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Dualidade prazer-sofrimento na pós-graduação stricto sensu em enfermagem: entre pontes e muros

RESUMO

Objetivos:

compreender a dualidade prazer-sofrimento vivenciada por discentes na Pós-Graduação stricto sensu em Enfermagem.

Métodos:

pesquisa qualitativa, do tipo estudo de caso único integrado, fundamentada na Psicodinâmica do Trabalho. O cenário foi a Pós-Graduação stricto sensu em Enfermagem do Brasil. Como subunidades de análise, elegeram-se dois programas de Pós-Graduação. A coleta de dados ocorreu entre maio de 2017 e abril de 2018, com 23 discentes, por meio de entrevistas guiadas por roteiro semiestruturado e Análise Documental. Realizou-se Análise de Conteúdo Temática.

Resultados:

emergiram duas unidades de análise: Situações geradoras de prazer: as pontes construídas pela Pós-Graduação e Situações geradoras de sofrimento: os muros da Pós-Graduação, ambas discutidas em duas dimensões - organizacional e relações socioprofissionais.

Considerações finais:

os resultados podem contribuir para o planejamento de ações capazes de potencializar a criação de “pontes” que levem ao alcance do prazer na Pós-Graduação, impulsionando o enfrentamento de situações propulsoras do sofrimento discente.

Descritores:
Enfermagem; Educação de Pós-Graduação em Enfermagem; Trabalho; Estresse Psicológico; Prazer

ABSTRACT

Objectives:

to understand the pleasure-suffering duality experienced by students in stricto sensu Graduate Program in Nursing.

Methods:

qualitative, integrated single-case study based on the Psychodynamics of Work. The setting was the stricto sensu Graduate Program in Nursing in Brazil. Two Graduate Programs were chosen. Data collection took place between May 2017 and April 2018, with 23 students, through interviews guided by semi-structured script and Documentary Analysis. Content Analysis was carried out.

Results:

two analysis units emerged: Situations generating pleasure: bridges built by the Graduate Program and Situations generating suffering: walls of the Graduate Program. They were discussed in two dimensions - organizational and socio-professional relations.

Final considerations:

the results can contribute to the planning of actions capable of potentiating the creation of “bridges” that lead to reach of pleasure in the Graduate Program. It impels the confrontation of suffering-generating situations for the student.

Descriptors:
Nursing; Education, Nursing, Graduate; Work; Stress, Psychological; Pleasure

RESUMEN

Objetivos:

comprender la dualidad placer-sufrimiento vivenciada por los estudiante en el Postgrado stricto sensu en Enfermería.

Métodos:

investigación cualitativa, del tipo estudio de caso único integrado, fundamentada en la Psicodinámica del Trabajo. El escenario fue el Postgrado stricto sensu en Enfermería de Brasil. Como subunidades de análisis, se eligieron dos programas de Postgrado. La recolección de datos ocurrió entre mayo de 2017 y abril de 2018, con 23 estudiantes, a través de entrevistas guiadas por guión semiestructurado y Análisis Documental. Se realizó Análisis de Contenido Temático.

Resultados:

emergieron 2 unidades de análisis: Situaciones generadoras de placer: los puentes construidos por la Postgrado y Situaciones generadoras de sufrimiento: los muros del Postgrado, ambas discutidas em duas dimensões - organizacional e relações socioprofissionais.

Consideraciones finales:

los resultados pueden contribuir a la planificación de acciones capaces de potenciar la creación de “puentes” que lleven al alcance del placer en el Postgrado, impulsando el enfrentamiento de situaciones propulsoras del sufrimiento de lo estudiante.

Descriptores:
Enfermería; Educación de Posgrado en Enfermería; Trabajo; Estrés; Psicológico; Placer

INTRODUÇÃO

A Pós-Graduação stricto sensu contribui significativamente para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação(11 Marziale MHP, Lima RAG. A formação de doutores e a produção do conhecimento em enfermagem. Rev Latino-Am Enfermagem. 2015;23(3):361-2. doi: 10.1590/0104-1169.0000.2563
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), transformando a vida dos estudantes e constituindo-se em uma interface entre a produção do conhecimento e as cobranças geradas pelos órgãos de fomento(11 Marziale MHP, Lima RAG. A formação de doutores e a produção do conhecimento em enfermagem. Rev Latino-Am Enfermagem. 2015;23(3):361-2. doi: 10.1590/0104-1169.0000.2563
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-22 Freitag VL, de Jung BC, Badke MR, Ubessi LD, Lemões MAM, Milbrath VM. O cotidiano de pós-graduandos stricto sensu em enfermagem de uma universidade federal: relato de experiência. Rev Contexto Saúde. 2016;16(30):3-13. doi: 10.21527/2176-7114.2016.30.3-13
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). Na Pós-Graduação brasileira, percebe-se que tais exigências consistem em um reflexo das mudanças ocorridas nas últimas décadas, no que concerne às métricas estabelecidas e a exiguidade dos prazos para a realização dos cursos de mestrado e doutorado(33 Mendes VR, Iora JA. A opinião dos estudantes sobre as exigências da produção na pós-graduação. Rev Bras Ciênc Esporte. 2014;36(1):171-87. doi: 10.1590/S0101-32892014000100012
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).

No que se refere à Pós-Graduação em Enfermagem no Brasil, o seu crescimento tem se traduzido no aumento da produção científica da área, alcançando em 2016, o 7º lugar no ranking internacional(44 Scochi CGS, Ferreira MA, Gelbcke FL. The year 2017 and the four-yearly evaluation of the Stricto Sensu Graduate Programs: investments and actions to continued progress. Rev Latino-Am Enfermagem. 2017;25:e2995. doi: 10.1590/1518-8345.0000.2995
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). Contudo, o desenvolvimento quantitativo não é suficiente para a obtenção da sustentabilidade da produção científica. Torna-se fundamental maior investimento na qualidade nas produções, com vistas a aumentar a visibilidade internacional(55 Scochi SCG, Munari DB, Gelbcke FL, Ferreira MA. The challenges and strategies from graduate programs innursing for the dissemination of scientific production at international journals. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2014;18(1):5-10. doi: 10.5935/1414-8145.20140001
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).

