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Fatores associados aos sintomas depressivos em idosos cuidadores com dor crônica

RESUMO

Objetivo:

identificar os fatores associados aos sintomas depressivos de idosos cuidadores com dor crônica.

Método:

participaram da pesquisa pessoas com 60 anos ou mais, que relataram dor crônica e que realizam cuidado a outro idoso que mora no mesmo domicílio (n=186). Para as análises estatísticas, foram utilizados os testes de Mann-Whitney, regressão logística univariada e múltipla.

Resultados:

a maioria dos participantes não apresentou sintomas depressivos (70,4%), 24,2% apresentaram sintomas depressivos leves, e 5,4% severos. A análise univariada mostrou que as variáveis renda familiar, número de doenças, número de medicamentos em uso, intensidade da dor, sobrecarga e estresse percebido apresentaram associação com sintomas depressivos e na análise multivariada verificou-se associação com estresse percebido (IC 95% OR 1,106-1,207) e número de medicamentos (IC 95% OR 1.139-1.540) em uso.

Conclusão:

foram fatores associados aos sintomas depressivos em idosos cuidadores com dor crônica o estresse e o número de medicamentos em uso.

Descritores:
Idoso; Cuidador; Dor Crônica; Sintomas Depressivos; Enfermagem Geriátrica

ABSTRACT

Objective:

to identify factors associated with depressive symptoms in elderly caregivers with chronic pain.

Method:

the study included people 60 years of age or older who reported chronic pain and cared for another elderly person living in the same household (n=186). Statistical analyzes were performed using the Mann-Whitney test, univariate and multiple logistic regression.

Results:

most participants had no depressive symptoms (70.4%), 24.2% had mild depressive symptoms and 5.4% had severe symptoms. Univariate analysis showed that the variables family income, number of diseases, number of medications in use, pain intensity, overload and perceived stress were associated with depressive symptoms. Multivariate analysis found an association with perceived stress (95% CI 1.101-1207) and number of medications (95% CI 1.139-1.540) in use.

Conclusion:

factors associated with depressive symptoms in elderly caregivers with chronic pain were stress and the number of medications in use.

Descriptors:
Aged; Caregiver; Chronic Pain; Depressive Symptoms; Geriatric Nursing

RESUMEN

Objetivo:

para identificar los factores asociados con los síntomas depresivos en cuidadores mayores con dolor crónico.

Método:

el estudio incluyó a personas de 60 años de edad o mayores que reportaron dolor crónico y cuidaron a otra persona anciana que vive en el mismo hogar (n=186). Los análisis estadísticos se realizaron con la prueba de Mann-Whitney, regresión logística univariada y múltiple.

Resultados:

la mayoría de los participantes no tenían síntomas depresivos (70,4%), 24,2% tenían síntomas depresivos leves y 5,4% graves. El análisis univariado mostró que las variables ingreso familiar, número de enfermedades, número de medicamentos en uso, intensidad del dolor, sobrecarga y estrés percibido se asociaron con síntomas depresivos y el análisis multivariado mostró una asociación con el estrés percibido (IC 95% O 1.106 -1,207) y la cantidad de medicamentos (IC 95% O 1,139-1,540) en uso.

Conclusión:

los factores asociados con los síntomas depresivos en los cuidadores ancianos con dolor crónico fueron el estrés y la cantidad de medicamentos en uso.

Descriptores:
Ancianos; Cuidadores; Dolor Crónico; Síntomas Depresivos; Enfermería Geriátrica

INTRODUÇÃO

Com o aumento das limitações funcionais, o idoso pode necessitar de cuidados constantes realizados geralmente por familiares no domicílio(11 Tomomitsu MRSV, Perracini MR, Neri AL. Fatores associados à satisfação com a vida em idosos cuidadores e não cuidadores. Ciênc Saúde Colet. 2014;19(8):3429-40. doi: 10.1590/1413-81232014198.13952013
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). Porém, nas últimas décadas, as famílias têm passado por mudanças em sua estrutura, aumentando a tendência de famílias menores, o que resulta, com o passar dos anos, em idosos morando apenas com o cônjuge e, quando necessário, realizando o cuidado a outro idoso no mesmo domicílio(11 Tomomitsu MRSV, Perracini MR, Neri AL. Fatores associados à satisfação com a vida em idosos cuidadores e não cuidadores. Ciênc Saúde Colet. 2014;19(8):3429-40. doi: 10.1590/1413-81232014198.13952013
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-22 Tomomitsu MRSV, Perracini MR, Neri AL. Influência de gênero, idade e renda sobre o bem-estar de idosos cuidadores e não cuidadores. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2013;16(4):663-8. doi: 10.1590/S1809-98232013000400002
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).

O ato de cuidar pode desencadear alto grau de ansiedade, fadiga, alteração da autoestima, estresse e depressão, principalmente relacionados à sobrecarga no cuidado. A maioria dos cuidadores dedica-se integralmente ao cuidado, não recebe colaboração de outras pessoas e não possui preparação específica para a atividade(11 Tomomitsu MRSV, Perracini MR, Neri AL. Fatores associados à satisfação com a vida em idosos cuidadores e não cuidadores. Ciênc Saúde Colet. 2014;19(8):3429-40. doi: 10.1590/1413-81232014198.13952013
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2 Tomomitsu MRSV, Perracini MR, Neri AL. Influência de gênero, idade e renda sobre o bem-estar de idosos cuidadores e não cuidadores. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2013;16(4):663-8. doi: 10.1590/S1809-98232013000400002
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-33 Loureiro LSN, Fernandes MGM, Nóbrega MML, Rodrigues RAP. Sobrecarga em cuidadores familiares de idosos: associação com características do idoso e demanda de cuidado. Rev Bras Enferm. 2014;67(2):227-32. doi: 10.5935/0034-7167.20140030
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).

