Simpósio Nacional de Diagnóstico de Enfermagem: construindo um campo de conhecimento para a Enfermagem

RESUMO

Objetivo:

resgatar a história do Simpósio Nacional de Diagnóstico de Enfermagem, de 1991 a 2018, descrevendo as temáticas oficiais e principais recomendações; e refletir sobre a construção, nesse processo, de um campo específico de conhecimento para a Enfermagem.

Resultados:

o manuscrito assumiu o caráter de um estudo histórico, utilizando-se documentos oficiais resultantes dos treze Simpósios realizados no período de 1991 a 2018 como fonte primária de dados empíricos. Os resultados foram divididos em duas etapas, de 1991 a 1992, quando o evento esteve vinculado a Grupos de Interesse em Diagnóstico de Enfermagem; e de 1996 a 2018, quando a ABEn Nacional assumiu a organização e execução do evento.

Considerações finais:

a socialização e intercâmbio do conhecimento sobre sistematização da assistência, Processo de Enfermagem e terminologias de enfermagem, temas focalizados nos SINADEn, têm contribuído decisivamente para a construção de um fecundo campo de conhecimento para a Enfermagem.

Descritores:
Enfermagem; Processo de Enfermagem; Diagnóstico de Enfermagem; Terminologia; Terminologia Padronizada em Enfermagem

ABSTRACT

Objective:

to recount the story of the Simpósio Nacional de Diagnóstico de Enfermagem (National Nursing Diagnosis Symposium), from 1991 to 2018, describing the official themes and main recommendations; and reflect on the construction, in this process, of a specific field of knowledge for Nursing.

Results:

the manuscript became a historical study, using official documents resulting from the thirteen Symposiums conducted in the period from 1991 to 2018 as the primary source of empirical data. The outcomes were divided into two stages, from 1991 to 1992, when the event was linked to Interest Groups in Nursing Diagnosis; and from 1996 to 2018, when ABEn Nacional took over the organization and execution of the event.

Final considerations:

the socialization and exchange of knowledge about systematization of care, Nursing Process and nursing terminologies, themes focused on SINADEn, contributed decisively to the construction of a fruitful field of knowledge for Nursing.

Descriptors:
Nursing; Nursing Process; Nursing Diagnosis; Terminology; Standardized Nursing Terminology

RESUMEN

Objetivo:

rescatar la historia del Simpósio Nacional de Diagnóstico de Enfermagem (Simposio Nacional de Diagnóstico de Enfermería), de 1991 a 2018, describiendo las temáticas oficiales y principales recomendaciones; y reflexionar sobre la construcción, en ese proceso, de un campo específico de conocimiento para la Enfermería.

Resultados:

el manuscrito asumió el carácter de un estudio histórico, utilizando documentos oficiales resultantes de los trece Simposios realizados en el período de 1991 a 2018 como fuente primaria de datos empíricos. Los resultados fueron divididos en dos etapas, de 1991 a 1992, cuando el evento estuvo vinculado a Grupos de Interés en Diagnóstico de Enfermería; y de 1996 a 2018, cuando la ABEn Nacional asumió la organización y ejecución del evento.

Consideraciones finales:

la socialización e intercambio del conocimiento sobre sistematización de la asistencia, Proceso de Enfermería y terminologías de enfermería, temas focalizados en los SINADEn, han contribuido decisivamente a la construcción de un fecundo campo de conocimiento para la Enfermería.

Descriptores:
Enfermería; Processo de Enfermería; Diagnóstico de Enfermería; Terminología; Terminología Normalizada de Enfermería

INTRODUÇÃO

Como resultado da atividade de nomear e de atribuir significado aos fenômenos e às atividades pertinentes à profissão, a Enfermagem tem elaborado, de modo sistemático e contínuo, um corpo de conhecimento específico, de que fazem parte conceitos que estão em seu domínio de atuação e que são aplicáveis em quaisquer campos da prática profissional - ensino, assistência, pesquisa e gestão/gerenciamento do cuidado e dos recursos humanos de enfermagem⁽¹⁾.

O Conselho Internacional de Enfermeira(o)s (CIE) considera três elementos como sendo essenciais e, em vista disso, indissociáveis da prática profissional e de sua documentação: os julgamentos ou avaliações sobre as necessidades humanas (diagnósticos de enfermagem); o que é feito para influenciar positivamente os diagnósticos sobre as necessidades humanas e sociais (ações ou intervenções de enfermagem); e os resultados sensíveis às ações ou intervenções de enfermagem (resultados de enfermagem)⁽²⁾.

Por seu turno, a Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn Nacional), ao longo de sua história, ressalta a responsabilidade ética e legal dos profissionais em operacionalizar e, sobretudo, documentar o Processo de Enfermagem, um instrumento teórico-metodológico inerente ao processo de cuidar e ao direito do cidadão como usuário dos serviços e ações de saúde, a cuidados de enfermagem seguros, dignos, sensíveis, competentes e resolutivos⁽³⁾.

Assim, a ABEn Nacional promove, regularmente, o Simpósio Nacional de Diagnóstico de Enfermagem, cuja principal finalidade é o intercâmbio e a socialização do conhecimento sobre sistematização da assistência e Processo de Enfermagem, e sobre sistemas de linguagem padronizada de enfermagem, que organizam, em terminologias, os conceitos acordados entre os profissionais para descrever os diagnósticos, intervenções e resultados pertinentes ao cuidado de enfermagem⁽⁴⁾, conceitos esses que devem ser aplicados a todos os campos da prática profissional.