Em função do contexto retratado e do objeto delineado para o presente estudo, buscou-se fundamentação teórica nos pressupostos da Psicodinâmica do Trabalho (PdT) por meio do olhar das práticas brasileiras que vêm cada vez mais adaptando a teoria e o método às demandas da nossa realidade. A PdT pode ser analisada sobre duas vertentes, uma clínica e outra teórica. Como disciplina clínica, ela se dedica às relações entre trabalho e saúde mental. Já em sua abordagem teórica, busca inscrever os resultados da investigação clínica numa teoria do sujeito que integra a psicanálise e a teoria social(66 Dejours C. Subjetividade, trabalho e ação. Rev Prod. 2004;14(3):27-34. doi: 10.1590/S0103-65132004000300004
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).

Em se tratando de contexto de trabalho, este, em sua natureza, pode enaltecer ou mortificar a subjetividade do sujeito(66 Dejours C. Subjetividade, trabalho e ação. Rev Prod. 2004;14(3):27-34. doi: 10.1590/S0103-65132004000300004
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). Destarte, esta realidade é reproduzida no âmbito da pesquisa, sendo reconhecida como uma tarefa intelectual(77 Dejours C. Cadernos de TTO, 2 - A avaliação do trabalho submetida à prova do real. São Paulo: Blucher; 2008.) capaz de ser mais patogênica do que tarefas de cunho manual(88 Dejours C, Jayet C. Psicopatologia do trabalho e organização real do trabalho em uma indústria de processo: metodologia aplicada a um caso. In: Dejours C, Abdoucheli E, Jayet C, organizadores. Psicodinâmica do trabalho. São Paulo: Atlas; 1994. p. 67-118.). Posto isso, considerando a carga intelectual requerida aos discentes na Pós-Graduação, assumiu-se a atividade desenvolvida por eles como sinônimo de trabalho(99 Bispo ACKA, Helal DH. A dialética do prazer e sofrimento de acadêmicos: um estudo com mestrandos em administração. R Adm FACES Journal. 2013;12(4):120-36. doi: 10.21714/1984-6975FACES2013V12N4ART1939
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).

O prazer e o sofrimento no trabalho são influenciados pelas três dimensões do contexto de trabalho - organização do trabalho, condições de trabalho e relações socioprofissionais - resultando da interação entre condições subjetivas e objetivas(1010 Augusto MM, Freitas LG, Mendes AM. Vivências de prazer e sofrimento no trabalho de profissionais de uma fundação pública de pesquisa. Psicol Rev. 2014;20(1):34-55. doi: DOI-10.5752/P.1678-9523.2014v20n1p34
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). Neste sentido, o sofrimento se dá frente ao trabalho real, inesperado, desconhecido, sendo capaz de manter vivo o sujeito no e do trabalho, mas também de ocasionar negação e adoecimento(1111 Mendes AM, Ghizoni LD. Sofrimento como potência política para o trabalho do sujeito vivo. Rev Trab (En)Cena [Internet]. 2016 [cited 2018 June 14];1(2):1-3. Available from: https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/encena/article/view/3342
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).

A relevância deste estudo pode ser comprovada pela necessidade da compreensão das situações geradoras de prazer e sofrimento no trabalho discente, contribuindo para que as instituições e os próprios profissionais produzam um ambiente mais colaborativo, no qual as experiências de prazer se sobressaiam. Vale enfatizar que as mudanças organizacionais e interpessoais contribuem para o aumento da humanização laboral, reduzindo as vivências de sofrimento e os riscos de adoecimento(1212 Miorin JD, Camponogara S, Pinno C, Beck CLC, Costa V, Freitas EO. Pleasure and pain of nursing workers at a first aid service. Texto Contexto Enferm. 2018;27(2):1-9. doi: 10.1590/0104-070720180002350015
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). Frente ao exposto, questiona-se: como se configuram as vivências de prazer e de sofrimento de discentes na Pós-Graduação stricto sensu em Enfermagem?

OBJETIVOS

Compreender a dualidade prazer-sofrimento, vivenciada por discentes, na Pós-Graduação stricto sensu em Enfermagem.

MÉTODOS

Aspectos éticos

A pesquisa foi aprovada pelos Comitês de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais e da Universidade Federal de Santa Catarina. Foi desenvolvida respaldando-se na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Todos os participantes foram esclarecidos sobre o estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), em duas vias, sendo uma para o participante e a outra para a pesquisadora. Com o objetivo de garantir o anonimato dos discentes, estes foram identificados por letras (DI), seguidas de números.

Tipo de estudo

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo estudo de caso único integrado(1313 Yin RK. Estudo de caso: planejamento e métodos. 5ª ed. Porto Alegre: Bookman; 2015.), fundamentada na Psicodinâmica do Trabalho de Dejours. O estudo de caso único integrado permite ao pesquisador o desenvolvimento de um projeto mais complexo, uma vez que as subunidades de análise podem favorecer insights (1313 Yin RK. Estudo de caso: planejamento e métodos. 5ª ed. Porto Alegre: Bookman; 2015.).

Cenário do estudo

O cenário de estudo foi a Pós-Graduação stricto sensu em Enfermagem do Brasil. Como subunidades de análise, elegeram-se, intencionalmente, dois programas de Pós-Graduação em Enfermagem, sendo um localizado no estado de Santa Catarina e o outro, no de Minas Gerais.

Procedimentos metodológicos

A escolha das subunidades de análise se deu pela representatividade dos programas em âmbito nacional e pela atual parceria institucional. O convite para os discentes participarem da pesquisa foi enviado por e-mail, tendo sido informado que a entrevista seria realizada nas universidades e em local restrito.

Fonte de dados

Participaram 23 discentes. No momento da pesquisa, os programas contavam, na totalidade, com 147 alunos de doutorado e 103 de mestrado, perfazendo 250 discentes. Foram incluídos discentes devidamente matriculados e que não estivessem em período de doutorado sanduíche durante a coleta de dados e que possuíssem mais de seis meses na Pós-Graduação, considerando a experiência adquirida.

Os participantes foram selecionados por sorteio, utilizando-se o site “sorteador”. Tendo em vista o não agendamento de alguns discentes, utilizou-se também a estratégia “bola de neve” para o alcance da saturação dos dados. No que tange à Análise Documental (AD), foram utilizados os relatórios enviados pelos programas à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), disponíveis na Plataforma Sucupira(1414 Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Plataforma Sucupira. Coleta CAPES [Internet]. Brasília: CAPES; 2018 [cited 2018 June 14]. Available from: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/
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).

