships; types of violence; knowledge of non-violent alternatives to conflict resolution; resources to assist those involved; and role of friends as interveners.

Final Considerations:

Interventions to confront this phenomenon can modify the affective and sexual relationships in adolescence. In addition to the generation category, the actions should incorporate the gender perspective, related to the processes of construction of femininity and masculinity.

Descriptors:
Adolescents; Intimate Partner Violence; Review; Strategies; Nursing

RESUMEN

Objetivo:

Mapear experiencias exitosas de intervenciones dirigidas al enfrentamiento de la violencia entre compañeros íntimos en la adolescencia, bajo la luz de las categorías género y generación.

Método:

Revisión de alcance realizada en las bases de datos MEDLINE,CINAHL,Scopus y PsycINFO. Se seleccionaron estudios primarios, empíricos, cuantitativos y cualitativos, publicados en tres idiomas.

Resultados:

De los 3.234 artículos encontrados, 31 compusieron la revisión. La mayoría de las intervenciones se realizaron en el ámbito escolar, con focos de interés en el desarrollo de habilidades para el mantenimiento de relaciones saludables; los tipos de violencia; el conocimiento de alternativas no violentas para la resolución de conflictos; los recursos para ayudar a los involucrados y el rol de los amigos como interventores.

Consideraciones finales:

Las intervenciones para el enfrentamiento de este fenómeno pueden modificar las relaciones afectivas y sexuales en la adolescencia. Además de la categoría generacional, las acciones deben incorporar la perspectiva de género, relacionada a los procesos de construcción de la feminidad y la masculinidad.

Descriptores:
Adolescentes; Violencia entre Compañeros Íntimos; Revisión; Estrategias; Enfermería

INTRODUÇÃO

A violência é um fenômeno complexo e multifacetado. Apresenta diferentes formas e tipologias, destacando-se aquelas que se manifestam no contexto das relações interpessoais, como a violência entre parceiros íntimos (VPI). Tal violência atinge sobremaneira as mulheres e, por isso, muitas delas podem constituir manifestações de relações de dominação fundadas nas iniquidades de gênero(11 Fonseca RMGS, Oliveira RNG, Fornari LF. Prática educativa em direitos sexuais e reprodutivos: a oficina de trabalho crítico-emancipatória de gênero. In: Kalinowski C, Crozeta K, Costa M (Orgs.). PROENF Programa de Atualização em Enfermagem: Atenção Primária e Saúde da Família: Ciclo 6. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2017. p. 59-119.).

Os estudos sobre VPI geralmente abordam o tema nas relações conjugais entre adultos(22 Jennings WG, Okeem C, Piquero AR, Sellers CS, Theobald D, Farrington DP. Dating and intimate partner violence among young persons ages 15-30: evidence from a systematic review. Aggress Violent Behav [Internet]. 2017 [cited 2018 Oct 31];33:107-25. Available from: doi:10.1016/j.avb.2017.01.007
https://doi.org/10.1016/j.avb.2017.01.00...
). Contudo, recentemente, encontram-se publicações direcionadas aos adolescentes que, internacionalmente, recebem a denominação de violência no namoro (dating violence)(33 Oliveira RNG, Gessner R, Brancaglioni BCA, Fonseca RMGS, Egry EY. Preventing violence by intimate partners in adolescence: an integrative review. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2016 [cited 2018 Jul 2];50(1):134-43. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420160000100018
http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342016...
).

A VPI é um problema mundial, expressando-se como fenômeno frequente e transversal nas diversas culturas, classes sociais e grupos étnicos, tanto enquanto vitimização como perpetração(44 World Health Organization, London School of Hygiene and Tropical Medicine. Preventing intimate partner and sexual violence against women: taking action and generating evidence [Internet]. Geneva: WHO; 2012. 94 p. Available from: http://www.who.int/violence_injury_prevention/publications/violence/9789241564007_eng.pdf
http://www.who.int/violence_injury_preve...
). Estudo pioneiro sobre o tema identificou a prevalência de 86,9% de vitimização e 86,8% de perpetração de alguma forma de VPI na adolescência entre 3.200 adolescentes investigados em 10 estados brasileiros(55 Cecchetto F, Oliveira QBM, Njaine K, Minayo MC de S. Violências percebidas por homens adolescentes na interação afetivo-sexual em dez cidades brasileiras. Interface (Botucatu) [Internet]. 2016 [cited 2018 Nov 01];20(59):853-64. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015.0082
http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015....
).

A VPI adolescente está relacionada a vulnerabilidades, como sexo inseguro, drogadição e tentativas de suicídio. Além disso, pode apresentar associação com outras violações na infância e na fase adulta, tanto no âmbito familiar quanto no comunitário. Por isso, intervenções voltadas à sua prevenção são promissoras(55 Cecchetto F, Oliveira QBM, Njaine K, Minayo MC de S. Violências percebidas por homens adolescentes na interação afetivo-sexual em dez cidades brasileiras. Interface (Botucatu) [Internet]. 2016 [cited 2018 Nov 01];20(59):853-64. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015.0082
http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015....
-66 Minayo M, Assis S, Njaine K. Amor e violência: um paradoxo das relações de namoro e do "ficar" entre jovens brasileiros. Rio de Janeiro: FIOCRUZ; 2011. 238 p.).

Estudo sobre programas de prevenção da VPI na adolescência aponta para a potencialidade de abordagens que promovam a equidade de gênero, pois permitem a intervenção na construção e na manutenção de comportamentos violentos desde a infância(77 Foshee VA, Karriker-Jaffe KJ, Reyes HLM, Ennett ST, Suchindran C, Bauman KE, et al. What accounts for demographic differences in trajectories of adolescent dating violence? An examination of intrapersonal and contextual mediators. J Adolesc Health [Internet]. 2008 [cited 2018 Jul 2];42(6):596-604. Available from: doi: 10.1016/j.jadohealth.2007.11.005
https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.200...
). A despeito desta importância, pesquisas sobre intervenções para enfrentamento e prevenção da VPI são escassas na América Latina, sendo a maior parte das publicações oriunda de países da América do Norte(33 Oliveira RNG, Gessner R, Brancaglioni BCA, Fonseca RMGS, Egry EY. Preventing violence by intimate partners in adolescence: an integrative review. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2016 [cited 2018 Jul 2];50(1):134-43. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420160000100018
http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342016...
).

Justifica-se a necessidade de realizar essa revisão, pois se entende como necessário congregar dados a respeito da VPI adolescente não apenas para identificar sua prevalência, fatores de risco e os principais tipos de violência perpetrados(88 Lewis SF, Fremouw W. Dating violence: a critical review of the literature. Clin Psychol Rev [Internet]. 2001 [cited 2018 Jul 2];21(1):105-27. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11148892
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11148...
-99 Leen E, Sorbring E, Mawer M, Holdsworth E, Helsing B, Bowen E. Prevalence, dynamic risk factors and the efficacy of primary interventions for adolescent dating violence: An international review. Aggress Violent Behav [Internet]. 2013 [cited 2018 Jul 2];18(1):159-74. Available from: https://doi.org/10.1016/j.avb.2012.11.015
https://doi.org/10.1016/j.avb.2012.11.01...
), mas que revelem como as informações podem contribuir para o desenvolvimento de intervenções capazes de impactar no seu enfrentamento. O estudo apresenta como finalidade subsidiar o enfrentamento do problema pautado na proposta de novas estratégias baseadas em evidências.

OBJETIVO

Mapear, na literatura mundial, intervenções exitosas direcionadas ao enfrentamento da VPI na adolescência, à luz das categorias gênero e geração.

MÉTODO

A revisão de escopo foi desenvolvida a partir do preconizado por Arksey e O’Malley(1010 Arksey H, O'Malley L. Scoping studies: Towards a methodological framework. Int J Soc Res Methodol Theory Pract [Internet]. 2005 [cited 2018 Nov 01];8(1):19-32. Available from: doi: 10.1080/1364557032000119616
https://doi.org/10.1080/1364557032000119...
) e recomendações decorrentes feitas por Levac, Colquhoun e O’Brien(1111 Levac D, Colquhoun H, O'Brien KK. Scoping studies: advancing the methodology. Implement Sci [Internet]. 2010 [cited 2018 Jul 2];5:69. Available from: https://doi.org/10.1186/1748-5908-5-69
https://doi.org/10.1186/1748-5908-5-69...
). Foram seguidas as cinco etapas de desenvolvimento deste tipo de estudo: (1) identificação da questão de pesquisa; (2) identificação de estudos relevantes; (3) seleção dos estudos; (4) mapeamento dos dados; (5) coleta, resumo e relato dos resultados.

A pergunta de pesquisa foi construída utilizando a estratégia PCC, que preconiza como elementos fundamentais o mnemônico: P - População; C- Conceito e C- Contexto(1212 Joanna Briggs Institute Reviewers' Manual 2015: Methodology for JBI Scoping Reviews. The Joanna Briggs Institute, Austrália, 2015.). Foram definidos os elementos: P (os adolescentes); C (as intervenções exitosas relacionadas à violência entre parceiros íntimos) e C (o âmbito comunitário). A partir disso, foi elaborada a seguinte pergunta de pesquisa: “Quais são as intervenções exitosas relacionadas à violência entre parceiros íntimos adolescentes no âmbito comunitário?”. Salienta-se que foram consideradas intervenções exitosas aquelas que demonstraram ter alcançado os objetivos propostos.

Após a formulação da pergunta de pesquisa, partiu-se para a etapa da identificação dos estudos relevantes, nas bases de dados: MEDLINE, CINAHL, Scopus e PsycINFO, selecionadas devido à sua abrangência no contexto internacional. A estratégia de busca contemplou três etapas: Na primeira, a busca foi limitada às bases MEDLINE e CINAHL, seguida por uma análise das palavras mais utilizadas nos títulos e resumos dos artigos. Na segunda etapa, foram realizadas buscas em todas as bases de dados, utilizando as palavras-chaves identificadas na etapa anterior. Na terceira etapa, foi consultada a lista de referências dos artigos captados a fim de identificar estudos adicionais que não haviam sido mapeados nas etapas anteriores.

As palavras-chaves e os termos em inglês foram sintetizados, respeitando-se a estratégia PCC: P: Adolescent OR Adolescence OR Youth OR Teenagers OR Teen OR Minors. C: Violence OR Courtship OR Dating Violence OR Intimate Partner Violence. C: Prevention & Control OR Prevention measures OR Intervention studies OR Early intervention.

