Teoria Fundamentada nos Dados: aspectos metodológicos em teses da enfermagem brasileira

RESUMO

Objetivo:

analisar a aplicação dos aspectos metodológicos da Teoria Fundamentada nos Dados em teses da área da enfermagem brasileira.

Métodos:

estudo qualitativo, descritivo, elaborado, a partir de teses disponíveis no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES, localizadas com a busca dos termos “Teoria Fundamentada nos Dados” OR “Grounded Theory”, de 2013 a 2017. Os dados obtidos foram analisados, considerando-se os pressupostos metodológicos da Teoria Fundamentada nos Dados.

Resultados:

a observância dos conceitos básicos da Teoria Fundamentada nos Dados e a articulação com diversos referenciais teóricos na condução das investigações realizadas são aspectos fortalecedores do método. Contudo, o dissenso na descrição da operacionalização das etapas e a nomeação do construto elaborado fragilizam a qualidade metodológica.

Considerações finais:

a consistência metodológica proporcionada pela Teoria Fundamentada nos Dados apresenta potencial para evidenciar o rigor e a confiabilidade dos estudos conduzidos e das teorias geradas, sendo necessário aprofundar estudos de base teórico-conceitual para elucidar discrepâncias da aplicabilidade na pesquisa em enfermagem.

Descritores:
Teoria Fundamentada; Pesquisa Qualitativa; Pesquisa em Enfermagem; Metodologia; Enfermagem

ABSTRACT

Objective:

to analyze the application of methodological aspects of Grounded Theory in Brazilian nursing thesis.

Methods:

qualitative, descriptive study elaborated based on theses available in the CAPES Thesis and Dissertations Catalog, located with the search for the terms “Teoria Fundamentada nos Dados” OR “Grounded Theory”, from 2013 to 2017. The data obtained were analyzed, considering the Grounded Theory methodological assumptions.

Results:

observance of Grounded Theory basic concepts and articulation with several theoretical frameworks in the conduct of the investigations are strengthening aspects of the method. However, dissent in the description of the operationalization of the stages and naming of the elaborated construct weaken the methodological quality.

Final considerations:

the methodological consistency provided by Grounded Theory has the potential to demonstrate the studies’ rigor and reliability conducted and theories generated. It is necessary to deepen theoretical-conceptual studies to elucidate discrepancies in the applicability in nursing research.

Descriptors:
Grounded Theory; Qualitative Research; Nursing Research; Methodology; Nursing

RESUMEN

Objetivo:

analizar la aplicación de aspectos metodológicos de la teoría fundamentada en tesis en el campo de la enfermería brasileña.

Métodos:

estudio cualitativo, descriptivo, basado en las tesis disponibles en el Catálogo de Tesis y Disertaciones CAPES, ubicado con la búsqueda de los términos “Teoria Fundamentada nos Dados” OR “Teoría Fundamentada”, de 2013 a 2017. Los datos obtenidos fueron analizados, considerando los supuestos metodológicos de teoría fundamentada en tesis.

Resultados:

la observancia de los conceptos básicos de teoría fundamentada en tesis y la articulación con varias referencias teóricas en la realización de las investigaciones realizadas son aspectos que fortalecen el método. Sin embargo, la disidencia en la descripción de la operacionalización de las etapas y la nominación del constructo construido socavan la calidad metodológica.

Consideraciones finales:

la consistencia metodológica proporcionada por el teoría fundamentada en tesis tiene el potencial de mostrar el rigor y la confiabilidad de los estudios realizados y las teorías generadas, lo que hace necesario profundizar los estudios teóricos y conceptuales para dilucidar las discrepancias en la aplicabilidad en la investigación de enfermería.

Descriptores:
Teoría Fundamentada; Investigación Cualitativa; Investigación en Enfermería; Metodología; Enfermería

INTRODUÇÃO

A Teoria Fundamentada nos Dados (TFD) ou Grounded Theory (GT), em inglês, é um referencial metodológico que surgiu nos anos 60, quando Barney G. Glaser e Anselm L. Strauss desenvolveram concepções sistemáticas de análise de dados qualitativos, por método indutivo-dedutivo, para desenvolver uma teoria explicativa de fenômenos sociais, a qual foi publicada no livro The Discovey of Grounded Theory: strategies for qualitative research, em 1967⁽¹⁾.

A sistematização técnica e os procedimentos de análise da TFD habilitam o pesquisador para desenvolver teorias sobre as experiências dos indivíduos, uma vez que objetiva alcançar significação, compatibilidade entre teoria e observação, capacidade de generalização e reprodutibilidade, precisão, rigor e verificação^(1-2).

No decorrer das seis décadas de aplicação do método, controvérsias em torno dos princípios fundamentais da concepção da TFD contribuíram para o surgimento de variações metodológicas elaboradas por autores que divergiram em alguma medida da proposta original^(3-4). Assim, as configurações dominantes da TFD, na atualidade, são definidas como glaseriana, ou tradicional, ou clássica, que seguem o modelo inicial e são representadas por Glaser; straussiana ou relativista, elaboradas por Strauss e Corbin; e a construtivista, defendida por Katy Charmaz⁽⁴⁾.