Coleta e organização dos dados

A coleta dos dados ocorreu entre maio de 2017 e abril de 2018. Conforme proposto pelo estudo de caso, a triangulação de dados foi empregada, utilizando-se duas fontes de evidências, sendo entrevista guiada por roteiro semiestruturado e AD. As entrevistas foram realizadas pela pesquisadora, individualmente, e gravadas em dois aparelhos eletrônicos. O tempo de duração das entrevistas foi, em média, de 19 minutos e 38 segundos. O tempo destinado à transcrição foi de aproximadamente 27 horas.

A coleta de dados foi interrompida, seguindo o critério de saturação que permite ao pesquisador o alcance de um número ideal de participantes(1515 Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12ª ed. São Paulo: Hucitec; 2010.). Para atender a este critério, as entrevistas foram transcritas pela pesquisadora logo após a realização, possibilitando a pré-análise do material. No que concerne à AD, esta possibilitou corroborar e aumentar a evidência dos relatos(1616 Yin RK. Pesquisa qualitativa do início ao fim. Porto Alegre: Penso; 2016.).

Análise dos dados

Os dados foram analisados por meio da Análise de Conteúdo Temática. A organização da análise de conteúdo ocorre por meio de três polos cronológicos: a pré-análise; a exploração do material; o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação(1717 Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2016.). A fase de pré-análise fundamenta-se na organização do material. Nas fases seguintes, realiza-se a exploração do material, com mais perspicácia, por meio da codificação, decomposição ou enumeração e o tratamento dos resultados. Concluídas essas etapas, tornou-se possível realizar inferências e interpretações dos dados, correlacionando-os com os objetivos previstos(1717 Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2016.-1818 Bardin L. Análise de conteúdo. 4ª ed. Lisboa: Edições 70; 2009.). Neste estudo, o software Atlas.ti 8 foi utilizado como instrumento operacional para a análise das entrevistas e contribuiu para a construção de redes semânticas(1919 Brito MJM, Caram CS, Montenegro LC, Rezende LC, Renno HMS, Ramos FRS. Potentialities of Atlas.ti for data analysis in qualitative research in nursing. In: Costa AP, Reis LP, Souza FN, Moreira A, Lamas D, editors. Computer Supported Qualitative Research. Switzerland: Springer International Publishing Switzerland; 2016. p. 75-84.).

RESULTADOS

Os participantes do estudo foram 23 discentes, sendo 20 do sexo feminino e a maioria enfermeiro (17). O perfil etário mais frequente foi entre 30 e 39 anos com (60,9%). A maior parte estava cursando Mestrado (12) e atuando como bolsista (13).

Considerando o referencial empregado, a análise dos dados possibilitou a categorização de duas unidades, Situações geradoras de prazer: as pontes construídas pela Pós-Graduação e Situações geradoras de sofrimento: os muros da Pós-Graduação. Em ambas são discutidas duas dimensões do contexto do trabalho - organizacional e relações socioprofissionais.

Situações geradoras de prazer: as pontes construídas pela Pós-Graduação

Neste estudo, emergiram fatores organizacionais e de relações socioprofissionais identificadas como “pontes” que indicam uma direção, a fim de os discentes alcançarem o prazer na Pós-Graduação. Dentre estes fatores, o conhecimento, o reconhecimento do trabalho, o conceito da universidade, a pesquisa, as disciplinas e a docência estão discutidos na dimensão organizacional do trabalho.

A respeito do conhecimento adquirido na Pós-Graduação, os participantes citaram a oportunidade de crescimento profissional e pessoal e as possibilidades de aprendizado, para além daquilo que é alcançado, mediante sua entrada e vivência no mercado de trabalho.

Todo conhecimento que vocêadquire, para quem gosta de estudar, como eu, ele gera prazer. E eu me sinto feliz e muito realizada com tudo que eu estou aprendendo e porque eu sinto que eu estou crescendo, sabe? Nãosócomo pesquisadora, mas como pessoa também. (DI 23)

Eu acho que é o novo conhecimento. Tudo que a gente vivencia aqui, a gente não vivencia no mercado de trabalho, a gente não vivencia no nosso dia a dia, no nosso cotidiano, a pesquisa, ela é um mundo à parte. Então, tudo aquilo que a gente aprende aqui, é algo extremamente novo. Então, eu acho que esse novo é o que gera mais prazer em estar aqui hoje. É o novo que a gente só conhece aqui, a gente não conhece lá fora. (DI 22)

O reconhecimento do trabalho desenvolvido na Pós-Graduação emergiu como fator gerador de prazer por possibilitar retorno ao discente pelas tarefas desenvolvidas e, ainda, proporcionar gratificação e motivação.

Têm alguns momentos que, com certeza, a gente se sente mais feliz, principalmente quando o trabalho éreconhecido. Recentemente, eu recebi um e-mail de um congresso internacional, me convidando para palestrar [...]. E colegas meus jáenviaram e-mails, mensagens, falando que leram sobre o meu trabalho do mestrado. Então, ver esse retorno do que a gente faz égratificante e nos motiva a melhorar e construir conhecimento cada vezmais. (DI 18)

O reconhecimento, quando te chamam de professora, “nossa, sou professora”. Ou quando você fala o que você está pesquisando, “ah, eu pesquiso sobre tal coisa”, aí a pessoa se interessa pelo o que você está pesquisando. Isso, eu acho bem bacana. (DI 11)

Outro ponto desvelado foi o valor atribuído pelos discentes ao conceito da universidade expressa por sua visibilidade na sociedade. Para eles, realizar o curso em instituições reconhecidas proporciona orgulho, sensação de bem-estar e, consequentemente, prazer.

Eu acho que estar hoje numa universidade com conceito que ela tem, gera uma sensação de bem-estar, de prazer, muito grande, [...]o nosso trabalho também, que vai ajudar a manter o nível de qualidade [...], então, me dámuito orgulho estar fazendo mestrado numa escola que émuito bem reconhecida nacionalmente. (DI 22)

O simples fato de estar no programa de mestrado, já traz um prazer, porque já traduz um sonho que eu vim buscando a mais tempo. Então isso para mim já é dádiva, já é um presente, já é um prazer estar no programa, pela concorrência dele, pela representatividade social da universidade. (DI 13)

A preocupação institucional em oferecer um ensino qualificado ficou explícita na AD. Um dos programas pontuou como meta “proporcionar formação consistente e de alta qualidade para a prática da educação, pesquisa e atenção em saúde” (AD).

Ainda sobre os aspectos que propiciam prazer, foi mencionado pelos discentes o ato de fazer pesquisa. Segundo DI 16, a possibilidade de preencher lacunas no conhecimento impulsiona o trabalho na Pós-Graduação. DI 15 relatou a fase de coleta de dados como prazerosa, pela aproximação com a realidade social.