Em cada base de dados a busca foi realizada, considerando-se a data de início das suas publicações até o dia 31/12/2017.

Para a etapa de seleção dos estudos foram formulados critérios de inclusão, com vistas a resgatar a maior quantidade e qualidade de materiais disponíveis. No que diz respeito à população, foram incluídos estudos que apresentaram intervenções exitosas, relacionadas ao enfrentamento da VPI, direcionadas a adolescentes menores de 19 anos, em concordância com o critério da OMS para definição de adolescente(44 World Health Organization, London School of Hygiene and Tropical Medicine. Preventing intimate partner and sexual violence against women: taking action and generating evidence [Internet]. Geneva: WHO; 2012. 94 p. Available from: http://www.who.int/violence_injury_prevention/publications/violence/9789241564007_eng.pdf
http://www.who.int/violence_injury_preve...
). Foram excluídos os trabalhos que focaram em populações específicas, por exemplo, adolescentes usuários de drogas ou adolescentes em situação de rua. Exceções a esse critério foram estudos que limitaram a intervenção a adolescentes que já haviam tido experiência de relacionamento afetivo ou sexual, dada a importância desses estudos para o objetivo da revisão.

Em relação ao conceito, foram considerados estudos que abordaram intervenções consideradas exitosas relacionadas à prevenção e ao enfrentamento da VPI adolescente. No que tange ao contexto, a inclusão foi a partir do âmbito comunitário, ou seja, estudos que foram conduzidos nas diversas áreas que trabalham com adolescentes, como Saúde, Educação e Assistência Social, desenvolvidas por instituições públicas, privadas ou Organizações Não Governamentais. Justifica-se, assim, a utilização do termo “âmbito comunitário” para a ampliação das intervenções e experiências exitosas direcionadas a esse grupo populacional.

Foram incluídos estudos primários, empíricos, quantitativos e qualitativos que abordaram intervenções exitosas relacionadas à prevenção e ao enfrentamento da VPI entre adolescentes, publicados em inglês, espanhol e português.

Os títulos e resumos selecionados foram lidos e analisados pelo pesquisador responsável para identificar os elegíveis para a revisão. As dúvidas que surgiram durante esse processo foram discutidas entre os três revisores até o alcance de consenso.

O mapeamento dos dados foi feito por meio de formulário para caracterizar a produção, incluindo título, autores, ano, local e periódico de publicação, delineamento, objetivo, método e referencial teórico adotado no estudo. Além disso, foi considerado o foco de interesse em cada intervenção: objetivos, resultados e conclusões, identificando potencialidades e limitações. Os dados foram extraídos por um revisor e confirmados por outros dois revisores. As divergências e dúvidas foram resolvidas em debates até o alcance de consenso entre todos os autores.

A análise baseou-se nas categorias gênero e geração. A categoria gênero está fundamentada na diferença entre os sexos masculino e feminino. Consiste em um componente inerente às relações sociais e é primordial para a construção de significados sobre as relações de poder(1313 Scott J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educ Real [Internet]. 1995 [cited 2018 Nov 01};20(2):71-99. Available from: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/185058/mod_resource/content/2/G%C3%AAnero-Joan%20Scott.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.p...
). A categoria geração estabelece o espaço ocupado pelas diferentes categorias geracionais, que sofrem o impacto dos eventos da sociedade que as cercam e os determinam. Mais que a idade, a geração define os estatutos sociais de um determinado grupo social pelas similaridades políticas e ideológicas que as diferenciam de outras, no tempo e no espaço(1414 Egry EY, Fonseca RMGS, Oliveira MAC. [Science, public health and nursing: highlighting the gender and generation categories in the episteme of práxis]. Rev Bras Enferm [Internet]. 2013 [cited 2018 Jul 2];66(esp):119-33. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672013000700016. Portuguese.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672013...
).

RESULTADOS

Inicialmente, foram encontrados 3.234 artigos. A partir da revisão de títulos, foram excluídos 2.968 artigos e mantidos para análise de resumos 266 artigos. Dentre esses, 95 eram repetidos. Na etapa seguinte, foram selecionados 67 artigos para leitura integral, com o intuito de detectar os pertinentes para responder à pergunta de pesquisa. Foram excluídos os estudos que não respondiam aos critérios de inclusão e os que não foram encontrados. Finalmente, foram selecionados 31 artigos para compor a revisão. A descrição das buscas e a seleção dos artigos foi baseada no Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analys (PRISMA)(1515 Liberati A, Altman DG, Tetzlaff J, Mulrow C, Gøtzsche PC, Ioannidis JPA, et al. The PRISMA statement for reporting systematic reviews and meta-analyses of studies that evaluate healthcare interventions: explanation and elaboration. BMJ. 2009;339:b2700. doi: 10.1136/bmj.b2700
https://doi.org/10.1136/bmj.b2700...
) (Figura 1). O Quadro 1 mostra as publicações selecionadas.

Figura 1
Diagrama de fluxo da seleção dos artigos da revisão, segundo o PRISMA, São Paulo, Brasil, 2018

Quadro 1
Artigos selecionados na revisão de escopo sobre intervenções exitosas direcionadas ao enfrentamento da violência entre parceiros íntimos na adolescência, São Paulo, Brasil, 2018

A maior parte dos estudos foi publicada nos Estados Unidos (n=22), seguido da Espanha (n= 2) e do México (n=2). Canadá, Suíça, Haiti e Caribe produziram um estudo cada e outro foi realizado por uma parceria entre Canadá e Reino Unido. A linguagem da produção foi majoritariamente o inglês (n= 28 artigos). Três artigos foram redigidos em espanhol.

Os artigos foram publicados entre 1995 e 2017. Os anos de maior concentração de publicações foram 2015 (n=5) e 2013 (n=4), seguidos por 2017, 2016 e 2012, com três publicações em cada ano. Em 2014, 2009 e 1997 foram publicados dois estudos em cada ano. Em 2010, 2008, 2006, 2005, 2004, 1998 e 1995 foi publicado um artigo por ano.

Dezoito artigos foram selecionados na base de dados MEDLINE, seis na Scopus, cinco na PsycINFO e dois na CINAHL. Considerando-se a área de concentração dos estudos, 26 foram produzidos pelas Ciências da Saúde. Desses, 17 especificaram a área de pertencimento como: Psicologia (n=6), Saúde Mental (n=3), Saúde Pública (n=3); Pediatria (n=1); Medicina (n=1), Saúde da Mulher (n=1), Enfermagem (n=1) e um em parceria entre Enfermagem e Artes (n=1). Quatro estudos pertenciam às Ciências da Educação e outro à Assistência Social.

Em relação ao delineamento metodológico, 27 artigos eram quantitativos, dois qualitativos e dois utilizaram métodos mistos. Demais informações relativas ao desenho dos estudos estão descritas na Tabela 1.

Tabela 1
Distribuição das publicações quanto à metodologia, São Paulo, Brasil, 2018

A análise dos dados dos estudos quantitativos foi feita por meio de modelos estatísticos, que mensuraram as variáveis antes e depois da intervenção realizada. Nos estudos qualitativos foi utilizada a técnica de análise de conteúdo.

Os referenciais teóricos utilizados foram: Teoria Social Cognitiva (n=3), Teoria da Aprendizagem Social (n=3), Desenvolvimento Positivo da Infância (n=1), Teatro do Oprimido (n=1), Abordagem Sócio-Ecológica (n=1), Teoria Fundamentada nos Dados (n=1), Violência de Gênero (n=1), Teoria Sócio-Afetiva (n=1) e Modelo Transteórico (n=1). Dezoito estudos não explicitaram o referencial teórico adotado.

Os estudos apresentaram intervenções exitosas ou seus seguimentos (follow-up), direcionadas à prevenção primária e secundária, e ao enfrentamento da VPI adolescente no âmbito comunitário. A maioria das intervenções foi implementada no contexto escolar (27 intervenções), sendo que duas foram iniciadas na escola e finalizadas nos âmbitos comunitário e virtual. As demais foram realizadas no espaço doméstico (n=1) e em um centro comunitário para jovens (n=1).

As intervenções implementadas no contexto escolar (n=29) referiram-se ao desenvolvimento de 23 programas de prevenção da VPI adolescente. Dois estudos(2222 Miller S, Williams J, Cutbush S, Gibbs D, Clinton-Sherrod M, Jones S. Evaluation of the start strong initiative: preventing teen dating violence and promoting healthy relationships among middle school students. J Adolesc Heal [Internet]. 2015 [cited 2018 Jul 2];56(2 Suppl 2):S14-9. Available from: doi: 10.1016/j.jadohealth.2014.11.003
https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.201...
,2424 Williams J, Miller S, Cutbush S, Gibbs D, Clinton-Sherrod M, Jones S. A latent transition model of the effects of a teen dating violence prevention initiative. J Adolesc Health [Internet]. 2015 [cited 2018 Nov 01];56(2 Suppl 2):S27-32. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2014.08.019
http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2...
) avaliaram o programa curricular Star Strong: Building Healthy Teen Relationships Iniciative, a curto e a longo prazo, respectivamente. Outros dois estudos(2323 Taylor BG, Mumford EA, Stein ND. Effectiveness of "shifting boundaries" teen dating violence prevention program for subgroups of middle school students. J Adolesc Health [Internet]. 2015 [cited 2018 Jul 2];56(2 Suppl 2):S20-6. Available from: doi:10.1016/j.jadohealth.2014.07.004
https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.201...
,3030 Taylor BG, Stein ND, Mumford EA, Woods D. Shifting Boundaries: An experimental evaluation of a dating violence prevention program in middle schools. Prev Sci [Internet]. 2013 [cited 2018 Nov 01];14(1):64-76. Available from: doi:10.1007/s11121-012-0293-2
https://doi.org/10.1007/s11121-012-0293-...
) analisaram o programa Shifting Boundaries, com intervenções em sala de aula e na escola.

