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Estresse ocupacional de enfermeiros do Serviço De Atendimento Móvel de Urgência

RESUMO

Objetivo:

Avaliar o estresse, associando-o aos aspectos sociodemográficos e clínicos de enfermeiros do Serviço de Atendimento Móvel de Urgências.

Método:

Trata-se de estudo observacional, transversal e quantitativo, realizado com 123 enfermeiros, que responderam a um questionário, para conhecer variáveis sociodemográficas e clínicas. Foi utilizada a Job Stress Scale, que avalia o estresse no trabalho.

Resultados:

Os resultados indicaram que a maioria eram mulheres, de 20 a 40 anos, casadas, sem outro vínculo empregatício e com especialização. Possuíam baixo controle, baixa demanda no trabalho e executavam trabalho considerado passivo. As mulheres referiram trabalho passivo e alto desgaste, enquanto os homens dividiram-se igualmente entre o perfil ativo e passivo com baixo desgaste.

Conclusão:

O trabalho passivo é nocivo à saúde e está relacionado à falta de autonomia, de poder de decisão e de suporte social. Pode conduzir à redução da capacidade de produzir soluções para os problemas enfrentados no cotidiano laboral.

Descritores:
Enfermeiros; Enfermagem em Emergência; SAMU; Estresse Ocupacional; Saúde do Trabalhador

ABSTRACT

Objective:

To evaluate stress, and to associate it with sociodemographic and clinical aspects of nurses from the Mobile Emergency Care Service.

Method:

This is an observational, cross-sectional and quantitative study conducted with 123 nurses, who answered a questionnaire to assess sociodemographic and clinical variables, and the Job Stress Scale, which evaluates stress in the workplace.

Results:

The results indicated that most of them were women, 20 to 40 years old, married, without another employment bond and with specialization course. They had low control and low demand at work and performed a passive work. Women reported passive work and high stress levels, while men were equally divided in active and passive work with low stress levels.

Conclusion:

Passive work is harmful to health and it is related to lack of autonomy, decision-making, and social support. It may lead to reduced ability to solve problems faced in daily work routine.

Descriptors:
Nurses; Emergency Nursing; Emergency Medical Services; Occupational Stress; Occupational Health

RESUMEN

Objetivo:

evaluar el estrés y asociar los aspectos sociodemográficos y clínicos de los enfermeros que trabajan en el Atendimiento Móvil de Emergencias.

Método:

Este fue un estudio observacional, transversal y cuantitativo realizado con 123 enfermeros, que respondieron un cuestionario para conocer las variables sociodemográficas y clínicas, y la Job Stress Scale.

Resultados:

Los resultados indicaron que la mayoría eran mujeres, de 20 a 40 años, sin ninguna otra relación laboral ni especialización. Tenían bajo control y baja demanda en el trabajo y realizaron un trabajo considerado pasivo. Las mujeres reportaron trabajo pasivo y desgaste elevado, mientras que los hombres se dividieron entre trabajo activo y pasivo con desgaste bajo.

Conclusión:

el trabajo pasivo es perjudicial para la salud y está relacionado con la falta de autonomía y el poder de decisión. Puede llevar a una capacidad reducida para producir soluciones a los problemas que se enfrentan en el trabajo diario.

Descriptores:
Enfermeros; Enfermería de Urgencia; Servicios Médicos de Urgencia; Estrés Laboral, Salud Laboral

INTRODUÇÃO

O estresse exerce influência direta na vida pessoal e profissional de todos os indivíduos, podendo causar ruptura no equilíbrio interno do organismo (11 Lipp MEN. O Stress está dentro de você. Organização 2ª ed. São Paulo: Contexto; 2000. p. 12). Pode ter origem externa, relacionado com a profissão, as desavenças, as perdas, ou interna, referente ao modo de ser, as crenças, os valores e o modo de agir do indivíduo. Dentre as fontes externas que mais se relacionam com o desenvolvimento do estresse está o trabalho (22 Rodrigues CCFM, Santos VEP. The body speaks: physical and psychological aspects of stress in nursing professionals. Rev Pesqui: Cuid Fundam. 2016;8(1):3587-96. doi: 10.9789/2175-5361.rpcfo.v8.2849
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).

Uma nova vertente de estudos a respeito da saúde do trabalhador tem destacado inexistência de relações de neutralidade entre o trabalho e o processo de saúde/doença, a qual reforça a concepção de que toda atividade produtiva possui potencial para promover saúde ou produzir doença, dependendo de como se configuram os elementos da organização, do processo de trabalho e o modo como se articulam com características subjetivas do trabalhador (33 Dejours C. Psicodinâmica do Trabalho: contribuições da escola Dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas; 2010. p 145.).