Eu acho lindo quando vocêcomeçaa ler uma coisa e vocêcomeçaa entender o porquê, vocêacha os buracos naquela pesquisa e vocêvêque sua pesquisa consegue preencher, isso eu acho que éuma coisa que muito me impulsiona. (DI 16)

Uma coleta de dados, quando você depara com uma pessoa carente de tudo, carente de recurso, carente de ser ouvida e a pessoa te agradece. São esses pequenos prazeres hoje em dia. (DI 15)

Outro fator reconhecido como capaz de propiciar prazer aos discentes foi a participação em disciplinas. Para eles, as discussões, reflexões e as trocas entre o professor e a turma induzem a busca por conhecimento.

Quando vocêestáem uma aula, umas discussões que sãoumas discussões mais amplas, umas reflexões mais abertas, ouvir opinião. Quando vocêse depara numa disciplina, um professor que éaberto para ouvir a opiniãodo outro e aquelas discussões, elas vãopara alémda sala de aula, isso me dáprazer. (DI 15)

As discussões riquíssimas que têm dentro da sala de aula, [...] desculpa o termo, mas é “orgásmico”. Eu fico com muito prazer pelas discussões que têm. Eu fico “meu Deus, eu nunca tinha parado para pensar nisso, que incrível, que lindo”. Então, a gente sai com sede mesmo de conhecimento, isso para mim é importantíssimo. (DI 12)

O último ponto a ser apresentado na dimensão organizacional do prazer é a oportunidade de exercer a prática da docência. Os discentes relataram gostar de dar aula e da relação com o aluno. Além disso, o reconhecimento por parte da turma é visto como gratificante, pois mostra ao pós-graduando que ele está trilhando o caminho certo.

Primeiro, éter o prazer de mexer com a docência, eu adoro dar aula, eu gosto de aluno [...]. Eu sou uma pessoa que gosta de criar relacionamentos com novas pessoas, eu gosto de ensinar. (DI 16)

Outro momento é a docência, quando os alunos, isso foi até no semestre passado, “nossa, o que fez a diferença aqui no estágio foi você, porque você nos deixou livres para a gente se expressar”. E, assim, não foi para ganhar nota boa, porque além de falar isso para mim, abriu para a turma. Então, foi muito gratificante porque a gente vê que está no caminho certo, a gente está fazendo um bom trabalho e isso só nos motiva mais. (DI 18)

A AD converge com os relatos apresentados, apontando a relevância do estágio docente para a formação de alunos de mestrado e de doutorado, conforme apresentado no seguinte trecho “o Estágio Docente para os bolsistas da CAPES, sob supervisão do orientador, tem sido importante estratégia pedagógica para a formação de alunos de Pós-Graduação e auxilia no intercâmbio de atividades e conhecimentos entre a Pós-Graduação e a graduação” (AD).

Dando continuidade à discussão dos fatores geradores de prazer, a dimensão socioprofissional do contexto de trabalho emergiu da análise dos dados, nas relações discente/discente, discente/orientador e discente/professor. Os depoimentos representam, respectivamente, estes achados.

O contato com os colegas, tanto durante as disciplinas, quanto dos colegas do grupo de pesquisa, poder compartilhar ideias, discorrer sobre alguns [...]. Essa parte eu acho que seria a mais prazerosa. (DI 21)

Eu tenho a minha orientadora que me ajuda bastante, que está me apoiando e eu sei que eu vou terminar muito feliz esse doutorado, com o objetivo cumprido. (DI 18)

Eu acho que o docente é algo assim, que faz o aluno querer ficar nesse meio, acho ele pode ser tanto um afastador, como um aproximador, mas as minhas experiências foi enquanto aproximador, de querer estar mais ainda inserida nesse meio. (DI 7)

Situações geradoras de sofrimento: os muros da Pós-Graduação

Assim como “pontes”, os dados revelam a existência de “muros” considerados como dificultadores capazes de gerar sofrimento aos discentes.

Na dimensão organizacional, as situações consideradas geradoras de sofrimento incluem a cobrança da Pós-Graduação, a produtividade e as disciplinas cursadas. Segundo os participantes, as cobranças para o cumprimento de prazos e as exigências impactam na vida social.

Eu vejo outras colegas correndo, essa tensãotambém, os prazos, as exigências, elas fazem parte, mas vocêcomo pessoa, vocêprecisa ter esse tempo. Eu vou ser bem sincera, teve um momento ali do meu mestrado e ano passado também, que eu praticamente nãotinha mais vida social. (DI 3)

Eu me lembro no primeiro dia de aula, a professora que na época era coordenadora do programa, ela chegou a mencionar assim “se você precisar se separar do seu marido, para dar conta do seu mestrado, você assim o faça”. [...]. Então eu acho que isso é muito impactante. Porque o programa de Pós-Graduação ele tem que existir para somar na sua vida, ele é um algo mais. (DI 17)

Por meio da AD, foi possível identificar que o atraso no cumprimento de prazos, por parte dos discentes, pode decorrer de problemas de saúde e do trancamento de matrícula. O fragmento a seguir retrata este achado, “cabe salientar que tem se observado o incremento de publicações conjuntas de discentes e docentes e um fluxo de entradas e saídas de acordo com o previsto no tempo dos cursos, com poucas exceções e adiamentos por problemas de saúde e trancamento de matrícula por um semestre” (AD).

No que se refere ao produtivismo como fonte de sofrimento, percebeu-se que a publicação de artigos é reconhecida como atividade principal do trabalho discente.

Éa única coisa que a universidade, que o orientador quer de mim. Se eu publicar um, dois, trêsartigos numa boa revista, bem conceituada, eu posso ser a pior pessoa, eu nãopreciso desenvolver nada para a sociedade [...]. Se vocêtiver um artigo publicado antes da defesa, dois artigos publicados antes da defesa, vocêéo máximo. Agora se vocêvai naqueles lugares mais distantes, marginalizados coletar dados cansativos, escutaras pessoas, ajudar as pessoas e nãoestáconseguindo publicar, vocênãoéboa e eu acreditei nisso, eu acreditei que eu nãoera boa. (DI 15)

A questão dessa exigência de produtividade em termos de quantidade, não de qualidade, [...] isso perde muito o prazer, de fazer as coisas, porque eu estou fazendo, “ah,não, eu tenho que produzir tantos artigos por ano”, nãoésimplesmente porque eu quis produzir aquilo, com uma qualidade boa para sustentar aqueles artigos, entãoisso me frustra muito, porque nósestamos aqui para fazer um conhecimento de qualidade, nãopara fazer algo sucateado. (DI 12)

A AD comprova a estreita relação entre a produção e a visibilidade dos programas. Os relatórios apontam que “as publicações de artigos em revistas internacionais de alto fator de impacto nas áreas de Enfermagem e Saúde Pública mostram a preocupação do corpo docente e discente em contribuir para dar visibilidade crescente”; e que há a necessidade de “incrementar o número de publicações científicas em periódicos QUALIS extrato A1, especialmente em coautoria com parceiros internacionais” (AD).