O programa Safe Dates foi identificado em cinco artigos relacionados ao acompanhamento da versão inicial da intervenção(4343 Foshee VA, Bauman KE, Arriaga XB, Helms RW, Koch GG, Linder GF. An evaluation of safe dates, an adolescent dating violence prevention program. Am J Public Health [Internet]. 1998 [cited 2018 Nov 02];88(1):45-50. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1508378/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/article...
); ao monitoramento tardio(4141 Foshee VA, Bauman KE, Ennett ST, Suchindran C, Benefield T, Linder GF. Assessing the effects of the dating violence prevention program "Safe Dates" using random coefficient regression modeling. Prev Sci. 2005;6(3):245-58. doi: 10.1007/s11121-005-0007-0
https://doi.org/10.1007/s11121-005-0007-...
-4242 Foshee VA, Bauman KE, Ennett ST, Linder GF, Benefield T, Suchindran C. Assessing the long-term effects of the Safe Dates program and a booster in preventing and reducing adolescent dating violence victimization and perpetration. Am J Public Health. 2004;94(4):619-24.); e às adaptações da versão original da intervenção(2121 Gage AJ, Honoré JG, Deleon J. Short-term effects of a violence-prevention curriculum on knowledge of dating violence among high school students in Port-au-Prince, Haiti. J Commun Healthc [Internet]. 2016 [cited 2018 Nov 01];9(3):178-89. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/17538068.2016.1205300
http://dx.doi.org/10.1080/17538068.2016....
,3535 Hamby S, Nix K, De Puy J, Monnier S. Adapting dating violence prevention to francophone switzerland: a story of intra-western cultural differences. Violence Vict [Internet]. 2012 [cited 2018 Nov 01];27(1):33-42. Available from: https://doi.org/10.1891/0886-6708.27.1.33
https://doi.org/10.1891/0886-6708.27.1.3...
), sendo que uma delas tratou de adaptação transcultural.

As intervenções associadas ao contexto escolar diziam respeito à introdução de modelos curriculares em disciplinas, especialmente de Educação em Saúde ou Educação Física. As ações eram de curta ou longa duração, variando de cinco a 24 sessões. Duas intervenções realizadas em serviços de saúde escolares destacaram os programas School Health Center Healthy Adolescent Relationships (2626 Miller E, Goldstein S, McCauley HL, Jones KA, Dick RN, Jetton J, et al. A school health center intervention for abusive adolescent relationships: a cluster RCT. Pediatrics;135(1):76-85. doi: 10.1542/peds.2014-2471
https://doi.org/10.1542/peds.2014-2471...
) e Project Conect (1818 Raible CA, Dick R, Gilkerson F, Mattern CS, James L, Miller E. School nurse-delivered adolescent relationship abuse prevention. J Sch Health. 2017;87(7):524-30. doi: 10.1111/josh.12520
https://doi.org/10.1111/josh.12520...
), que visavam a orientações sobre a VPI adolescente em encontros clínicos. O segundo programa era desenvolvido por enfermeiras em cinco escolas urbanas e rurais.

Constatou-se também que as intervenções que versavam sobre alguma forma de implementação curricular da temática relacionada à VPI adolescente apresentavam temas convergentes (Quadro 2).

Quadro 2
Focos dos estudos sobre intervenções relacionadas à violência entre parceiros íntimos adolescente (implementação curricular), São Paulo, Brasil, 2018

No que se refere à categoria gênero, quatro intervenções estimularam mudanças de atitudes que reiteravam desigualdades de gênero nos relacionamentos entre os adolescentes(1717 Sosa-Rubi SG, Saavedra-Avendano B, Piras C, Van Buren SJ, Bautista-Arredondo S. True love: effectiveness of a school-based program to Reduce dating violence among adolescents in mexico city. Prev Sci [Internet]. 2017 [cited 2018 Jul 2];18(7):804-17. Available from: https://doi.org/10.1007/s11121-016-0718-4
https://doi.org/10.1007/s11121-016-0718-...
,3232 Muñoz B, Ortega FJ, Sánchez V. El DaViPoP: Un programa de prevención de violencia en el cortejo y las parejas adolescentes. Apunt Psicol [Internet]. 2013 [cited 2018 Nov 01];31(2):215-24. Available from: http://www.apuntesdepsicologia.es/index.php/revista/article/view/324
http://www.apuntesdepsicologia.es/index....
,3434 Enriquez M, Kelly PJ, Cheng AL, Hunter J, Mendez E. An Intervention to address interpersonal violence among low-income midwestern Hispanic-American teens. J Immigr Minor Health [Internet]. 2012 [cited 2018 Nov 01];14(2):292-9. Available from: doi:10.1007/s10903-011-9474-5
https://doi.org/10.1007/s10903-011-9474-...
,4444 Avery-Leaf S, Cascardi M, O'Leary KD, Cano A. Efficacy of a dating violence prevention program on attitudes justifying aggression. J Adolesc Health. 1997;21(1):11-7.), a partir de informações sobre a determinação da VPI adolescente baseados em estereótipos atribuídos ao feminino e ao masculino. Destacou-se a intervenção DaVIPoP(3232 Muñoz B, Ortega FJ, Sánchez V. El DaViPoP: Un programa de prevención de violencia en el cortejo y las parejas adolescentes. Apunt Psicol [Internet]. 2013 [cited 2018 Nov 01];31(2):215-24. Available from: http://www.apuntesdepsicologia.es/index.php/revista/article/view/324
http://www.apuntesdepsicologia.es/index....
), realizada durante uma disciplina optativa de gênero. Os autores comentaram que esse aspecto pode ter favorecido os resultados da intervenção. A categoria geração não foi abordada em nenhum dos artigos que compuseram esta revisão.

Dois estudos foram realizados com profissionais de saúde. O primeiro relatou o impacto gerado em estudantes de medicina, educadores em um programa de prevenção da VPI adolescente. Além da intervenção curricular, houve uma melhora na confiança dos participantes para o enfrentamento da problemática(3939 Moskovic CS, Guiton G, Chirra A, Núñez AE, Bigby J, Stahl C, et al. Impact of participation in a community-based intimate partner violence prevention program on medical students: a multi-center study. J Gen Intern Med. 2008;23(7):1043-7. doi: 10.1007/s11606-008-0624-y
https://doi.org/10.1007/s11606-008-0624-...
). O segundo descreveu a implementação e a avaliação de uma intervenção sobre VPI adolescente em consultórios de enfermagem, em escolas. As enfermeiras que participaram do estudo relatam ter elevado a frequência com que abordavam a problemática da VPI adolescente nas consultas de enfermagem e os adolescentes demonstraram aumento do conhecimento sobre VPI e da capacidade para ajudar amigos em situação de violência(1818 Raible CA, Dick R, Gilkerson F, Mattern CS, James L, Miller E. School nurse-delivered adolescent relationship abuse prevention. J Sch Health. 2017;87(7):524-30. doi: 10.1111/josh.12520
https://doi.org/10.1111/josh.12520...
).

Duas intervenções aconteceram em centros comunitários para jovens suíços, denominadas Sortir Ensemble et Se Respecter (3535 Hamby S, Nix K, De Puy J, Monnier S. Adapting dating violence prevention to francophone switzerland: a story of intra-western cultural differences. Violence Vict [Internet]. 2012 [cited 2018 Nov 01];27(1):33-42. Available from: https://doi.org/10.1891/0886-6708.27.1.33
https://doi.org/10.1891/0886-6708.27.1.3...
). Foram implementadas por meio de 19 grupos focais com discussões sobre os valores de relacionamentos amorosos, o reconhecimento de relacionamento abusivo e a manutenção de respeito no relacionamento. A outra intervenção foi a Families for Safe Dates (3333 Foshee VA, McNaughton Reyes HL, Ennett ST, Cance JD, Bauman KE, Bowling JM. Assessing the effects of families for safe dates, a family-based teen dating abuse prevention program. J Adolesc Heal [Internet]. 2012 [cited 2018 Nov 01];51(4):349-56. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2011.12.029
http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2...
), desenvolvida no ambiente doméstico e direcionada aos pais ou responsáveis por adolescentes. Buscava propiciar um espaço familiar propício para discussões relacionadas à VPI adolescente.

As estratégias adotadas nas intervenções foram divididas em dois grupos. O primeiro foi composto por estudos que utilizaram metodologia de ensino-aprendizagem tradicional(1414 Egry EY, Fonseca RMGS, Oliveira MAC. [Science, public health and nursing: highlighting the gender and generation categories in the episteme of práxis]. Rev Bras Enferm [Internet]. 2013 [cited 2018 Jul 2];66(esp):119-33. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672013000700016. Portuguese.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672013...
), baseada na transmissão de conhecimento unidirecional e na passividade dos adolescentes(1818 Raible CA, Dick R, Gilkerson F, Mattern CS, James L, Miller E. School nurse-delivered adolescent relationship abuse prevention. J Sch Health. 2017;87(7):524-30. doi: 10.1111/josh.12520
https://doi.org/10.1111/josh.12520...
-1919 Joppa MC, Rizzo CJ, Nieves A V., Brown LK. Pilot investigation of the katie brown educational program: a school-community partnership. J Sch Health. 2016;86(4):288-97. doi: 10.1111/josh.12378
https://doi.org/10.1111/josh.12378...
,2121 Gage AJ, Honoré JG, Deleon J. Short-term effects of a violence-prevention curriculum on knowledge of dating violence among high school students in Port-au-Prince, Haiti. J Commun Healthc [Internet]. 2016 [cited 2018 Nov 01];9(3):178-89. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/17538068.2016.1205300
http://dx.doi.org/10.1080/17538068.2016....
,2323 Taylor BG, Mumford EA, Stein ND. Effectiveness of "shifting boundaries" teen dating violence prevention program for subgroups of middle school students. J Adolesc Health [Internet]. 2015 [cited 2018 Jul 2];56(2 Suppl 2):S20-6. Available from: doi:10.1016/j.jadohealth.2014.07.004
https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.201...
-2424 Williams J, Miller S, Cutbush S, Gibbs D, Clinton-Sherrod M, Jones S. A latent transition model of the effects of a teen dating violence prevention initiative. J Adolesc Health [Internet]. 2015 [cited 2018 Nov 01];56(2 Suppl 2):S27-32. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2014.08.019
http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2...
,3030 Taylor BG, Stein ND, Mumford EA, Woods D. Shifting Boundaries: An experimental evaluation of a dating violence prevention program in middle schools. Prev Sci [Internet]. 2013 [cited 2018 Nov 01];14(1):64-76. Available from: doi:10.1007/s11121-012-0293-2
https://doi.org/10.1007/s11121-012-0293-...
,3232 Muñoz B, Ortega FJ, Sánchez V. El DaViPoP: Un programa de prevención de violencia en el cortejo y las parejas adolescentes. Apunt Psicol [Internet]. 2013 [cited 2018 Nov 01];31(2):215-24. Available from: http://www.apuntesdepsicologia.es/index.php/revista/article/view/324
http://www.apuntesdepsicologia.es/index....
,3939 Moskovic CS, Guiton G, Chirra A, Núñez AE, Bigby J, Stahl C, et al. Impact of participation in a community-based intimate partner violence prevention program on medical students: a multi-center study. J Gen Intern Med. 2008;23(7):1043-7. doi: 10.1007/s11606-008-0624-y
https://doi.org/10.1007/s11606-008-0624-...