A literatura aponta que altos índices de sobrecarga, estresse e sintomas depressivos em cuidadores podem estar associados principalmente ao tempo prolongado de cuidado, ao número de horas por dia dispensados à atividade de cuidar, além do grau de dependência física ou cognitiva do idoso cuidado(33 Loureiro LSN, Fernandes MGM, Nóbrega MML, Rodrigues RAP. Sobrecarga em cuidadores familiares de idosos: associação com características do idoso e demanda de cuidado. Rev Bras Enferm. 2014;67(2):227-32. doi: 10.5935/0034-7167.20140030
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-44 Lino VTS, Rodrigues NCP, Camacho LAB, O'Dwyer G, Lima IS, Andrade MKN, Atie S. Prevalência de sobrecarga e respectivos fatores associados em cuidadores de idosos dependentes, em uma região pobre do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saúde Pública. 2016;32(6):e00060115. doi: 10.1590/0102-311X00060115
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). Um estudo realizado nos Estados Unidos observou que o número de horas de cuidado estava associado aos sintomas depressivos em idosos que cuidam(55 Loi SM, Dow B, Moore K, Hill K, Russell M, Cyarto E, et al. Factors associated with depression in older carers. Int J Geriatr Psychiatry. 2016;31(3):294-301. doi: 10.1002/gps.4323
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).

Outro fator que pode influenciar no aumento desses índices é a presença de dores crônicas, uma vez que a dor apresenta impactos negativos ao bem-estar físico e psicológico dos idosos, podendo prejudicar a execução das atividades de cuidar(66 Garbi MOSS, Hortense P, Gomez RRF, Silva TCR, Castanho ACF, Sousa FAEF. Intensidade de dor, incapacidade e depressão em indivíduos com dor lombar crônica. Rev Latino-Am Enfermagem. 2014;22(4):569-75. doi: 10.1590/0104-1169.3492.2453
https://doi.org/10.1590/0104-1169.3492.2...
-77 Benyon K, Muller S, Hill S, Mallen C. Coping strategies as predictors of pain and disability in older people in primary care: a longitudinal study. BMC Fam Pract. 2013;14:67. doi: 10.1186/1471-2296-14-67
https://doi.org/10.1186/1471-2296-14-67...
).

Segundo a International Association for the Study of Pain (IASP), a dor é considerada uma “experiência sensitiva e emocional desagradável decorrente ou descrita em termos de lesões teciduais reais ou potenciais”(88 International Association for the Study of Pain (IASP). Pain definitions [Internet]. Washington: IASP; 2017 [cited 2017 Apr 17]. Available from: www.iasp-ain.org
www.iasp-ain.org...
). A dor interfere na incapacidade, dificultando a execução de atividades básicas de vida diária(66 Garbi MOSS, Hortense P, Gomez RRF, Silva TCR, Castanho ACF, Sousa FAEF. Intensidade de dor, incapacidade e depressão em indivíduos com dor lombar crônica. Rev Latino-Am Enfermagem. 2014;22(4):569-75. doi: 10.1590/0104-1169.3492.2453
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)) e comprometendo a vida social do indivíduo que cuida. Além disso, pesquisas indicam altos índices de sintomas depressivos em indivíduos com dor crônica(77 Benyon K, Muller S, Hill S, Mallen C. Coping strategies as predictors of pain and disability in older people in primary care: a longitudinal study. BMC Fam Pract. 2013;14:67. doi: 10.1186/1471-2296-14-67
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,99 Pinheiro RC, Uchida RR, Mathias LAST, Perez MV, Cordeiro Q. Prevalência de sintomas depressivos e ansiosos em pacientes com dor crônica. J Bras Psiquiatr. 2014;63(3):213-9. doi: 10.1590/0047-2085000000028
https://doi.org/10.1590/0047-20850000000...
). Os sintomas depressivos podem ocasionar alterações no processamento cognitivo, aumento no consumo de medicamentos e no número de comorbidades nas pessoas com dor crônica(1010 Teston EF, Carreira L, Marcon SS. Sintomas depressivos em idosos: comparação entre residentes em condomínio específico para idoso e na comunidade. Rev Bras Enferm. 2014;67(3):450-6. doi: 10.5935/0034-7167.20140060
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-1111 Almeida OP, Pirkis J, Kerse N, Sim M, Flicker L, Snowdon J, et al. Socioeconomic disadvantage increases risk of prevalent and persistent depression in later life. J Affect Disord. 2012;138(3):322-31. doi: 10.1016/j.jad.2012.01.021
https://doi.org/10.1016/j.jad.2012.01.02...
).

Os fatores associados à depressão em idosos já foram descritos anteriormente por diversos autores(33 Loureiro LSN, Fernandes MGM, Nóbrega MML, Rodrigues RAP. Sobrecarga em cuidadores familiares de idosos: associação com características do idoso e demanda de cuidado. Rev Bras Enferm. 2014;67(2):227-32. doi: 10.5935/0034-7167.20140030
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4 Lino VTS, Rodrigues NCP, Camacho LAB, O'Dwyer G, Lima IS, Andrade MKN, Atie S. Prevalência de sobrecarga e respectivos fatores associados em cuidadores de idosos dependentes, em uma região pobre do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saúde Pública. 2016;32(6):e00060115. doi: 10.1590/0102-311X00060115
https://doi.org/10.1590/0102-311X0006011...
-55 Loi SM, Dow B, Moore K, Hill K, Russell M, Cyarto E, et al. Factors associated with depression in older carers. Int J Geriatr Psychiatry. 2016;31(3):294-301. doi: 10.1002/gps.4323
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). Fatores associados à depressão em idosos com dor crônica também foram pesquisados, sendo baixa escolaridade, renda e pior estado de saúde auto-referida(77 Benyon K, Muller S, Hill S, Mallen C. Coping strategies as predictors of pain and disability in older people in primary care: a longitudinal study. BMC Fam Pract. 2013;14:67. doi: 10.1186/1471-2296-14-67
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,1212 Borges LJ, Benedetti TRB, Xavier AJ, d'Orsi E. Associated factors of depressive symptoms in the elderly: EpiFloripa study. Rev Saúde Pública. 2013;47(4):701-10. doi: 10.1590/S0034-8910.2013047003844
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). Porém, quando se trata de idosos cuidadores com dor crônica, existem lacunas no conhecimento. Além disso, considerar variáveis de saúde do cuidador, como uso de medicamentos, estresse, sobrecarga e desempenho cognitivo parece ser importante, pois além de serem cuidadores, os idosos também apresentam características inerentes ao próprio processo de envelhecimento. Identificar os possíveis fatores que estão associados à presença de sintomas depressivos em idosos cuidadores com dor crônica podem auxiliar na prevenção desse quadro e contribuir para a criação de estratégias de saúde que beneficiem essa população.

OBJETIVO

Identificar os principais fatores associados aos sintomas depressivos de idosos cuidadores com dor crônica.

MÉTODO

Aspectos éticos

O presente estudo foi autorizado pela Secretaria Municipal de Saúde do munícipio (Parecer nº 68/2013) e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal de São Carlos (Parecer no. 517.182 de 29 de janeiro de 2014). As entrevistas só tiveram início após consentimento dos participantes.

