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Gestão educacional universitária e prática clínica aplicada à enfermagem por docentes em uma universidade pública

RESUMO

Objetivo:

evidenciar as ações de gestão educacional universitária desenvolvidas por docentes enfermeiros e a articulação dessas para o desenvolvimento da prática clínica na formação de enfermeiros.

Métodos:

estudo de caso único, com abordagem qualitativa. As fontes foram compostas por pesquisa documental, entrevista focada com informante-chave e observação direta não participante. Os dados foram organizados com o auxílio do software NVivo 10, e a análise seguiu a técnica de construção da explanação sob a ótica do pensamento complexo.

Resultados:

emergiram três categorias: Caracterização das ações de gestão educacional universitária; Articulação da gestão educacional universitária com a prática clínica e sua repercussão; e Espaços para o desenvolvimento da gestão educacional universitária e da prática clínica.

Considerações finais:

as ações de gestão educacional universitária são inerentes ao trabalho do docente, subsidiando o ensino, pesquisa e extensão, a fim de aprimorar o conhecimento clínico na formação generalista de enfermeiros.

Descritores:
Competência Clínica; Educação em Enfermagem; Universidades; Docentes; Enfermagem

ABSTRACT

Objective:

to emphasize university educational management actions and their articulation to develop clinical practice in nursing training, designed by its faculty.

Methods:

a single-case study with qualitative approach. The sources were composed of documentary research, focused interview with key informant and direct non-participant observation. Data were organized with the help of NVivo®10. Analysis followed the explanation construction technique from the perspective of complex thinking.

Results:

three categories emerged: Characterization of university educational management actions; Articulation of university educational management with clinical practice and its repercussion; and Spaces to develop university educational management and clinical practice.

Final considerations:

university educational management actions are associated with the work of professors, supporting teaching, research, and extension in order to improve clinical knowledge in the general nursing training.

Descriptors:
Clinical Competence; Education, Nursing; Universities; Faculty; Nursing

RESUMEN

Objetivo:

destacar las acciones de gestión educativa universitaria desarrolladas por docentes de enfermería y su articulación para el desarrollo de la práctica clínica en la formación de enfermeras. Métodos: un estudio de caso único con un enfoque cualitativo. Las fuentes estaban compuestas por investigación documental, entrevistas enfocadas con informantes clave y observación directa no participante. Los datos se organizaron con la ayuda del software NVivo 10, y el análisis siguió la técnica de construcción de la explicación desde la perspectiva del pensamiento complejo.

Resultados:

surgieron tres categorías: caracterización de acciones de gestión educativa universitaria; Articulación de la gestión educativa universitaria con práctica clínica y su repercusión; y Espacios para el desarrollo de la gestión educativa universitaria y la práctica clínica.

Consideraciones finales:

las acciones de gestión educativa universitaria son inherentes al trabajo del docente, subsidiando la enseñanza, la investigación y la extensión, con el fin de mejorar el conocimiento clínico en la formación general de las enfermeras.

Descriptores:
Competencia Clínica; Educación em Enfermaría; Universidades; Docentes, Enfermería

INTRODUÇÃO

As universidades públicas federais são organizadas em setores, como reitoria, pró-reitoria, secretaria, centro de ensino, departamento e coordenação de curso e órgão deliberativo. Os setores organizacionais universitários somam esforços para garantir o funcionamento e desenvolvimento dos espaços de formação pautados no ensino, pesquisa e extensão. Neste contexto, a gestão educacional universitária pode ser interpretada como um processo transposto por distintos elementos como: políticas públicas, estratégias e políticas organizacionais e contextos sociais, culturais e históricos. Demanda-se dos gestores um olhar e ações voltadas para além do burocrático e administrativo, levando em consideração esses aspectos para o efetivo gerenciamento e manutenção educacional universitária no contexto da pesquisa, ensino e extensão, proporcionando espaços formativos de excelência(11 Dewes A, Bolzan DPV. Gestão universitária a partir da narrativa de professores gestores de departamentos didáticos. Rev Gest Aval Educ. 2018;7(15):39-53. doi: 10.5902/2318133830806
https://doi.org/10.5902/2318133830806...
).

Ainda, a gestão educacional universitária tem como principal produto o impacto da produção de conhecimentos tecnológico, científico, humanístico e artístico nos diversos setores da sociedade, contribuindo com o desenvolvimento de soluções para os principais problemas da sociedade através de inovações tecnológicas e científicas, fortalecendo o desenvolvimento social e econômico do país. Por meio da indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão, as universidades públicas mantêm o compromisso universitário com a sociedade, formando e qualificando profissionais aptos para atuar no seu cotidiano através da utilização de formas pedagógicas que efetivam a interdisciplinaridade, superando, assim, a dicotomia entre sujeito-objeto, teoria-prática, promovendo e fortalecendo a ciência e suas respectivas profissões(22 Ribeiro RMC. The nature of university management: influence of political-institutional. Economic and cultural aspects. Rev Inter Educ Sup. 2017;3(2):357-378. doi: 10.22348/riesup.v3i2.7787
https://doi.org/10.22348/riesup.v3i2.778...
-33 Puhl MJ, Dresch OI. O princípio da indissociabilidade entre ensino, pesqui-sa e extensão e o conhecimento. Dialogus [Internet] [cited 2020 Mar 23]:5(1):37-55. Available from: http://200.19.0.178/index.php/Dialogus/article/view/3991/728
http://200.19.0.178/index.php/Dialogus/a...
).

Desse modo, sendo a gestão educacional universitária uma atividade meio para a formação no ensino superior de qualidade, os docentes tornam-se um dos principais agentes para equilibrar funcionamento, estrutura e resultados almejados. Esta dimensão docente pode ser compreendida a partir da execução de atividades, tarefas e funções que exigem a mobilização de diversas atitudes, habilidades e conhecimentos como: competência didático-pedagógica; competência comportamental inerente ao seguimento de relações interpessoais; competência para interpretar legislações educacionais; competências inerentes às funções administrativas para a gestão de processos acadêmicos organizacionais; formação acadêmica na área específica e domínio de métodos; e tecnologias necessárias ao gerenciamento educacional(44 Pinto TRGS, Martins S, Faria R. Meanings of the management concept in the superior course coordinators. Rev GUAL. 2019;12(1):49-72. doi: 10.5007/1983-4535.2019v12n1p49
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-55 Rodrigues ACAL, Villard BQ. Formação universitária do docente para a gestão universitária: uma análise indutiva dos professores gestores da pós-graduação stricto sensu da UFRJ. Rev FOCO [Internet]. 2017 [cited 2019 May 03];10(2):208-31. Available from: http://www.revistafocoadm.org/index.php/foco/article/view/408/233
http://www.revistafocoadm.org/index.php/...
). Assim, a atuação de docentes e, neste caso, docentes enfermeiros, deve alinhar-se com os atuais cenários de mudanças sociais, econômicas e políticas, articulando-se às variadas atividades sob sua coordenação, como as realizadas por docentes, técnicos administrativos e discentes(55 Rodrigues ACAL, Villard BQ. Formação universitária do docente para a gestão universitária: uma análise indutiva dos professores gestores da pós-graduação stricto sensu da UFRJ. Rev FOCO [Internet]. 2017 [cited 2019 May 03];10(2):208-31. Available from: http://www.revistafocoadm.org/index.php/foco/article/view/408/233
http://www.revistafocoadm.org/index.php/...
).