40 Jaycox LH, McCaffrey D, Eiseman B, Aronoff J, Shelley GA, Collins RL, et al. Impact of a school-based dating violence prevention program among latino teens: randomized controlled effectiveness trial. J Adolesc Health [Internet]. 2006 [cited 2018 Nov 02];39(5):694-704. Available from: doi:10.1016/j.jadohealth.2006.05.002
https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.200...

41 Foshee VA, Bauman KE, Ennett ST, Suchindran C, Benefield T, Linder GF. Assessing the effects of the dating violence prevention program "Safe Dates" using random coefficient regression modeling. Prev Sci. 2005;6(3):245-58. doi: 10.1007/s11121-005-0007-0
https://doi.org/10.1007/s11121-005-0007-...
-4242 Foshee VA, Bauman KE, Ennett ST, Linder GF, Benefield T, Suchindran C. Assessing the long-term effects of the Safe Dates program and a booster in preventing and reducing adolescent dating violence victimization and perpetration. Am J Public Health. 2004;94(4):619-24.,4444 Avery-Leaf S, Cascardi M, O'Leary KD, Cano A. Efficacy of a dating violence prevention program on attitudes justifying aggression. J Adolesc Health. 1997;21(1):11-7.-4545 Macgowan MJ. An evaluation of dating violence prevention program for middle school students. Violence Vict. 1997;12(3): 223-35.). O segundo grupo foi composto por intervenções, utilizando estratégias inovadoras próximas da metodologia ativa de ensino-aprendizagem, que considera a construção do conhecimento a partir da inserção social do adolescente. Nesta perspectiva, destacou-se o uso de jogos, vídeos, vinhetas, narração de histórias, análise de músicas, teatro, estudos de caso, workshops e intervenções visuais(1616 Sargent KS, Jouriles EN, Rosenfield D, McDonald R. A high school-based evaluation of TakeCARE, a video bystander program to prevent adolescent relationship violence. J Youth Adolesc. 2017 ;46(3):633-43. doi: 10.1007/s10964-016-0622-z
https://doi.org/10.1007/s10964-016-0622-...
-1717 Sosa-Rubi SG, Saavedra-Avendano B, Piras C, Van Buren SJ, Bautista-Arredondo S. True love: effectiveness of a school-based program to Reduce dating violence among adolescents in mexico city. Prev Sci [Internet]. 2017 [cited 2018 Jul 2];18(7):804-17. Available from: https://doi.org/10.1007/s11121-016-0718-4
https://doi.org/10.1007/s11121-016-0718-...
,2020 Levesque DA, Johnson JL, Welch CA, Prochaska JM, Paiva AL. Teen dating violence prevention: cluster-randomized trial of teen choices, an online, stage-based program for healthy, nonviolent relationships. Psychol Violence. 2016;6(3):421-32. doi: 10.1037/vio0000049
https://doi.org/10.1037/vio0000049...
,2222 Miller S, Williams J, Cutbush S, Gibbs D, Clinton-Sherrod M, Jones S. Evaluation of the start strong initiative: preventing teen dating violence and promoting healthy relationships among middle school students. J Adolesc Heal [Internet]. 2015 [cited 2018 Jul 2];56(2 Suppl 2):S14-9. Available from: doi: 10.1016/j.jadohealth.2014.11.003
https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.201...
,2525 McLeod DA, Jones R, Cramer EP. An evaluation of a school-based, peer-facilitated, healthy relationship program for at-risk adolescents. Child Sch [Internet]. 2015 [cited 2018 Nov 01];37(2):108-16. Available from: https://doi.org/10.1093/cs/cdv006
https://doi.org/10.1093/cs/cdv006...
,2727 Alexander CM, Hutchison AN, Clougher KM, Davis HA, Shepler DK, Ambroise Y. Adolescent dating violence: Application of a u.s. primary prevention program in St. Lucia. J Couns Dev [Internet]. 2014 [cited 2018 Nov 01];92(4):489-98. Available from: https://doi.org/10.1002/j.1556-6676.2014.00175.x
https://doi.org/10.1002/j.1556-6676.2014...

28 Peskin MF, Markham CM, Shegog R, Baumler ER, Addy RC, Tortolero SR. Effects of the it's your game... keep it real program on dating violence in ethnic-minority middle school youths: A group randomized trial. Am J Public Health. 2014;104(8):1471-7. doi:10.2105/AJPH.2014.301902
https://doi.org/10.2105/AJPH.2014.301902...
-2929 Belknap RA, Haglund K, Felzer H, Pruszynski J, Schneider J. A theater intervention to prevent teen dating violence for mexican-american middle school students. J Adolesc Health [Internet]. 2013 [cited 2018 Nov 01];53(1):62-7. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2013.02.006
http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2...
,3131 Oscós-Sánchez MÁ, Lesser J, Oscós-Flores LD. High school students in a health career promotion program report fewer acts of aggression and violence. J Adolesc Health [Internet]. 2013 [cited 2018 Nov 01];52(1):96-101. Available from: https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.2012.04.006
https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.201...
,3535 Hamby S, Nix K, De Puy J, Monnier S. Adapting dating violence prevention to francophone switzerland: a story of intra-western cultural differences. Violence Vict [Internet]. 2012 [cited 2018 Nov 01];27(1):33-42. Available from: https://doi.org/10.1891/0886-6708.27.1.33
https://doi.org/10.1891/0886-6708.27.1.3...

36 Pick S, Leenen I, Givaudan M, Prado A. ``I want to I can ... prevent violence{''}: Raising awareness of dating violence through a brief intervention. Salud Ment [Internet]. 2010 [cited 2018 Nov 01];33(2):153-60. Available from: http://www.medigraphic.com/pdfs/salmen/sam-2010/sam102f.pdf
http://www.medigraphic.com/pdfs/salmen/s...

37 Wolfe DA, Crooks C, Jaffe P, Chiodo D, Hughes R, Ellis W, et al. A school-based program to prevent adolescent dating violence. Arch Pediatr Adolesc Med [Internet]. 2009 [cited 2018 Nov 01];163(8):692-9. Available from: doi:10.1001/archpediatrics.2009.69
https://doi.org/10.1001/archpediatrics.2...
-3838 Garrido V, Casas M. The prevention of dating violence in youth: the "Mask of Love" workshop. Rev Educ [Internet]. 2009 [cited 2018 Nov 01];349:335-60. Available from: http://www.revistaeducacion.mec.es/re349/re349_16.pdf
http://www.revistaeducacion.mec.es/re349...
,4343 Foshee VA, Bauman KE, Arriaga XB, Helms RW, Koch GG, Linder GF. An evaluation of safe dates, an adolescent dating violence prevention program. Am J Public Health [Internet]. 1998 [cited 2018 Nov 02];88(1):45-50. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1508378/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/article...
,4646 Lavoie F, Vézina L, Piché C, Boivin M. Evaluation of a prevention program for violence in teen dating relationships. J Interpers Violence [Internet]. 1995 [cited 2018 Jul 2];10(4):516-24. Available from: https://doi.org/10.1177/088626095010004009
https://doi.org/10.1177/0886260950100040...
). Em alguns estudos, a intervenção utilizou uma ou mais estratégias, concomitantemente.

A revisão também possibilitou identificar a atuação dos profissionais de saúde e de outras áreas nas intervenções. Os professores foram apontados como os responsáveis por 12 intervenções, sendo que em cinco receberam treinamento com duração de quatro a 20 horas. Os estudos identificaram, ainda, como responsáveis por essas intervenções facilitadores capacitados não vinculados às escolas(66 Minayo M, Assis S, Njaine K. Amor e violência: um paradoxo das relações de namoro e do "ficar" entre jovens brasileiros. Rio de Janeiro: FIOCRUZ; 2011. 238 p.), estudantes de graduação de teatro e de medicina (n=2), pesquisadores (n=5), profissionais da comunidade (n=2), profissionais de saúde (n=2), educador em saúde (n=1) e advogado (n=1). Em um estudo, não foi possível identificar o profissional responsável e em dois estudos a atividade foi coordenada por outros adolescentes treinados para atuação com pares.

DISCUSSÃO

A revisão de escopo permitiu conhecer as intervenções consideradas exitosas no que diz respeito à prevenção e ao enfrentamento da VPI adolescente, os métodos utilizados, os locais de implementação, os profissionais responsáveis e as limitações dos estudos.

O mapeamento aponta a não representatividade de estudos brasileiros relacionados à temática. Esse aspecto pode estar associado à ausência de intervenções ou ao não registro e divulgação das iniciativas realizadas junto aos adolescentes em periódicos de elevado fator de impacto. Resultado semelhante foi identificado por uma revisão integrativa que mapeou estudos de prevenção da VPI adolescente na área da Saúde(33 Oliveira RNG, Gessner R, Brancaglioni BCA, Fonseca RMGS, Egry EY. Preventing violence by intimate partners in adolescence: an integrative review. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2016 [cited 2018 Jul 2];50(1):134-43. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420160000100018
http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342016...
).

O cenário que concentra maior número de intervenções é a escola. Esse resultado reitera a escola como sendo um espaço privilegiado para a formação e a participação social dos adolescentes. Constatou-se que as intervenções nas escolas também eram relacionadas ao setor da Saúde, desenvolvidas principalmente nas disciplinas referentes à temática, como Educação em Saúde e Educação Física. Portanto, entende-se que o foco da violência ainda se concentra nas dimensões biológica e psicológica da adolescência.