Desenho, local do estudo e período

Trata-se de um estudo quantitativo de caráter transversal, observacional e analítico. A pesquisa foi desenvolvida em uma cidade do interior do Estado de São Paulo, durante os meses de abril a novembro de 2014 no domicílio dos idosos, por meio de entrevistas individuais realizadas por pós-graduandos, todos treinados previamente. O município totaliza 16 Unidades de Saúde da Família, sendo duas na área rural e 14 na área urbana.

População e amostra: critérios de inclusão e exclusão

A população foi composta por idosos cuidadores de idosos, residentes nas áreas urbanas e rurais de abrangência das Unidades Saúde da Família (USF) do município. A lista de domicílios foi composta por 594 residências e fornecida por todas as USFs, sendo visitadas todas as residências. Nas listas, constava o nome e endereço de idosos que residiam com outro idoso.

Os critérios de inclusão foram pessoas com sessenta anos ou mais, com dor crônica há mais de seis meses(1313 Merskey H, Bogduk N, (Ed). Classification of chronic pain: descriptions of chronic pain syndromes and definitions of pain terms prepared by the International Association for the Study of Pain [Internet]. 2nd ed. Seattle: IASP Press; 1994 [cited 2017 Jan 21]. Available from: https://s3.amazonaws.com/rdcms-iasp/files/production/public/Content/ContentFolders/Publications2/FreeBooks/Classification-of-Chronic-Pain.pdf
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), cadastradas em USFs da área urbana e rural de um município do interior do Estado de São Paulo e que realizavam o cuidado primário a outro idoso que residisse no mesmo domicílio. Os critérios de exclusão foram idosos que não se encontravam no domicílio em até três tentativas, falecimento, mudança de endereço, recusa e situação em que os dois idosos eram igualmente dependentes ou independentes para a realização das atividades de vida diária. A partir da amostra inicial, composta de 594 idosos cuidadores, foram excluídos 69 participantes por não se encontrarem no domicílio em até três tentativas de contato, 26 por falecimentos, 28 por mudança de endereço, 84 por recusa, 36 por situação em que os dois idosos eram igualmente dependentes, 164 por não relatarem dor crônica e um participante que não respondeu o questionário de sintomas depressivos. Dessa maneira, a amostra final do estudo totalizou 186 idosos cuidadores com dor crônica.

Protocolo do estudo

Para identificar o idoso cuidador, foram utilizados questionários de avaliação do desempenho nas atividades básicas de vida diárias (ABVD) e as atividades instrumentais de vida diária (AIVD). Para avaliar o desempenho nas ABVD, foi utilizado o Índice de Katz(1414 Lino VTS, Pereira SEM, Camacho LAB, Ribeiro Filho ST, Buksman S. Adaptação transcultural da Escala de Independência em Atividades da Vida Diária (Escala de Katz). Cad Saúde Pública. 2008;24(1):103-12. doi: 10.1590/S0102-311X2008000100010
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). Para avaliar o desempenho nas AIVD, foi utilizada a Escala de Atividades Instrumentais da Vida Diária de Lawton e Brody(1515 Lawton MP, Brody EM. Assessment of older people: self-maintaining and instrumental activities of daily living. Gerontologist. 1969;9(3):179-86. doi: 10.1093/geront/9.3_Part_1.179
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). O idoso com melhor desempenho na soma da pontuação dos dois instrumentos era considerado o idoso cuidador. O idoso com menor pontuação era aquele que recebia os cuidados. Todos os participantes desta pesquisa auxiliavam ou realizavam pelo menos uma das ABVD ou AIVD para o outro idoso residente no mesmo domicílio, considerando o cuidador, portanto, aquele que realizava uma dessas atividades a outro idoso.

A variável dependente dessa pesquisa foi sintomas depressivos, e para avaliação, utilizou-se a escala de Escala de Depressão Geriátrica (GDS-15), que tem como objetivo rastrear sintomas depressivos em idosos. Escores de 0 a 5 indicam sem presença de sintomas depressivos, de 6 a 10 sintomas depressivos leves e de 11 a 15 sintomas severos de depressão(1616 Almeida O, Almeida SA. Confiabilidade da versão brasileira da Escala de Depressão em Geriatria (GDS) versão reduzida. Arq Neuropsiquiatr. 1999;57(2-B):421-6. doi: 10.1590/S0004-282X1999000300013
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).

As variáveis independentes utilizadas foram: sexo, idade, escolaridade (em anos), renda familiar (em reais), número de doenças autorrelatadas, número e tipo de medicamentos de uso contínuo, tempo de cuidado prestado (em meses), intensidade da dor, desempenho cognitivo, estresse e sobrecarga.

Para caracterização dos dados sociodemográficos, de saúde e de cuidado prestado, foi utilizado um roteiro estruturado com as seguintes variáveis: sexo, idade, escolaridade (em anos), renda familiar (em reais), número de doenças autorrelatadas, medicamentos de uso contínuo (número e tipo) e tempo de cuidado (em meses). Posteriormente, a variável idade foi dividida em três categorias: 60-69 anos, 70-79 e 80 anos ou mais, como também a escolaridade em analfabeto, 1-4 anos de estudo, 5-8 e 9 ou mais anos de estudo.

Para avaliar a dor, foi utilizada a Escala Multidimensional de Avaliação da Dor (EMADOR). Esse instrumento contempla a Escala de Intensidade Numérica de Dor, em que o idoso relata a intensidade da dor na última semana, variando de 0 a 10 (quanto maior, mais intensa a dor); dez descritores correspondentes a três dimensões qualitativas da dor crônica (dimensões sensitiva, afetiva e avaliativa); e um diagrama corporal no qual o participante indica visualmente os locais acometidos pela dor(1717 Sousa FAEF, Pereira LV, Cardoso R, Hortense P. Multidimensional Pain Evaluation Scale (EMADOR). Rev Latino-Am Enfermagem. 2010;18(1):310. doi: 10.1590/S0104-11692010000100002
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).