Embora destacando aspectos dissidentes, as três correntes metodológicas da TFD mantêm algumas semelhanças com o método original, sobretudo em relação às técnicas de amostragem, saturação teórica dos dados, análise comparativa constante, elaboração de memorandos e diagramas, sensibilidade teórica e teoria substantiva^(5-6). Como diferença entre as correntes, destaca-se a operacionalização da análise dos dados e a proposição de uma categoria central⁽⁷⁾.

Considerando as leituras realizadas, pôde-se perceber que na área da enfermagem, especificamente, a TFD tem se constituído, de forma crescente, em poderosa ferramenta para conduzir investigações qualitativas, e tem contribuído, significativamente, para expandir as produções científicas no que concerne a um amplo espectro temático relativo ao cotidiano das complexidades das práticas profissionais, sejam cuidativas, gerenciais, educativas, ou formativas.

Constatou-se, também, que vários estudos vêm sendo publicados em anos recentes, com o intuito de refletir acerca das características que se apresentam semelhantes e divergentes entre as distintas correntes metodológicas da TFD^(7-9). Identificou-se, ainda, o interesse dos pesquisadores em avaliar a qualidade e o rigor quanto ao uso do método descrito nos artigos originais publicados^(5-6,10). De modo geral, os estudos evidenciaram o crescimento do uso da TFD nas investigações desenvolvidas pela enfermagem, a boa qualidade metodológica das publicações, as contribuições do método para os avanços da pesquisa, bem como os desafios decorrentes de não haver consenso sobre alguns elementos metodológicos a serem seguidos no uso da TFD^(4,11).

Mesmo assim, percebeu-se que a análise predominante dos estudos recaiu sobre documentos publicados na forma de artigos, o que, por si só, representou limitações na descrição dos processos e nas decisões adotadas na condução das pesquisas. Diante disso, entende-se que o exame de relatórios de pesquisa, especialmente de teses de doutoramento, oferece um material rico, denso e rigorosamente descrito, que permite apreender e analisar a complexidade dos procedimentos de coleta e análise dos dados na TFD. Assim sendo, optou-se por conduzir o presente estudo com base nesse material, buscando-se responder a seguinte questão: como se apresentam os aspectos metodológicos da TFD em teses da área da enfermagem brasileira? A análise do panorama da aplicação do método nas teses possibilita identificar os consensos e os dissensos que fortalecem e/ou fragilizam a confiabilidade dos estudos, apontando aspectos que necessitam ser densificados para consolidar a TFD como referência nas pesquisas da enfermagem.

OBJETIVO

Analisar a aplicação dos aspectos metodológicos da TFD em teses da área da enfermagem brasileira.

MÉTODOS

Aspectos éticos

Por tratar-se de uma investigação em documentos, não houve necessidade de aprovação do estudo por Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos. No entanto, respeitaram-se os aspectos éticos e legais relativo aos direitos autorais.

Tipo de estudo

Estudo documental⁽¹²⁾, descritivo, qualitativo, apresentado conforme o Standards for Reporting Qualitative Research (SRQR) da rede EQUATOR⁽¹³⁾.

Cenário do estudo

Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino Superior (CAPES).

Procedimento metodológico

Para desenvolvimento da pesquisa, foram analisadas 46 teses vinculadas a Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu em Enfermagem, que utilizaram a TFD como referencial metodológico.

Fonte de dados

Para obtenção dos dados, analisaram-se teses de enfermagem disponíveis no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES, as quais foram localizadas por meio de busca no portal, utilizando-se os termos “Teoria Fundamentada nos Dados” OR “Grounded Theory”, aplicando-se os filtros “doutorado (tese)” e “enfermagem” como área do conhecimento.

Coleta e organização dos dados

O recorte temporal foi o período de 2013 a 2017, pois com a implementação da Plataforma Sucupira, em 2013, as informações do Sistema Nacional de Pós-Graduação encontram-se, atualmente, integradas, sendo possível acessar o relatório da pesquisa na própria base de dados. A busca foi realizada em janeiro e atualizada em junho de 2018.

Esse processo resultou na identificação de 53 teses informadas no portal da CAPES. Dessas, estava disponível para acesso o relatório de 46 trabalhos, os quais compuseram o corpus de análise, sendo consultados na íntegra. Os relatórios não disponíveis foram buscados, também, no repositório dos respectivos Programas, não sendo localizados.