Tendo em vista os aspectos apontados, a elaboração deste manuscrito objetivou fazer um resgate do Simpósio Nacional de Diagnóstico de Enfermagem, descrevendo o desenrolar histórico das temáticas oficiais e das principais recomendações resultantes das treze edições do evento, ocorridas no período de 1991 a 2018; e refletir sobre a construção, nesse processo, de um fecundo campo de conhecimento para a Enfermagem.

À medida que se configurava, o manuscrito assumiu o caráter de um estudo histórico em que, para descrever os aspectos intencionados, utilizaram-se, como fontes primárias de dados empíricos, documentos oficiais resultantes dos treze Simpósios realizados no período de 1991 a 2018 - Programas, Anais, Relatórios, Cartas, e livros da Série Didática: Enfermagem no SUS publicados pela ABEn. Alguns desses documentos foram acessados por meio da biblioteca do Centro de Memória da Enfermagem Brasileira, ou do Portal de Eventos da ABEn Nacional (http://www.abeneventos.com.br/aben_eventos.html); outros fazem parte do acervo particular das autoras. Conforme descrito no Quadro 1, foram obtidos documentos oficiais dos treze Simpósios e, para alguns deles, mais de um documento. A descrição dos resultados obtidos foi dividida em duas etapas: de 1991 a 1992, quando o evento esteve vinculado a Grupos de Interesse em Diagnóstico de Enfermagem (GIDE); e de 1996 a 2018, quando a ABEn Nacional assumiu a organização e execução do evento (Quadro 1).

Quadro 1
Edições do Simpósio Nacional de Diagnóstico de Enfermagem, segundo número de ordem, ano de realização, local, tema central e documento(s) a que se teve acesso - 1991 a 2018

Nº de ordem	Ano	Local	Tema Central	Documento(s) a que se teve acesso
Primeira etapa - 1991 a 1992
I SNDE	1991	São Paulo	Diagnóstico de enfermagem, sua taxonomia e seu impacto no ensino e na prática	Anais
II SNDE	1992	João Pessoa	Uniformização dos diagnósticos de enfermagem ao nível do Brasil	Anais Livro: Uniformização da linguagem dos diagnósticos de enfermagem da NANDA: sistematização das propostas do II SNDE
Segunda etapa - 1996 a 2018
III SINADEn	1996	Fortaleza	Diagnóstico de enfermagem: o caminho para a classificação da prática de enfermagem	Programa Livro da Série Didática: Enfermagem no SUS (1): O uso do diagnóstico na prática de enfermagem
IV SINADEn	1998	Curitiba	Diagnóstico de enfermagem como instrumento de trabalho da enfermagem	Anais
V SINADEn	2000	João Pessoa	Sistemas de classificação das práticas de enfermagem: um trabalho coletivo	Programa e Resumos Livro da Série Didática: Enfermagem no SUS (2): Sistemas de classificação da prática de enfermagem: um trabalho coletivo
VI SINADEn	2002	São Paulo	Tornando visível a qualidade do cuidado de enfermagem	Livro Programa Relatório Científico
VII SINADEn	2004	Belo Horizonte	Sistematização da Assistência de Enfermagem e o Sistema Único de Saúde	Anais
VIII SINADEn	2006	João Pessoa	Trilhando caminhos na construção de uma terminologia brasileira de enfermagem	Anais Carta de João Pessoa
IX SINADEn	2008	Porto Alegre	Contribuição brasileira para o desenvolvimento das classificações de enfermagem	Relatório Científico
X SINADEn	2010	Brasília	Sistematização da Assistência de Enfermagem no Brasil: 30 anos na construção da qualidade no cuidar	Anais
XI SINADEn	2013	Curitiba	Sistematização da Assistência de Enfermagem e responsabilidade social nos campos de prática profissional	Anais Carta de Curitiba
XII SINADEn	2016	Recife	Sistematização da Assistência de Enfermagem: avanços e desafios na qualidade da assistência, gestão, ensino e pesquisa	Anais Carta de Recife
XIII SINADEn*	2018	Florianópolis	Diretrizes Curriculares Nacionais, Formação Profissional e Sistematização da Assistência de Enfermagem	Anais Carta de Florianópolis

• Nota:
• ^*
  Em 2018, o 13º SINADEn aconteceu junto com o 16º Seminário Nacional de Diretrizes para a Educação em Enfermagem.

Simpósio Nacional de Diagnóstico de Enfermagem, 1991 a 2018

Primeira etapa - 1991 a 1992

O Simpósio Nacional de Diagnóstico de Enfermagem, cuja sigla inicial era SNDE, teve seu início vinculado a Grupos de Interesse em Diagnóstico de Enfermagem (GIDE), formados por enfermeira(o)s que se reuniam periodicamente para aprofundar o conhecimento sobre os diagnósticos de enfermagem, sua taxonomia e aplicação clínica. Os GIDE foram responsáveis pela organização de dois SNDE, respectivamente, em 1991 - GIDE São Paulo e, em 1992 - GIDE Paraíba.