Para a avaliação do desempenho cognitivo, foi utilizado o instrumento Exame Cognitivo de Addenbrooke - Revisado (ACE-R), com o objetivo de avaliar cinco domínios cognitivos: atenção e orientação, memória, fluência verbal, linguagem e habilidade visual-espacial. O escore geral do ACE-R varia de 0 a 100 pontos, sendo distribuídos entre os cinco domínios: orientação/atenção (18 pontos), memória (26 pontos), fluência verbal (14 pontos), linguagem (26 pontos) e habilidades visuais-espaciais (16 pontos)(1818 Carvalho VA, Barbosa MT, Caramelli P. Brazilian version of the Addenbrooke Cognitive Examination-revised in the diagnosis of mild Alzheimer disease. Cogn Behav Neurol. 2010;23(1):8-13. doi: 10.1097/WNN.0b013e3181c5e2e5
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).

Na avaliação do estresse, utilizou-se a Escala de Estresse Percebido (EEP), validada para a língua portuguesa. A escala composta por 14 questões avalia o nível de estresse percebido pelos idosos. O total da escala é a soma das pontuações das 14 questões, e os escores podem variar de zero a 56, sendo que quanto maior o escore, maior o nível de estresse percebido(1919 Luft CDB, Sanches SO, Mazo GZ, Andrade A. Versão brasileira da Escala de Estresse Percebido: tradução e validação para idosos. Rev Saúde Pública. 2007;41(4):606-15. doi: 10.1590/S0034-89102007000400015
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).

Para avaliar a sobrecarga do cuidado, foi utilizado o Inventário para Avaliação da Sobrecarga traduzido e validado para a cultura brasileira. A soma das questões pode variar de 0 a 20 pontos, onde

o cuidador é caracterizado com pequena sobrecarga, 21 a 40 pontos com moderada sobrecarga, 41 a 60 pontos de moderada a severa sobrecarga e 61 a 88 pontos com sobrecarga severa(2020 Scazufca M. Brazilian version of the Burden Interview scale for the assessment of burden of care in carers of people with mental illnesses. Rev Bras Psiquiatr. 2002;24(1):12-7. doi: 10.1590/S1516-44462002000100006
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).

Análise dos resultados

A normalidade dos dados foi verificada por meio do teste de Shapiro-Wilk. Os resultados foram apresentados com frequência absoluta, relativa, média e Desvio Padrão. Para comparar as variáveis numéricas entre os grupos, foi utilizado o teste de Mann-Whitney. Para estudar os fatores associados com a depressão, foi utilizada a análise de regressão logística univariada e múltipla, com critérios Stepwise de seleção de variáveis, com dados apresentados pela razão de risco (Odds Ratio) para maior depressão e com o intervalo de confiança de 95%(2121 Tabachnick BG, Fidell LS. Using Multivariate Statistics. 4th ed. Boston: Allyn and Bacon; 2001.).

Foi criado um banco de dados no software Epidata 3.1. Dois digitadores realizaram entrada dos dados de maneira independente e cega. Para todos os testes estatísticos, foi adotado o nível de significância p≤ 0,050.

RESULTADOS

A amostra foi composta por 186 idosos cuidadores com dor crônica. A Tabela 1 apresenta os dados de caracterização sociodemográfica, de saúde e de cuidado dos participantes da pesquisa.

Tabela 1
Caracterização sociodemográfica, de saúde e de cuidado prestado dos idosos cuidadores com dor crônica (n=186), São Carlos, São Paulo, 2014

A média do tempo de cuidado foi de 128,3 (±164,5) meses, o que corresponde a aproximadamente 11 anos. Com relação ao uso diário de medicamentos 68,2% (n=127), os participantes relataram utilizar anti-hipertensivo, 33,8% (n=63) analgésico/anti-inflamatório, 17,2% (n=32) ansiolítico e 16,1% (n=30) antidepressivo.

Os principais locais de dor crônica referidos pelos idosos cuidadores foram a região lombar (58,8%, n=110); membros inferiores (58,8%, n=110); região dorsal (25,8%, n=48); membros superiores (22,4%, n=42); região cervical/abdominal/torácica (22,4%, n=42); região cefálica (5,3%, n=10) e região pélvica/ genital (2,1%, n=4). 56,1% dos participantes relataram dor em mais de uma localização do corpo. Os principais descritores elencados pelos cuidadores para representar a dor foram: desconfortável (92,5%), dolorosa (87,1%) e persistente (73,7%). Vale ressaltar que os participantes poderiam escolher mais de um descritor para caracterizar sua dor.

Com relação aos sintomas depressivos, 70,4% (n=131) dos participantes não apresentaram alterações no humor, 24,2% (n=45) apresentaram sintomas depressivos leves e 5,4% (n=10) sintomas severos.

Os idosos foram divididos em dois grupos: com sintomas depressivos (leves e severos) e ausência de sintomas depressivos, e foi realizada comparação dos grupos. Na Tabela 2, observa-se que as variáveis escolaridade, renda familiar, número de doenças, número de medicamentos, intensidade da dor, sobrecarga e estresse apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos.

Tabela 2
Comparação das variáveis numéricas entre os grupos de idosos com sintomas depressivos (N=55) e ausência de sintomas depressivos (n=131), São Carlos, São Paulo, Brasil, 2014

Para verificar quais variáveis estavam associadas aos sintomas depressivos em idosos cuidadores com dor crônica, foi conduzida uma regressão logística univariada, seguida de regressão múltipla (Tabela 3).

Tabela 3
Resultados da análise de regressão logística univariadae múltipla para níveis de depressão, segundo as variáveis sociodemográficas, de saúde e de cuidado prestado (n=186), São Carlos, São Paulo, Brasil, 2014

A análise univariada mostrou que as variáveis renda familiar, número de doenças, número de medicamentos, intensidade da dor, sobrecarga (categorias: moderada a severa, e severa) e estresse percebido apresentaram associação com sintomas depressivos. Pelos resultados da análise multivariada com critérios Stepwise de seleção de variáveis, verificou- -se que as variáveis estresse percebido e número de medicamentos foram selecionadas como sendo significativamente associadas ao maior nível de depressão.