Para a obtenção dos dados de interesse, elaborou-se um roteiro estruturado abordando os elementos metodológicos preconizados em uma investigação que segue os preceitos da TFD, o qual foi preenchido com informações extraídas do relatório de pesquisa. As questões de interesse referiram-se à identificação do trabalho (título, ano de defesa, instituição vinculada) e às dimensões científicas apresentadas (pergunta de pesquisa, objetivos, revisão da literatura, referencial teórico, corrente teórica do referencial metodológico, participantes, amostragem, hipóteses para a conformação da amostra teórica, instrumentos de coleta dos dados, memorandos, diagramas, saturação dos dados, processo de análise dos dados: tipo de codificação, análise comparativa constante, sensibilidade teórica, categoria central, elaboração de modelo teórico ou teoria, redação da teoria articulando as categorias/conceitos à categoria central/conceito).

Análise dos dados

Os relatórios das teses foram analisados considerando-se os pressupostos da TFD. Para isso, foi realizado o download dos relatórios disponível online, para a organização dos dados relativos à dimensão metodológica. Procedeu-se à leitura dos textos, individualmente, extraindo-se as informações de interesse e armazenando-as em arquivos no programa Word, separadamente, por tese. Em seguida, buscou-se identificar, no material produzido, os aspectos convergentes e divergentes, condensando-os para construir uma síntese descritiva de cada etapa dos aspectos metodológicos da TFD, considerando a forma como os autores o descreveram, item a item, para posterior reflexão, com justaposição, sobre o que mencionaram os autores do método.

A síntese dos resultados obtidos foi apresentada de forma descritiva e associada a uma reflexão, acerca das tendências identificadas nos estudos no que se refere à aplicação dos conceitos e aos procedimentos metodológicos da TFD.

RESULTADOS

Em relação ao ano de defesa, foram localizadas dez teses defendidas no ano de 2013; onze, em 2014; cinco, em 2015; 13, em 2016 e sete, em 2017. Dentre as 13 instituições que possuíam Programas de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGEnf) vinculados aos trabalhos produzidos, destacou-se o PPGEnf da Universidade Federal de Santa Catarina, com o maior número de trabalhos realizados abordando o referencial da TFD (17), seguido da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade de São Paulo, com oito estudos cada; Universidade Federal do Paraná e de Minas Gerais, com quatro teses cada uma; Universidade Federal de São Paulo e de Pelotas, com três teses cada uma; Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com duas e Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal da Bahia, Fundação Rio Grande e Universidade Estadual de Maringá, com uma tese cada.

Os dados relacionados às dimensões metodológicas dos estudos foram sistematicamente organizados em um quadro que apresenta a característica analisada e os principais resultados encontrados (Quadro 1). Os resultados foram classificados por agrupamento de informações semelhantes à luz dos fundamentos da TFD, independente da corrente adotada no estudo.

Quadro 1
Resultados da análise das características metodológicas da Teoria Fundamentada nos Dados nas teses da área da enfermagem brasileira no período de 2013-2017, Brasil, 2018

Características metodológicas	Principais resultados obtidos
Pergunta de pesquisa	Experiências (16), significados (15), outras (14), não apresenta (1).
Objetivo	Compreender (27), analisar (6), desenvolver modelo teórico/teoria (5), identificar (3), interpretar (2), avaliar (1), descrever (1), explorar (1).
Revisão de literatura	Sim (46)
Referencial teórico	Interacionismo simbólico (21), complexidade (7), Teoria Fundamentada nos Dados (7), métodos mistos (4), Virgínia Henderson (1), Teoria do Apego (1), Teoria das Transições (1), Filosofia de Lean (1), Teoria Sistêmica (1).
Geração de hipóteses para conformação da amostra teórica	Hipótese elaborada no processo da análise no método comparativo constante (24); hipótese elaborada por pressuposto teórico (13);nãoapresenta hipótese (9).
Grupos amostrais	Sim (37); não (9).
Instrumento de coleta de dados*	Entrevista (profundidade, intensiva ou semiestruturada) (46); observação (12); diário de campo (3); escalas (4); outros (2).
Codificação e Análise comparativa constante	Aberta, axial e seletiva - Strauss e Corbin (35); inicial e focalizada - Charmaz (8); aberta seletiva e teórica - Glaser (3).
Memorandos	Descrevem a elaboração e apresentam exemplo (31); não apresentam (15).
Diagramas	Apresentam diagramas (43); não apresentam (3).
Saturação dos dados	Referido (38); não referido (8).
Categoria central	Categoria central (19); fenômeno central (18); outros (3); não refere (6).
Validação	Com validação (população-alvo, experts no método ou no tema) (27); sem validação (19).

• Nota:
• ^*
  Mais de uma estratégia para obtenção dos dados informada.

DISCUSSÃO

A publicização online das teses e dissertações produzidas pelos programas de doutorado e mestrado no Catálogo é uma exigência da CAPES, desde 1996, para a difusão do conhecimento e para o acompanhamento e avaliação dos Programas, estando, atualmente, sincronizada às informações da Plataforma Sucupira. A não localização de sete teses no Catálogo pode estar relacionada à proteção aos direitos autorais como estratégia para preservar o ineditismo do trabalho e atender aos critérios de publicabilidade exigidos pelos periódicos, que consideram constituir-se em publicação a existência da versão do relatório disponível eletronicamente⁽¹⁴⁾.