O I SNDE ocorreu em novembro de 1991, em São Paulo-SP. Foi organizado pelo GIDE São Paulo e promovido pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e pelo Departamento de Enfermagem da Escola Paulista de Medicina. O evento teve como tema central Diagnóstico de enfermagem, sua taxonomia e seu impacto no ensino e na prática⁽⁵⁾. A conferência de abertura, intitulada O contexto do diagnóstico de enfermagem, foi proferida pela Profª. Drª. Tamara Iwanow Cianciarullo, que se refere à “descoberta do diagnóstico de enfermagem no contexto do Processo de Enfermagem” como um fato promissor, por trazer a possibilidade de uma linguagem comum e uma taxonomia a ser estudada e validada; por desmistificar o Processo de Enfermagem e transformar suas fases/etapas em compromisso profissional com o alcance de resultados das ações/intervenções de enfermagem; por possibilitar a caracterização dos assuntos cuidativos como estritamente vinculados às respostas dos clientes, ao invés de centralizar-se nos “comportamentos tarefeiros” dos enfermeiros; e por possibilitar uma expressão da competência dos enfermeiros e a definição de suas responsabilidades profissionais face às respostas da clientela às intervenções de enfermagem⁽⁶⁾.

Durante o I SNDE, abordou-se o ensino e a prática do diagnóstico de enfermagem; o significado e evolução histórica do conceito de diagnóstico de enfermagem; a organização do conhecimento e o desenvolvimento de modelos conceituais e teorias frente aos diagnósticos de enfermagem; a perspectiva de universalização dos termos da taxonomia de diagnósticos de enfermagem, com destaque para a necessidade de incorporação de diferenças na linguagem e na cultura quando se considera o uso internacional desses diagnósticos; considerações sobre o julgamento clínico em Enfermagem; as facilidades e dificuldades de utilização na prática profissional e as possibilidades de pesquisa quantitativa e qualitativa aplicáveis a estudos com diagnósticos de enfermagem. Entre as recomendações, destacou-se a necessidade de que os enfermeiros continuassem a produzir estudos nesse campo e de que fossem promovidos novos encontros para socialização de seus resultados⁽⁵⁾.

Em 1992, ocorreu o II SNDE, em João Pessoa-PB, concomitante com o III Seminário Paraibano de Diagnóstico de Enfermagem (III SPDE). O tema central foi a Uniformização dos diagnósticos de enfermagem ao nível do Brasil, motivado pela identificação de falta de uniformidade na tradução dos termos da Taxonomia I da NANDA para a língua portuguesa, verificando-se, entre outros aspectos: a) diferenças relativas à denominação dos Padrões de Respostas Humanas, ora traduzidos como substantivos, ora como verbos no infinitivo ou no gerúndio; b) diferenças entre autores na tradução de alguns títulos diagnósticos, em suas características definidoras ou em seus fatores relacionados. Desse modo, o II SNDE, embora tenha focalizado outros aspectos pertinentes à temática, caracterizou-se pela reunião de esforços da comunidade de enfermagem presente ao evento, no sentido de aprimoramento da tradução da Taxonomia I da NANDA para a língua portuguesa, o que foi feito a partir de cada um dos Padrões de Respostas Humanas - Trocar, Comunicar, Relacionar, Valorizar, Escolher, Mover, Perceber, Conhecer e Sentir⁽⁷⁾.

Ao término do II SNDE, decidiu-se, em sessão plenária, que seria elaborada uma síntese das propostas formuladas durante o evento para análise e aprovação dos participantes, especialmente de pessoas envolvidas no estudo e aplicação dos diagnósticos de enfermagem. Como resultado desse processo, foi publicado, em 1994, o livro Uniformização da linguagem dos diagnósticos de enfermagem da NANDA: sistematização das propostas do II SNDE, em que foram incluídas alterações na forma como componentes da taxonomia (título, definição, características definidoras e fatores relacionados) estavam traduzidos para o português, além de terem sido sugeridas alterações nesses componentes (acréscimos, retiradas, translocações) que, por vezes, significavam modificações acentuadas nos diagnósticos conforme haviam sido aprovados pela NANDA para testagem e uso clínico. Em vista disso, recomendou-se um trabalho de refinamento e validação dessas propostas, o que deveria ser alvo dos próximos simpósios⁽⁸⁾.

Nesse ponto da descrição, considera-se necessário abrir um parêntese para dar destaque a dois fatos que, certamente, tiveram influência decisiva nos rumos da construção do conhecimento sobre os sistemas de linguagem padronizada de enfermagem no Brasil. O primeiro desses fatos foi a participação de uma delegação de representantes da ABEn Nacional em Reunião Consultiva sobre o Desenvolvimento de uma Ferramenta para Apoiar os Sistemas de Informação de Enfermagem na Comunidade e na Atenção Primária à Saúde, promovida pelo CIE, no período de 31 de janeiro a 5 de fevereiro de 1994, em Tlaxcala, México. A delegação brasileira participou ativamente das discussões que ocorreram nessa reunião e assumiu, em nome da ABEn, o compromisso de elaborar um projeto voltado à intenção do CIE, a saber, a identificação de conceitos (diagnósticos, intervenções e resultados de enfermagem) voltados para a Atenção Primária à Saúde, de modo a contribuir para a expansão da Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem - CIPE^®, um sistema de linguagem padronizada cuja elaboração estava sob a responsabilidade do CIE. No Brasil, esse projeto, financiado pela Fundação W. K. Kellog, denominou-se Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva (CIPESC^®) e foi realizado no período de 1996 a 2000, envolvendo centenas de associados da ABEn e exercendo um impacto importante no ensino, na assistência e na pesquisa da Enfermagem brasileira⁽⁹⁾.