Essa realidade pode ser evidenciada em estudo empreendido por Carlos et al.(4747 Carlos DM, Beatriz CA, Silva JL, Fernandes MD, Leitão MNC, Silva MAI, et al. [School-based interventions for teen dating violence prevention: integrative literature review]. Rev Enferm Ref [Internet]. 2017 [cited 2018 Nov 02];4(14):133-46. Available from: doi:10.12707/RIV17030} Portuguese.
https://doi.org/10.12707/RIV17030...
), que identificou que intervenções referentes a relacionamentos afetivos e sexuais realizadas no ambiente escolar normalmente estão centradas em treinamentos que objetivam diminuir comportamentos caracterizados como de risco entre os adolescentes.

O vínculo entre as instituições escolares e outros serviços que compõem a rede de enfrentamento da VPI adolescente, como a Saúde, não foi retratado nos estudos que compuseram a revisão. Os profissionais de saúde estão distantes das intervenções consideradas exitosas, direcionadas à prevenção e ao enfrentamento da VPI adolescente, devido à sua ausência nos cenários e na coordenação das ações implementadas. Essa dificuldade na definição de papéis e responsabilidades no que concerne ao planejamento e execução de intervenções intersetoriais, sobretudo entre a escola e a saúde, foi identificada em outro estudo(4848 Casemiro JP, Fonseca ABC, Secco FVM. [Promoting health in school: reflections based on a review of school health in Latin America]. Cien Saude Colet [Internet]. 2014 [cited 2018 Jul 2];19(3):829-40. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232014193.00442013 Portuguese.
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320141...
).

Vários estudos convergiram para a compreensão de que viabilizar aos adolescentes informações a respeito da VPI representa estratégia crucial para prevenção e enfrentamento dessa problemática(1616 Sargent KS, Jouriles EN, Rosenfield D, McDonald R. A high school-based evaluation of TakeCARE, a video bystander program to prevent adolescent relationship violence. J Youth Adolesc. 2017 ;46(3):633-43. doi: 10.1007/s10964-016-0622-z
https://doi.org/10.1007/s10964-016-0622-...

17 Sosa-Rubi SG, Saavedra-Avendano B, Piras C, Van Buren SJ, Bautista-Arredondo S. True love: effectiveness of a school-based program to Reduce dating violence among adolescents in mexico city. Prev Sci [Internet]. 2017 [cited 2018 Jul 2];18(7):804-17. Available from: https://doi.org/10.1007/s11121-016-0718-4
https://doi.org/10.1007/s11121-016-0718-...

18 Raible CA, Dick R, Gilkerson F, Mattern CS, James L, Miller E. School nurse-delivered adolescent relationship abuse prevention. J Sch Health. 2017;87(7):524-30. doi: 10.1111/josh.12520
https://doi.org/10.1111/josh.12520...
-1919 Joppa MC, Rizzo CJ, Nieves A V., Brown LK. Pilot investigation of the katie brown educational program: a school-community partnership. J Sch Health. 2016;86(4):288-97. doi: 10.1111/josh.12378
https://doi.org/10.1111/josh.12378...
,2121 Gage AJ, Honoré JG, Deleon J. Short-term effects of a violence-prevention curriculum on knowledge of dating violence among high school students in Port-au-Prince, Haiti. J Commun Healthc [Internet]. 2016 [cited 2018 Nov 01];9(3):178-89. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/17538068.2016.1205300
http://dx.doi.org/10.1080/17538068.2016....
,2828 Peskin MF, Markham CM, Shegog R, Baumler ER, Addy RC, Tortolero SR. Effects of the it's your game... keep it real program on dating violence in ethnic-minority middle school youths: A group randomized trial. Am J Public Health. 2014;104(8):1471-7. doi:10.2105/AJPH.2014.301902
https://doi.org/10.2105/AJPH.2014.301902...
-2929 Belknap RA, Haglund K, Felzer H, Pruszynski J, Schneider J. A theater intervention to prevent teen dating violence for mexican-american middle school students. J Adolesc Health [Internet]. 2013 [cited 2018 Nov 01];53(1):62-7. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2013.02.006
http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2...
,3232 Muñoz B, Ortega FJ, Sánchez V. El DaViPoP: Un programa de prevención de violencia en el cortejo y las parejas adolescentes. Apunt Psicol [Internet]. 2013 [cited 2018 Nov 01];31(2):215-24. Available from: http://www.apuntesdepsicologia.es/index.php/revista/article/view/324
http://www.apuntesdepsicologia.es/index....
,3535 Hamby S, Nix K, De Puy J, Monnier S. Adapting dating violence prevention to francophone switzerland: a story of intra-western cultural differences. Violence Vict [Internet]. 2012 [cited 2018 Nov 01];27(1):33-42. Available from: https://doi.org/10.1891/0886-6708.27.1.33
https://doi.org/10.1891/0886-6708.27.1.3...
-3636 Pick S, Leenen I, Givaudan M, Prado A. ``I want to I can ... prevent violence{''}: Raising awareness of dating violence through a brief intervention. Salud Ment [Internet]. 2010 [cited 2018 Nov 01];33(2):153-60. Available from: http://www.medigraphic.com/pdfs/salmen/sam-2010/sam102f.pdf
http://www.medigraphic.com/pdfs/salmen/s...
,3838 Garrido V, Casas M. The prevention of dating violence in youth: the "Mask of Love" workshop. Rev Educ [Internet]. 2009 [cited 2018 Nov 01];349:335-60. Available from: http://www.revistaeducacion.mec.es/re349/re349_16.pdf
http://www.revistaeducacion.mec.es/re349...
,4444 Avery-Leaf S, Cascardi M, O'Leary KD, Cano A. Efficacy of a dating violence prevention program on attitudes justifying aggression. J Adolesc Health. 1997;21(1):11-7.-4545 Macgowan MJ. An evaluation of dating violence prevention program for middle school students. Violence Vict. 1997;12(3): 223-35.). Para tanto, utilizaram tanto metodologias tradicionais de como inovadoras de ensino-aprendizagem. As últimas mostraram-se mais apropriadas para o alcance dos objetivos e para atrair os adolescentes(3535 Hamby S, Nix K, De Puy J, Monnier S. Adapting dating violence prevention to francophone switzerland: a story of intra-western cultural differences. Violence Vict [Internet]. 2012 [cited 2018 Nov 01];27(1):33-42. Available from: https://doi.org/10.1891/0886-6708.27.1.33
https://doi.org/10.1891/0886-6708.27.1.3...
).

A condução e a avaliação das intervenções estiveram majoritariamente associadas ao positivismo, com prevalência da metodologia quantitativa. Todavia, dada a complexidade da VPI adolescente é fundamental que as análises sejam aprofundadas, considerando a sua determinação histórica e social, subjacente ao materialismo histórico e dialético(4949 Egry EY, Fonseca RMGS, Oliveira MAC, Bertolozzi MR. Nursing in collective health: reinterpretation of objective reality by the praxis action. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018 [cited 2018 Jul 2];71(suppl 1):710-5. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0677
http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017...
). Neste referencial, as abordagens qualitativas podem ser mais potentes para revelar as diferentes faces do problema.

Os estudos não revelam como os impactos advindos das intervenções se comportam ao longo do tempo. Somente quatro intervenções(2020 Levesque DA, Johnson JL, Welch CA, Prochaska JM, Paiva AL. Teen dating violence prevention: cluster-randomized trial of teen choices, an online, stage-based program for healthy, nonviolent relationships. Psychol Violence. 2016;6(3):421-32. doi: 10.1037/vio0000049
https://doi.org/10.1037/vio0000049...
,2424 Williams J, Miller S, Cutbush S, Gibbs D, Clinton-Sherrod M, Jones S. A latent transition model of the effects of a teen dating violence prevention initiative. J Adolesc Health [Internet]. 2015 [cited 2018 Nov 01];56(2 Suppl 2):S27-32. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2014.08.019
http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2...
,3737 Wolfe DA, Crooks C, Jaffe P, Chiodo D, Hughes R, Ellis W, et al. A school-based program to prevent adolescent dating violence. Arch Pediatr Adolesc Med [Internet]. 2009 [cited 2018 Nov 01];163(8):692-9. Available from: doi:10.1001/archpediatrics.2009.69
https://doi.org/10.1001/archpediatrics.2...
,4141 Foshee VA, Bauman KE, Ennett ST, Suchindran C, Benefield T, Linder GF. Assessing the effects of the dating violence prevention program "Safe Dates" using random coefficient regression modeling. Prev Sci. 2005;6(3):245-58. doi: 10.1007/s11121-005-0007-0
https://doi.org/10.1007/s11121-005-0007-...
) foram acompanhadas por períodos que variaram de seis meses a três anos e meio. Foshee et al.(4242 Foshee VA, Bauman KE, Ennett ST, Linder GF, Benefield T, Suchindran C. Assessing the long-term effects of the Safe Dates program and a booster in preventing and reducing adolescent dating violence victimization and perpetration. Am J Public Health. 2004;94(4):619-24.) verificaram que um reforço após três anos e meio da primeira intervenção não se mostrou suficiente para conter o avanço da ocorrência de casos de VPI adolescente entre os participantes.

Os resultados da revisão evidenciaram que é fundamental que as intervenções não estejam restritas à transmissão de conceitos e informações relativas à VPI adolescente, para que possibilitem despertar a compreensão crítica das relações afetivas e sexuais na adolescência. Ao lançar mão da categoria geração, pode-se compreender que intervenções que não consideram o adolescente como parte fundamental do processo de enfrentamento da VPI podem distanciar esse sujeito dos serviços que a implementam e podem criar uma barreira de silêncio entre os adolescentes e os profissionais(5050 Moore A, Sargenton KM, Ferranti D, Gonzalez-Guarda RM. Adolescent dating violence: supports and barriers in accessing services. J Community Health Nurs [Internet]. 2015 [cited 2018 Nov 02];32(1):39-52. Available from: doi: 10.1080/07370016.2015.991668
https://doi.org/10.1080/07370016.2015.99...
).