Pela localização e o número de teses vinculadas por Programas, evidenciou-se que embora houvesse pesquisadores que utilizassem o método da TFD em diferentes regiões brasileiras, a concentração dos estudos estava na região centro-sul, característica esta, que remete à história dos primeiros cursos de Pós-Graduação em Enfermagem no Brasil, criados nessas regiões⁽¹⁵⁾.

Quanto aos aspectos metodológicos contemplados nos estudos, a análise elaborada considerou, como ponto de partida, a premissa de que a descrição das etapas metodológicas de uma investigação são elementos preditivos do rigor científico e da qualidade do trabalho. Assim, considerando que o processo de construção de uma pesquisa inicia-se pela definição da pergunta de pesquisa, percebeu-se que os estudos realizados eram coerentes aos princípios da TFD, pois remeteram a fenômenos relativos a experiências e significados atribuídos a eventos da vida humana e do fazer enfermagem e ser enfermeiro. A TFD interessa-se pela vida das pessoas, por seus comportamentos e por suas interações, buscando entender o significado por trás do comportamento humano e gerar uma teoria sobre dado processo psicossocial ou social básico⁽¹⁶⁾.

Os objetivos delineados foram congruentes às perguntas formuladas, e os verbos utilizados foram, em sua maioria, de ordem compreensiva ou interpretativa e alguns, exploratório-descritivos, os quais, de certa maneira, fragilizaram o emprego do método, que é de ordem explicativa. Há objetivos que, explicitamente, propõem a elaboração de modelos teóricos, ou teorias substantivas, ou modelos explicativos, sendo este o propósito precípuo de uma TFD.

Embora todos os trabalhos analisados apresentassem um capítulo destinado a uma revisão de literatura sobre o tema estudado, seguindo a tendência das pesquisas desenvolvidas nos Programas de Pós-Graduação, essa dimensão apresenta-se como um aspecto controverso na construção de uma investigação, sob os preceitos da TFD. Os textos originais defendem que o pesquisador deve entrar no campo de pesquisa, com o mínimo de conhecimento prévio a respeito do tema a ser estudado, como requisito para não elaborar hipóteses que possam influenciar o olhar para os dados, uma vez que estas hipóteses seriam verificadas no decorrer da pesquisa empírica⁽²⁾.

Por esse motivo, o pesquisador não deveria considerar teorias já existentes, fundamentando-se, exclusivamente, nos dados coletados e no que eles revelassem sobre o objeto investigado. As teorias já existentes seriam levadas em conta nas fases mais avançadas da análise dos dados. Neste sentido, percebeu-se que as teses seguiam um padrão de elaboração e apresentavam capítulo de revisão de literatura consistente e abrangente, o qual, na maioria das vezes, é construído, tendo por base as características orientadoras dos relatórios solicitados pelos PPGEnf, porém o momento em que estes foram construídos não foi explicitado nos trabalhos.

No entanto, há de se destacar que este aspecto não encontra consenso entre os estudiosos da TFD, inclusive, havendo divergência entre os autores das diferentes correntes. Esta orientação é descrita em alguns textos críticos como um “equívoco de interpretação”, um “mal-entendido” da obra original, um “mito baseado em falsas premissas” e uma “postura ingênua”, uma vez que o pesquisador não entra no processo de pesquisa com a “mente limpa e vazia”⁽¹⁷⁾. Considerando que as escolhas metodológicas relacionadas às técnicas e procedimentos de coleta de dados dependem do conhecimento sobre o assunto e que este possibilita ao pesquisador estar atento ao que acontece no setting da pesquisa, parece importante não ignorar a literatura existente sobre o tema sem, contudo, ter a pretensão de comprovar ou refutar hipóteses preconcebidas. Manter a mente aberta possibilita apreender novas perspectivas e diferentes nuances, acerca do objeto estudado.

Constatou-se que a tendência dos pesquisadores brasileiros é de adotar um referencial teórico para iluminar a análise dos dados, o Interacionismo Simbólico, de Herbert Blumer e a Teoria da Complexidade, de Edgar Morin, são os mais utilizados. Como a TFD possui raízes no Interacionismo Simbólico e se propõe a compreender a realidade, a partir do conhecimento da percepção ou do significado que certo contexto ou processo social básico tem para as pessoas, a utilização desse referencial permite a compreensão de fenômenos relativos à interação que se intersecciona com os diferentes cenários da práxis da enfermagem⁽¹¹⁾. A Teoria da Complexidade tem sido um referencial útil para estudos de processos que ocorrem no cotidiano de trabalho de instituições de saúde, pois o conhecimento e as relações humanas não seguem um pensamento linear, sendo complexas e estando em constante construção, e que, por isso, necessitam da multiplicidade dos diferentes sujeitos para ser apreendido⁽¹⁸⁾.