O segundo fato foi a realização do I Simpósio Internacional sobre Diagnóstico de Enfermagem, no período de 20 a 22 de outubro de 1995, na Escola de Enfermagem da USP, em São Paulo-SP. Como uma das convidadas internacionais, participou desse evento a Profª. June Clark, da Universidade de Middlesex, em Londres, que proferiu a conferência An International Classification for Nursing Practice: limits and perspectives. Como uma das consultoras do Projeto CIPE^®, a Profª. June Clark descreveu o progresso alcançado desde 1989, quando uma resolução do Conselho de Representantes das Associações Nacionais filiadas ao CIE aprovou a elaboração da CIPE^®. Em sua conferência, ressaltou a participação de Associações Nacionais filiadas ao CIE, entre as quais a ABEn Nacional, na reunião ocorrida no ano de 1994, em Tlaxcala, México, em que essas Associações assumiram o compromisso de elaborar um projeto que atendesse à necessidade de identificação de conceitos da prática de enfermagem voltados para a Atenção Primária à Saúde⁽¹⁰⁾.

Considera-se que esses dois fatos foram decisivos para tornar ainda mais explícito o envolvimento da ABEn Nacional com a temática dos sistemas de classificação dos elementos da prática de enfermagem e dos sistemas de gerenciamento das informações de enfermagem, ferramentas que devem ser postas à disposição dos enfermeiros para identificar sua prática e especificar seu domínio de atuação, e para descrever a Enfermagem e sua contribuição à saúde da clientela.

Segunda etapa - 1996 a 2018

A partir de 1996, o Simpósio Nacional de Diagnóstico de Enfermagem foi incorporado ao calendário oficial de eventos da ABEn Nacional, ficando sua organização sob a responsabilidade da Diretoria de Assuntos Profissionais. Hoje, segundo o Estatuto Social em vigor, compete à Diretoria de Desenvolvimento da Prática Profissional e do Trabalho de Enfermagem, em articulação com a Comissão Permanente de Sistematização da Prática de Enfermagem, coordenar sua organização e a execução. Adotou-se, desde então, uma nova sigla para o evento - SINADEn, dando-se continuidade à sua numeração sequenciada.

A nova etapa iniciou-se com o III SINADEn, realizado em 1996, em Fortaleza-CE, com o tema central Diagnóstico de Enfermagem: o caminho para a classificação da prática de enfermagem. Nesse evento, embora não se tenha deixado de priorizar, por necessário, o estado da arte relativa ao ensino, à pesquisa e à aplicação na prática assistencial dos diagnósticos de enfermagem, já se percebe nitidamente a importância atribuída à participação do Brasil no projeto do CIE de construção da CIPE^®, assunto que esteve presente na fala de vários conferencistas⁽¹¹⁾. Resultante do evento, houve a inauguração de uma Série Didática pela ABEn Nacional denominada Enfermagem no SUS. O primeiro exemplar dessa série, O uso do diagnóstico na prática de enfermagem, contém os trabalhos apresentados pelas conferencistas do III SINADEn, com o que se buscava contribuir para o debate sobre o uso do diagnóstico de enfermagem, entendido como um instrumento tecnológico no desenvolvimento do processo de trabalho e para a qualificação da assistência de enfermagem desenvolvida no Brasil⁽¹²⁾.

Em 1998, foi realizado o IV SINADEn, em Curitiba-PR. O tema central - O diagnóstico como instrumento de trabalho da Enfermagem, refletia o referencial teórico-metodológico que sustentou o delineamento inicial do Projeto CIPESC CIE-ABEn. Como convidada internacional, a Profª. Amy Coenen, da Marquette University College of Nursing, Milwaukee-WI, na qualidade de Coordenadora do Projeto CIPE^®, representou o CIE no SINADEn, proferindo a conferência magna, The International Classification for Nursing Practice (ICNP^®): a unifying framework. Nesse evento, foi relatada a experiência do Projeto CIPE^® que estava sendo desenvolvido no Chile; entretanto, predominaram na programação os aspectos ainda requeridos pelos profissionais de enfermagem acerca da temática, a saber: estratégias para o ensino do diagnóstico de enfermagem na graduação, na pós-graduação e na educação continuada; os processos cognitivos para o desenvolvimento de competências para estabelecer diagnósticos de enfermagem; e os processos de pesquisa para validação de diagnósticos de enfermagem⁽¹³⁾.