A prevalência de sintomas depressivos (leves ou severos) foi de 29,6%, resultado semelhante aos encontrados em outros estudos da literatura com idosos na comunidade. Uma pesquisa de base populacional realizada com 585 idosos, em uma cidade do Sul do Brasil, identificou uma prevalência de sintomas depressivos em 30,6% (IC95% 26,9-34,3%)((2222 Nogueira EL, Rubin LL, Giacobbo SS, Gomes I, Neto AC. Screening for depressive symptoms in older adults in the Family Health Strategy, Porto Alegre, Brazil. Rev Saúde Pública. 2014;48(3):368-77. doi: 10.1590/S0034-8910.2014048004660
https://doi.org/10.1590/S0034-8910.20140...
)). Já uma revisão sistemática e meta-análise de estudos que avaliaram sintomatologia depressiva em idosos no Brasil, a prevalência variou de 13 a 39%, sendo a estimativa combinada de 26% (IC95% 21-32)((2323 Barcelos-Ferreira RB, Izbicki R, Steffens DC, Bottino CMC. Depressive morbidity and gender in community-dwelling Brazilian elderly: systematic review and meta-analysis. Int Psychogeriatr. 2010;22(5):712-26. doi: 10.1017/S1041610210000463
https://doi.org/10.1017/S104161021000046...
)). Na Austrália, a prevalência de depressão em idosos cuidadores foi de 43%((55 Loi SM, Dow B, Moore K, Hill K, Russell M, Cyarto E, et al. Factors associated with depression in older carers. Int J Geriatr Psychiatry. 2016;31(3):294-301. doi: 10.1002/gps.4323
https://doi.org/10.1002/gps.4323...
)).

No que se refere às pesquisas com idosos com dor crônica, os estudos mostram prevalências de sintomas depressivos mais elevados. Uma pesquisa que objetivou avaliar a prevalência de sintomas depressivos em indivíduos adultos e idosos com dor crônica, atendidos em um ambulatório de tratamento para a dor geral, identificou que 48% dos 125 entrevistados apresentaram sintomas depressivos((99 Pinheiro RC, Uchida RR, Mathias LAST, Perez MV, Cordeiro Q. Prevalência de sintomas depressivos e ansiosos em pacientes com dor crônica. J Bras Psiquiatr. 2014;63(3):213-9. doi: 10.1590/0047-2085000000028
https://doi.org/10.1590/0047-20850000000...
)). Outro estudo realizado com idosos com dor lombar crônica em uma cidade do Sul do Brasil encontrou prevalência mais alta, sendo que 65,2% dos sujeitos apresentaram sintomas depressivos((2424 Lentsck MH, Pilger C, Schoereder EP, Prezotto KH, Mathias TAF. Prevalência de sintomas depressivos e sinais de demência em idosos na comunidade. Rev Eletr Enf. 2015;17(3):1-9. doi: 10.5216/ree.v17i3.34261
https://doi.org/10.5216/ree.v17i3.34261...
)).

A associação entre dor e depressão tem sido investigada em diversos estudos, demonstrando que os indivíduos com dor crônica são mais propensos a apresentar depressão. A deficiência de neurotransmissores, as alterações nos receptores e o transtorno dos ritmos biológicos são justificativas para a ocorrência da depressão em doentes com dor crônica, pois envolvem mecanismos bioquímicos similares que podem resultar em menor disponibilidade de neurotransmissores no sistema nervoso central. Outros mecanismos que explicam a ligação entre dor e depressão estão relacionados com a ativação do sistema nervoso simpático, a participação do eixo hipotálamo-hipófise e a regulação dos receptores de benzodiazepínicos no córtex frontal((2424 Lentsck MH, Pilger C, Schoereder EP, Prezotto KH, Mathias TAF. Prevalência de sintomas depressivos e sinais de demência em idosos na comunidade. Rev Eletr Enf. 2015;17(3):1-9. doi: 10.5216/ree.v17i3.34261
https://doi.org/10.5216/ree.v17i3.34261...
,2525 Elman I, Zubieta JK, Borsook D. The missing "P" in psychiatric training: why is it important to teach pain to psychiatrists? Arch Gen Psychiatry. 2011;68(1):12-20. doi: 10.1001/archgenpsychiatry.2010.174
https://doi.org/10.1001/archgenpsychiatr...
)).

A dor crônica pode desencadear nos indivíduos sentimentos negativos, como raiva, hostilidade, ansiedade, medo, além de mudanças na vida diária. Esses fatores elencados confirmam a hipótese de que a depressão pode evoluir com a dor, assim como a dor pode desencadear a depressão, estabelecendo um ciclo vicioso, dor-depressão-dor ou depressão-dor-depressão. Contudo, não é possível afirmar qual manifesta-se primeiro, a dor ou o sintoma depressivo(66 Garbi MOSS, Hortense P, Gomez RRF, Silva TCR, Castanho ACF, Sousa FAEF. Intensidade de dor, incapacidade e depressão em indivíduos com dor lombar crônica. Rev Latino-Am Enfermagem. 2014;22(4):569-75. doi: 10.1590/0104-1169.3492.2453
https://doi.org/10.1590/0104-1169.3492.2...
,2525 Elman I, Zubieta JK, Borsook D. The missing "P" in psychiatric training: why is it important to teach pain to psychiatrists? Arch Gen Psychiatry. 2011;68(1):12-20. doi: 10.1001/archgenpsychiatry.2010.174
https://doi.org/10.1001/archgenpsychiatr...
). Um estudo de coorte no Reino Unido avaliou a intensidade de dor comparada com a presença de sintomas depressivos, em 502 participantes com média de idade de 65,2 anos. Os resultados mostraram que o grupo com nível mais alto de dor apresentou maiores índices de depressão, ansiedade e pior estado geral de saúde, quando comparado ao grupo com menor intensidade de dor(77 Benyon K, Muller S, Hill S, Mallen C. Coping strategies as predictors of pain and disability in older people in primary care: a longitudinal study. BMC Fam Pract. 2013;14:67. doi: 10.1186/1471-2296-14-67
https://doi.org/10.1186/1471-2296-14-67...
).

Os achados de dor crônica em idosos no presente estudo corroboram com os dados encontrados na literatura, em que a maior prevalência de dor crônica encontra-se nos membros inferior e na região lombar(2626 Pereira LV, Vasconcelos PP, Souza LAF, Pereira GA, Nakatani AYK, Bachion MM. Prevalence and intensity of chronic pain and self-perceived health among elderly people: a population-based study. Rev Latino-Am Enfermagem. 2014;22(4):662-9. doi: 10.1590/0104-1169.3591.2465
https://doi.org/10.1590/0104-1169.3591.2...
-2727 Dellaroza MSG, Pimenta CAM, Duarte YA, Lebrão ML. Dor crônica em idosos residentes em São Paulo, Brasil: prevalência, características e associação com capacidade funcional e mobilidade (Estudo SABE). Cad Saúde Pública. 2013;29(2):325-34. doi: 10.1590/ S0102-311X2013000200019
https://doi.org/10.1590/...
). Uma pesquisa com 934 idosos da comunidade demonstrou que 34,5% dos participantes relataram dor nos membros inferiores e 29,5% na região lombar, com prevalência de intensidade forte (42,1%) seguida de intensidade moderada (25,9%)(2727 Dellaroza MSG, Pimenta CAM, Duarte YA, Lebrão ML. Dor crônica em idosos residentes em São Paulo, Brasil: prevalência, características e associação com capacidade funcional e mobilidade (Estudo SABE). Cad Saúde Pública. 2013;29(2):325-34. doi: 10.1590/ S0102-311X2013000200019
https://doi.org/10.1590/...
).