À medida que a atuação profissional de enfermeiros se torna cada vez mais abrangente, complexa e reconhecida (grande contingente numérico estando presente na maior parte das instituições de saúde, esses profissionais assumem responsabilidades de ações relacionados ao cuidado de pacientes, educação e formação de profissionais da área da saúde, e no âmbito administrativo-gerencial, impactando fortemente na qualidade dos serviços prestados), a educação formativa para esses profissionais precisa ser fornecida em um nível avançado para atender as necessidades em saúde/doença da população(66 Fang D, Bednash GD, Arietti R. Identifying barriers and facilitators to nurse faculty careers for PhD nursing students. J Prof Nurs. 2016;32(1):193-201. doi: 10.1016/j.profnurs.2015.10.001
https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2015....
-77 Biff D, Pires DEP, Forte ECN, Trindade LL, Machado RR, Amadigi FR, et al. Cargas de trabalho de enfermeiros: luzes e sombras na Estratégia Saúde da Fa-mília. Cien Saúde Colet. 2020:25(1):147-58. doi: 10.1590/1413-81232020251.28622019
https://doi.org/10.1590/1413-81232020251...
). Neste contexto, entende-se que a multiplicidade de ações desenvolvidas pelos docentes está alinhada com o pensamento complexo, uma vez que rompe-se com a ideia linear de causa/efeito ou produto/produtor(88 Morin E. Introdução ao pensamento complexo. 4ª edição. Porto Alegre: Su-lina; 2011.), quando a gestão educacional universitária lança mão de todos os seus recursos e articulações para potencializar a formação técnica e crítica dos egressos, no caso, de enfermeiros.

Egressos dos cursos de graduação em enfermagem demandam habilidades e competências que articulem com o cuidado prestado às evidencias científicas atuais, atendendo em sua completude usuário e família, compreendendo suas necessidades de saúde/doença(99 Costa RHS, Couto CSO, Silva RAR. Clinical practice of nurses in the family health strategy. Saúde (Santa Maria). 2015 [cited 2019 May 10];41(2):09-10. Available from: https://periodicos.ufsm.br/revistasaude/article/view/10841/pdf
https://periodicos.ufsm.br/revistasaude/...
). A gestão educacional universitária realizada por docentes enfermeiros proporciona a construção de espaços onde a tomada de decisões e estímulo à prática clínica através do desenvolvimento de ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação de saúde são incentivados, formando profissionais aptos para atender a população nos mais diversos cenários de saúde, melhorando a qualidade de vida através do cuidado integral e atendimento prestado e suprindo as necessidades dos usuários.

Diante do contexto apresentado e admitindo as proposições teóricas que a gestão educacional universitária é um trabalho intelectual e de articulação das ações de ensino, pesquisa e extensão desenvolvido por docentes que envolve diferentes estruturas organizacionais político-pedagógicas; a gestão educacional universitária garante recursos para planejar, organizar, controlar e liderar o trabalho e o comportamento de pessoas e grupos da universidade para a formação; e as ações de gestão educacional universitária devem assegurar a formação de enfermeiros com habilidades clínicas e aptidões técnicas para atender as necessidades da sociedade.

OBJETIVO

Evidenciar as ações de gestão educacional universitária desenvolvidas por docentes enfermeiros e a articulação dessas para o desenvolvimento da prática clínica na formação de enfermeiros.

MÉTODOS

Aspectos éticos

A pesquisa atendeu aos aspectos éticos da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, tendo sido submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos.

Tipo de estudo

Trata-se de um estudo de caso único de abordagem qualitativa, que busca investigar um fenômeno contemporâneo em profundidade no seu contexto. A investigação do fenômeno é realizada por meio de múltiplos métodos de coleta de dados que auxiliam na compreensão das suas diversas faces e relações(1010 Yin RK. Estudo de caso: planejamento e métodos. 4ª ed. Porto Alegre: Bo-okman; 2010.).

Cenário do estudo

O estudo foi desenvolvido em um Departamento de Enfermagem de uma universidade pública federal no Sul do Brasil.

Fonte de dados

O levantamento dos dados ocorreu por meio de três fontes de evidências: pesquisa documental, entrevista focada com informante-chave e observação direta não participante. A pesquisa documental foi realizada com base em projetos de pesquisa e de extensão desenvolvidos por professores do corpo docente com temáticas vinculadas ao tema da prática clínica e complementares e suas produções, inseridos no Planejamento e Acompanhamento de Atividades Docentes (PAAD), no ano de 2017. Além disso, foram utilizados regulamentos internos, resoluções e normativas do Curso de Graduação e Departamento de Enfermagem e do Conselho Universitário da universidade que regulamentam as atividades de ensino, pesquisa e extensão disponíveis na página oficial dos respectivos órgãos e da universidade.

A amostra das entrevistas focadas com informantes-chave foi composta por nove enfermeiros docentes do Curso de Graduação em Enfermagem, sendo esta a fonte de dados mais importante para o estudo de caso, pois trata de eventos comportamentais e assuntos humanos, onde os entrevistados fornecem informações importantes sobre a situação estudada em uma entrevista de curto período de tempo, ordenada por um número determinado de perguntas(1010 Yin RK. Estudo de caso: planejamento e métodos. 4ª ed. Porto Alegre: Bo-okman; 2010.). Os docentes foram convidados a participar das entrevistas através de convite enviado via e-mail. Antes de iniciar a entrevista, esclareceu-se o objetivo da pesquisa, bem como os motivos que levaram os pesquisadores a investigar a temática.