Observou-se que, em alguns estudos, a conformação da amostra teórica ocorria com a geração de hipóteses, constituídas no desenvolver do método comparativo constante, como preveem os autores iniciais da TFD. Outros, porém, descreveram hipóteses, que foram estabelecidas previamente, ao início do processo de coleta de dados, caracterizando-se, então, como definidas por pressupostos teóricos. Houve estudos, contudo, que não mencionaram a constituição de grupos amostrais ou não informaram como estes foram organizados.

As hipóteses elencadas, com base no movimento de ir e vir nos dados, em um processo de constante comparação, converge com o aspecto indutivo-dedutivo inerente ao método, uma vez que a amostragem teórica é definida, em primeira instância, indutivamente, no sentido de buscar participantes que possam melhor expor suas experiências em relação ao fenômeno estudado. A construção de possibilidades para ampliar a compreensão do objeto investigado constitui o critério de variabilidade, o qual enseja a promoção de um contexto ideal, que possa incluir todas as dimensões possíveis do fenômeno, permitindo o adensamento da teoria⁽¹⁹⁾.

Assim, o pesquisador pode formular hipóteses fundamentadas nos dados, com o processo cíclico de coleta, codificação, análise e escrita de memorandos, que permitirão apreender diferentes perspectivas do fenômeno estudado e servirão como guia para direcionar os novos componentes da amostra, configurando-se como o aspecto dedutivo. Este processo foi útil para definir os participantes do estudo e organizar a composição dos diferentes grupos amostrais.

O primeiro grupo amostral é definido pelo pesquisador que, pela análise inicial e integração dos dados codificados, formulará hipóteses que nortearão a decisão de quais perguntas precisam ser respondidas, quais códigos precisam ser densificados, ampliados ou saturados, onde coletar novos dados e com quem, conformando novos grupos amostrais⁽¹⁹⁾. No processo de indução-dedução (ou formulação de hipóteses), o pesquisador, além de orientar sua coleta de dados, desenvolve insights pelos quais poderá alterar os questionamentos a serem feitos aos novos participantes⁽¹⁰⁾.

Na TFD, a indução ocorre desde seu processo inicial, quando se busca uma população que possa ajudar a descobrir as estratégias de desenvolvimento para as situações (fenômeno) estudadas⁽²⁾. A dedução ocorre pela criação dos códigos, na qual o pesquisador precisa compreendê-los como conceitos, que são fundamentados nos dados, permitindo a construção da variabilidade dos grupos a serem pesquisados^(10,19). Para tanto, verificar hipóteses deduzidas ou preconcebidas, com base na literatura existente, não corresponde aos pressupostos metodológicos da TFD, que advoga ser necessário estar aberto para descobertas novas e imprevistas^(10,19). Nesta perspectiva, pôde-se considerar que o observado em alguns estudos de constituição de grupos amostrais elaborados, a priori, como a não conformação, representaram uma fragilidade no uso do método.

Os instrumentos identificados para a coleta de dados foram entrevista - método utilizado em todos os trabalhos, seguido da observação, grupos focais e fontes documentais, como prontuários de pacientes ou outros documentos. A utilização de diferentes instrumentos de obtenção de dados é permitida, uma vez que a TFD se apresenta como um método flexível. O uso da entrevista como técnica de escolha preferencial também foi constatado em outros estudos^(4,18,20).

Considerando que a TFD tem como objetivo gerar uma teoria substantiva que explique, conceitualmente, as experiências das pessoas e os significados por elas atribuídos a essas experiências, por meio da compreensão do comportamento humano, cabe ressaltar que essa pretensão aborda um aspecto que envolve subjetividades, tornando-o inquantificável, sendo possibilitado o alcance, sobretudo, pela realização de entrevistas, as quais, para interpretação, exigem do pesquisador um constante processo de indução-dedução^(18-19).

Como referencial metodológico com raízes positivistas, a TFD permite analisar qualquer tipo de dado, uma vez que ‘tudo são dados’⁽¹⁾, favorecendo o desenvolvimento de estudos mistos, os quais utilizam complementarmente dados quantitativos e qualitativos, fazendo uso, para isso, de escalas, como foi encontrado em teses analisadas. Embora a entrevista e a observação evidenciassem a propriedade no uso dos métodos de coleta de dados, foi possível identificar as incipiências na apropriação de certos conceitos que compõe a TFD, como, por exemplo, estudo que menciona os memorandos como instrumentos de coleta de dados. Embora os equívocos conceituais sejam minoria, estes sinalizam para a necessidade de manter vigilância no modo como descrevê-los.

A codificação dos dados e análise comparativa constante é uma etapa comum adotada por todas as correntes da TFD para o processo de análise dos dados, porém existem diferenciações de como esta etapa deve ser estruturada e executada. Identificou-se que as teses utilizaram a codificação proposta por Glaser (aberta, seletiva e teórica), por Strauss e Corbin (aberta, axial e seletiva) e por Charmaz (inicial e focalizada), todavia observou-se que algumas teses informavam estar elegendo, como referência, determinada corrente, embora esta não fosse a mesma seguida na codificação realizada. Diante dessa constatação questiona-se: em que medida os resultados podem ser influenciados pelo uso de correntes distintas no estudo? Como a técnica de análise pode repercutir no processo de obtenção e análise dos dados e na construção da teoria emergente? Poderia ser essa dissonância considerada uma fragilidade nos estudos? No que diz respeito à codificação teórica, a de maior nível de abstração, percebe-se, claramente, que esta etapa se apresenta incipiente nos trabalhos, por não trazerem uma descrição de como foi realizada.