Cursar disciplinas também é fonte de sofrimento para alguns discentes participantes da pesquisa. Segundo o DI 9, as disciplinas obrigatórias são muito fechadas. O DI 5 destacou que a elevada carga de seminários ocasiona desgaste.

Eu acho que as disciplinas sãomuito fechadas, as disciplinas obrigatórias, entãoeu nãoconsidero elas prazerosas, eu considero elas obrigatórias, literalmente. (DI 9)

Teve uma disciplina que nós passamos que toda semana tinha seminário. Além daquela disciplina, você tem as outras, mas mesmo assim, naquela você tinha que estar sempre pronto para um seminário, aquilo foi um pouco desgastante. [...]. Eu sempre dormi tarde, mas nunca tinha isso como rotina, de virar madrugada e após essa disciplina eu me acostumei a fazer isso. (DI 8)

No que diz respeito à dimensão socioprofissional, o sofrimento foi associado à relação discente/orientador, discente/professor e discente/discente e ao trabalho solitário. Os achados referentes às duas primeiras relações foram expressos por DI 15, DI 20, respectivamente.

Parece que virou regra, tem que sofrer para estar na Pós-Graduação. Éassim mesmo, ficar sem dormir, tomar tarja preta, ansiolítico, antidepressivo, étudo normal. [...]. Uma crítica muito agressiva de um trabalho que vocêfez, de nãotentar escolher as palavras, de nãotentar escolher o tom, épuro desrespeito. Eu passei por essas situações e o desrespeito étãogrande que vocêétratada dessa forma na frente de todo mundo. [...]. Por e-mail émenos, porque e-mail égravado. (DI 15)

Eu acho que a Pós-Graduação, ela faz a gente construir pontes, apesar de em muitas situações aqui, alguns professores estarem construindo muros. [...]. Tem muitos professores que eles vivenciam uma vaidade acadêmica e eles não valorizam o que você traz de novo, eles querem que você aceite as ideias que são impostas por eles. (DI 20)

No que concerne, particularmente, à relação discente/orientador, acrescenta-se o sofrimento vivenciado em razão da falta de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido.

Por falta de maturidade, ou talvez por sempre ter tido reconhecimento nas coisas que eu fiz e nãoter tido reconhecimento do meu orientador, nãoter tido um feedback durante todo o meu mestrado, isso foi sofrido, eu comecei a fazer terapia por causa do mestrado [...]. Graças a Deus eu nãopensei em suicídio, mas era muito sofrimento, de a minha relação com os meus pais ter mudado, a minha relação com os meus irmãos ter mudado, a minha relação com o meu marido. (DI 2)

Aqui dentro, como bolsista, eu não me sinto muito bem. Na verdade, eu sinto que apesar do muito que eu possa fazer, eu sinto que eu não estou fazendo o suficiente, eu sinto que não tem muito valor assim, as coisas que eu faço, eu sinto que eu sempre tenho que dar satisfação para as pessoas, mesmo num momento de lazer, para minha orientadora, ou quem quer que seja, que seja superior a mim. (DI 10)

Quanto à relação discente/discente, os alunos fizeram menção à competitividade capaz de gerar comparação entre os projetos de pesquisa desenvolvidos e, consequentemente, ocasionar situações estressoras.

Existe assim, uma certa competitividade. Às vezes vocêpercebe entre os alunos, “a minha ideia éinovadora, a sua ideia nãoé”. “Opa, o meu estáindo para outro lado, seráque estácerto? Ou não”. (DI 7)

Eu sei que vão haver algumas situações, de relacionamento interpessoal que podem acontecer, briga de egos. [...]. Então essa coisa de briga de egos é algo na Pós-Graduação que acaba estressando, entre colegas que às vezes tem competição. (DI 2)

No que tange às instituições, cabe salientar que a competitividade se apresenta como realidade objetiva e requer o desenvolvimento de estratégias para o alcance das métricas estabelecidas pelos órgãos de fomento. Tal fato foi identificado por meio da AD, conforme descrito, “o [nome do programa] se propôs a iniciar uma ampla reformulação de sua estrutura, linhas de pesquisa e matriz curricular entendendo que fragilidades internas precisavam ser revistas de forma a se preparar com maior potencial para que, [...] lhe seja garantida maior competitividade para atender as métricas definidas pelo processo de avaliação CAPES” (AD).

Outro fator citado como propulsor do sofrimento na dimensão socioprofissional foi o trabalho solitário. De acordo com os discentes, o início da elaboração do projeto é realizado sem a colaboração de outras pessoas. Além disso, foi mencionada a falta de parceria.

E agora no projeto também, principalmente o mêspassado, faz um mêsmais ou menos, quando eu comecei a elaboração, vocêcomeçasozinha. (DI 3)

Então eu acho que falta esse espírito de coletividade [...], até porque assim, quanto mais pessoas vão entrando podem fazer trabalhos diferentes, aí pode agregar esse grupo a outros trabalhos. (DI 2)

DISCUSSÃO

A presente investigação revelou fatores organizacionais e relações socioprofissionais que influenciam as vivências de prazer-sofrimento do discente. No que se refere à vertente organizacional do prazer, o conhecimento adquirido na Pós-Graduação foi relatado como significativo. Os resultados apontam que as possibilidades encontradas proporcionam conhecimentos que ultrapassam a dimensão prática. Tal conhecimento é fundamental para assegurar a integração ensino-serviço(2020 Valadares JL, Macedo AS, Alcântara VC, Mafra FLN. 'Afinal, Você Também Trabalha?' Reflexões Sobre o Não Trabalho no Ambiente da Pós-Graduação em Administração. Teor Prát Adm. 2014;4(2):206-3. doi: 10.21714/tpa.v4i2.20817
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).