Adotaram-se como critérios de inclusão: serem lotados no Departamento de Enfermagem, com regime de trabalho de dedicação exclusiva; estarem ocupando há, no mínimo, seis meses em cargos de coordenação de disciplinas eixo, coordenação de ensino, pesquisa, extensão ou estágios. Neste estudo, compreende-se por disciplinas eixo aquelas em que ações educativas são voltadas ao desenvolvimento de competências e habilidades específicas do enfermeiro nas diferentes áreas de atenção à saúde, por meio de atividades e conteúdos teórico-práticos, direcionando a ação educativa nas diversas possibilidades e experiências para o desenvolvimento das competências inerentes à profissão, dentre elas a prática clínica(1111 Barbosa SFF, Amante LN, Boehs AE. Guia dos estudantes do curso de graduação em Enfermagem. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catari-na; 2008.).

Os critérios de exclusão adotados foram: ser enfermeiros docentes afastados do trabalho, por quaisquer motivos, durante o período de coleta de dados. Após aceitarem participar do estudo e assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), a entrevista foi guiada pela pergunta norteadora “Como você caracteriza as ações de gestão educacional universitária aplicadas no ensino-pesquisa-extensão desenvolvidas por docentes enfermeiros e como estas se articulam para o desenvolvimento da prática clínica na formação de enfermeiros?”. Não participaram do estudo cinco enfermeiros docentes, desses, dois não retornaram as tentativas de contato para o convite de participação, um estava afastado em licença médica e dois optaram por não fazer a entrevista devido à sobrecarga de atividades. Dos quatorze docentes elegíveis a partir dos critérios de inclusão, foram entrevistados os nove que aceitaram participar da pesquisa, havendo, assim, o fechamento por exaustão.

Realizou-se uma observação direta não participante em reunião de coordenadores das disciplinas eixo e coordenadores de ensino, pesquisa, extensão e estágios do Curso de Graduação em Enfermagem. A solicitação para inserção na reunião foi realizada pessoalmente, através de contato prévio com o coordenador do curso. Os docentes foram esclarecidos sobre a finalidade da observação e objetivos da mesma, e após consentimento de todos, os presentes assinaram duas vias do TCLE. Anotações de campo foram realizadas com base em: como é realizada a articulação das ações de gestão educacional universitária com a prática clínica; convergências e divergências nas decisões; e quais contextos eram levados em consideração para a articulação da gestão educacional universitária com a prática clínica.

Coleta e organização dos dados

A coleta de dados foi realizada no período de dezembro de 2017 a maio de 2018, por meio da extração de informações dos projetos de pesquisa e extensão, que possuíam interface com a prática clínica contidos no PAAD dos docentes; detalhamentos específicos sobre as atividades de ensino, pesquisa e extensão disponíveis nos regulamentos internos, resoluções, normativas do Curso de Graduação, Departamento de Enfermagem e do Conselho da universidade; entrevistas focadas e individuais com informante-chave realizadas no local de trabalho e registradas em dispositivo digital de voz com duração média de 35 minutos; observação não participante, realizada em reunião dos coordenadores das disciplinas eixo e coordenadores de ensino, pesquisa, extensão e estágios do Curso de Graduação em Enfermagem com duração de quatro horas.

O software NVIVO 10 foi utilizado para ordenação e organização dos dados, onde os dados obtidos foram agrupados por similaridades e em categorias, de forma a desenvolver uma estrutura para o estudo de caso, além de facilitar a identificação das ligações entre as informações, refinando as ideias e comparando os detalhes entre as categorias(1010 Yin RK. Estudo de caso: planejamento e métodos. 4ª ed. Porto Alegre: Bo-okman; 2010.).

Análise de dados

A análise dos dados se deu sob a ótica do pensamento complexo(88 Morin E. Introdução ao pensamento complexo. 4ª edição. Porto Alegre: Su-lina; 2011.), pois entende-se que o conhecimento das partes depende do conhecimento do todo, assim como o conhecimento do todo depende do conhecimento das partes. Portanto, a fim de integrar o modo de pensar e superar a linearidade e a fragmentação do conhecimento, o contexto da pesquisa foi estudado em sua totalidade, e não apenas como a soma de suas partes separadas. Após a organização dos documentos, transcrição das entrevistas e descrição da observação, os dados foram codificados designando conceitos relevantes para responder aos objetivos do estudo. Foram estabelecidas categorias analíticas, com extração de conceitos agrupados por similaridades, identificando ligações entre as informações e possibilidade de ser atribuído um significado teórico. A estratégia analítica foi guiada por meio das proposições teóricas e o desenvolvimento da descrição do caso. Essas estratégias auxiliam no desenvolvimento da técnica analítica de construção da explanação, cuja finalidade é explicar o fenômeno, estipulando um conjunto de elos causais sobre ele(1010 Yin RK. Estudo de caso: planejamento e métodos. 4ª ed. Porto Alegre: Bo-okman; 2010.).

A partir da triangulação dos dados coletados por meio de pesquisa documental, entrevista focada com informante-chave e observação direta não participante, emergiram três categorias: Caracterização das ações de gestão educacional universitária; Articulação da gestão educacional universitária com a prática clínica e sua repercussão; e Espaços para o desenvolvimento da gestão educacional universitária e da prática clínica.

RESULTADOS

Caracterização das ações de gestão educacional universitária

Os participantes compreendiam que, por meio das ações de gestão educacional universitária aplicadas ao ensino, pesquisa e extensão, é possível fortalecer o ensino da prática clínica e a qualidade da formação profissional de futuros enfermeiros, conforme depoimento a seguir:

Quando eu vou propor alguma ação, seja pesquisa ou extensão, a minha principal preocupação é lá na frente, na formação desse aluno. Não tem como fazer pesquisa sem que ela tenha relação com a extensão. [...] porque eu entendo que, se eu faço uma pesquisa, ela tem que partir de uma necessidade da prática, que aproxime do cuidado. (E03)

A perspectiva do ensino foi elencada como desafiadora para os participantes, tendo em vista a necessidade constante de atualizações teóricas e adaptações na dinâmica de construção do conhecimento para que os estudantes consigam acompanhar os assuntos e compreender a importância destes para a efetivação da prática clínica nos cenários de atuação. Salienta-se que a clínica é gradativamente introduzida na formação profissional, onde os discentes são inseridos em cenários com diferentes complexidades, para que possam aprimorar técnicas, conhecimento e prática clínicos.

Além disso, são ações de ensino o preparo de aulas, a organização de planos de ensino e cronogramas, a discussão de novos campos de estágio a partir do quantitativo de alunos ingressantes na fase e correção de provas e atividades, demandando mais tempo e atenção dos profissionais. No âmbito universitário, são essas ações que estruturam e fortificam a instituição, sendo sustentadas e aprimoradas pela indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão, havendo um complexo estruturante entre esses três âmbitos.