Ao término do IV SINADEn, a ABEn Seção Paraíba se propôs a sediar a edição seguinte do evento. Dado o estágio em que se encontrava o Projeto CIPESC CIE-ABEn e a necessidade de uma ocasião para que fossem divulgados os resultados obtidos no Brasil e em outros países da América Latina envolvidos com projetos semelhantes, a coordenação do Núcleo Central do CIPESC sugeriu o somatório de esforços para a realização, no ano de 2000, de dois eventos simultâneos - o V SINADEn e o I Simpósio Internacional de Classificação da Prática de Enfermagem em Saúde Coletiva. O tema central proposto, Sistemas de classificação da prática de enfermagem: um trabalho coletivo, e a inserção da abelha enfermeira na logomarca representaram o entendimento da Comissão Executiva dos dois eventos de que “a construção do conhecimento em Enfermagem deve se fazer pelo abraço de mãos, união de ideias e vontade/desejo de defender esperanças”. Durante o período de sua execução, foram compartilhados os resultados do Projeto CIPESC CIE-ABEn, desenvolvido no Brasil, e dos Projetos CIPE^® desenvolvidos na Colômbia e no Chile. Além disso, o evento proporcionou intercâmbio de conhecimentos com a comunidade de enfermagem nacional e internacional, sobre a utilização de sistemas de classificação da prática de enfermagem; o processo de trabalho e o conhecimento específico da profissão, sua terminologia e a utilização dessa terminologia na prática (ensino, assistência, pesquisa e gestão/gerenciamento), entre outros aspectos pertinentes aos dois eventos^(14-15).

Em 2002, a ABEn Seção São Paulo encarregou-se de executar o VI SINADEn e o I Simpósio Internacional sobre Classificações de Enfermagem. Os dois eventos foram organizados com o propósito de ampliar a discussão e aprofundar o conhecimento sobre a vinculação entre a classificação de diagnósticos da NANDA e as classificações de intervenções (NIC) e de resultados de enfermagem (NOC). Em vista disso, o evento contou com a presença de duas das principais pesquisadoras do Center of Nursing Classification, da Universidade de Iowa, a Profª. Joanne McCloskey Dochterman e a Profª. Gloria Bulechek. À exceção de um painel em que se discutiu As classificações de enfermagem na saúde coletiva: o Projeto CIPESC, toda a programação do VI SINADEn girou em torno das classificações NANDA, NIC e NOC, objetivando familiarizar os enfermeiros com as classificações de intervenções e resultados de enfermagem; e possibilitar-lhes a compreensão da ligação entre a NANDA, a NIC e a NOC, na assistência, no ensino e na pesquisa⁽¹⁶⁾.

A presença de membros da Diretoria da ABEn Nacional e de representantes dos principais grupos de pesquisadores brasileiros na área de classificações para a prática de enfermagem possibilitou, não só o enriquecimento das discussões durante as atividades do programa do VI SINADEn, mas também a realização de uma reunião entre essas lideranças, com o objetivo de discutir os rumos do trabalho com classificações no país. Entre os assuntos abordados, ressaltem-se: 1) a proposta de mudança do nome do SINADEn, que passaria a ter uma denominação mais ampla - Simpósio Nacional sobre Classificações de Enfermagem, de modo a incluir os outros sistemas de linguagens padronizadas em uso no país, como a NIC, a NOC e a CIPE^®; e 2) a decisão da ABEn de criar, em sua estrutura, um Departamento Cientifico de Classificação, Intervenções, Diagnósticos e Resultados da Prática de Enfermagem (DECIDIRE), ligado à Diretoria Científico-Cultural e com a colaboração da Diretoria de Assuntos Profissionais e do Centro de Estudos e Pesquisas em Enfermagem⁽¹⁷⁾.

A proposta para mudança na denominação do evento não foi aprovada nas instâncias decisórias da ABEn Nacional. Quanto ao segundo ponto, embora à época do VI SINADEn já houvesse a decisão de se criar o DECIDIRE, sua efetivação somente ocorreu na segunda gestão de Francisca Valda da Silva como Presidente da ABEn Nacional, gestão 2004-2007. No decorrer da história, por recomendação da Diretoria Nacional e aprovação unânime do Conselho Nacional da ABEn - CONABEn, o DECIDIRE foi substituído, em 2008, pela Subcomissão de Sistematização da Prática de Enfermagem, vinculada à Diretoria de Assuntos Profissionais. Em 2013, com a aprovação de um novo Estatuto Social para a entidade, essa Subcomissão passou a se denominar Comissão Permanente de Sistematização da Prática de Enfermagem, como um dos órgãos estatutários de assessoria e consultoria da ABEn Nacional.

Retornando ao resgate histórico do Simpósio Nacional de Diagnóstico de Enfermagem, em 2004, a ABEn Seção Minas Gerais responsabilizou-se pela execução do VII SINADEn, tendo como tema central a Sistematização da Assistência de Enfermagem e o Sistema Único de Saúde. Nas palavras de membros da Subcomissão Científica, a ABEn Seção Minas Gerais recebia naquele ano, com carinho e certeza de um futuro melhor,

a comunidade de enfermagem interessada na construção coletiva das classificações de enfermagem; na definição, reconhecimento e validação dos diagnósticos de enfermagem, intervenções e resultados, visando contribuir para a construção coletiva de um saber/fazer da enfermagem embalado pela ciência compromissada com as demandas sociais, e favorecer a sedimentação da enfermagem como importante e indispensável profissão no setor saúde⁽¹⁸⁾.