A respeito do reconhecimento do trabalho discente, este se configura como condição necessária para a transformação e ressignificação do sofrimento em prazer, pois, por meio dele, torna-se possível demonstrar aos sujeitos sua utilidade para a organização do trabalho e trazer à tona a sensação de pertencimento a um grupo(1010 Augusto MM, Freitas LG, Mendes AM. Vivências de prazer e sofrimento no trabalho de profissionais de uma fundação pública de pesquisa. Psicol Rev. 2014;20(1):34-55. doi: DOI-10.5752/P.1678-9523.2014v20n1p34
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). Para a PdT, a retribuição esperada pelo sujeito é fundamentalmente simbólica e integra o reconhecimento da contribuição individual e a gratidão pela contribuição dos trabalhadores à organização do trabalho. O trabalho reconhecido traz benefícios para a identidade, para as expectativas subjetivas e para a realização de si(2121 Dejours C. Da psicodinâmica à psicopatologia do trabalho. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; Brasília: Paralelo 15; 2008.).

Os relatos dos participantes revelam que a satisfação do discente também está relacionada ao reconhecimento adquirido pela instituição. Destaca-se que o reconhecimento e o sucesso das organizações são determinantes para a satisfação, resultando de diversos processos e mecanismos cognitivos e comportamentais(2222 Pinto NGM, Quadros MRC, Cruz FV, Conrad CC. Satisfação acadêmica no Ensino Superior brasileiro: uma análise das evidências empíricas. Rev Bras Ensino Super. 2017;3(2):3-17. doi: 10.18256/2447-3944.2017.v3i2.1600
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).

No que concerne à pesquisa, presume-se que esta foi reconhecida como fonte de prazer, por se tratar de uma atividade-fim do trabalho discente. Nesta perspectiva, ressalta-se que a adaptação do trabalho às necessidades do trabalhador, tornando-a mais próxima do que ele deseja, pode ocorrer no espaço existente entre a organização prescrita e o próprio sujeito. Para o discente, a pesquisa está inserida neste campo de liberdade por permitir negociações, invenções e ações de modulação do modo operatório(2323 Seligmann-Silva E. Da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho: marcos de um percurso. In: Dejours C, Abdoucheli E, Jayet C, organizadores. Psicodinâmica do trabalho. São Paulo: Atlas; 1994. p. 13-9.). É no ato de pesquisar que o discente encontra espaço para colocar em prática a imaginação, a criatividade, o desejo de vencer barreiras e, o mais importante, de se (re)fazer e se (re)construir como sujeito pensante por meio de uma construção única que expressa a sua identidade.

Em relação às disciplinas, infere-se que o contexto de sala de aula é considerado prazeroso por ser dotado de uma dimensão intelectual que permite a mobilização da inteligência criadora e inventiva. Além disso, permite a construção do sentido autêntico para o sujeito inserido em um programa de Pós-Graduação. Neste contexto, pesquisa bibliométrica desenvolvida com alunos de Pós-Graduação stricto sensu no Brasil revelou como aspectos geradores de prazer, a oportunidade de aprender, de participar da vida acadêmica e a autonomia intelectual(2424 Silva TC, Bardagi MP. O aluno de pós-graduação stricto sensu no Brasil: revisão da literatura dos últimos 20 anos. Rev Bras Pós-Grad. 2015;12(29):683-714. doi: 10.21713/2358-2332.2015.v12.853
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).

No que tange ao prazer propiciado pela docência, salienta-se que o fato de os futuros professores assumirem práticas de estágio proporciona motivação e melhor desempenho no curso. Tal motivação está relacionada à obtenção de experiência e ao sentimento de estar mais próximo do campo da docência e do mercado de trabalho(2424 Silva TC, Bardagi MP. O aluno de pós-graduação stricto sensu no Brasil: revisão da literatura dos últimos 20 anos. Rev Bras Pós-Grad. 2015;12(29):683-714. doi: 10.21713/2358-2332.2015.v12.853
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).

Sobre a vertente socioprofissional do prazer, no contexto de trabalho, estudo desenvolvido com mestrandos de uma instituição federal também demonstrou a importância de relações interpessoais saudáveis, já que nas situações em que o sujeito se identifica com o grupo e se sente pertencente a ele, a saúde psíquica é mantida e o sentido do trabalho se concretiza(99 Bispo ACKA, Helal DH. A dialética do prazer e sofrimento de acadêmicos: um estudo com mestrandos em administração. R Adm FACES Journal. 2013;12(4):120-36. doi: 10.21714/1984-6975FACES2013V12N4ART1939
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).

Pesquisa realizada em seis programas de Pós-Graduação nos Estados Unidos revelou que os colegas de curso constituem importante fonte de apoio no processo de formação. Ademais, por se encontrarem em situações de vida semelhantes, a relação de troca e de ajuda é fundamental para o enfrentamento de situações desafiadoras do cotidiano acadêmico(2525 Gardner SK. Contrasting the socialization experiences of doctoral students in high- and low- completing departments: a qualitative analysis of disciplinary contexts at one institution. J High Educ. 2010;81(1):61-81. doi: 10.1080/00221546.2010.11778970
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).

Ressalta-se, ainda, que o equilíbrio dos discentes, mediante as vivências de sofrimento, encontra-se ancorado não somente nas relações com os colegas, mas também no respaldo oferecido pelos professores(99 Bispo ACKA, Helal DH. A dialética do prazer e sofrimento de acadêmicos: um estudo com mestrandos em administração. R Adm FACES Journal. 2013;12(4):120-36. doi: 10.21714/1984-6975FACES2013V12N4ART1939
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). Soma-se a isso o valor do reconhecimento do trabalho desenvolvido, o incentivo cotidiano e as trocas de conhecimentos, fatores primordiais para alimentar o desejo do discente em permanecer na Pós-Graduação.

Sobre as situações consideradas como fontes geradoras de sofrimento, inclui-se, na vertente organizacional, a cobrança vivenciada pelos discentes na Pós-Graduação. O excesso de controle por meio da imposição de prazos e a avaliação quantitativa do desempenho podem restringir a liberdade dos trabalhadores. Deste modo, o ambiente de trabalho se torna desprovido de sentimentos, produzindo a despersonalização e desumanização dos sujeitos que passam a não se identificar com o produto do trabalho(1111 Mendes AM, Ghizoni LD. Sofrimento como potência política para o trabalho do sujeito vivo. Rev Trab (En)Cena [Internet]. 2016 [cited 2018 June 14];1(2):1-3. Available from: https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/encena/article/view/3342
https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/i...
). No contexto da Pós-Graduação, infere-se que ao não responderem às demandas dos programas, os discentes podem apresentar problemas de ordem emocional, social e afetiva(2020 Valadares JL, Macedo AS, Alcântara VC, Mafra FLN. 'Afinal, Você Também Trabalha?' Reflexões Sobre o Não Trabalho no Ambiente da Pós-Graduação em Administração. Teor Prát Adm. 2014;4(2):206-3. doi: 10.21714/tpa.v4i2.20817
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).