As análises de regressão logística univariada evidenciaram que os sintomas depressivos em idosos cuidadores com dor crônica apresentaram associação com renda familiar, número de doenças, número de medicamentos, intensidade da dor, sobrecarga e estresse, dados corroborados pela literatura(1111 Almeida OP, Pirkis J, Kerse N, Sim M, Flicker L, Snowdon J, et al. Socioeconomic disadvantage increases risk of prevalent and persistent depression in later life. J Affect Disord. 2012;138(3):322-31. doi: 10.1016/j.jad.2012.01.021
https://doi.org/10.1016/j.jad.2012.01.02...
-1212 Borges LJ, Benedetti TRB, Xavier AJ, d'Orsi E. Associated factors of depressive symptoms in the elderly: EpiFloripa study. Rev Saúde Pública. 2013;47(4):701-10. doi: 10.1590/S0034-8910.2013047003844
https://doi.org/10.1590/S0034-8910.20130...
,2828 Denkinger MD, Lukas A, NikolauS T, Peter R. Multisite pain, pain frequency and pain severity are associated with depression in older adults: results from the ActiFE Ulm study. Age Ageing. 2014;43(4):510-4. doi: 10.1093/ageing/afu013
https://doi.org/10.1093/ageing/afu013...

29 Fredman L, Cauley JA, Hochberg M, Ensrud KE, Doros G. Mortality associated with caregiving, general stress, and caregivingrelated stress in elderly women: results of caregiver-study of osteoporotic fractures. J Am Geriatr Soc. 2010;58(5):937-43. doi: 10.1111/j.1532-5415.2010.02808.x
https://doi.org/10.1111/j.1532-5415.2010...
-3030 Marques CA, Stefanello B, Mendonça CN, Furlanetto LM. Associação entre depressão, níveis de dor e falta de apoio social em pacientes internados em enfermarias de clínica médica. J Bras Psiquiatr. 2013;62(1):1-7. doi: 10.1590/S0047-20852013000100001
https://doi.org/10.1590/S0047-2085201300...
). As variáveis sexo, desempenho cognitivo e escolaridade não apresentaram resultados estatisticamente significativos associados a sintomas depressivos, dados que divergem de outros estudos(1212 Borges LJ, Benedetti TRB, Xavier AJ, d'Orsi E. Associated factors of depressive symptoms in the elderly: EpiFloripa study. Rev Saúde Pública. 2013;47(4):701-10. doi: 10.1590/S0034-8910.2013047003844
https://doi.org/10.1590/S0034-8910.20130...
,3131 Bretanha AF, Facchini LA, Nunes BP, Munhoz TN, Tomasi E, Thumé E. Sintomas depressivos em idosos residentes em áreas de abrangência das Unidades Básicas de Saúde da zona urbana de Bagé, RS. Rev Bras Epidemiol. 2015;18(1):1-12. doi: 10.1590/1980-5497201500010001
https://doi.org/10.1590/1980-54972015000...
).

Uma pesquisa populacional realizada com 1656 idosos observou que a presença de sintomas depressivos foi maior em indivíduos com déficit cognitivo, baixa escolaridade, ocorrência de queda no último ano, relato de dor na maioria dos dias, pior percepção de saúde e menor renda(1212 Borges LJ, Benedetti TRB, Xavier AJ, d'Orsi E. Associated factors of depressive symptoms in the elderly: EpiFloripa study. Rev Saúde Pública. 2013;47(4):701-10. doi: 10.1590/S0034-8910.2013047003844
https://doi.org/10.1590/S0034-8910.20130...
). Segundo os resultados de um estudo desenvolvido com 21.417 idosos da Austrália, a desvantagem socioeconômica aumenta a probabilidade de depressão, tendo como possível explicação os índices elevados de estresse que essas pessoas podem ter passado durante a vida(1111 Almeida OP, Pirkis J, Kerse N, Sim M, Flicker L, Snowdon J, et al. Socioeconomic disadvantage increases risk of prevalent and persistent depression in later life. J Affect Disord. 2012;138(3):322-31. doi: 10.1016/j.jad.2012.01.021
https://doi.org/10.1016/j.jad.2012.01.02...
). Os estressores fisiológicos e ambientais interagem para modular o risco de depressão em idosos(3232 Almeida OP, Alfonso H, Pirkis J, Kerse N, Sim M, Flicker L, et al. A practical approach to assess depression risk and to guide risk reduction strategies in later life. Int Psychogeriatr. 2011;23(2):280-91. doi: 10.1017/S1041610210001870
https://doi.org/10.1017/S104161021000187...
), sendo que em idosos cuidadores com baixa renda, esses índices de estresse podem ser mais elevados por associar-se com o ato de cuidar.

O presente estudo verificou que um maior número de comorbidades aumenta a chance de apresentar sintomas depressivos em 1,2 vezes. Dados semelhantes foram apresentados em um estudo com idosos de um ambulatório geriátrico de referência, em que observou associação positiva entre depressão e número de patologias crônica maior que três(3333 Duarte MB, Rego MAV. Comorbidade entre depressão e doenças clínicas em um ambulatório de geriatria. Cad Saúde Pública. 2007;23(3):691-700. doi: 10.1590/S0102-311X2007000300027
https://doi.org/10.1590/S0102-311X200700...
).