Um estudo(3131 Oscós-Sánchez MÁ, Lesser J, Oscós-Flores LD. High school students in a health career promotion program report fewer acts of aggression and violence. J Adolesc Health [Internet]. 2013 [cited 2018 Nov 01];52(1):96-101. Available from: https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.2012.04.006
https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.201...
) diferenciou-se dos demais ao apresentar uma crítica à mera transmissão de informações sobre a VPI como maneira de intervir no fenômeno. Sugere incentivar escolhas de vida positivas para obter melhores resultados para o enfrentamento da VPI adolescente e considera que a vivência dos adolescentes pode ser mais promissora do que a transmissão de conteúdo. Outro estudo(3434 Enriquez M, Kelly PJ, Cheng AL, Hunter J, Mendez E. An Intervention to address interpersonal violence among low-income midwestern Hispanic-American teens. J Immigr Minor Health [Internet]. 2012 [cited 2018 Nov 01];14(2):292-9. Available from: doi:10.1007/s10903-011-9474-5
https://doi.org/10.1007/s10903-011-9474-...
) apresentou a utilização de atividades que envolviam a participação colaborativa dos adolescentes como estratégia para uma intervenção exitosa.

Tais estratégias têm a capacidade de incidir nas questões resultantes das relações intergeracionais, que, historicamente, dificultam a identificação e o enfrentamento do problema(1818 Raible CA, Dick R, Gilkerson F, Mattern CS, James L, Miller E. School nurse-delivered adolescent relationship abuse prevention. J Sch Health. 2017;87(7):524-30. doi: 10.1111/josh.12520
https://doi.org/10.1111/josh.12520...
,2828 Peskin MF, Markham CM, Shegog R, Baumler ER, Addy RC, Tortolero SR. Effects of the it's your game... keep it real program on dating violence in ethnic-minority middle school youths: A group randomized trial. Am J Public Health. 2014;104(8):1471-7. doi:10.2105/AJPH.2014.301902
https://doi.org/10.2105/AJPH.2014.301902...
-2929 Belknap RA, Haglund K, Felzer H, Pruszynski J, Schneider J. A theater intervention to prevent teen dating violence for mexican-american middle school students. J Adolesc Health [Internet]. 2013 [cited 2018 Nov 01];53(1):62-7. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2013.02.006
http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2...
,3737 Wolfe DA, Crooks C, Jaffe P, Chiodo D, Hughes R, Ellis W, et al. A school-based program to prevent adolescent dating violence. Arch Pediatr Adolesc Med [Internet]. 2009 [cited 2018 Nov 01];163(8):692-9. Available from: doi:10.1001/archpediatrics.2009.69
https://doi.org/10.1001/archpediatrics.2...
,4040 Jaycox LH, McCaffrey D, Eiseman B, Aronoff J, Shelley GA, Collins RL, et al. Impact of a school-based dating violence prevention program among latino teens: randomized controlled effectiveness trial. J Adolesc Health [Internet]. 2006 [cited 2018 Nov 02];39(5):694-704. Available from: doi:10.1016/j.jadohealth.2006.05.002
https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.200...
). Esse aspecto pode ser expresso por meio da invisibilidade dos adolescentes nos serviços e das barreiras para o estabelecimento de vínculo e diálogo entre eles e os profissionais.

Diante dos resultados, questiona-se: Até que ponto as intervenções pontuais, pautadas na perspectiva positivista e centradas na concepção unidirecional da transmissão do conhecimento são capazes de produzir transformações da realidade e a superação do problema? Como ponto de partida dessa indagação, cita-se que há registros científicos de intervenções de prevenção da VPI adolescente, consideradas exitosas desde o início da década de 1990. No entanto, percebe-se que essas iniciativas pouco modificaram a realidade, visto que a problemática da VPI acarreta, cada vez mais, agravos entre os adolescentes.

Algumas investigações(1717 Sosa-Rubi SG, Saavedra-Avendano B, Piras C, Van Buren SJ, Bautista-Arredondo S. True love: effectiveness of a school-based program to Reduce dating violence among adolescents in mexico city. Prev Sci [Internet]. 2017 [cited 2018 Jul 2];18(7):804-17. Available from: https://doi.org/10.1007/s11121-016-0718-4
https://doi.org/10.1007/s11121-016-0718-...
,3232 Muñoz B, Ortega FJ, Sánchez V. El DaViPoP: Un programa de prevención de violencia en el cortejo y las parejas adolescentes. Apunt Psicol [Internet]. 2013 [cited 2018 Nov 01];31(2):215-24. Available from: http://www.apuntesdepsicologia.es/index.php/revista/article/view/324
http://www.apuntesdepsicologia.es/index....
,3434 Enriquez M, Kelly PJ, Cheng AL, Hunter J, Mendez E. An Intervention to address interpersonal violence among low-income midwestern Hispanic-American teens. J Immigr Minor Health [Internet]. 2012 [cited 2018 Nov 01];14(2):292-9. Available from: doi:10.1007/s10903-011-9474-5
https://doi.org/10.1007/s10903-011-9474-...
,4444 Avery-Leaf S, Cascardi M, O'Leary KD, Cano A. Efficacy of a dating violence prevention program on attitudes justifying aggression. J Adolesc Health. 1997;21(1):11-7.) apontaram a necessidade de considerar questões relativas à categoria gênero para o desenvolvimento de programas de prevenção e enfrentamento da VPI adolescente. Apesar de o primeiro estudo a indicar essa necessidade ter sido realizado há quase duas décadas, constatou-se que os atuais pouco avançaram.

Entende-se que utilizar o conceito de gênero nas intervenções pode contribuir para o enfrentamento da problemática da VPI adolescente, na medida em que possibilita identificar padrões sexistas estabelecidos pela construção social de homens e mulheres, nos quais o gênero feminino é subalternizado(11 Fonseca RMGS, Oliveira RNG, Fornari LF. Prática educativa em direitos sexuais e reprodutivos: a oficina de trabalho crítico-emancipatória de gênero. In: Kalinowski C, Crozeta K, Costa M (Orgs.). PROENF Programa de Atualização em Enfermagem: Atenção Primária e Saúde da Família: Ciclo 6. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2017. p. 59-119.). A partir dessa identificação, é possível promover reflexões acerca de comportamentos violentos naturalizados na sociedade, que desencadeiam a vivência de relacionamentos violentos, acarretando agravos físicos e psíquicos nas vítimas.

Esse pensamento corrobora resultados de um estudo(2222 Miller S, Williams J, Cutbush S, Gibbs D, Clinton-Sherrod M, Jones S. Evaluation of the start strong initiative: preventing teen dating violence and promoting healthy relationships among middle school students. J Adolesc Heal [Internet]. 2015 [cited 2018 Jul 2];56(2 Suppl 2):S14-9. Available from: doi: 10.1016/j.jadohealth.2014.11.003
https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.201...
) que avaliou uma intervenção direcionada ao enfrentamento da VPI na adolescência e identificou que a ênfase em ações promotoras da desconstrução de estereótipos de gênero pode implicar na diminuição da VPI em relacionamentos futuros.

A maioria dos estudos não discute os resultados na perspectiva de gênero. Percebe-se que, normalmente, quando há a intenção dessa discussão, ela acontece considerando as diferenças verificadas entre os sexos biológicos. No entanto, outros estudos(2828 Peskin MF, Markham CM, Shegog R, Baumler ER, Addy RC, Tortolero SR. Effects of the it's your game... keep it real program on dating violence in ethnic-minority middle school youths: A group randomized trial. Am J Public Health. 2014;104(8):1471-7. doi:10.2105/AJPH.2014.301902
https://doi.org/10.2105/AJPH.2014.301902...
,3535 Hamby S, Nix K, De Puy J, Monnier S. Adapting dating violence prevention to francophone switzerland: a story of intra-western cultural differences. Violence Vict [Internet]. 2012 [cited 2018 Nov 01];27(1):33-42. Available from: https://doi.org/10.1891/0886-6708.27.1.33
https://doi.org/10.1891/0886-6708.27.1.3...
,3737 Wolfe DA, Crooks C, Jaffe P, Chiodo D, Hughes R, Ellis W, et al. A school-based program to prevent adolescent dating violence. Arch Pediatr Adolesc Med [Internet]. 2009 [cited 2018 Nov 01];163(8):692-9. Available from: doi:10.1001/archpediatrics.2009.69
https://doi.org/10.1001/archpediatrics.2...
,4545 Macgowan MJ. An evaluation of dating violence prevention program for middle school students. Violence Vict. 1997;12(3): 223-35.) indicaram a necessidade de discussão a partir do referencial de gênero, dadas as implicações baseadas em estereótipos de gênero e papéis sociais atribuídos a meninos e meninas.

A abordagem de gênero é indispensável para a condução de intervenções e para a reflexão dos resultados encontrados nos estudos. A necessidade de aprofundar e ampliar a discussão a partir das categorias sociais se concretiza com o intuito de propor novas estratégias de intervenção com vistas a superar a naturalização da VPI adolescente, a partir da construção de uma sociedade equitativa entre gênero e gerações.

As intervenções analisadas convergiram para a necessidade de qualificação dos coordenadores das intervenções, geralmente professores. Entretanto, esse tema não foi abordado em profundidade nos artigos. Tampouco foram realizadas avaliações dessas intervenções, com exceção de um estudo que a apresentou de maneira superficial(3838 Garrido V, Casas M. The prevention of dating violence in youth: the "Mask of Love" workshop. Rev Educ [Internet]. 2009 [cited 2018 Nov 01];349:335-60. Available from: http://www.revistaeducacion.mec.es/re349/re349_16.pdf
http://www.revistaeducacion.mec.es/re349...
). Isso denota fragilidade em relação à formação e à avaliação periódica dos profissionais que participam do processo de enfrentamento da VPI adolescente.

A qualificação baseada na educação tradicional, que não possibilita a construção e a reflexão coletiva do conteúdo, pode limitar a possibilidade de êxito da intervenção, uma vez que não permite ao profissional participar do processo de modo crítico e reflexivo(11 Fonseca RMGS, Oliveira RNG, Fornari LF. Prática educativa em direitos sexuais e reprodutivos: a oficina de trabalho crítico-emancipatória de gênero. In: Kalinowski C, Crozeta K, Costa M (Orgs.). PROENF Programa de Atualização em Enfermagem: Atenção Primária e Saúde da Família: Ciclo 6. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2017. p. 59-119.).

Os achados desta revisão podem ser utilizados para guiar a construção de propostas de enfrentamento da VPI adolescente a partir da identificação de temas importantes para compor uma intervenção e da constatação de assuntos não trabalhados, mas tidos como necessários, pelos estudos, para o sucesso de uma intervenção. Ademais, considerando que as intervenções analisadas foram, majoritariamente, de abordagem quantitativa e positivista, identifica-se a necessidade de estudos de cunho qualitativo sobre a temática.