O estresse ocupacional passou a ser uma das principais causas de adoecimento. Constitui-se como um importante fator de risco ao bem-estar psicossocial do indivíduo, que afeta diretamente a saúde e a qualidade de vida, tendo como consequências baixo desempenho, alta rotatividade, absenteísmo e violência no local de trabalho (44 Petarli GB, Zandonade E, Salaroli LB, Bissoli NS. Estresse ocupacional e fatores associados em trabalhadores bancários, Vitória - ES, Brasil. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2015 [cited 2016 Nov 15];20(12):3925-34. Available from: http://www.scielo.br/pdf/csc/v20n12/1413-8123csc-20-12-3925.pdf
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). Assim, diversas propostas teóricas e metodológicas vêm sendo elaboradas na perspectiva de apresentar modelos para estudo desse fator. Dentre as propostas correntes, o Modelo Demanda-Controle, Job Strain Model, elaborado por Karasek (55 Karasek RA. Job demands, job decision latitude, and mental strain: implications for job redesign. Adm Sci Q. 1979;24:285-308), vem se tornando um modelo de referência.

Robert Karasek foi um dos pesquisadores pioneiros a procurar nas relações sociais do ambiente de trabalho fontes geradoras de estresse e suas repercussões sobre a saúde (66 Alves MGM, Chor D, Faerstein E, Lopes CS, Werneck GL. Versão resumida da "job stress scale": adaptação para o português. Rev Saúde Pública [Internet]. 2004 [cited 2017 Apr 4];38(2):164-71: Available from: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v38n2/19774.pdf
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). Nos anos 1970, propôs um modelo teórico bidimensional que relacionava dois aspectos - demandas e controle no trabalho - ao risco de adoecimento. As demandas são pressões de natureza psicológica, sejam elas quantitativas, tais como tempo e velocidade na realização das tarefas, ou qualitativas, como os conflitos entre situações contraditórias (66 Alves MGM, Chor D, Faerstein E, Lopes CS, Werneck GL. Versão resumida da "job stress scale": adaptação para o português. Rev Saúde Pública [Internet]. 2004 [cited 2017 Apr 4];38(2):164-71: Available from: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v38n2/19774.pdf
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). O controle é a possibilidade do trabalhador utilizar suas habilidades intelectuais para a realização das atividades, bem como possuir autoridade suficiente para tomar decisões sobre a forma de realizá-las (77 Theorell T. The demand-control-support model for studying health in relation to the work environment: an interactive model. In: Orth-Gómer K, Schneiderman N, editors. Behavioral medicine approaches to cardiovascular disease. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates; 1996. p. 69-85.-88 Theorell T, Karasek RA. Current issues relating to psychosocial job strain and cardiovascular diseasse research. J Occup Health Psychol [Internet]. 1996[cited 2017 Apr 4];1:9-26. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9547038
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). A partir da combinação dessas duas dimensões, o modelo distingue situações de trabalho específicas que estruturam riscos diferenciados à saúde (99 Araújo TMD, Graça CC, Araújo E. Estresse ocupacional e saúde: contribuições do Modelo Demanda-Controle. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2003 [cited 2017 Apr 4];8(4):991-1003. Available from: http://www.scielo.br/pdf/csc/v8n4/a21v8n4.pdf
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).

Os aspectos deletérios que se encontram no ambiente laboral são numerosos e de natureza diversa, os quais interagem entre si e repercutem sobre o clima psicossocial da instituição (1010 Urbaneto JS, Silva PC, Hoffmeister E, Negri BS, Costa BEP, Figueiredo CEP. Workplace stress in nursing workers from an emergency hospital: Job Stress Scale analysis. Rev Latino-Am Enfermagem. [Internet]. 2011 [cited 2017 Apr 4];19(5):1122-31. Available from: http://www.scielo. br/pdf/rlae/v19n5/pt_09.pdf
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).

O atendimento pré-hospitalar (APH) é entendido como qualquer cuidado realizado fora do ambiente hospitalar, fora dos muros das redes de saúde, ainda no local onde ocorreu o evento, para pessoas em situação de risco (1111 Sé ACS, Silva, Figueiredo NMA. Ambientes do cuidar e a Síndrome de Burnout: um estudo com enfermeiros do pré-hospitalar. Rev Baiana Enferm [Internet]. 2017 [cited 2019 Apr 2];31(3). Available from: https://portalseer.ufba.br/index.php/enfermagem/article/view/17931
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). No atendimento pré-hospitalar (APH), o processo e a organização do trabalho da enfermagem são marcados por relações com potencial para prejuízos à saúde do trabalhador (1212 Dal Pai D, Lautert L. Work under urgency and emergency and its relation with the health of nursing professionals. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2008 [cited 2017 Apr 4];16(3):439-44. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v16n3/pt_17.pdf
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). Essa modalidade de trabalho tem como objeto o cuidado de pessoas gravemente doentes, que precisam de atenção imediata e correm risco de vida (1313 França SPS, De Martino MMF, Aniceto EVS, Silva LL. Preditores da Síndrome de Burnout em enfermeiros de serviços de urgência pré-hospitalar. Acta Paul Enferm [Internet]. 2012 [cited 2017 Apr 4];25(1):68-73. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n1/v25n1a12.pdf
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). Dor, sofrimento, impotência, angústia, medo, desesperança, sensação de desamparo e perda permeiam as emergências e constituem demandas psicológicas com possível efeito deletério à saúde e à qualidade de vida do trabalhador (1010 Urbaneto JS, Silva PC, Hoffmeister E, Negri BS, Costa BEP, Figueiredo CEP. Workplace stress in nursing workers from an emergency hospital: Job Stress Scale analysis. Rev Latino-Am Enfermagem. [Internet]. 2011 [cited 2017 Apr 4];19(5):1122-31. Available from: http://www.scielo. br/pdf/rlae/v19n5/pt_09.pdf
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,1212 Dal Pai D, Lautert L. Work under urgency and emergency and its relation with the health of nursing professionals. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2008 [cited 2017 Apr 4];16(3):439-44. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v16n3/pt_17.pdf
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).