Cabe salientar que a configuração da Pós-Graduação brasileira reproduz a lógica produtivista, tendo em vista que docentes e discentes incorporam regras e critérios determinados para o alcance do sucesso(2020 Valadares JL, Macedo AS, Alcântara VC, Mafra FLN. 'Afinal, Você Também Trabalha?' Reflexões Sobre o Não Trabalho no Ambiente da Pós-Graduação em Administração. Teor Prát Adm. 2014;4(2):206-3. doi: 10.21714/tpa.v4i2.20817
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). Estudo realizado com pós-graduandos em Odontologia, de uma universidade pública brasileira, apresentou dados semelhantes ao presente estudo. Segundo os participantes, a necessidade crescente de produção constitui dilema gerador de sofrimento(2626 Souza JA, Fadel CB, Ferracioli MU. Estresse no cotidiano acadêmico: um estudo com pós-graduandos em Odontologia. Rev ABENO. 2016;16(1):50-60. doi: 10.30979/rev.abeno.v16i1.207
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).

A despeito da produção bibliográfica constituir-se como um dos indicadores mais importantes da qualidade dos programas e do próprio pesquisador, salienta-se que a cobrança quantitativa rompe com o propósito pedagógico, repercutindo na formação e nos ideais dos alunos(99 Bispo ACKA, Helal DH. A dialética do prazer e sofrimento de acadêmicos: um estudo com mestrandos em administração. R Adm FACES Journal. 2013;12(4):120-36. doi: 10.21714/1984-6975FACES2013V12N4ART1939
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). Pesquisa evidenciou a insatisfação de discentes com a pressão sofrida para cumprir com as exigências formais do programa, em especial as cobranças para publicação de artigos. Os discentes consideram que tais práticas impactam negativamente na produção científica, por se basearem fundamentalmente em critérios quantitativos(33 Mendes VR, Iora JA. A opinião dos estudantes sobre as exigências da produção na pós-graduação. Rev Bras Ciênc Esporte. 2014;36(1):171-87. doi: 10.1590/S0101-32892014000100012
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).

Sob essa ótica, de acordo com a PdT, o sofrimento só pode ser transformado em prazer quando o sujeito consegue contribuir com a empresa por meio de sua experiência e desenvolvimento da sua prática, segundo seus princípios e crenças. Nas organizações que adotam a lógica taylorista, inexiste o pensar sobre a ação. Desta forma, a atividade mental dos trabalhadores é neutralizada e o fazer se torna repetitivo(1010 Augusto MM, Freitas LG, Mendes AM. Vivências de prazer e sofrimento no trabalho de profissionais de uma fundação pública de pesquisa. Psicol Rev. 2014;20(1):34-55. doi: DOI-10.5752/P.1678-9523.2014v20n1p34
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).

A precarização das universidades e dos programas, bem como a pressão constante exercida sobre os discentes, contribuem para a manifestação de sofrimento expresso na ansiedade, no medo e na insegurança(33 Mendes VR, Iora JA. A opinião dos estudantes sobre as exigências da produção na pós-graduação. Rev Bras Ciênc Esporte. 2014;36(1):171-87. doi: 10.1590/S0101-32892014000100012
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). Ademais, a pressão por resultados impacta no cotidiano dos discentes, os quais precisam organizar suas demandas diárias, na busca por garantir uma boa qualidade de vida(22 Freitag VL, de Jung BC, Badke MR, Ubessi LD, Lemões MAM, Milbrath VM. O cotidiano de pós-graduandos stricto sensu em enfermagem de uma universidade federal: relato de experiência. Rev Contexto Saúde. 2016;16(30):3-13. doi: 10.21527/2176-7114.2016.30.3-13
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). A gestão do tempo para o desenvolvimento de atividades se faz necessária no processo de formação, pois, nos momentos em que o tempo se encontra comprometido, a saúde mental dos estudantes pode ser afetada(2727 Skaik Y. The panacea toolbox of a PhD biomedical student. Pak J Med Sci. 2014;30(6):1420-1. doi: 10.12669/pjms.306.6378
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).

No que diz respeito à vertente socioprofissional do sofrimento, a mesma esteve associada à relação discente/orientador, discente/professor, discente/discente e ao trabalho solitário. O apoio, a disponibilidade e o incentivo do orientador são importantes para estimular a dedicação e motivação, melhoria no desempenho acadêmico e desejo de permanência dos estudantes. Por outro lado, quando a relação se torna conflituosa, pode despertar sentimentos de sofrimento, insegurança e insatisfação para o aluno(2828 Gunnarsson R, Jonasson G, Billhult A. The experience of disagreement between students and supervisors in PhD education: a qualitative study. BMC Med Educ. 2013;13:134. doi: 10.1186/1472-6920-13-134
https://doi.org/10.1186/1472-6920-13-134...
).

Na Pós-Graduação stricto sensu, o relacionamento discente/orientador pode se tornar conflituoso em face às exigências e obrigações impostas. Nesta perspectiva, pesquisa realizada com 424 pós-graduandos constatou que a baixa autoestima e as relações negativas com o orientador aumentam a chance de o discente desenvolver a síndrome de Burnout (2929 Silva AH, Vieira KM. Síndrome de Burnout em estudantes de pós-graduação: análise da influência da autoestima e relação orientador-orientando. Rev Pretexto. 2015;16(1):52-68. doi: 10.21714/pretexto.v16i1.2113
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).

No que tange ao impasse na relação discente/professor, este também emergiu em estudo desenvolvido na graduação que objetivou identificar fatores percebidos por acadêmicos de enfermagem como desencadeadores de estresse no ambiente formativo. As cobranças relativas ao nível de conhecimento exigido, atreladas à insatisfação dos docentes, desencadeou sentimentos negativos nos discentes por acreditarem nunca atenderem às expectativas(3030 Hirsch CD, Barlem ELD, Almeida LK, Tomaschewski-Barlem JG, Lunardi VL, Ramos AM. Stress triggers in the educational environment from the perspective of nursing students. Texto Contexto Enferm. 2018;27(1):e0370014. doi: 10.1590/0104-07072018000370014
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). Vale ressaltar que um trabalho livremente organizado possibilita a diminuição da carga psíquica, sendo considerado equilibrante e relaxante. Entretanto, quando a organização do trabalho é autoritária, prescreve um modo operário preciso e limita o projeto espontâneo do trabalhador(3131 Dejours C, Abdoucheli E, Jayet C. Psicodinâmica do trabalho, contribuições da Escola Dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento no trabalho. São Paulo: Atlas; 1994.).