Corroborando isso, a análise de documentos destaca, por meio da regulamentação de estágios do Curso de Graduação em Enfermagem, que as ações de ensino constituem desde atividades assistenciais de enfermagem, como o cuidado direto à população, até a troca de saberes, utilizando diferentes tecnologias e atividades administrativas como ações de planejamento envolvendo recursos materiais, organizacionais e pessoais.

Na minha experiência, eu percebi que o ensino demanda um tempo muitas vezes maior e uma atenção mais específica. São muitas ações voltadas para a questão do ensino, e são essas ações que trazem vida para a instituição, mas não se pode deixar de considerar que a pesquisa e a extensão que vão validar o ensino. (E06)

Com relação ao ensino, tem que se ter um comprometimento muito grande dos docentes ao auxiliar os alunos a desenvolverem a prática clínica para que eles possam aplicar depois na assistência, e para esse desenvolvimento obviamente deve-se ter um embasamento teórico e científico. (E08)

Com relação à pesquisa, durante a observação realizada, os participantes afirmaram que os projetos são desenvolvidos para auxiliar e suprir as demandas advindas da prática cotidiana da enfermagem, impactando diretamente na clínica e no cuidado prestado à população. Essa discussão surgiu durante uma manifestação sobre a necessidade de se incentivar a realização de pesquisa, mesmo diante de reduzido investimento externo. Além disso, a inserção dos discentes nos grupos e projetos de pesquisa estimula a apreensão e desenvolvimento de novos conhecimentos e habilidades que dizem respeito à investigação científica, aproximando o discente de evidências científicas e de elaboração de artigos científicos. Ainda, a Resolução Normativa, que dispõe sobre a atividade de pesquisa na universidade em questão, vai ao encontro das falas dos participantes, afirmando que a pesquisa constitui produção e inovação de conhecimentos através de propostas de investigação e projetos desenvolvidos em prol da comunidade, sendo um ponto de sustentação e diferenciação da universidade.

Nós temos o desenvolvimento da área da pesquisa tanto em termos internacionais como no próprio país, que tem colocado em discussão a qualificação da formação do enfermeiro e a possibilidade de intervenção do enfermeiro na situação de saúde da população de uma forma mais forte. [...] o produto das pesquisas demonstra que a enfermagem tem potencialidade de atuar em diferentes áreas com uma grande capacidade de desenvolver ações em diversos âmbitos, como promoção da saúde, atenção às doenças crônicas. (E06)

No que diz respeito às atividades de extensão universitária, os participantes afirmaram que a articulação entre Universidade, serviço e comunidade engrandece e amplia o olhar do estudante para conhecimentos e possibilidades de atuação, expandindo a visão antes direcionada apenas ao paciente para a família, comunidade e território, realizando transformações sociais e de saúde. Adicionalmente, a análise documental apontou, através da Resolução Normativa da universidade que dispõe e estabelece as normas regulamentadoras das ações de extensão, que a extensão é um processo interdisciplinar, educativo, cultural, científico e político, que promove a interação transformadora entre a universidade e os outros setores da sociedade. Ainda, pontua-se que as ações de extensão universitária visam estimular e potencializar as relações de intercâmbio entre Universidade e sociedade em relação aos objetivos da instituição; propiciar mecanismos para que a sociedade utilize o conhecimento existente na realização de suas atividades; preservar o conhecimento produzido pela interação entre Universidade e sociedade; e facilitar e melhorar a articulação e operacionalização do conhecimento advindo do ensino e da pesquisa para a sociedade, reforçando a responsabilidade da universidade em atender às necessidades da comunidade através de ações de extensão.

As ações voltadas para a assistência que nós realizamos para o ensino, pesquisa e extensão são feitas com o objetivo de impactar diretamente na prática clínica. Essas ações tentam aprimorar o ensino e a assistência realizada pelos futuros profissionais. (E04)

Articulação da gestão educacional universitária com a prática clínica e sua repercussão

A articulação entre o tripé universitário para a formação clínica possibilita ao estudante uma gama de oportunidades que contribuem diretamente para sua formação profissional, possibilitando conhecer as diversas áreas de especialização profissional através de docentes especialistas, conduzindo pesquisas e integrando laboratórios de pesquisas com temáticas variadas, para que os discentes possam se inserir.

As oportunidades que o aluno tem dentro do curso de graduação são muitas, a diversidade de áreas tanto de pesquisa quanto de extensão, a capacitação que todos os professores têm, todos têm doutorado, a princípio todos sabem conduzir um processo de pesquisa, diversos métodos de pesquisa. (E01)

A indissociabilidade das ações de ensino, pesquisa e extensão possibilita a formação clínica e a construção do ser profissional através de estratégias globais, não apenas em ações desvinculadas da organização curricular, mas vinculadas ao núcleo epistemológico do Curso de Graduação, considerando todas essas ações como produtoras de conhecimento, de modo que o ensinar e o aprender estão interligados, conforme aponta a análise documental realizada a partir do Programa do Curso de Graduação em Enfermagem da universidade.

Ademais, o posicionamento adequado e ético diante da equipe de saúde, paciente e família, o senso de responsabilidade e o olhar ampliado perante o cenário, a tomada de decisões e a clínica autônoma e segura são aspectos diferenciais observados na articulação das ações de gestão educacional universitária, com repercussões diretas na qualidade da assistência prestada.

Quanto mais se reforça essa questão da autonomia, da criticidade do profissional e de ele realmente ter conhecimento para argumentar, para ele ter um posicionamento, ser um líder e guiar o serviço, se o enfermeiro tem essa característica clínica no seu trabalho é fundamental e diferencial. (E05)

Deste modo, o respeito à diversidade cultural e à pluralidade é requerido e mencionado no Programa do Curso de Graduação em Enfermagem analisado, sendo fundamental para a um processo de formação flexível, aberto e cidadão, articulando as ações do tripé universitário para valorizar as diversas formas de saber; buscando superar a discriminação, autoritarismo e exclusão; e reconhecendo as múltiplas expressões da vida social e cultural na atuação profissional e realização da prática clínica.

Outrossim, diferenciais da instituição repercutem e contribuem positivamente para a formação clínica, como a possibilidade de os docentes estarem constantemente atualizando e aprimorando sua formação através de ações oportunizadas pela instituição, bem como o acesso às bases de dados. Nessas plataformas, diversos periódicos estão disponíveis para acesso, com evidências científicas que contribuem diretamente para a prática clínica do professor e, consequentemente, para a construção do conhecimento.