Estudos apontam e discutem sobre o estresse em profissionais atuantes em serviços de emergência hospitalar, mas os níveis de estresse em APH não estão bem esclarecidos (1313 França SPS, De Martino MMF, Aniceto EVS, Silva LL. Preditores da Síndrome de Burnout em enfermeiros de serviços de urgência pré-hospitalar. Acta Paul Enferm [Internet]. 2012 [cited 2017 Apr 4];25(1):68-73. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n1/v25n1a12.pdf
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). Os enfermeiros que trabalham em APH realizam atendimentos em espaços públicos ou domiciliares. Desses profissionais são exigidos o preparo e a velocidade para lidar com condições externas adversas, como exposição às infecções, ao material biológico contaminado, aos produtos químicos, ao estresse, à iluminação inadequada, aos locais de difícil acesso, à violência, entre outros (1414 Silva AM, Guimarães LAM. Stress and Quality of Life in Nurses. Paidéia 2016; 26(63): 63-70. doi: 10.5205/1981-8963-v12i12a236158p3378-3385-2018
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). Essas características laborais tornam mais insalubre o trabalho prestado em unidades de APH (1313 França SPS, De Martino MMF, Aniceto EVS, Silva LL. Preditores da Síndrome de Burnout em enfermeiros de serviços de urgência pré-hospitalar. Acta Paul Enferm [Internet]. 2012 [cited 2017 Apr 4];25(1):68-73. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n1/v25n1a12.pdf
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).

O atendimento pré-hospitalar foi instituído no Brasil através da Portaria nº 1864/2003, que implementa o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) no país (1515 Tavares TY, Santana JCB, Eloy MD, Oliveira RD, Paula RF. O cotidiano dos enfermeiros que atuam no serviço de atendimento móvel de urgência. Rev Enferm Centro O Min [Internet]. 2017 [cited 2018 Jul 4];7(0). Available from: http://www.seer.ufsj.edu.br/index.php/recom/ article/view/1466
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). O Enfermeiro, quando junto com a equipe assistencial, assume a responsabilidade dos cuidados prestados à vítima através da previsão das necessidades, definição de prioridades e iniciação de intervenções necessárias, com o intuito de estabilizar o paciente durante o transporte para o tratamento definitivo (1616 Antonio MCR, Candi MCFS, Contrera L, Duarte SJH, Furegato ARF, Pontes ERJC. Alterações de saúde e sintomas sugestivos de depressão entre trabalhadores da enfermagem do serviço de atendimento móvel de urgência. Enferm Foco [Internet]. 2014 [cited 2018 Jul 4];5(1/2):4-7. Available from: http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/595
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). Dentre esses cuidados, destacam-se a incorporação de atividades cada vez mais técnicas e especializadas, a tomada de decisões sobre forte pressão e a resolução de problemas (1717 Adriano MSPF, Almeida MR, Ramalho PPL, Costa IP, Nascimento ARS, Moraes JCO. Estresse Ocupacional em Profissionais da Saúde quem atuam no Serviço de Atendimento móvel de Urgência de Cajazeiras - PB. Rev Bras Ciênc Saúde [Internet].2016 [cited 2019 Apr 4];21(1):29-34. Available from: http://www.periodicos.ufpb.br/index.php/rbcs/article/view/16924
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).

OBJETIVO

Avaliar o estresse no trabalho, associando-o aos aspectos sociodemográficos e clínicos de enfermeiros do Serviço de Atendimento Móvel de Urgências do Distrito Federal (SAMU-DF).

MÉTODOS

Aspectos Éticos

O protocolo do presente estudo foi aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília e pela Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. De acordo com as diretrizes previstas na Resolução n. 466, de 2012, do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde, os aspectos éticos foram garantidos em sua totalidade. O termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) foi aplicado em duas vias, sendo uma delas entregue ao participante da pesquisa.

Desenho, local e período de estudo

Trata-se de estudo observacional, transversal e quantitativo. A coleta de dados foi realizada nas unidades do SAMU-DF, pelo pesquisador e em local reservado. Os enfermeiros agendaram previamente o encontro, de acordo com a escala de serviço e a disponibilidade em participar, de forma a não interferir no processo de trabalho. A coleta de dados foi realizada no ano de 2016.

População, critério de inclusão e exclusão

Foram incluídos no estudo enfermeiros membros efetivos do SAMU-DF, com matrícula na Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) e registro no Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal como profissional de enfermagem de nível superior. Foram excluídos os enfermeiros que não atenderam aos requisitos de inclusão. Assim, a população convidada a participar do estudo contou com 160 profissionais, sendo que 9 estavam de licença maternidade ou saúde, 2 não trabalhavam mais na instituição, 5 se recusaram a participar e 16 não foram encontrados, com um total de 128 respondentes. Devido a irregularidades no preenchimento (missing values), 5 questionários foram invalidados. Dessa forma, 123 enfermeiros formaram a amostra pesquisada.