Na literatura, é possível observar índices mais elevados de comorbidades associadas em idosos cuidadores, quando comparado a não cuidadores, como em um estudo desenvolvido pelo grupo de Pesquisa sobre Fragilidade em Idosos Brasileiros (FIBRA), em que 43,2% participantes apresentavam três ou mais doenças(22 Tomomitsu MRSV, Perracini MR, Neri AL. Influência de gênero, idade e renda sobre o bem-estar de idosos cuidadores e não cuidadores. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2013;16(4):663-8. doi: 10.1590/S1809-98232013000400002
https://doi.org/10.1590/S1809-9823201300...
). Vale ressaltar que os cuidadores, assim como as pessoas com dor crônica, possuem maior risco para desenvolver problemas de saúde devido à sobrecarga e ao descuido da própria saúde para dedicar-se ao cuidado do outro, sendo que quanto maior o tempo dispensado ao cuidado, maior é o impacto na saúde do cuidador(44 Lino VTS, Rodrigues NCP, Camacho LAB, O'Dwyer G, Lima IS, Andrade MKN, Atie S. Prevalência de sobrecarga e respectivos fatores associados em cuidadores de idosos dependentes, em uma região pobre do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saúde Pública. 2016;32(6):e00060115. doi: 10.1590/0102-311X00060115
https://doi.org/10.1590/0102-311X0006011...
,3434 Muniz EA, Freitas CASL, Oliveira EN, Lacerda MR. Grau de sobrecarga dos cuidadores de idosos atendidos em domicílio pela Estratégia Saúde da Família. Saúde Debate. 2016;40(110):172-82. doi: 10.1590/0103-1104201611013
https://doi.org/10.1590/0103-11042016110...
-3535 Gratão ACM, Vendrúscolo TRP, Talmelli LFS, Figueiredo LC, Santos JLF, Rodrigues RAP. Burden and the emotional distress in caregivers of elderly individuals. Texto Contexto Enferm. 2012;21(2):304-12. doi: 10.1590/S0104-07072012000200007
https://doi.org/10.1590/S0104-0707201200...
).

O tempo de cuidado não se associou aos sintomas depressivos, mas o nível de estresse e sobrecarga apresentou resultados estatisticamente significativos, o que pode contribuir para a hipótese que mesmo os idosos que cuidam há menos tempo podem apresentar elevados níveis de sobrecarga e estresse devido à dependência do idoso receptor do cuidado e das atividades realizadas. Associada a essas variáveis, a dor crônica contribui ainda mais para as interferências negativas nas ABVD desse cuidador e para o agravamento de sintomas depressivos(77 Benyon K, Muller S, Hill S, Mallen C. Coping strategies as predictors of pain and disability in older people in primary care: a longitudinal study. BMC Fam Pract. 2013;14:67. doi: 10.1186/1471-2296-14-67
https://doi.org/10.1186/1471-2296-14-67...
,99 Pinheiro RC, Uchida RR, Mathias LAST, Perez MV, Cordeiro Q. Prevalência de sintomas depressivos e ansiosos em pacientes com dor crônica. J Bras Psiquiatr. 2014;63(3):213-9. doi: 10.1590/0047-2085000000028
https://doi.org/10.1590/0047-20850000000...
).

Em uma investigação com idosos cuidadores, os sintomas depressivos foram associados a mais horas de cuidado e a um dos traços de personalidade do cuidador (neuroticismo), e não apresentaram associação com o diagnóstico do receptor de cuidados, outros traços de personalidade, atitudes em relação à velhice e atividade física de lazer e doméstica(55 Loi SM, Dow B, Moore K, Hill K, Russell M, Cyarto E, et al. Factors associated with depression in older carers. Int J Geriatr Psychiatry. 2016;31(3):294-301. doi: 10.1002/gps.4323
https://doi.org/10.1002/gps.4323...
).

As pesquisas existentes sobre sobrecarga associada a sintomas depressivos em idosos cuidadores com dor crônica são escassas, o que limita a discussão dos resultados. O presente estudo encontrou relação entre as variáveis sintomas depressivos e sobrecarga, sendo que 28,5% dos cuidadores apresentaram sobrecarga moderada. A literatura aponta altos índices de sobrecarga em cuidadores, associados principalmente ao tempo prolongado de cuidado e ao grau de dependência do idoso(33 Loureiro LSN, Fernandes MGM, Nóbrega MML, Rodrigues RAP. Sobrecarga em cuidadores familiares de idosos: associação com características do idoso e demanda de cuidado. Rev Bras Enferm. 2014;67(2):227-32. doi: 10.5935/0034-7167.20140030
https://doi.org/10.5935/0034-7167.201400...
,3434 Muniz EA, Freitas CASL, Oliveira EN, Lacerda MR. Grau de sobrecarga dos cuidadores de idosos atendidos em domicílio pela Estratégia Saúde da Família. Saúde Debate. 2016;40(110):172-82. doi: 10.1590/0103-1104201611013
https://doi.org/10.1590/0103-11042016110...
-3535 Gratão ACM, Vendrúscolo TRP, Talmelli LFS, Figueiredo LC, Santos JLF, Rodrigues RAP. Burden and the emotional distress in caregivers of elderly individuals. Texto Contexto Enferm. 2012;21(2):304-12. doi: 10.1590/S0104-07072012000200007
https://doi.org/10.1590/S0104-0707201200...
).

Uma amostra com cuidadores familiares de idosos, residentes no município de João Pessoa (PB), identificou que 57,3% apresentaram sobrecarga moderada; 15,7% sobrecarga de moderada a severa e 2,2% sobrecarga severa. Os autores observaram maiores níveis de sobrecarga em cuidadores com idades mais avançadas, do sexo feminino e entre analfabetos funcionais(33 Loureiro LSN, Fernandes MGM, Nóbrega MML, Rodrigues RAP. Sobrecarga em cuidadores familiares de idosos: associação com características do idoso e demanda de cuidado. Rev Bras Enferm. 2014;67(2):227-32. doi: 10.5935/0034-7167.20140030
https://doi.org/10.5935/0034-7167.201400...
). Uma pesquisa realizada com 124 familiares de idosos dependentes encontrou que os cuidadores com maior sobrecarga eram mulheres, cônjuges, com pior desempenho cognitivo e que realizam o cuidado a idosos dependentes com maior idade e por maior número de horas(3535 Gratão ACM, Vendrúscolo TRP, Talmelli LFS, Figueiredo LC, Santos JLF, Rodrigues RAP. Burden and the emotional distress in caregivers of elderly individuals. Texto Contexto Enferm. 2012;21(2):304-12. doi: 10.1590/S0104-07072012000200007
https://doi.org/10.1590/S0104-0707201200...
). Outra investigação com 140 cuidadores familiares de idosos encontrou relação da sobrecarga com a idade, a depressão e declínio cognitivo do idoso que recebe cuidados que recebe cuidados, e com o apoio social do cuidador(44 Lino VTS, Rodrigues NCP, Camacho LAB, O'Dwyer G, Lima IS, Andrade MKN, Atie S. Prevalência de sobrecarga e respectivos fatores associados em cuidadores de idosos dependentes, em uma região pobre do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saúde Pública. 2016;32(6):e00060115. doi: 10.1590/0102-311X00060115
https://doi.org/10.1590/0102-311X0006011...
).