A partir disso, é possível aliar o que foi evidenciado como intervenção exitosa para o enfrentamento da VPI adolescente a uma perspectiva qualitativa, crítica e emancipatória, direcionando esforços e recursos (institucionais, políticos, financeiros e midiáticos) para intervenções que promovam a participação dos adolescentes no processo de construção, execução e avaliação de uma estratégia de intervenção.

Limitações do estudo

Este estudo apresentou como limitações o fato de apenas um revisor ter analisado os títulos e resumos selecionados, sendo discutido entre três revisores os casos de dúvidas e a impossibilidade de acesso a dois estudos selecionados nas buscas.

Contribuições para a área da Enfermagem

No que se refere às implicações para a área da Enfermagem, constata-se a necessidade de intervenções para a prevenção e enfrentamento da VPI adolescente no cenário das instituições de saúde, por meio de atendimentos individuais e coletivos aos adolescentes, bem como o desenvolvimento de parcerias com instituições de outras áreas. Além disso, destaca-se a importância de estudos que visem conhecer e analisar as práticas profissionais realizadas sobre a temática, com o intuito de identificar e divulgar intervenções exitosas e subsidiar a superação do problema.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A revisão de escopo mapeou as intervenções voltadas à prevenção e ao enfrentamento da VPI adolescente em âmbito mundial. O estudo evidenciou uma importante contradição: apesar de as primeiras intervenções registradas pela literatura datarem da década de 1990 e que, desde então, muitas outras tenham sido desenvolvidas, a realidade objetiva revela a expansão de relacionamentos afetivos e/ou sexuais violentos sustentados por iniquidades de gênero entre adolescentes.

Uma hipótese a ser levantada é que essas intervenções, na sua maioria, transmitem informações acerca da problemática, sem possibilitar o protagonismo ativo dos próprios adolescentes nas ações interventivas, visando transformar e superar a problemática. As intervenções que compuseram essa revisão foram consideradas exitosas por seus autores, o que denota que o objetivo de transmissão de informações foi alcançado. No entanto, apenas a divulgação de informações parece ser insuficiente para a prevenção e o enfrentamento de um fenômeno tão complexo como a VPI adolescente.

As intervenções comunitárias voltadas somente para os adolescentes acabam se apresentando como limitação para a prevenção e o enfrentamento das situações de VPI. Concorda-se que a VPI adolescente será desvelada como possibilidade para o enfrentamento na medida em que os adolescentes sejam capazes de reconhecer e problematizar a violência. No entanto, é necessário não apenas informá-los sobre essa problemática, mas também disponibilizar espaços para escuta e diálogo, respeitando seus posicionamentos e experiências.

Além disso, há necessidade de construir e implementar intervenções intersetoriais que envolvam as famílias e os grupos sociais a que pertencem os adolescentes. Neste âmbito, é fundamental também a criação e a implementação de políticas públicas transversais às áreas que participam da promoção da melhoria da qualidade de vida dos adolescentes, como Saúde, Educação, Assistência Social e Justiça.