Protocolo do Estudo

Para conhecer os aspectos sociodemográficos e clínicos, foi criado um instrumento específico com dados referentes a sexo, idade, naturalidade, procedência, estado civil, número de filhos, tempo de trabalho no SAMU-DF, Núcleo APH no qual atuava, outro vínculo empregatício (ou duas matrículas na SES-DF), tempo de conclusão da graduação, conclusão de pós-graduação, presença de doença crônica e uso contínuo de medicamentos.

Para avaliar o estresse no trabalho, foi utilizada a versão resumida da Job Stress Scale (JSS), adaptada e validada para o português do Brasil6, que tem sido utilizada em outros estudos com enfermeiros (1818 Ribeiro RP, Marziale MHP, Martins JT, Galdino MJQ, Ribeiro PHV. Estresse ocupacional entre trabalhadores de saúde de um hospital universitário. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2018 [cited 2019 Apr 4];39:e65127. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v39/en_1983-1447-rgenf-39-e65127.pdf
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19 Petersen R de S, Marziale MHP. Análise da capacidade no trabalho e estresse entre profissionais de enfermagem com distúrbios osteomusculares. Rev Gaúcha Enferm. 2018;38(3):e67184. doi: 10.1590/1983-1447.2017.03.67184
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20 Teixeira CAB, Gherardi-Donato ECS, Pereira SS, Cardoso L, Reisdorfer E. Estresse Ocupacional e estratégias de enfrentamento entre os profissionais de enfermagem em ambiente hospitalar. Enferm Glob. 2016;15(44):288-98. doi: 10.5327/Z1679443520180279
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-2121 Azevedo BDS, Nery AA, Cardoso JP. Estresse Ocupacional e insatisfação com a qualidade de vida no trabalho da enfermagem. Texto Contexto Enferm. 2017;26(1):e3940015. doi: 10.1590/0104-07072017003940015
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).

A escala, desenvolvida por Karasek, define 4 categorias: alta exigência (alto desgaste), trabalho ativo, baixa exigência (baixo desgaste) e trabalho passivo (99 Araújo TMD, Graça CC, Araújo E. Estresse ocupacional e saúde: contribuições do Modelo Demanda-Controle. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2003 [cited 2017 Apr 4];8(4):991-1003. Available from: http://www.scielo.br/pdf/csc/v8n4/a21v8n4.pdf
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). O trabalho com alta exigência (alta demanda e baixo controle do trabalhador sobre o trabalho) é considerado o de maior desgaste (1818 Ribeiro RP, Marziale MHP, Martins JT, Galdino MJQ, Ribeiro PHV. Estresse ocupacional entre trabalhadores de saúde de um hospital universitário. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2018 [cited 2019 Apr 4];39:e65127. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v39/en_1983-1447-rgenf-39-e65127.pdf
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). Os trabalhadores expostos a esse tipo de trabalho, de forma contínua, podem apresentar fadiga, ansiedade, depressão e doenças físicas (99 Araújo TMD, Graça CC, Araújo E. Estresse ocupacional e saúde: contribuições do Modelo Demanda-Controle. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2003 [cited 2017 Apr 4];8(4):991-1003. Available from: http://www.scielo.br/pdf/csc/v8n4/a21v8n4.pdf
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). O trabalho ativo (alta demanda e alto controle do trabalhador) apresenta risco intermediário para estresse, pois, embora existam altas demandas, ocorre aprendizagem positiva e uso das habilidades intelectuais do indivíduo, o que desenvolve a motivação (66 Alves MGM, Chor D, Faerstein E, Lopes CS, Werneck GL. Versão resumida da "job stress scale": adaptação para o português. Rev Saúde Pública [Internet]. 2004 [cited 2017 Apr 4];38(2):164-71: Available from: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v38n2/19774.pdf
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). O baixo desgaste (baixa demanda e alto controle) é o menos nocivo ao trabalhador, considerado ideal, pois permite ao profissional o controle sobre as tarefas e o uso das habilidades (66 Alves MGM, Chor D, Faerstein E, Lopes CS, Werneck GL. Versão resumida da "job stress scale": adaptação para o português. Rev Saúde Pública [Internet]. 2004 [cited 2017 Apr 4];38(2):164-71: Available from: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v38n2/19774.pdf
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). Já o trabalho passivo (baixa demanda e baixo controle) pode conduzir ao declínio na atividade global do indivíduo e à redução da capacidade de produzir soluções para as atividades e problemas enfrentados, uma vez que o ambiente de trabalho é tido como pouco motivador (55 Karasek RA. Job demands, job decision latitude, and mental strain: implications for job redesign. Adm Sci Q. 1979;24:285-308,77 Theorell T. The demand-control-support model for studying health in relation to the work environment: an interactive model. In: Orth-Gómer K, Schneiderman N, editors. Behavioral medicine approaches to cardiovascular disease. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates; 1996. p. 69-85.).