Outros autores encontraram resultados semelhantes, ao entrevistarem pós-graduandos. Para os alunos, as exigências durante o curso propiciam aprendizado, mas, por outro lado, o não reconhecimento dos esforços dispensados tem como resultado o sentimento de tristeza. Ademais, os alunos afirmaram que poderiam ter aprendido de outra forma, sem tanta pressão e sentimento de estarem sendo castigados(99 Bispo ACKA, Helal DH. A dialética do prazer e sofrimento de acadêmicos: um estudo com mestrandos em administração. R Adm FACES Journal. 2013;12(4):120-36. doi: 10.21714/1984-6975FACES2013V12N4ART1939
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).

Ensaio desenvolvido no ambiente da Pós-Graduação em Administração demonstrou que os estudantes passam a ser considerados moedas de troca, ou seja, aquele que publica mais, possui maior valor. Tal realidade contribui para espaços de competição, na busca por currículos quantitativamente superiores. Cabe ressaltar que o ciclo do produtivismo, em detrimento da formação docente, pode fazer com que os discentes percam o encanto pelo meio acadêmico(2020 Valadares JL, Macedo AS, Alcântara VC, Mafra FLN. 'Afinal, Você Também Trabalha?' Reflexões Sobre o Não Trabalho no Ambiente da Pós-Graduação em Administração. Teor Prát Adm. 2014;4(2):206-3. doi: 10.21714/tpa.v4i2.20817
https://doi.org/10.21714/tpa.v4i2.20817...
).

No âmbito laboral da Pós-Graduação, a ausência de cooperação entre o grupo faz com que o conhecimento desenvolvido não seja compartilhado. Estudiosos afirmam que a produção científica é favorecida pela interação entre trabalhadores, tendo em vista o aumento da troca de informações. Neste sentido, pesquisadores não colaborativos acabam por não contribuir, efetivamente, para o desenvolvimento de trabalhos de sua área de conhecimento(3232 Freitas ALS, Souza MP, Souza VBP, Licório AMO. Rede Colaborativa de produção científica na Universidade Federal de Rondônia [Internet]. In.: Anais do XVI Coloquio Internacional de Gestión Universitaria (CIGU), 2016 Nov 23-25. Arequipa: CIGU; 2016 [cited 2018 June 14]. Available from: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/172014
https://repositorio.ufsc.br/handle/12345...
).

Estudo que objetivou compreender as influências das experiências formativas em pesquisa na atuação de professores universitários iniciantes, de uma universidade federal do extremo sul do Brasil, mostrou que o modelo fragmentado adotado pelas instituições favorece o trabalho solitário. Esta realidade pode ser um retrato da formação adquirida durante a Pós-Graduação, quando o curso não permite a construção de redes de trabalho(3333 Borges DS, Tauchen G. A dimensão da pesquisa na atuação dos docentes iniciantes atuantes na área das ciências da natureza. In.: Anales del X Congreso Internacional sobre Investigación en Didáctica de Las Ciencias, 2017 Sept 5-8. Sevilla: X Congreso Internacional sobre Investigación en Didáctica de Las Ciencias; 2017 [cited 2018 June 14]. p. 2515-9. Available from: https://www.raco.cat/index.php/Ensenanza/article/viewFile/339191/430146
https://www.raco.cat/index.php/Ensenanza...
).

Considerando o exposto, esta pesquisa revelou que as vivências de prazer e sofrimento no trabalho discente estão interligadas e são fortemente influenciadas pelas relações estabelecidas e pela organização do trabalho(3434 Gonçalves AM, Vilela SC, Terra FS, Nogueira DA. Attitudes and pleasure/suffering in mental health work. Rev Bras Enferm. 2016;69(2):266-74. doi: 10.1590/0034-7167.2016690209i
https://doi.org/10.1590/0034-7167.201669...
). Destarte, torna-se possível apreender que os aspectos apontados como potencializadores de sofrimento podem afetar o desempenho discente e trazer consequências sociais, afetivas e psicológicas.

Limitações do estudo

As limitações da pesquisa estão relacionadas à escassez de estudos que tenham como temática central a relação prazer-sofrimento na Pós-Graduação stricto sensu, em especial na Enfermagem, tendo em vista as consequências pessoais e profissionais desta dualidade.

Contribuições para a área da Enfermagem, Saúde ou Política Pública

A compreensão da dualidade prazer-sofrimento vivenciada por discentes na Pós-Graduação stricto sensu em Enfermagem pode proporcionar a criação de estratégias e ações, a fim de potencializar o prazer no ambiente acadêmico. Ademais, propicia reflexões sobre o cotidiano da Pós-Graduação, com ênfase na reorganização do trabalho e no trabalho coletivo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aproximação com a Psicodinâmica do Trabalho de Dejours favoreceu a compreensão da dualidade prazer-sofrimento vivenciada por discentes na Pós-Graduação stricto sensu em Enfermagem. Neste estudo, as categorias temáticas foram discutidas sob duas dimensões do contexto do trabalho - organizacional e relações socioprofissionais, as quais desvelaram o trabalho real.

Os resultados obtidos com esta investigação podem contribuir para o planejamento de ações capazes de potencializar a criação de “pontes” que propiciem o alcance do prazer na Pós-Graduação e de estratégias de enfrentamento para o sofrimento vivenciado pelos discentes. É essencial que as instituições implementem espaços destinados à escuta dos profissionais e propiciem discussões sobre a temática em questão. Ademais, fica a oportunidade de se repensar a lógica ensino/pesquisa na Pós-Graduação stricto sensu brasileira.

Destaca-se que o tema suscita novos estudos, principalmente no contexto brasileiro, para maior aprofundamento sobre a dualidade prazer-sofrimento de discentes na Pós-Graduação stricto sensu.

  • FOMENTO
    Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Núcleo de Pesquisa sobre Administração em Enfermagem (NUPAE).

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Editado por

EDITOR CHEFE: Antonio José de Almeida Filho
EDITOR ASSOCIADO: Dalvani Marques

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Fev 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    26 Jun 2018
  • Aceito
    29 Nov 2018
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