O professor tem a possibilidade de se atualizar com cursos e viagens técnicas. Então, ele tem a condição de aprimorar a sua clínica em uma perspectiva de capacitação, de formação [...] porque, quando você ensina clínica, você espera que esse aluno identifique qual é essa situação e aprenda a responder essa clínica com o cuidado de enfermagem. Então, esse cuidado de enfermagem está dentro do referencial teórico-metodológico que o professor tem que ter. (E07)

Ainda, o Departamento de Enfermagem, conforme aponta o regimento interno, possui uma coordenação de Educação Permanente, que tem como missão a elaboração, aplicação, avaliação e aperfeiçoamento constante da política de Educação Permanente do departamento. Dentre as competências destaca-se: organizar e disponibilizar informações sobre ações de Educação Permanente para o corpo docente e estimular, organizar, coordenar e acompanhar o desenvolvimento de atividades de Educação Permanente e de integração dos docentes do departamento.

Dentre os fatores que colaboram para a articulação da gestão educacional universitária com a prática clínica, os participantes elucidaram fatores que potencializam tal articulação, como o trabalho integrado do corpo docente para a realização e estruturação do ensino de forma a lapidar a formação dos estudantes; enfermeiros preceptores de estágio nos cenários de prática que entendem a importância da parceria ensino-serviço para a formação clínica; avanços na compreensão do processo de ensino-aprendizado na medida em que se compreende que o processo de ensino não se dá somente em sala de aula, mas em diferentes cenários; discussões sobre boas práticas em saúde de forma a qualificar a formação profissional.

O modo como nós temos avançado na compreensão do processo ensino-aprendizado contribui para a articulação das atividades de ensino-pesquisa-extensão e a prática clínica na medida em que nós conseguimos compreender um pouco melhor a relação teórico-prática [...] o processo de integração ensino-serviço também é um fator importante no desenvolvimento desse tripé, e a ênfase na formação clínica do enfermeiro é um fator que contribui para o desenvolvimento dessa integração. (E06)

Validando isto, a análise do Programa do Curso enfatiza o convênio entre a universidade e a prefeitura do município, que tem como objetivo principal estabelecer o desenvolvimento de um modelo de articulação universidade-sistema de saúde, visando ao desenvolvimento de programas de formação e Educação Permanente de recursos humanos para a saúde dentro da ótica do Sistema Único de Saúde (SUS). A cooperação interinstitucional se configura como um processo cíclico que mantém o equilíbrio entre processos formais e informais de interação, formação profissional e lapidação da prática clínica.

A articulação da gestão educacional universitária com a prática clínica é permeada por alguns aspectos dificultadores, dentre eles estão a alta demanda de atividades burocráticas a serem realizadas pelos docentes, inviabilizando o desenvolvimento das demais atividades de gestão educacional universitária com a sobrecarga desses profissionais e a escassez de recursos para a viabilização de projetos de pesquisa e extensão, sendo esses algumas vezes realizados por financiamento próprio do docente.

Ainda, o quantitativo reduzido de professores no corpo docente do curso torna-se um aspecto que reflete diretamente na sobrecarga de horas e atividades, bem como o número elevado de discentes por fase e o pouco engajamento e interesse por parte dos discentes com relação à obtenção de conhecimentos e vivências, dificultando o desenvolvimento da prática clínica e o aprendizado de forma efetiva.

Muitas vezes, nós vamos para campo com seis, até oito alunos e com isso se torna impossível desenvolver a prática clínica e o processo de aprendizagem com segurança e qualidade, tanto para o paciente, como para o aluno e o professor. (E02)

Eu sinto pouco engajamento dos alunos, penso que eles precisam se preocupar um pouco mais com esse conhecimento da Enfermagem, que a Enfermagem não é só prática, nossa profissão tem todo um embasamento teórico-científico. [...] às vezes eu converso com os colegas e parece que cada vez mais os alunos estão estudando menos, se envolvendo menos com o conhecimento e com a profissão. (E08)

Espaços para o desenvolvimento da gestão educacional universitária e da prática clínica

Para o desenvolvimento da gestão educacional universitária, foram citados espaços como reuniões de departamento e de coordenadores de disciplinas eixo, onde encaminhamentos para o correto andamento do semestre são realizados, além da programação para o semestre seguinte.

Durante a observação direta não participante em reunião de coordenadores, constatou-se que questões relacionadas ao bom aproveitamento da turma, de modo geral, são colocadas em pauta, bem como aspectos relacionados aos campos de estágio. O cenário da aprendizagem foi amplamente discutido, por repercutir no desenvolvimento da prática clínica, visando aprimorar aspectos que possam ter sido difíceis e garantindo a boa relação ensino-serviço. Ademais, o dimensionamento de discentes que seguirão adiante nas disciplinas eixos é fundamental para a boa programação das atividades e para o cronograma do semestre seguinte.

Todas as questões gerenciais são discutidas nas reuniões de coordenadores de disciplina, como, por exemplo, a programação para o próximo semestre, distribuição de professores e número de alunos [...] e ainda tem outras questões gerenciais que tem que ser aprovadas nas reuniões de departamento. (E01)

Dentre os espaços físicos para a realização das ações de gestão educacional universitária, os participantes discorreram tanto em entrevista individual como em discussão durante a reunião de coordenadores sobre espaços da universidade, como o Hospital Universitário, alguns hospitais públicos da Grande Florianópolis e demais municípios, serviços de saúde da Atenção Primária à Saúde vinculados à universidade, cenários de diversas pesquisas e campos de prática, bem como o local onde diversos grupos de extensão são realizados.

Eu acredito que os espaços ficam bastante relacionados ao que é oferecido no Hospital Universitário e na rede básica pública de saúde. (E05)

A respeito dos espaços para o desenvolvimento e aprimoramento da prática clínica, foram elencados locais, como laboratórios de simulação do Departamento de Enfermagem, onde se torna possível simular situações de saúde/doença para que os discentes saibam quais atitudes tomar e quais cuidados de enfermagem empregar, além da possibilidade de aprimorar técnicas e procedimentos, potencializando habilidades e competências dos futuros enfermeiros. Ademais, reforçou-se o Hospital Universitário como um importante espaço para o desenvolvimento da prática clínica, fundamental para a articulação das ações de ensino-pesquisa-extensão com a formação clínica.

Pensando dentro da universidade, nós temos um hospital onde a gente está desenvolvendo a prática clínica, o enfermeiro está desenvolvendo seu trabalho com todo esse conhecimento que ele tem com a prática clínica, tem o nosso laboratório também, onde a gente faz isso, tenta desenvolver a prática clínica com os alunos. (E08)

A análise do regimento interno do Departamento de Enfermagem aponta que este atua na promoção e articulação permanente dos espaços da enfermagem na universidade (estruturas envolvidas nos âmbitos da graduação, pós-graduação e Hospital Universitário), em um conjunto de esforços para o fortalecimento do trabalho da enfermagem e aprimoramento da prática clínica dos discentes.