Uma terceira dimensão, apoio social no ambiente de trabalho, foi acrescentada ao modelo por Johnson, em 1988. Refere-se ao nível de interação social com a chefia e os colegas. A escassez de uma rede de apoio nesse contexto também pode gerar consequências negativas à saúde (66 Alves MGM, Chor D, Faerstein E, Lopes CS, Werneck GL. Versão resumida da "job stress scale": adaptação para o português. Rev Saúde Pública [Internet]. 2004 [cited 2017 Apr 4];38(2):164-71: Available from: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v38n2/19774.pdf
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).

A JSS conta com 17 questões, organizadas 3 dimensões, sendo elas: Demandas psicológicas do trabalho (questões 1 a 5), Controle sobre o trabalho (questões 6 a 11) e Suporte e apoio social (questões 12 a 17) (66 Alves MGM, Chor D, Faerstein E, Lopes CS, Werneck GL. Versão resumida da "job stress scale": adaptação para o português. Rev Saúde Pública [Internet]. 2004 [cited 2017 Apr 4];38(2):164-71: Available from: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v38n2/19774.pdf
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). O escore de cada dimensão é obtido por meio da soma dos pontos atribuídos a cada uma das questões (66 Alves MGM, Chor D, Faerstein E, Lopes CS, Werneck GL. Versão resumida da "job stress scale": adaptação para o português. Rev Saúde Pública [Internet]. 2004 [cited 2017 Apr 4];38(2):164-71: Available from: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v38n2/19774.pdf
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).

Análise dos Resultados e Estatística

Os dados foram coletados por equipe previamente treinada. Foi organizado um banco de dados no Microsoft Excel, os quais foram analisados utilizando-se o programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 24.0. As análises estatísticas realizadas incluíram análises descritivas de frequência, tendência central e dispersão, além de análises inferenciais.

Para cálculo dos escores da JSS, cada uma das dimensões foi dicotomizada em baixa e alta. Para essa dicotomização, foi realizada análise de normalidade. Frente à distribuição não normal dos dados, utilizou-se o valor da mediana para definir as categorias de cada dimensão. A mediana é a medida de tendência central indicada quando os dados encontrados não apresentam uma distribuição normal. Na dimensão Demandas psicológicas do trabalho, foi definido em baixa demanda (≤ 8), alta demanda (≥9). Para Controle sobre o trabalho, definiu-se em baixo controle (≤10) e alto controle (≥11). A partir das dimensões demanda (alta e baixa) e controle (alto e baixo), definiram-se os quadrantes do modelo demanda-controle em alto desgaste no trabalho (alta demanda psicológica e baixo controle), trabalho ativo (alta demanda psicológica e alto controle), trabalho passivo (baixa demanda psicológica e baixo controle) e baixo desgaste (baixa demanda psicológica e alto controle) (55 Karasek RA. Job demands, job decision latitude, and mental strain: implications for job redesign. Adm Sci Q. 1979;24:285-308-66 Alves MGM, Chor D, Faerstein E, Lopes CS, Werneck GL. Versão resumida da "job stress scale": adaptação para o português. Rev Saúde Pública [Internet]. 2004 [cited 2017 Apr 4];38(2):164-71: Available from: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v38n2/19774.pdf
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). Os escores da dimensão Suporte e apoio social foram definidos pela mediana e dicotomizados em baixo apoio (M≤12) ou alto apoio (M≥13).

Para a comparação de proporções entre as categorias de uma mesma variável, foi utilizado o teste Qui-quadrado. Considerou-se uma probabilidade de erro do tipo I (α) de 0,05 em todas as análises inferenciais.

RESULTADOS

A caracterização da amostra estudada demonstrou que a equipe de enfermeiros do SAMU-DF era composta por 91 (74%) mulheres e 32 (26%) homens, sendo 80 (65,2%) com idade entre 20 e 40 anos, 78 (63,4%) casados (63,4%). Além disso, 104 (84,6%) estavam com mais de 4 anos de trabalho no serviço, 81 (65,9%) sem qualquer outro vínculo empregatício, 54 (43,9%) trabalhavam no serviço móvel, 47 (38,2%) nas emergências fixas, como Centro de Trauma e Neurocardiovascular, localizado no Hospital de Base do Distrito Federal, e Centro de Emergência do Guará, no Hospital Regional do Guará, e 22 (17,9) na regulação, na gestão ou no ensino.

No que diz respeito à formação acadêmica, 109 (88,6%) concluíram a graduação há mais de 5 anos, 86 (70%) possuíam especialização, 7 (5,7%) residência, 7 (5,7%) mestrado e apenas 1 (0,8%) doutorado. Referente à saúde, observou-se que 19 (15,4%) enfermeiros tinham alguma doença crônica e 37 (30,1%) utilizavam algum tipo de medicamento de uso contínuo.

Em relação às dimensões avaliadas pela JSS, 73 (59,3%) enfermeiros relataram ter baixa Demanda psicológica no trabalho e 72 (58,5%) referiram baixo Controle sobre o trabalho. Em relação aos Quadrantes demanda-controle, observou-se que 46 (37,4%) profissionais apresentaram perfil passivo (trabalho passivo) e 78 (63,4%) descreveram baixa percepção de suporte e apoio social (Tabela 1).