  • FOMENTO
    O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

REFERENCES

  • 1
    Fonseca RMGS, Oliveira RNG, Fornari LF. Prática educativa em direitos sexuais e reprodutivos: a oficina de trabalho crítico-emancipatória de gênero. In: Kalinowski C, Crozeta K, Costa M (Orgs.). PROENF Programa de Atualização em Enfermagem: Atenção Primária e Saúde da Família: Ciclo 6. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2017. p. 59-119.
  • 2
    Jennings WG, Okeem C, Piquero AR, Sellers CS, Theobald D, Farrington DP. Dating and intimate partner violence among young persons ages 15-30: evidence from a systematic review. Aggress Violent Behav [Internet]. 2017 [cited 2018 Oct 31];33:107-25. Available from: doi:10.1016/j.avb.2017.01.007
    » https://doi.org/10.1016/j.avb.2017.01.007
  • 3
    Oliveira RNG, Gessner R, Brancaglioni BCA, Fonseca RMGS, Egry EY. Preventing violence by intimate partners in adolescence: an integrative review. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2016 [cited 2018 Jul 2];50(1):134-43. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420160000100018
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420160000100018
  • 4
    World Health Organization, London School of Hygiene and Tropical Medicine. Preventing intimate partner and sexual violence against women: taking action and generating evidence [Internet]. Geneva: WHO; 2012. 94 p. Available from: http://www.who.int/violence_injury_prevention/publications/violence/9789241564007_eng.pdf
    » http://www.who.int/violence_injury_prevention/publications/violence/9789241564007_eng.pdf
  • 5
    Cecchetto F, Oliveira QBM, Njaine K, Minayo MC de S. Violências percebidas por homens adolescentes na interação afetivo-sexual em dez cidades brasileiras. Interface (Botucatu) [Internet]. 2016 [cited 2018 Nov 01];20(59):853-64. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015.0082
    » http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015.0082
  • 6
    Minayo M, Assis S, Njaine K. Amor e violência: um paradoxo das relações de namoro e do "ficar" entre jovens brasileiros. Rio de Janeiro: FIOCRUZ; 2011. 238 p.
  • 7
    Foshee VA, Karriker-Jaffe KJ, Reyes HLM, Ennett ST, Suchindran C, Bauman KE, et al. What accounts for demographic differences in trajectories of adolescent dating violence? An examination of intrapersonal and contextual mediators. J Adolesc Health [Internet]. 2008 [cited 2018 Jul 2];42(6):596-604. Available from: doi: 10.1016/j.jadohealth.2007.11.005
    » https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.2007.11.005
  • 8
    Lewis SF, Fremouw W. Dating violence: a critical review of the literature. Clin Psychol Rev [Internet]. 2001 [cited 2018 Jul 2];21(1):105-27. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11148892
    » http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11148892
  • 9
    Leen E, Sorbring E, Mawer M, Holdsworth E, Helsing B, Bowen E. Prevalence, dynamic risk factors and the efficacy of primary interventions for adolescent dating violence: An international review. Aggress Violent Behav [Internet]. 2013 [cited 2018 Jul 2];18(1):159-74. Available from: https://doi.org/10.1016/j.avb.2012.11.015
    » https://doi.org/10.1016/j.avb.2012.11.015
  • 10
    Arksey H, O'Malley L. Scoping studies: Towards a methodological framework. Int J Soc Res Methodol Theory Pract [Internet]. 2005 [cited 2018 Nov 01];8(1):19-32. Available from: doi: 10.1080/1364557032000119616
    » https://doi.org/10.1080/1364557032000119616
  • 11
    Levac D, Colquhoun H, O'Brien KK. Scoping studies: advancing the methodology. Implement Sci [Internet]. 2010 [cited 2018 Jul 2];5:69. Available from: https://doi.org/10.1186/1748-5908-5-69
    » https://doi.org/10.1186/1748-5908-5-69
  • 12
    Joanna Briggs Institute Reviewers' Manual 2015: Methodology for JBI Scoping Reviews. The Joanna Briggs Institute, Austrália, 2015.
  • 13
    Scott J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educ Real [Internet]. 1995 [cited 2018 Nov 01};20(2):71-99. Available from: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/185058/mod_resource/content/2/G%C3%AAnero-Joan%20Scott.pdf
    » https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/185058/mod_resource/content/2/G%C3%AAnero-Joan%20Scott.pdf
  • 14
    Egry EY, Fonseca RMGS, Oliveira MAC. [Science, public health and nursing: highlighting the gender and generation categories in the episteme of práxis]. Rev Bras Enferm [Internet]. 2013 [cited 2018 Jul 2];66(esp):119-33. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672013000700016 Portuguese.
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672013000700016
  • 15
    Liberati A, Altman DG, Tetzlaff J, Mulrow C, Gøtzsche PC, Ioannidis JPA, et al. The PRISMA statement for reporting systematic reviews and meta-analyses of studies that evaluate healthcare interventions: explanation and elaboration. BMJ. 2009;339:b2700. doi: 10.1136/bmj.b2700
    » https://doi.org/10.1136/bmj.b2700
  • 16
    Sargent KS, Jouriles EN, Rosenfield D, McDonald R. A high school-based evaluation of TakeCARE, a video bystander program to prevent adolescent relationship violence. J Youth Adolesc. 2017 ;46(3):633-43. doi: 10.1007/s10964-016-0622-z
    » https://doi.org/10.1007/s10964-016-0622-z
  • 17
    Sosa-Rubi SG, Saavedra-Avendano B, Piras C, Van Buren SJ, Bautista-Arredondo S. True love: effectiveness of a school-based program to Reduce dating violence among adolescents in mexico city. Prev Sci [Internet]. 2017 [cited 2018 Jul 2];18(7):804-17. Available from: https://doi.org/10.1007/s11121-016-0718-4
    » https://doi.org/10.1007/s11121-016-0718-4
  • 18
    Raible CA, Dick R, Gilkerson F, Mattern CS, James L, Miller E. School nurse-delivered adolescent relationship abuse prevention. J Sch Health. 2017;87(7):524-30. doi: 10.1111/josh.12520
    » https://doi.org/10.1111/josh.12520
  • 19
    Joppa MC, Rizzo CJ, Nieves A V., Brown LK. Pilot investigation of the katie brown educational program: a school-community partnership. J Sch Health. 2016;86(4):288-97. doi: 10.1111/josh.12378
    » https://doi.org/10.1111/josh.12378
  • 20
    Levesque DA, Johnson JL, Welch CA, Prochaska JM, Paiva AL. Teen dating violence prevention: cluster-randomized trial of teen choices, an online, stage-based program for healthy, nonviolent relationships. Psychol Violence. 2016;6(3):421-32. doi: 10.1037/vio0000049
    » https://doi.org/10.1037/vio0000049
  • 21
    Gage AJ, Honoré JG, Deleon J. Short-term effects of a violence-prevention curriculum on knowledge of dating violence among high school students in Port-au-Prince, Haiti. J Commun Healthc [Internet]. 2016 [cited 2018 Nov 01];9(3):178-89. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/17538068.2016.1205300
    » http://dx.doi.org/10.1080/17538068.2016.1205300
  • 22
    Miller S, Williams J, Cutbush S, Gibbs D, Clinton-Sherrod M, Jones S. Evaluation of the start strong initiative: preventing teen dating violence and promoting healthy relationships among middle school students. J Adolesc Heal [Internet]. 2015 [cited 2018 Jul 2];56(2 Suppl 2):S14-9. Available from: doi: 10.1016/j.jadohealth.2014.11.003
    » https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.2014.11.003
  • 23
    Taylor BG, Mumford EA, Stein ND. Effectiveness of "shifting boundaries" teen dating violence prevention program for subgroups of middle school students. J Adolesc Health [Internet]. 2015 [cited 2018 Jul 2];56(2 Suppl 2):S20-6. Available from: doi:10.1016/j.jadohealth.2014.07.004
    » https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.2014.07.004
  • 24
    Williams J, Miller S, Cutbush S, Gibbs D, Clinton-Sherrod M, Jones S. A latent transition model of the effects of a teen dating violence prevention initiative. J Adolesc Health [Internet]. 2015 [cited 2018 Nov 01];56(2 Suppl 2):S27-32. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2014.08.019
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2014.08.019
  • 25
    McLeod DA, Jones R, Cramer EP. An evaluation of a school-based, peer-facilitated, healthy relationship program for at-risk adolescents. Child Sch [Internet]. 2015 [cited 2018 Nov 01];37(2):108-16. Available from: https://doi.org/10.1093/cs/cdv006
    » https://doi.org/10.1093/cs/cdv006
  • 26
    Miller E, Goldstein S, McCauley HL, Jones KA, Dick RN, Jetton J, et al. A school health center intervention for abusive adolescent relationships: a cluster RCT. Pediatrics;135(1):76-85. doi: 10.1542/peds.2014-2471
    » https://doi.org/10.1542/peds.2014-2471
  • 27
    Alexander CM, Hutchison AN, Clougher KM, Davis HA, Shepler DK, Ambroise Y. Adolescent dating violence: Application of a u.s. primary prevention program in St. Lucia. J Couns Dev [Internet]. 2014 [cited 2018 Nov 01];92(4):489-98. Available from: https://doi.org/10.1002/j.1556-6676.2014.00175.x
    » https://doi.org/10.1002/j.1556-6676.2014.00175.x
  • 28
    Peskin MF, Markham CM, Shegog R, Baumler ER, Addy RC, Tortolero SR. Effects of the it's your game... keep it real program on dating violence in ethnic-minority middle school youths: A group randomized trial. Am J Public Health. 2014;104(8):1471-7. doi:10.2105/AJPH.2014.301902
    » https://doi.org/10.2105/AJPH.2014.301902
  • 29
    Belknap RA, Haglund K, Felzer H, Pruszynski J, Schneider J. A theater intervention to prevent teen dating violence for mexican-american middle school students. J Adolesc Health [Internet]. 2013 [cited 2018 Nov 01];53(1):62-7. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2013.02.006
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2013.02.006
  • 30
    Taylor BG, Stein ND, Mumford EA, Woods D. Shifting Boundaries: An experimental evaluation of a dating violence prevention program in middle schools. Prev Sci [Internet]. 2013 [cited 2018 Nov 01];14(1):64-76. Available from: doi:10.1007/s11121-012-0293-2
    » https://doi.org/10.1007/s11121-012-0293-2
  • 31
    Oscós-Sánchez MÁ, Lesser J, Oscós-Flores LD. High school students in a health career promotion program report fewer acts of aggression and violence. J Adolesc Health [Internet]. 2013 [cited 2018 Nov 01];52(1):96-101. Available from: https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.2012.04.006
    » https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.2012.04.006
  • 32
    Muñoz B, Ortega FJ, Sánchez V. El DaViPoP: Un programa de prevención de violencia en el cortejo y las parejas adolescentes. Apunt Psicol [Internet]. 2013 [cited 2018 Nov 01];31(2):215-24. Available from: http://www.apuntesdepsicologia.es/index.php/revista/article/view/324
    » http://www.apuntesdepsicologia.es/index.php/revista/article/view/324
  • 33
    Foshee VA, McNaughton Reyes HL, Ennett ST, Cance JD, Bauman KE, Bowling JM. Assessing the effects of families for safe dates, a family-based teen dating abuse prevention program. J Adolesc Heal [Internet]. 2012 [cited 2018 Nov 01];51(4):349-56. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2011.12.029
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.jadohealth.2011.12.029
  • 34
    Enriquez M, Kelly PJ, Cheng AL, Hunter J, Mendez E. An Intervention to address interpersonal violence among low-income midwestern Hispanic-American teens. J Immigr Minor Health [Internet]. 2012 [cited 2018 Nov 01];14(2):292-9. Available from: doi:10.1007/s10903-011-9474-5
    » https://doi.org/10.1007/s10903-011-9474-5
  • 35
    Hamby S, Nix K, De Puy J, Monnier S. Adapting dating violence prevention to francophone switzerland: a story of intra-western cultural differences. Violence Vict [Internet]. 2012 [cited 2018 Nov 01];27(1):33-42. Available from: https://doi.org/10.1891/0886-6708.27.1.33
    » https://doi.org/10.1891/0886-6708.27.1.33
  • 36
    Pick S, Leenen I, Givaudan M, Prado A. ``I want to I can ... prevent violence{''}: Raising awareness of dating violence through a brief intervention. Salud Ment [Internet]. 2010 [cited 2018 Nov 01];33(2):153-60. Available from: http://www.medigraphic.com/pdfs/salmen/sam-2010/sam102f.pdf
    » http://www.medigraphic.com/pdfs/salmen/sam-2010/sam102f.pdf
  • 37
    Wolfe DA, Crooks C, Jaffe P, Chiodo D, Hughes R, Ellis W, et al. A school-based program to prevent adolescent dating violence. Arch Pediatr Adolesc Med [Internet]. 2009 [cited 2018 Nov 01];163(8):692-9. Available from: doi:10.1001/archpediatrics.2009.69
    » https://doi.org/10.1001/archpediatrics.2009.69
  • 38
    Garrido V, Casas M. The prevention of dating violence in youth: the "Mask of Love" workshop. Rev Educ [Internet]. 2009 [cited 2018 Nov 01];349:335-60. Available from: http://www.revistaeducacion.mec.es/re349/re349_16.pdf
    » http://www.revistaeducacion.mec.es/re349/re349_16.pdf
  • 39
    Moskovic CS, Guiton G, Chirra A, Núñez AE, Bigby J, Stahl C, et al. Impact of participation in a community-based intimate partner violence prevention program on medical students: a multi-center study. J Gen Intern Med. 2008;23(7):1043-7. doi: 10.1007/s11606-008-0624-y
    » https://doi.org/10.1007/s11606-008-0624-y
  • 40
    Jaycox LH, McCaffrey D, Eiseman B, Aronoff J, Shelley GA, Collins RL, et al. Impact of a school-based dating violence prevention program among latino teens: randomized controlled effectiveness trial. J Adolesc Health [Internet]. 2006 [cited 2018 Nov 02];39(5):694-704. Available from: doi:10.1016/j.jadohealth.2006.05.002
    » https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.2006.05.002
  • 41
    Foshee VA, Bauman KE, Ennett ST, Suchindran C, Benefield T, Linder GF. Assessing the effects of the dating violence prevention program "Safe Dates" using random coefficient regression modeling. Prev Sci. 2005;6(3):245-58. doi: 10.1007/s11121-005-0007-0
    » https://doi.org/10.1007/s11121-005-0007-0
  • 42
    Foshee VA, Bauman KE, Ennett ST, Linder GF, Benefield T, Suchindran C. Assessing the long-term effects of the Safe Dates program and a booster in preventing and reducing adolescent dating violence victimization and perpetration. Am J Public Health. 2004;94(4):619-24.
  • 43
    Foshee VA, Bauman KE, Arriaga XB, Helms RW, Koch GG, Linder GF. An evaluation of safe dates, an adolescent dating violence prevention program. Am J Public Health [Internet]. 1998 [cited 2018 Nov 02];88(1):45-50. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1508378/
    » https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1508378
  • 44
    Avery-Leaf S, Cascardi M, O'Leary KD, Cano A. Efficacy of a dating violence prevention program on attitudes justifying aggression. J Adolesc Health. 1997;21(1):11-7.
  • 45
    Macgowan MJ. An evaluation of dating violence prevention program for middle school students. Violence Vict. 1997;12(3): 223-35.
  • 46
    Lavoie F, Vézina L, Piché C, Boivin M. Evaluation of a prevention program for violence in teen dating relationships. J Interpers Violence [Internet]. 1995 [cited 2018 Jul 2];10(4):516-24. Available from: https://doi.org/10.1177/088626095010004009
    » https://doi.org/10.1177/088626095010004009
  • 47
    Carlos DM, Beatriz CA, Silva JL, Fernandes MD, Leitão MNC, Silva MAI, et al. [School-based interventions for teen dating violence prevention: integrative literature review]. Rev Enferm Ref [Internet]. 2017 [cited 2018 Nov 02];4(14):133-46. Available from: doi:10.12707/RIV17030} Portuguese.
    » https://doi.org/10.12707/RIV17030
  • 48
    Casemiro JP, Fonseca ABC, Secco FVM. [Promoting health in school: reflections based on a review of school health in Latin America]. Cien Saude Colet [Internet]. 2014 [cited 2018 Jul 2];19(3):829-40. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232014193.00442013 Portuguese.
    » http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232014193.00442013
  • 49
    Egry EY, Fonseca RMGS, Oliveira MAC, Bertolozzi MR. Nursing in collective health: reinterpretation of objective reality by the praxis action. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018 [cited 2018 Jul 2];71(suppl 1):710-5. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0677
    » http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0677
  • 50
    Moore A, Sargenton KM, Ferranti D, Gonzalez-Guarda RM. Adolescent dating violence: supports and barriers in accessing services. J Community Health Nurs [Internet]. 2015 [cited 2018 Nov 02];32(1):39-52. Available from: doi: 10.1080/07370016.2015.991668
    » https://doi.org/10.1080/07370016.2015.991668

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Feb 2019

Histórico

  • Recebido
    18 Jul 2018
  • Aceito
    28 Jul 2018
Associação Brasileira de Enfermagem SGA Norte Quadra 603 Conj. "B" - Av. L2 Norte 70830-102 Brasília, DF, Brasil, Tel.: (55 61) 3226-0653, Fax: (55 61) 3225-4473 - Brasília - DF - Brazil
E-mail: reben@abennacional.org.br