DISCUSSÃO

Os docentes, ao caracterizarem as ações de gestão educacional universitária, destacaram a relevância da articulação dos eixos ensino, pesquisa e extensão para o fortalecimento da prática clínica dos discentes. A inter-relação entre esses eixos aproxima a universidade da comunidade, evidenciando o lado social da academia. Através das ações de ensino, o discente é estimulado a refletir e buscar novos conhecimentos. A pesquisa constitui-se como um meio de se pensar criticamente e produzir novos conhecimentos que podem ser aplicados na sociedade por meio de projetos de extensão(1212 Silva TL, Resende GSL. A docência no ensino superior: ensino, pesquisa e extensão. Rev Facisa [Internet]. 2017 [cited 2019 May 03];6(2):32-40. Available from: http://periodicos.faculdadecathedral.edu.br/revistafacisa/article/view/219/157
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).

À medida em que as necessidades de saúde da sociedade mudam e se transformam, os docentes necessitam ser flexíveis e responsivos frente a essas mudanças. A formação universitária de qualidade é de fato o produto de todos os esforços realizados pelos docentes. Esses buscam por meio da gestão do ensino articular as pesquisas científicas e programas de extensão com ações que tenham enfoque especialmente nas soluções e adequações inovadoras em resposta às demandas complexas do mercado de trabalho e da sociedade(1313 Bvumbwe T, Mtshali N. Nursing education challenges and solutions in Sub Saharan Africa: an integrative review. BMC Nurs [Internet]. 2018 [cited 2019 May 03]17(3):2-11. doi: 10.1186/s12912-018-0272-4
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) promovendo a qualidade dos cursos de enfermagem.

Os achados deste estudo evidenciaram que a inserção dos discentes em laboratórios de pesquisa estimula o desenvolvimento de novos conhecimentos e habilidades no que diz respeito à investigação científica. Corroborando o exposto, estudo realizado no Sul do Brasil, com 19 docentes dos Departamentos de Enfermagem e Saúde Coletiva, enfatizou que a presença de discentes em atividades extracurriculares, como projetos de pesquisa, extensão, iniciação científica e a participação em grupos de pesquisa, agrega no desenvolvimento de competências científicas(1414 Moraes A, Guariente MHDM. Garanhani ML, Carvalho BG. The nurse trai-ning in research in the undergraduate education: teaching perceptions. Rev Bras Enferm. 2018;71(suppl4):1648-56. doi: 10.1590/0034-7167-2017-0511
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).

Os grupos de pesquisa têm como responsabilidade o desenvolvimento de competências para a investigação científica e maturidade para tal, possibilitando a retroalimentação na graduação, à medida em que os produtos advindos das pesquisas possam ser utilizados no contexto do ensino(1515 Lima LPS, Cortez CMM, Ribeiro MRR, Rothebarth AP, Cesário JB. O de-senvolvimento da competência para pesquisa e a graduação de enfermagem: o papel dos grupos de pesquisa. Arq Cienc Saúde UNIPAR [Internet]. 2015 [cited 2019 May 03];19(3):171-7. Available from: http://revistas.unipar.br/index.php/saude/article/view/5547/3142
http://revistas.unipar.br/index.php/saud...
). Estudo documental, que comparou o perfil dos grupos de pesquisa em enfermagem cadastrados no Diretório do CNPq em 2006 (251 grupos) e 2016 (617 grupos), aponta um aumento no número de integrantes dos grupos de pesquisa. Em 2016 249 grupos (40%) possuíam 18 a 34 participantes, diferente da realidade observada em 2016, onde apenas 58 grupos (23%) possuíam esse quantitativo de membros. Em 2016 evidenciou-se significativa participação de estudantes nos grupos de pesquisa, onde 36% dos participantes eram alunos de graduação, revelando o aumento do interesse na participação no contexto da pesquisa científica por parte dos estudantes universitários(1616 Erdmann AL, Peiter CC, Lanzoni GMM. Brazilian research groups in nur-sing: comparison of 2006 and 2016 profiles. Rev Gaúch Enferm. 2017;38(2):1-7. doi: 10.1590/1983-1447.2017.02.69051
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).

Vista como uma forma de articulação entre o serviço/ensino, pesquisa e comunidade, a extensão universitária possibilita aos estudantes expandirem horizontes quanto às possibilidades de atuação profissional, potencializando a prática clínica do enfermeiro. Ao encontro dessa perspectiva, um estudo realizado no Rio Grande do Norte, com 46 discentes de enfermagem, revelou que esses entendiam os programas de extensão como espaços onde punham em prática os conhecimentos adquiridos ao longo da graduação, disseminando o conhecimento gerado dentro da universidade para a sociedade, além de ser um aspecto substancial para a formação generalista dos enfermeiros, tendo em vista a importância do raciocínio clínico frente à complexidade do ser humano(1717 Oliveira FLB, Almeida Jr JJ. Extensão universitária: contribuições na forma-ção de discentes de Enfermagem. Rev Bras Pesqui Saúde [Internet]. 2015 [cited 2018 Aug 02]; 17(1):19-24. Available from: http://periodicos.ufes.br/RBPS/article/viewFile/12445/8655
http://periodicos.ufes.br/RBPS/article/v...
).

Do mesmo modo, um estudo descritivo, transversal e de natureza mista, revela o auxílio da extensão universitária frente ao aperfeiçoamento de técnicas de comunicação vivenciando nas práticas de extensão a valorização da construção de relações e o entendimento do indivíduo como cidadão. Além disso, os participantes caracterizaram a extensão universitária como substancial para o refinamento do pensamento crítico-reflexivo, considerando a realidade social, a prática clínica e o trabalho em equipe para atuação profissional(1818 Ferreira PB, Suriano ML, Domenico EBL. Contribuição da extensão univer-sitária na formação de graduandos de enfermagem. Rev Ciênc Ext [Internet]. 2018 [cited 2019 May 03];14(3):31-49. Availa-ble from: http://ojs.unesp.br/index.php/revista_proex/article/view/1874
http://ojs.unesp.br/index.php/revista_pr...
).

Conforme evidenciado pelos participantes deste estudo, a articulação das ações de gestão educacional universitária no âmbito do ensino, pesquisa e extensão para a prática clínica reflete e repercute positivamente na assistência prestada aos pacientes. Vivências que possibilitam o desenvolvimento da prática clínica oportunizam aos discentes o senso de responsabilidade, pensamento crítico reflexivo, autonomia e autoconfiança, à medida que se percebem como profissionais junto à equipe de saúde(1919 Papathanasiou IV, Tsaras K, Sarafis P. Views and perceptions of nursing students on their clinical learning environment: teaching and learning. Nurse Educ Today. 2014;34(1):57-60. doi: 10.1016/j.nedt.2013.02.007
https://doi.org/10.1016/j.nedt.2013.02.0...
).