Tabela 1
Dimensões da Job Stress Scale de enfermeiros do SAMU DF, Brasília, Distrito Federal, Brasil, 2017 (N=123)

Nas associações dos dados sociodemográficos e clínicos com as dimensões da JSS, observou-se maior número de trabalho passivo (Tabela 2). A análise inferencial permitiu afirmar que dentre as variáveis demográficas somente o sexo está relacionado à distribuição dos Quadrantes demanda-controle (X2 (3) = 10,695; p ≤ 0.01; N = 123).

Tabela 2
Distribuição das variáveis demográficas, segundo os quadrantes demanda-controle da Job Stress Scale, Brasília, Distrito Federal, Brasil, 2017

DISCUSSÃO

O perfil sociodemográfico e clínico dos enfermeiros do SAMU-DF demonstrou maioria de mulheres, com menos de 40 anos, com titulação de especialista. Outra pesquisa também encontrou esse perfil para a equipe de enfermagem do Brasil (2222 Machado MH, Aguiar Filho W, Lacerda WF, Oliveira E, Lemos W, Wermelinger M, et al. Características Gerais da Enfermagem: O Perfil sociodemográfico. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2016 [cited 2016 Feb 20]. Available from: http://www.cofen.gov.br/perfilenfermagem
http://www.cofen.gov.br/perfilenfermagem...
). Estudo realizado pela UDESC encontrou a faixa etária de predomínio entre os profissionais de 31 a 40 anos e de estado civil casado, sendo que, quanto ao tempo de atuação no setor de urgência e emergência, ficou entre 1 e 10 anos (2323 Kolhs M, Olschowsky A, Barreta NL, Schimerfening J, Vargas RP, Busnello GF. A enfermagem na urgência e emergência: entre o prazer e o sofrimento. Rev Pesqui: Cuid Fundam [Internet]. 2017 [cited 2017 Sep 14];9(2):422-31. Available from: http://www.seer.unirio.br/index.php/ cuidadofundamental/article/view/5427
http://www.seer.unirio.br/index.php/...
).

Na avaliação da JSS, em relação ao controle, 72 (58,5%) enfermeiros referiram baixo Controle sobre o trabalho. O baixo controle sobre o trabalho é preocupante por caracterizar processo de trabalho repetitivo, com baixa autonomia e poucas oportunidades de novos aprendizados (1010 Urbaneto JS, Silva PC, Hoffmeister E, Negri BS, Costa BEP, Figueiredo CEP. Workplace stress in nursing workers from an emergency hospital: Job Stress Scale analysis. Rev Latino-Am Enfermagem. [Internet]. 2011 [cited 2017 Apr 4];19(5):1122-31. Available from: http://www.scielo. br/pdf/rlae/v19n5/pt_09.pdf
http://www.scielo. br/pdf/rlae/v19n5/pt_...
). Esse aspecto pode gerar desmotivação e baixa autoestima do trabalhador, o que é nocivo à saúde do profissional (1010 Urbaneto JS, Silva PC, Hoffmeister E, Negri BS, Costa BEP, Figueiredo CEP. Workplace stress in nursing workers from an emergency hospital: Job Stress Scale analysis. Rev Latino-Am Enfermagem. [Internet]. 2011 [cited 2017 Apr 4];19(5):1122-31. Available from: http://www.scielo. br/pdf/rlae/v19n5/pt_09.pdf
http://www.scielo. br/pdf/rlae/v19n5/pt_...
). O controle sobre como fazer o seu trabalho é tido como um desafio e estimula o trabalhador em suas atividades laborais (2424 Costa MFAA, Ferreira MC. Sources and Reactions to Stress in Brazilian Lawyers. Paidéia. 2014;24(57):49-56. doi: 10.1590/1982-43272457201407
https://doi.org/10.1590/1982-43272457201...
).

Identificou-se nos enfermeiros do SAMU DF Demanda psicológica baixa, com 73 (59,3%) dos profissionais. Pesquisa realizada com a equipe de enfermagem de um pronto-socorro público estadual em Rondônia determinou que a maioria dos trabalhadores se percebia com baixa demanda psicológica (66,1%) (2525 Kogien M, Cedaro JJ. Public emergency department: the psychosocial impact on the physical domain of quality of life of nursing professionals. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2014 2017 [cited 2017 Sep 14];22(1):51-8. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ rlae/v22n1/pt_0104-1169-rlae-22-01-00051.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ rlae/v22n1/pt_...
).