A programação do VII SINADEn propiciou o aprofundamento de conceitos, métodos e estratégias para a Sistematização da Assistência de Enfermagem; o intercâmbio de conhecimentos sobre a construção e utilização, no âmbito nacional e internacional, de sistemas de classificação úteis à prática de enfermagem; o compartilhamento de propostas de continuidade do Projeto CIPESC CIE-ABEn desenvolvido no Brasil; e o favorecimento de articulações e parcerias para o desenvolvimento da prática profissional no país⁽¹⁸⁾.

Em 2006, ano em que a ABEn Nacional completava 80 anos, a ABEn Seção Paraíba foi responsável pela execução do VIII SINADEn, que teve como tema central Trilhando caminhos na construção de uma terminologia brasileira de enfermagem. Mesmo sem ter, à época, uma noção mais precisa sobre a diferença entre terminologia de referência e terminologia de interface, a Comissão Executiva, ao definir o tema central do evento, partiu do pressuposto de que a Enfermagem brasileira, na sua prática, utiliza uma linguagem especializada que reflete a diversidade de suas práticas; estabelece padrões de cuidados que podem ser utilizados em qualquer parte do Brasil; e permite uma melhoria na qualidade do registro da assistência de enfermagem⁽¹⁹⁾.

Durante o evento, a Diretoria de Assuntos Profissionais coordenou uma reunião do DECIDIRE, de que participaram associados e representantes de Seções da ABEn de quinze estados, com o intuito de discutir estratégias para a construção de uma terminologia brasileira de enfermagem. O resultado dessa reunião deu forma e conteúdo à Carta de João Pessoa, aprovada em sessão plenária, por ocasião do encerramento do VIII SINADEn:

Considerando que os sistemas de classificação dos elementos da prática - diagnósticos, ações ou intervenções e resultados de enfermagem - constituem instrumento significativo para a comunicação (intra e interprofissional) e a produção do conhecimento da área; para a visibilidade das formas de organização e execução do trabalho dos exercentes da profissão; para a apreensão dos diferentes processos que são utilizados na prática; para a avaliação processual dos resultados, benefícios e impactos de suas ações; para a autonomia profissional e para o reforço do compromisso da profissão com as pessoas, famílias e coletividades que buscam ou necessitam seus cuidados, a ABEn Nacional, assumindo a liderança desse processo: orienta que a Enfermagem brasileira se comprometa com o desenvolvimento, implantação e utilização efetiva de uma linguagem especializada nos sistemas de documentação e informação da prática profissional; recomenda que as Diretorias de Assuntos Profissionais desencadeiem o processo de instalação do DECIDIRE nas Seções estaduais, para socialização dos aspectos pertinentes à temática; e incumbe-se da elaboração de um projeto político amplo, com vistas à continuidade da construção de uma terminologia brasileira de enfermagem e de capacitação profissional para sua utilização⁽²⁰⁾.

As discussões ocorridas durante o VIII SINADEn apontaram para a possibilidade de que, ao invés da definição por uma classificação única, se identificava nos pesquisadores e estudiosos brasileiros da temática o conhecimento técnico-científico e a experiência prática para acrescentar, a uma terminologia de referência, aspectos culturais e linguísticos das diversas regiões do país, bem como dos diferentes níveis de atenção à saúde, de modo a torná-la mais aderente à nossa realidade. O resultado poderia ser entendido como uma terminologia de interface, com “cara” brasileira, mas havia o reconhecimento de que não se dominavam ainda os aspectos fundamentais sobre Terminologia, fosse como processo, como produto ou como área do conhecimento.

O IX SINADEn ocorreu em 2008, em Porto Alegre-RS, tendo como tema central a Contribuição brasileira para o desenvolvimento das classificações de enfermagem. Em resposta à necessidade identificada no evento anterior de aprofundamento na temática de desenvolvimento de sistemas de linguagem padronizada, a Profª. Maria da Graça Krieger, líder do grupo responsável pelo Projeto Terminológico Cone Sul (TERMISUL), do Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, participou do IX SINADEn e proferiu a conferência Terminologia técnico-científica: aspectos teóricos e metodológicos. A programação incluiu ainda, entre outros aspectos: a contribuição da ABEn e a contribuição dos Sistemas de Registros e Informações para a construção de terminologias de enfermagem; relatos de experiências na implantação e desenvolvimento de classificações de Enfermagem na prática clínica, no ensino e na pesquisa de enfermagem; a implementação de nomenclaturas no SUS e o desenvolvimento organizacional dos serviços⁽²¹⁾.

Entre os encaminhamentos do IX SINADEn, vale destacar: a necessidade de promoção de debates e reflexões acerca das terminologias de enfermagem, visando subsidiar a construção de um saber aderente às práticas de enfermagem; a importância da participação efetiva da ABEn Nacional junto a órgãos públicos de saúde para inserção de dados de enfermagem na construção da tabela unificada SUS; a premência da inclusão da sistematização da assistência e do Processo de Enfermagem durante a formação dos enfermeiros, para que possam, não somente conhecer, mas aplicá-los em sua prática; e a implantação de nomenclaturas de enfermagem nos sistemas de documentação do SUS e sua importância para a valorização e visibilidade da profissão⁽²¹⁾.