Ademais, o aperfeiçoamento e a qualificação docente através de ações realizadas pela universidade foram vistos como diferenciais para a formação clínica, uma vez que o desempenho da docência exige aprendizagem contínua e vasto conhecimento, de modo que os docentes percebam sua responsabilidade e papel no processo de ensino-aprendizagem e utilizem estratégias que contribuam positivamente para a formação profissional orientando o processo da construção do conhecimento(2020 Paulino VCP, Silva LA, Prado LAS. Barbosa M, Porto CC. Training and skills for teaching in nursing undergraduate courses. J Health NPEPS [Internet]. 2017 [cited 2019 May 06];2(1):272-84. Availa-ble from: https://periodicos.unemat.br/index.php/jhnpeps/article/view/1822
https://periodicos.unemat.br/index.php/j...
). Assim, entende-se como premente a formação de enfermeiros que tenham como característica do seu trabalho a interação com o outro. Estudantes de enfermagem devem ser preparados para desenvolver atitudes e ações críticas e reflexivas capazes de superar a fragmentação e a linearidade do conhecimento, fortalecendo a articulação de saberes e práticas em saúde, visando potencializar o impacto de sua prática em saúde(2121 Cruz RAO, Araujo ELM, Nascimento NM, Lima RJ, França JRF, Oliveira JS. Reflections in the light of the complexity theory and nursing education. Rev Bra Enferm. 2017;70(1):224-7. doi: 10.1590/0034-7167-2016-0239
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0...
).

Dentre os fatores que favorecem a articulação das ações de gestão educacional universitária com a prática clínica, os participantes destacaram a relevância de preceptores em campos de estágio que compreendam a importância da prática clínica na formação discente e colaborem com esse aspecto. Corroborando isto, os achados de um estudo apontam que os preceptores devem executar os papeis de avaliador, educador e facilitador da prática clínica e do aprendizado, além de protetor, tanto para os discentes quanto para os pacientes, atendendo às expectativas e necessidades da formação discente. Além disso, ressalta-se a importância de críticas e feedbacks construtivos, além de suporte para resolução de problemas contribuindo para a formação profissional e incentivando os discentes a aprimorarem seus conhecimentos(2222 Omer TA, Suliman WA, Moola S. Roles and responsibilities of nurse pre-ceptors: perception of preceptors and precetees. Nurse Educ Pract. 2016;16(1):54-9. doi: 10.1016/j.nepr.2015.07.005
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). Portanto, a inserção precoce de atividades que viabilizem o exercício da prática clínica impacta positivamente na formação de discentes(2323 Meira MDD, Kurcgant P. Nursing education: training evaluation by gradua-tes, employers and teachers. Rev Bras Enferm. 2016;69(1):10-5. doi: 10.1590/0034-7167.2016690102i
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).

Outro fator favorável destacado se encontra nos avanços da compreensão no ensino-aprendizagem. Uma vez que os moldes tradicionais de ensino não correspondem às necessidades atuais da sociedade frente às constantes transformações sociais, culturais e políticas, torna-se necessário que a formação de enfermeiros e a produção de conhecimento da enfermagem acompanhem tais mudanças, formando profissionais aptos para enfrentá-las e exercer a profissão em sua plenitude(88 Morin E. Introdução ao pensamento complexo. 4ª edição. Porto Alegre: Su-lina; 2011.). Portanto, ampliações e mudanças constantes em propostas pedagógicas e reestruturações pedagógicas nos currículos de cursos de graduação são primordiais, aproximando o fazer da enfermagem das propostas curriculares ao que é preconizado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira. A autonomia, o desenvolvimento de habilidades assistenciais e gerenciais e a formação de profissionais competentes e crítico-reflexivos são desenvolvidos, indo além de apenas habilidades relacionadas à liderança e gerenciamento e competências técnicas(2323 Meira MDD, Kurcgant P. Nursing education: training evaluation by gradua-tes, employers and teachers. Rev Bras Enferm. 2016;69(1):10-5. doi: 10.1590/0034-7167.2016690102i
https://doi.org/10.1590/0034-7167.201669...
-2424 Santos SVM, Ribeiro ME, Motta ALC, Silva JA, Resck ZMR, Terra FS. Buil-ding knowledge in nursing: a reflective theoretical and methodological approach for nurses training. Rev Enferm UFPE [Internet]. 2016 [cited 2019 May 06];10(1):172-8. Available from: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/10935
https://periodicos.ufpe.br/revistas/revi...
).

Dentre as competências e habilidades indispensáveis ao formando egresso, conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem, estão presentes a tomada de decisões, a aptidão para desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, a comunicação verbal, não verbal e habilidades de escrita e leitura, a administração e gerenciamento, liderança, educação permanente e competências ético-políticas, técnico-científicas e sócio-educativas, fortalecendo a importância da compreensão do processo de ensino-aprendizagem ancorado nos avanços e mudanças sociais e políticas(2525 Ministério da Educação e Cultura (BR). Resolução CN/CES nº 3, de 7 de novembro de 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais de Graduação em Enfermagem [Internet]. Brasília; 2001 [cited 2020 Mar 23]. Available from: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES03.pdf
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).

Apesar de esses fatores contribuírem para a articulação das ações de gestão educacional universitária com a prática clínica, muitas vezes os docentes afirmaram ficarem presos a altas demandas de atividades burocráticas, o que poderia ser contornado com o auxílio de servidores técnicos administrativos nessas questões. No entanto, a contratação destes servidores é bastante difícil, tornando certas demandas morosas devido às etapas burocráticas necessárias de serem seguidas(2626 Cunha KS, Kahl C, Koerich C, Santos JLG, Lanzoni GM, Erdmann. Univer-sity management: contributions for nurses who are faculty members and mana-gers. Rev Bras Enferm;70(5):1125-31. doi: 10.1590/0034-7167-2017-0068
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0...
).