Na avaliação dos Quadrantes demanda-controle, o grupo estudado apresentou maior frequência de trabalho passivo, com 46 (37,4%) enfermeiros. Outra pesquisa também apontou com maior constância o trabalho passivo entre enfermeiros (38,10%) (2525 Kogien M, Cedaro JJ. Public emergency department: the psychosocial impact on the physical domain of quality of life of nursing professionals. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2014 2017 [cited 2017 Sep 14];22(1):51-8. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ rlae/v22n1/pt_0104-1169-rlae-22-01-00051.pdf
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). Essa modalidade de trabalho também foi a mais frequente em estudo realizado com 388 profissionais de enfermagem de um pronto socorro da Região Sul do Brasil (35,6%) (99 Araújo TMD, Graça CC, Araújo E. Estresse ocupacional e saúde: contribuições do Modelo Demanda-Controle. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2003 [cited 2017 Apr 4];8(4):991-1003. Available from: http://www.scielo.br/pdf/csc/v8n4/a21v8n4.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v8n4/a21v8n...
). Investigação realizada com 491 trabalhadores de enfermagem, em um hospital escola do Rio Grande do Sul (1010 Urbaneto JS, Silva PC, Hoffmeister E, Negri BS, Costa BEP, Figueiredo CEP. Workplace stress in nursing workers from an emergency hospital: Job Stress Scale analysis. Rev Latino-Am Enfermagem. [Internet]. 2011 [cited 2017 Apr 4];19(5):1122-31. Available from: http://www.scielo. br/pdf/rlae/v19n5/pt_09.pdf
http://www.scielo. br/pdf/rlae/v19n5/pt_...
), demonstrou que 30% dos profissionais foram classificados no grupo de trabalho passivo.

O trabalho passivo (baixa demanda e baixo controle) leva à redução gradual na capacidade de resolução de problemas gerais presentes no ambiente laboral (2525 Kogien M, Cedaro JJ. Public emergency department: the psychosocial impact on the physical domain of quality of life of nursing professionals. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2014 2017 [cited 2017 Sep 14];22(1):51-8. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ rlae/v22n1/pt_0104-1169-rlae-22-01-00051.pdf
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). Os profissionais vivenciam o tédio e a insatisfação relacionados à repetição de tarefas e à diminuição da capacidade para enfrentar desafios intelectuais (2626 Araújo TM, Aquino E, Menezes G, Santos CO, Aguiar L. Aspectos psicossociais do trabalho e distúrbios psíquicos entre trabalhadores de enfermagem. Rev Saúde Pública [Internet]. 2017 [cited 2017 Sep 14];37(4):424-33. Available from: http://www.scielo.br/pdf/csc/v8n4/ a21v8n4.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v8n4/ a21v8...
). Fazem-se necessários a observação e o acompanhamento, pois o labor passivo pode gerar perda de habilidades e de interesse no trabalho (66 Alves MGM, Chor D, Faerstein E, Lopes CS, Werneck GL. Versão resumida da "job stress scale": adaptação para o português. Rev Saúde Pública [Internet]. 2004 [cited 2017 Apr 4];38(2):164-71: Available from: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v38n2/19774.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rsp/v38n2/19774...
).

De acordo com Karesk, pesquisas relacionadas sugerem que funcionários com baixo poder de decisão e baixas demandas psicológicas enfrentam diferentes problemas relacionados à passividade e à apatia. Empregos passivos, com baixa exigência, bem como baixa capacidade de decisão, são insatisfatórios (55 Karasek RA. Job demands, job decision latitude, and mental strain: implications for job redesign. Adm Sci Q. 1979;24:285-308). O perfil passivo não se configura como uma situação ideal, já que o ambiente laboral é tido como pouco motivador, levando a uma aprendizagem negativa (2727 Karasek R, Brisson C, Kawakami N, Houtman I, Bongers P, Amick B. The Job Content Questionnaire (JCQ): an instrument for internationally comparative assessments of psychosocial job characteristics. J Occup Health Psychol 1998;3(4):322-355.). O modelo estudado prediz que o trabalho passivo pode conduzir ao declínio na atividade global do indivíduo e à redução da capacidade de produzir soluções para as atividades e os problemas enfrentados (99 Araújo TMD, Graça CC, Araújo E. Estresse ocupacional e saúde: contribuições do Modelo Demanda-Controle. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2003 [cited 2017 Apr 4];8(4):991-1003. Available from: http://www.scielo.br/pdf/csc/v8n4/a21v8n4.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v8n4/a21v8n...
).

As faltas de autonomia, de poder de decisão, de inovações e de desenvolvimento intelectual prejudicam a saúde e impedem o desenvolvimento da capacidade criativa e resolutiva no trabalho. A autonomia, o poder de decidir e a possibilidade de criar são importantes ferramentas para combater o estresse. Dessa forma, seria interessante que o SAMU-DF adotasse um modelo de gestão que estimulasse a participação dos profissionais nos processos, espaços de deliberação compartilhada, assim como oportunizasse a criação e o desenvolvimento de novas ferramentas e intervenções para a atuação em saúde. Essas medidas auxiliariam no combate ao estresse laboral na instituição.

A avaliação do Suporte social demonstrou que a maioria dos enfermeiros do SAMU-DF, 78 (63,4%), considera essa dimensão baixa, ou seja, não recebe apoio dos chefes e dos colegas. Outra pesquisa constatou que o baixo apoio social foi percebido por 51,9% dos trabalhadores (2121 Azevedo BDS, Nery AA, Cardoso JP. Estresse Ocupacional e insatisfação com a qualidade de vida no trabalho da enfermagem. Texto Contexto Enferm. 2017;26(1):e3940015. doi: 10.1590/0104-07072017003940015
https://doi.org/10.1590/0104-07072017003...
). Pesquisa realizada com profissionais de enfermagem de um hospital geral em Jequié revelou que 47,2% dos enfermeiros consideram baixo o suporte social recebido (2121 Azevedo BDS, Nery AA, Cardoso JP. Estresse Ocupacional e insatisfação com a qualidade de vida no trabalho da enfermagem. Texto Contexto Enferm. 2017;26(1):e3940015. doi: 10.1590/0104-07072017003940015
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).