Para a organização e a codificação dos dados, pôde-se observar que a tendência das teses mais recentes foi utilizarem softwares para auxiliar nesse processo, sendo o NVivo^® e o Atlas Ti^® os mais citados. Ainda que não haja consenso entre os autores da TFD quanto ao uso de recursos tecnológicos - Glaser desestimula, enquanto Strauss e Corbin e Charmaz consideram útil - alguns pesquisadores os têm utilizado e apresentam prints de partes da etapa de codificação para ilustrar o procedimento⁽²¹⁾. A depender da qualidade da imagem, essas são pouco legíveis, não contribuindo para a apreensão das informações e aprendizagem por parte de outros pesquisadores.

Realizar a codificação teórica ou seletiva aponta a escolha do pesquisador por determinada corrente, mas a utilização de forma reflexiva é que vai mostrar a sensibilidade teórica, o emprego adequado da circularidade dos dados e as conexões que foram realizadas com e para a interpretação dos dados. Com isso, eleva-se a construção do processo de análise para um nível conceitual, o qual é a essência da TFD. Desse modo, atinge-se um patamar em que as propriedades e dimensões do fenômeno ficam explícitas, transcendendo a descrição do comportamento humano.

Os memorandos, elaborados desde a fase de codificação dos dados, constituem-se na redação de ideias sobre os códigos e suas relações, as reflexões quanto ao que está acontecendo com os dados e outros aspectos necessários a coleta e a análise. Ignorá-los pode conduzir à fragilização da construção da teoria. No entanto, constatou-se, pela análise das teses, que embora nem sempre seja mencionado a elaboração de memorandos, estes estavam presentes e exemplificados. Os memorandos podem surgir de insigths, a qualquer momento, a partir da imersão na área substantiva, pois faz parte do processo de abstração, requerendo que o pesquisador seja consciente da necessidade de registrá-los, imediatamente, sob o risco de não conseguir retomá-los quando o desejar.

Ao utilizar este recurso, o pesquisador possibilita que a cada pergunta e reflexão elaborada, haja aprofundamento na compreensão e explicitação do fenômeno estudado. Desse modo, os memorandos mostram, nitidamente, as lacunas nas análises existentes e as possíveis novas direções relacionadas à teoria emergente, conferindo abrangência e densidade para compor o desenvolvimento do método comparativo constante como uma ferramenta que indica possibilidades e orientações para auxiliar na elaboração de conceitos e na redação da teoria^(2,22).

Os diagramas apresentados nas teses se mostraram diversos, pois houve trabalhos em que estes estavam como uma representação gráfica originada da codificação ou da categorização dos dados e outros se caracterizavam por explicitar a integração entre os conceitos. Os diagramas são representações que ficam a critério da criatividade do pesquisador e auxiliam na visualização da inter-relação entre os conceitos e destes com a categoria central⁽²²⁾. A presença deste recurso aponta para o nível de reflexão empregado na análise dos dados para a elaboração do construto. Quanto mais explícitos e elucidativos forem os diagramas das conexões, entre os diferentes conceitos emergidos, mais fortemente indica que as dimensões e propriedades do fenômeno estão presentes.

A saturação dos dados, referida nos estudos como o parâmetro para encerrar o processo de coleta e constituição de grupos amostrais, pela não emergência de dados novos que contribuam para a densificação das dimensões e propriedades das categorias elaboradas, é um conceito relacionado à amostragem teórica⁽¹⁾. O alcance da saturação caracteriza-se não pelo número de participantes do estudo, mas como indicativo de que os incidentes emergentes da coleta dos dados acresceram (ou não) ao desenvolvimento das categorias, sinalizando o momento da pesquisa em que todas as categorias estavam consistentes na sua completude em relação ao fenômeno estudado. Observou-se, ainda, que o número de participantes dos estudos era bem diversificado, assim como o número de grupos amostrais constituídos (geralmente, três), o que convergiu com o proposto pelo método e o fortaleceu. No entanto, ressalta-se que a não composição de grupos amostrais, a não menção do número de participantes em cada grupo e das hipóteses que contribuíram para a seleção, quando envolvia pessoas, representaram uma lacuna metodológica identificada.