O alto índice de burocracia no exercício da docência e a sobrecarga de atividades são fatores que entravam na articulação da gestão educacional universitária com a prática clínica, indo ao encontro dos achados de um estudo realizado com docentes em uma universidade no Sul do Brasil. Este estudo aponta os elementos que descrevem sentimentos de sofrimento vivenciados na prática docente, como somatório de atividades, excesso de burocracia, elevada carga horária, exigências de alto nível de concentração e atenção e precariedade do ambiente de trabalho, muitas vezes expressando insatisfação e sobrecarregando o docente(2727 Souto BLC, Beck CLC, Trindade LR, Silva RM, Backes DS, Bastos RA. The teaching work in the post-graduation program: pleasure and suffering. Rev Enferm UFSM [Internet]. 2017 [cited 2019 May 06];7(1):29-39. Available from: https://periodicos.ufsm.br/reufsm/article/view/22871/pdf
https://periodicos.ufsm.br/reufsm/articl...
).

Ainda, o quantitativo de docentes por fase deve corresponder às necessidades e ao número de discentes. Esse contexto, segundo os participantes deste estudo, não é realidade, pois o número de professores existentes no corpo docente atualmente está limitado, refletindo negativamente na sobrecarga de atividades e carga horária excessiva de aulas, exigências de órgãos de fomento, preparo de avaliações e reuniões constantes, conforme elucida estudo com o objetivo de analisar o conhecimento produzido sobre docência no ensino superior em enfermagem(2828 Lazzari DD, Martini JG, Busana JA. Teaching in higher education in nursing: an integrative literature review. Rev Gaúch Enferm. 2015;36(3):93-101. doi: 10.1590/1983-1447.2015.03.49670
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2015.0...
).

Além disso, os participantes destacaram o pouco engajamento e interesse dos discentes para o aprendizado, confirmando os resultados de um estudo paulista realizado com 21 docentes, que destaca o desinteresse em ser enfermeiro percebido nos discentes, aspecto que pode estar aliado à baixa remuneração da profissão, à alta demanda de responsabilidades na prática profissional e também à desvalorização e falta de reconhecimento da profissão(2929 Peres CRFB, Marin MJS, Tonhom SFR, Marques MLSF. Current challen-ges in nursing education: the professor's perspective. Rev Rene. 2018;19e3160. doi: 10.15253/2175-6783.2018193160
https://doi.org/10.15253/2175-6783.20181...
).

Dentre os espaços onde as ações de gestão educacional universitária e a prática clínica podem ser desenvolvidas, foram evidenciados hospitais-escola, serviços da Rede de Atenção à Saúde do SUS e laboratórios de simulação clínica. Nesta perspectiva, esses espaços influenciam no aprendizado clínico dos discentes, proporcionando diferentes experiências e vivências, que possibilitam o aperfeiçoamento da prática clínica e o fortalecimento da formação profissional. Ainda, fortalecem elementos, como responsabilidade e confiança, primordiais para que os discentes se sintam valorizados e pertencentes ao cenário de prática, reforçando a aquisição de respeito e segurança(3030 Lúanaigh PO. Becoming a professional: what is the influence of registered nurses on nursing students' learning in the clinical environment?. Nurse Educ Prac. 2015;15(6):450-6. doi: 10.1016/j.nepr.2015.04.005
https://doi.org/10.1016/j.nepr.2015.04.0...
).

O laboratório de simulação clínica, também mencionado no estudo, é uma ferramenta de ensino amplamente utilizada ao redor do mundo para a educação em enfermagem, com eficácia reconhecida na aquisição e assimilação de conhecimento, além do desenvolvimento do pensamento crítico e aperfeiçoamento da prática clínica(3131 Al-Ghareeb AZ, Cooper SJ. Barriers and enablers to the use of high-fidelity patient simulation manikins in nurse education: an integrative review. Nurse Educ Today. 2016;36(s1):281-286. doi: 10.1016/j.nedt.2015.08.005
https://doi.org/10.1016/j.nedt.2015.08.0...
).

Seguindo o contexto do ensino através de simulações, um estudo evidenciou que treinamentos e capacitações dos docentes quanto ao uso dos laboratórios são imprescindíveis para a utilização correta e global das tecnologias disponíveis, salientando a necessidade de um profissional capacitado e apropriado coordenando as atividades e auxiliando o corpo docente sobre as melhores maneiras de se usar a tecnologia e incorporar simulações ao ensino da clínica. Além disso, por meio de financiamentos obtidos pelos docentes com projetos de pesquisa, torna-se possível realizar manutenções preventivas e adquirir mais manequins e materiais necessários para o bom funcionamento dos laboratórios de simulação, salas de aula e grupos de pesquisa(3131 Al-Ghareeb AZ, Cooper SJ. Barriers and enablers to the use of high-fidelity patient simulation manikins in nurse education: an integrative review. Nurse Educ Today. 2016;36(s1):281-286. doi: 10.1016/j.nedt.2015.08.005
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), evidenciando a magnitude das ações de gestão educacional frente à formação clínica.

Limitações do estudo

Este estudo limita-se em representar apenas um cenário específico de desenvolvimento das ações de gestão universitária articuladas com a prática clínica desenvolvida por docentes gestores. Do mesmo modo, esta pesquisa foi realizada no âmbito da gestão universitária educacional, sendo que os aspectos da gestão universitária na sua amplitude foram pouco explorados e evidenciados.

Contribuições para a área da enfermagem

Este estudo pode contribuir com subsídios para reflexões de enfermeiros docentes sobre a importância e repercussões das ações de gestão educacional universitária na formação clínica de futuros profissionais enfermeiros seguros, autônomos, crítico-reflexivos e respaldados cientificamente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os achados evidenciaram que as ações de gestão educacional universitária são inerentes ao trabalho do enfermeiro docente, e a articulação dessas no contexto do ensino, pesquisa e extensão torna-se fundamental à medida que proporciona aos discentes melhores condições para aprimorar o conhecimento clínico, posicionamento ético diante da equipe de saúde, senso de responsabilidade integral, autonomia e tomada de decisões segura. Ainda, destacaram-se os grupos de pesquisa e projetos de extensão como espaços que oportunizam aos discentes a sua inserção em diferentes realidades do sistema de saúde e aproximação aos profissionais e comunidade, expandindo horizontes e visualizando possibilidades de atuação profissional.

A formação de enfermeiros requer da gestão educacional universitária eficiência e efetividade, construindo e consolidando a força de trabalho da profissão, à medida que essas ações acompanham as mudanças e avanços sociais, subsidiando a formação de enfermeiros generalistas que articulam práticas em saúde e conhecimentos científicos, potencializando a assistência prestada para atender às demandas em saúde/doença da população.

  • FOMENTO
    Este estudo foi fomentado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica subconvencionado pela Universidade Federal de Santa Catarina (PIBIC/UFSC).

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Editado por

EDITOR CHEFE: Dulce Barbosa
EDITOR ASSOCIADO: Alexandre Balsanelli

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Ago 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    23 Jan 2019
  • Aceito
    10 Maio 2020
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