Em 2010, ocorre o X SINADEn, realizado pela ABEn Seção Distrito Federal, em torno do tema central Sistematização da Assistência de Enfermagem no Brasil: 30 anos na construção da qualidade no cuidar, subdividido em quatro eixos temáticos: Sistematização da Assistência de Enfermagem na atenção à saúde ao indivíduo nas diferentes fases da vida; Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem no espaço de produção de ensino de graduação e de pós-graduação; Gerenciamento e registro dos cuidados de enfermagem; e Sistemas de informação e comunicação da prática de enfermagem. Participaram do evento, como convidadas, duas representantes do CIE, Amy Coenen, Diretora do Programa CIPE^®, e Claudia Bartz, Coordenadora do Programa e-Health e Gerente dos Centros CIPE^® credenciados pelo CIE. A Profª. Amy Coenen pronunciou a conferência de abertura do evento, intitulada O Programa CIPE®do Conselho Internacional de Enfermeiras: reflexos sobre o ensino e a prática da Enfermagem; por seu turno, Claudia Bartz falou sobre a organização dos Centros para Pesquisa e Desenvolvimento da CIPE^® acreditados pelo CIE, descrevendo a contribuição desses Centros para a infraestrutura da informação em Enfermagem. A programação incluiu ainda discussões sobre o uso dos sistemas de classificação na prática clínica: domínio, autonomia e visibilidade da Enfermagem; sistemas de classificação para a prática e responsabilidade social da Enfermagem; história da Sistematização da Assistência de Enfermagem no Brasil; as primeiras discussões no Brasil sobre sistemas de classificação e situação atual na assistência, ensino e pesquisa; e aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem na prática hospitalar e extra-hospitalar⁽²²⁾.

O XI SINADEn, realizado em 2013, na cidade de Curitiba-PR, teve como tema central Sistematização da Assistência de Enfermagem e responsabilidade social nos cenários de prática profissional. O evento possibilitou a reflexão crítica acerca da sistematização da assistência e do Processo de Enfermagem, articulando-os com a responsabilidade social, de modo a contribuir: no ensino, para a construção de uma prática profissional autônoma; na assistência, para a visibilidade profissional no âmbito dos serviços de saúde; na pesquisa, para mudanças efetivas no ensino e na assistência de enfermagem; e na gestão, para a avaliação do impacto da qualidade da assistência de enfermagem na saúde da população⁽²³⁾.

A Carta de Curitiba, aprovada na sessão plenária de encerramento do evento, traz recomendações de caráter geral, entre as quais a necessidade de empenho junto aos Ministérios da Saúde e da Educação para a inclusão da Enfermagem entre as profissões cujos novos cursos devem ser apreciados pelo Conselho Nacional de Saúde. Um segundo grupo de recomendações diz respeito aos cenários da prática profissional, apontando-se a necessidade de ações efetivas para: a) assegurar a inserção da sistematização da assistência e do Processo de Enfermagem na transversalidade da formação, de modo a fortalecer o raciocínio clínico dos alunos e a prepará-los para atuar nos diferentes cenários de prática profissional; b) incorporar a sistematização da assistência e o Processo de Enfermagem como forma de reorganizar o modelo de atenção e as práticas de enfermagem nos sistemas de saúde; c) rever o modelo de gerenciamento em Enfermagem, buscando-se prover as condições necessárias para um cuidado profissional realizado com conhecimento, competência, sensibilidade e que seja eficaz para a clientela; d) desenvolver estratégias para o desenvolvimento e aplicação de pesquisas ou outras formas de produção de conhecimento que objetivem a qualificação da prática profissional; e) envidar esforços para que o Ministério da Saúde incorpore, entre os sistemas de informação em saúde do SUS, um sistema de informação em Enfermagem, que interaja com os demais, sem perder as características próprias, e que promova o reconhecimento social da profissão e sua visibilidade nas estatísticas, indicadores clínicos e relatórios oficiais de saúde⁽²⁴⁾.

O próximo evento, XII SINADEn, foi realizado em Recife-PE, no ano de 2016, tendo como tema central Sistematização da Assistência de Enfermagem: avanços e desafios na qualidade da assistência, gestão, ensino e pesquisa. O tema central foi motivado pela necessidade de se aprofundar a temática na formação dos profissionais de enfermagem, enfatizando a sistematização da assistência como instrumento de trabalho em busca de um cuidado científico, seguro e humanizado, nos diferentes níveis de atenção à saúde do indivíduo, família e comunidade. A programação do evento destacou as etapas do Processo de Enfermagem como tema transversal, necessário para fortalecer o raciocínio clínico dos enfermeiros na graduação, na pós-graduação lato e stricto sensu e nos diversos cenários da assistência de enfermagem⁽²⁵⁾.