A elaboração de uma categoria central, com propriedade de dar sentido, articular e integrar todas as categorias referentes ao fenômeno estudado foi apresentada na maioria das teses. No entanto, essa denominação não foi utilizada, unanimemente, pelos pesquisadores, embora se pautasse no mesmo princípio de elaboração. Em contrapartida, constatou-se que havia trabalhos que se referiam à elaboração de variável central, ao fenômeno central, ao construto central ou ao conceito central. Também identificaram-se estudos que não mencionaram esse conceito no capítulo da metodologia, não apresentaram uma categoria que unificasse e integrasse as demais, assim como não demonstraram um diagrama representativo desse processo.

Na perspectiva da corrente glasseriana, a categoria central emerge no decorrer do processo de categorização, resultado da delimitação da teoria e das categorias. Esta categoria integra todas as demais e mostra-se ampla e abstrata o bastante para incluir e exprimir a todas, constituindo-se em conceitos substantivos que possibilitam a construção da teoria⁽¹⁹⁾. Na proposição straussiana, o estabelecimento do fenômeno ou categoria central da pesquisa é sustentado pelo modelo paradigmático que auxilia no processo de análise^(7,16). No construtivismo, a identificação da categoria central está relacionada aos conceitos que emergem com mais frequência na análise, representando o conceito organizador mais potente analiticamente^(7,23).

Em síntese, pode-se dizer que a proposição de uma categoria central é resultado da capacidade de abstração do pesquisador, ao aliar a sensibilidade teórica ao processo indutivo-dedutivo, para refinar, densificar e reduzir as categorias e revelar a descoberta de uniformidades subjacentes no conjunto original de categorias ou de suas propriedades. Neste sentido, uma variável central é uma categoria substantiva que responde pela maior variação na resolução da principal preocupação dos participantes. O que é produzido explica a ação, ou seja, como as pessoas trabalham para resolver o problema social básico, correspondendo a um padrão de comportamento⁽¹⁹⁾.

Por sua vez, a categoria central explica a maior parte da variação em torno do problema, que é o foco do estudo. Sua principal função é integrar a teoria e torná-la densa e saturada, constituindo um padrão que se demonstre relacionado a outras variáveis⁽¹⁹⁾. Desse modo, a categoria central torna-se a “lente” por onde o pesquisador olha seus dados para gerar a teoria, sendo resultado de sua sensibilidade para encontrar, empiricamente, o conceito que melhor resume e explica a essência do que está acontecendo nos dados⁽¹⁹⁾. Por vezes, nas teses analisadas, a forma como o pesquisador nomina a categorial central e a descreve, estabelecendo a relação e a articulação com as demais categorias, que também são nominadas, gera dificuldade para o leitor compreender como, de fato, ocorre esse processo. Isso pode estar relacionado à necessidade de compreensão e apropriação entre a abstração da categorização e dos conceitos, que deverão ser utilizados na elaboração do texto.

A elaboração de uma teoria fundamentada, que explicite o fenômeno, representando-o graficamente como resultado da abstração e modo de integração e inter-relação da categoria central e dos demais conceitos é esperada. Embora a TFD possibilite essa construção teórica, os autores não a definem como uma condição obrigatória, pois o método, por ser flexível e depender das habilidades e sensibilidade teórica do pesquisador, pode ser concluído sem alcançar tal propósito.

Na análise das teses, constatou-se que nem todos os trabalhos desenvolvidos resultaram em uma teoria substantiva, mas os que o fizeram apresentaram a redação da teoria e o diagrama representativo, o que revela a apropriação do método em sua completude e fortalece o uso da TFD como referencial metodológico passível de gerar conhecimentos.

Para a elaboração do modelo teórico ou da teoria, a redação é um aspecto crucial para a construção desse conhecimento, pois é necessário que a teoria seja explicativa e que indique suas conexões. Neste quesito particular, escrever a teoria expressa a sensibilidade teórica do pesquisador e a apropriação que este faz, teoricamente, do objeto em estudo. É o momento em que a elevação conceitual se faz mais presente, pois mostra como a categorização teórica ou seletiva ocorreu e como a categoria central ancorou esta construção.

No entanto, a nomeação do produto teórico construído nas teses mostra não haver um consenso sobre essa dimensão da TFD. Assim, nos estudos analisados, identificou-se, dentre as denominações mais citadas, a elaboração de modelos teóricos, modelos (paradigmático, interpretativo ou explicativo), de teorias substantivas, teorias, fenômeno, modelo de cuidado, categoria conceitual, ou não mencionaram nada nesse sentido. Na literatura, também são constatadas discussões que tratam das diferenças entre teoria, estrutura teórica e modelos conceituais, uma vez que o que um autor denomina de teoria, outro pode nomear de modelo conceitual⁽²⁴⁾.