Na análise multivariada, ficaram no modelo somente o uso de medicamentos e o estresse percebido. Com relação aos medicamentos de uso contínuo, os principais relatados pelos idosos foram os anti-hipertensivos (68,4%) e analgésicos/anti-inflamatórios (34,2%). Observou-se uma associação entre fármacos e sintomas depressivos, sendo que a cada medicamento utilizado pelo idoso,

o risco de depressão aumentou 1,3 vezes, corroborando com um estudo desenvolvido na cidade de São Paulo, SP com 1.667 idosos. Os indivíduos que tomavam entre três e quatro medicamentos possuíam uma razão de chance de 3,81 para depressão perante aos que não faziam uso de medicamentos, e nos que relataram utilizar cinco ou mais fármacos, essa razão foi de 9,13(3636 Lima MTR, Silva RS, Ramos LR. Fatores associados à sintomatologia depressiva numa coorte urbana de idosos. J Bras Psiquiatr. 2009;58(1):17. doi: 10.1590/S0047-20852009000100001
https://doi.org/10.1590/S0047-2085200900...
). A população idosa faz uso de um grande número de medicamento e esse fator pode estar associado ao uso comitente de mais de um medicamente para

o tratamento da mesma patologia(3737 Silva GOB, Gondim APS, Monteiro MP, Frota MA, Meneses ALL. Uso de medicamentos contínuos e fatores associados em idosos de Quixadá, Ceará. Rev Bras Epidemiol. 2012;15(2):386-95. doi: 10.1590/S1415-790X2012000200016
https://doi.org/10.1590/S1415-790X201200...
). Ressalta-se também que a população do presente estudo apresenta dor crônica e, segundo a literatura, os idosos com dor crônica fazem uso de mais medicamentos quando comparados a idosos com ausência de dor(3838 Dellaroza MSG, Furuya RK, Cabrera MAS, Matsuo T, Trelha C, Yamada KN, et al. Caracterização da dor crônica e métodos analgésicos utilizados por idosos da comunidade. Rev Assoc Med Bras. 2008;54(1):36-41. doi: 10.1590/S0104-42302008000100018
https://doi.org/10.1590/S0104-4230200800...
).

A presente investigação encontrou associação significativa entre as variáveis sintomas depressivos e estresse, na qual, a cada um ponto do escore de estresse, o risco de depressão aumentou 1,2 vezes (15,5%). Um estudo de coorte desenvolvido nos Estados Unidos com uma amostra de 375 idosos cuidadores e 694 não cuidadores observou que o grupo de cuidadores apresentou índices mais elevados de estresse, com diferenças estatisticamente significativas. Além disso, nos dois grupos os participantes com maior nível de estresse apresentaram 1,8 vezes mais risco de morte em três anos, quando comparado aos idosos com menor nível de estresse(2929 Fredman L, Cauley JA, Hochberg M, Ensrud KE, Doros G. Mortality associated with caregiving, general stress, and caregivingrelated stress in elderly women: results of caregiver-study of osteoporotic fractures. J Am Geriatr Soc. 2010;58(5):937-43. doi: 10.1111/j.1532-5415.2010.02808.x
https://doi.org/10.1111/j.1532-5415.2010...
).

Limitações do estudo

Aponta-se como limitação do estudo a falta de dados sobre

o tempo de dor crônica (em anos) referida por esses idosos. Apesar de a população do estudo ter sido a de idosos cuidadores cadastrados na totalidade das USF do município, os dados não podem ser estendidos para toda a população, pois não refletem

o universo de idosos residentes no local.

Contribuições para a área da Enfermagem, Saúde ou Política Pública

Os resultados evidenciaram que em idosos cuidadores com dor crônica, os fatores associados aos sintomas depressivos não estão diretamente relacionados ao cuidado, mas são fatores de saúde (número de medicamentos) e psicológicos (estresse percebido), que podem ter sido influenciados pelo cuidado e pela dor crônica apresentada.

Espera-se que os resultados possam trazer contribuições para a saúde física e psicossocial desses indivíduos à medida que possibilitem uma reflexão entre os profissionais sobre a importância da criação de estratégias que beneficiem esses idosos que realizam

o cuidado no domicílio, direcionadas especificamente para o uso de medicamentos, o estresse e o manejo da dor. A contribuição relevante desta pesquisa foi estudar os fatores associados aos sintomas depressivos em uma população específica, os idosos cuidadores com dor crônica, visto que não há estudos no Brasil.

CONCLUSÃO

Aproximadamente um terço dos idosos cuidadores do presente estudo apresentou sintomas depressivos. Na comparação entre os grupos e as variáveis sóciodemográficas, somente renda familiar e escolaridade apresentaram diferenças estatísticas. As variáveis número de medicamentos, número de doenças, intensidade da dor, nível de estresse e sobrecarga apresentaram níveis mais elevados no grupo, com sintomas depressivos quando comparado ao grupo com ausência de sintomas depressivos, com resultados estatisticamente significativos. Com relação às análises de regressão múltipla, as variáveis número de medicamentos e estresse estiveram associadas ao desfecho.

Entender a relação entre dor crônica e depressão em idosos cuidadores faz-se necessário para conhecer aspectos ainda não explorados nesta população. Acredita-se que a realização de estudos longitudinais com idosos cuidadores melhore a compreensão da interferência dos sintomas depressivos e dor crônica no cuidado prestado, como também o desenvolvimento de pesquisas experimentais que avaliem o comportamento de fatores modificáveis e sua relação com sintomas depressivos e dor crônica na população idosa.

  • FOMENTO
    Esta pesquisa teve financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

REFERENCES

  • 1
    Tomomitsu MRSV, Perracini MR, Neri AL. Fatores associados à satisfação com a vida em idosos cuidadores e não cuidadores. Ciênc Saúde Colet. 2014;19(8):3429-40. doi: 10.1590/1413-81232014198.13952013
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Editado por

EDITOR CHEFE: Dulce Aparecida Barbosa
EDITOR ASSOCIADO: Maria Saraiva

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Jan 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    30 Out 2017
  • Aceito
    08 Jun 2018
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