A Carta de Recife, resultante do ambiente de reflexão e debate produzido nas sessões e demais atividades do evento, assumiu tal amplitude, que dificulta apontar aspectos dessas recomendações em detrimento de outros, indicando-se, portanto, sua leitura na íntegra⁽²⁶⁾. Entretanto, por ser um dos objetivos deste manuscrito, destaquem-se as recomendações feitas: à ABEn Nacional, para que dê continuidade ao esforço de articulação com o Ministério da Saúde e instâncias congêneres, com vistas à inserção, nos sistemas de informação em saúde do SUS, de um sistema que expresse a ação profissional de enfermagem no atendimento aos usuários; à Comissão Permanente de Sistematização da Prática de Enfermagem, para que mantenha um fórum de debate contínuo sobre a temática, incluindo o desenvolvimento de suportes teóricos e práticos necessários à implantação e utilização efetivas do Processo de Enfermagem na prática profissional; aos gestores de serviços de saúde e formuladores de políticas públicas de saúde e de informação em saúde, para que garantam as condições de pessoal, métodos e instrumentos que possibilitem a implantação efetiva do Processo de Enfermagem nos diferentes níveis de atenção à saúde da população; às instituições de ensino, para que, na discussão das novas Diretrizes Curriculares Nacionais, assumam o Processo de Enfermagem como eixo estruturante da formação do enfermeiro; aos profissionais que atuam no atendimento em saúde, para que utilizem terminologias padronizadas de enfermagem na tomada de decisão clínica e na documentação do cuidado, contribuindo para a visibilidade e reconhecimento profissional e para o avanço da ciência da Enfermagem; e aos pesquisadores e representantes da área da Enfermagem nas agências de fomento, para que produzam e disseminem conhecimento focalizado nessa temática, reconhecendo que a articulação entre pesquisa-assistência-ensino-gestão cria condições para o alcance das melhores práticas de cuidado⁽²⁶⁾.

Por fim, cumpre fazer o resgate do XIII SINADEn que, em 2018, foi realizado, pela primeira vez, junto a outro evento promovido pela ABEn Nacional - o 16º Seminário Nacional de Diretrizes para a Educação em Enfermagem - SENADEn. A ABEn Santa Catarina foi a responsável pela execução dos dois eventos, cujo tema central, Diretrizes Curriculares Nacionais, formação profissional e Sistematização da Assistência de Enfermagem, foi desenvolvido, segundo os eixos Políticas públicas de educação e saúde e Práxis da Enfermagem e saúde da população. O evento teve por objetivos: compartilhar conhecimentos que permeiam os desafios contemporâneos da formação profissional em Enfermagem; socializar experiências exitosas acerca da integração ensino-serviço-comunidade como estratégia para a formação profissional e a consolidação da Sistematização da Assistência de Enfermagem; fomentar conhecimentos sobre o Processo de Enfermagem no que tange aos referenciais teórico-metodológicos, raciocínio clínico e sistemas de linguagem padronizada⁽²⁷⁾.

Aprovada por aclamação na sessão plenária de encerramento do evento, a Carta de Florianópolis reafirmou grande parte das recomendações de outros SINADEn. Ressaltem-se, porém, entre as dirigidas a gestores de serviços de saúde e formuladores de políticas públicas e de informação em saúde: a) incorporar, nos sistemas de informação do Sistema Único de Saúde, um banco de termos de enfermagem, capaz de dar visibilidade estatística a fenômenos que requerem intervenção de enfermagem; b) reestruturar os modelos de atenção à saúde, promovendo a incorporação do Processo de Enfermagem como eixo fundante e estruturante do cuidado de enfermagem; c) garantir as condições de pessoal, métodos e instrumentos que permitam a implantação efetiva do Processo de Enfermagem, com uso de linguagem específica da profissão. Com relação à Associação Brasileira de Enfermagem, representada pela Comissão Permanente de Sistematização da Prática de Enfermagem, as recomendações feitas envolvem, sobretudo, o estímulo à organização e implantação de Comissões Permanentes de Sistematização da Prática de Enfermagem nas Seções e Núcleos da ABEn, de modo a favorecer a incorporação do Processo de Enfermagem e a utilização dos resultados de enfermagem como indicadores da qualidade de atenção⁽²⁸⁾.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O manuscrito partiu do pressuposto de que a Enfermagem é uma interlocutora imprescindível e um componente crítico no processo de produção, armazenamento e utilização de informações no âmbito dos serviços e ações de saúde. Nesse contexto, toma vulto a sistematização da assistência, que organiza o trabalho profissional quanto ao método, pessoal e instrumentos; e o uso deliberado e sistemático do Processo de Enfermagem e de linguagens padronizadas de enfermagem, tendo por meta, entre outras possíveis, a tomada de decisões clínicas; a avaliação da qualidade da assistência, do ensino e da pesquisa na área; e a gestão/gerenciamento, tanto dos recursos humanos de enfermagem quanto de aspectos físicos e materiais envolvidos no processo de cuidar.

O Simpósio Nacional de Diagnóstico de Enfermagem tem representado um espaço de discussão e reflexão sobre a sistematização da assistência e o Processo de Enfermagem e sobre os elementos da prática profissional - diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem -, cuja identificação e inclusão em sistemas de linguagem padronizada são fundamentais para o desenvolvimento da Enfermagem como disciplina e profissão.

O resgate histórico realizado permitiu identificar os avanços e as permanências, tanto nas temáticas que orientaram a organização e execução, quanto nas recomendações resultantes das diferentes edições do evento. Sobretudo, demonstrou que o movimento de criação e intercâmbio do conhecimento sobre sistematização da assistência, Processo de Enfermagem e sistemas de linguagem padronizada de enfermagem têm contribuído, sem sombra de dúvida, para a construção de um fecundo campo de conhecimento para a Enfermagem.

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Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  07 Jun 2019
• Data do Fascículo
  May-Jun 2019

Histórico

• Recebido
  24 Nov 2018
• Aceito
  04 Dez 2018