Assim sendo, o modelo conceitual refere-se a um grupo de conceitos ou ideias que estão relacionadas, mas em que a relação não é explícita. Os modelos falam de uma perspectiva ou estrutura abstrata que represente a realidade e usam conceitos para simbolizar significados, mas não representam o mundo real. São mais abstratos, com conceitos definidos, menos especificamente do que teorias, e não explicam como ou porque os fenômenos ocorrem⁽²⁴⁾. Teoria é um termo altamente complexo, com significados arbitrários que, a depender a posição do autor, pode propor ideias ou intuições que necessitam ser testadas⁽²⁴⁾. Ainda que haja falta de consenso sobre o que seja uma teoria, há um acordo entre as disciplinas de que teoria se refere a um conjunto de conceitos definidos e inter-relacionados e uma rede de afirmações relacionais ou proposições sistemáticas e lógicas. A diferença entre teoria e modelos está relacionada ao nível de abstração, grau de explicação e nível de desenvolvimento do constructo. Todas as teorias são modelos, porque alegam representar algum aspecto da realidade, entretanto os modelos não são necessariamente uma teoria. Usualmente, eles precedem e coexistem com a teoria⁽²⁴⁾.

Diante da diversidade de nomenclaturas identificadas, percebe-se a dificuldade encontrada pelos pesquisadores brasileiros para compreender o que seria mais adequado na aplicabilidade da TFD, ou na forma apropriada de utilizar a metodologia, explicitando que as incertezas, a imprecisão, as interpretações dúbias e a falta de propriedade contribuem para questionamentos quanto à validade científica do trabalho realizado. Neste sentido, pode-se inferir que a denominação utilizada para definir o produto da aplicabilidade da TFD expressa a utilização parcial certa incompreensão e aprofundamento teórico metodológico, incorrendo em uma construção teórica, com pouca densidade e robustez e com parcial compreensão do fenômeno estudado.

No que tange à validação do produto elaborado nas teses, independente da nominação utilizada, constatou-se que, dentre aqueles que o fizeram, a validação foi realizada pela população-alvo do estudo, por experts no método ou no tema, tendo a participação de mais de uma categoria de validadores em alguns estudos. Como estratégia para validação de construtos teóricos advindos da TFD, as rodas de conversas apresentam-se como alternativas viáveis, por possibilitar a discussão coletiva e cooperativa dos resultados das investigações, privilegiando os pressupostos metodológicos e o rigor científico⁽²⁵⁾.

Limitações do estudo

Como limitações do estudo, destacam-se as possíveis lacunas em relação ao instrumento de coleta de dados elaborado de acordo com os critérios dos pesquisadores, e também as lacunas inerentes às subjetividades interpretativas impressas no decorrer do processo analítico.

Contribuições para a área da enfermagem

O presente estudo contribui com as discussões relativas à qualidade das produções desenvolvidas com a TFD, constituindo-se em um potencial recurso para estimular a reflexão e o aprofundamento teórico na aplicabilidade do método, podendo auxiliar na compreensão e na operacionalização dos conceitos que o integram.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo sobre o uso da TFD nas teses produzidas na área da enfermagem brasileira mostrou-se pertinente no campo de produção do conhecimento, visto que aponta para os aspectos que podem fortalecer a sua aplicabilidade. Mesmo que se possa afirmar que houve coerência entre os pressupostos teóricos do referencial metodológico e as pesquisas conduzidas na enfermagem brasileira, evidenciaram-se lacunas que necessitam ser aprofundadas e fortalecidas, sobretudo, no que se refere à descrição e às justificativas para as decisões tomadas na condução dos estudos. Estes aspectos são importantes para a evolução do método, para a construção de consensos e para garantir o rigor, a qualidade e a confiabilidade dos estudos produzidos com esse referencial metodológico.

Nesse sentido, entende-se que, dentre os aspectos que necessitam ser densificados no uso e na descrição metodológica da TFD, estão a apropriação dos conceitos que orientam o processo de coleta; a análise dos dados e o produto teórico gerado, para que não sejam descritos de modo confuso, contraditório ou não constarem; a seleção/definição dos grupos amostrais (necessidade de explicitar os aspectos indutivos-dedutivos que contribuem para a formulação de hipóteses); o uso dos memorandos e diagramas (que deverão espelhados na teoria construída em suas conexões, dimensões e propriedades) e a apresentação da teoria construída com uma explicação sustentada na categorização teórica ou seletiva e com sua respectiva representação gráfica.

A TFD representa uma importante ferramenta para a condução de pesquisas na enfermagem, pois possibilita compreender o comportamento das pessoas, considerando as experiências como eventos sociais amplos que, para serem apreendidos, precisam examinar as diversas perspectivas de um mesmo fenômeno e o contexto em que ocorre. Essa característica denota a relevância desse referencial e a necessidade de constantemente refletir e analisar sobre o quê estamos pesquisando, como estamos pesquisando e como estamos apresentando o conhecimento produzido, visto que o processo de reflexão não se esgota.

• FOMENTO
  Esta pesquisa recebeu fomento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Programa Nacional de Pós-Doutorado (PNPD/CAPES) - Brasil.

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Editado por

EDITOR CHEFE: Dulce Barbosa

EDITOR ASSOCIADO: Mitzy Reichembach

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  10 Ago 2020
• Data do Fascículo
  2020

Histórico

• Recebido
  25 Mar 2019
• Aceito
  25 Fev 2020