Pesquisa realizada com 185 profissionais de enfermagem de Hospitais Públicos do Paraná constatou que as menores percepções de apoio social recebido dos chefes e colegas no trabalho associaram-se ao trabalho estressante (2828 Scholze AR, Martins JT, Robazzi MLCC, Haddad MCFL, Galdino MJQ, Ribeiro RP. Estresse ocupacional e fatores associados entre enfermeiros de hospitais públicos. Cogitare Enfermagem [Internet]. 2017 [cited 2017 Apr 4];22(3). Available from: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/ view/50238
https://revistas.ufpr.br/cogitare/articl...
).

Alguns estudos mostraram que a falta de trabalho de apoio torna os trabalhadores mais propensos a doenças cardiovasculares, estresse, exaustão física e emocional (2525 Kogien M, Cedaro JJ. Public emergency department: the psychosocial impact on the physical domain of quality of life of nursing professionals. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2014 2017 [cited 2017 Sep 14];22(1):51-8. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ rlae/v22n1/pt_0104-1169-rlae-22-01-00051.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ rlae/v22n1/pt_...
). Os mecanismos pelos quais o suporte social no ambiente laboral afeta a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida são diversos. Pode agir como mecanismo atenuante dos efeitos deletérios dos estressores psicossociais do trabalho o potencializador do desenvolvimento de novas habilidades ou comportamentos, bem como o estimulador da aquisição/aperfeiçoamento de estratégias de coping (2525 Kogien M, Cedaro JJ. Public emergency department: the psychosocial impact on the physical domain of quality of life of nursing professionals. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2014 2017 [cited 2017 Sep 14];22(1):51-8. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ rlae/v22n1/pt_0104-1169-rlae-22-01-00051.pdf
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). O serviço deveria trabalhar para melhorar a interação entre os membros da equipe profissional, no intuito de envolver os profissionais no trabalho executado e promover enfrentamento ao estresse.

Quando foram relacionados os dados sociodemográficos e clínicos com as dimensões da JSS, constatou-se que somente o sexo determinou a distribuição dos quadrantes. Os demais dados sociodemográficos e clínicos não obtiveram associação estatisticamente significativa. Mais mulheres apresentaram trabalho passivo e alto desgaste, enquanto que o número de homens que demonstraram trabalho ativo foi igual ao de trabalho passivo e houve mais masculinos com baixo desgaste. Esse quadro poderia estar relacionado à dupla jornada de trabalho, que envolve as mulheres. Além das atividades desempenhadas no SAMU-DF, elas cuidam da família, dos filhos e das atividades domésticas. Segundo Karesk, a relação entre trabalho e estado mental para as mulheres é frequentemente complicada pela demanda adicional de tarefas domésticas (2929 Karasek, Robert A. The Impact of the Work Environment on Life Outside the Job [Thesis]. Massachusetts Institute of Technology. Institute for Social Research, Stockholm University. 1976.).

Limitações do Estudo

O desenho do estudo, observacional e transversal, não permitiu o acompanhamento da evolução temporal do estresse ocupacional dos enfermeiros do SAMU. Além disso, impossibilitou conhecer sua relação com aspectos sociodemográficos e clínicos ao longo do tempo. A fotografia proposta, no entanto, permite conhecer as principais causas relacionadas a esse grave problema de saúde do trabalhador.

Contribuições para a Área

A pesquisa aborda tema relevante para enfermeiros, em especial trabalhadores de serviços médicos de urgência. O artigo aborda o estresse no trabalho, tema pouco explorado pela literatura da área. Revela que o perfil profissional é em sua maioria passivo, existindo baixo suporte social para a execução das atividades, o que implica em estresse intenso para o profissional. Os resultados desta pesquisa podem subsidiar a elaboração de políticas e de estratégicas para enfrentamento desse problema que interfere na saúde do trabalhador e provoca o adoecimento, com consequente baixa produtividade, absenteísmo, licenças médicas e até mesmo aposentadoria precoce.

CONCLUSÃO

Este estudo demonstrou os fatores geradores de estresse no trabalho e sua importância para os enfermeiros do SAMU-DF. A baixa demanda psicológica e o baixo controle sobre o trabalho presente no serviço, na opinião dos enfermeiros, podem ser nocivos à saúde e gerar estresse. Além disso, o trabalho passivo desestimula o profissional, gerando perda de habilidades, insatisfação e desinteresse laboral. Constatou-se, ainda, baixo suporte social. Os baixos níveis de interação social com os chefes e com os colegas no trabalho podem gerar consequências negativas à saúde.

Apesar das limitações impostas pelo desenho do estudo observacional e transversal, os resultados mostraram-se coerentes com a literatura, revelando a importância das condições laborais sobre a saúde dos trabalhadores enfermeiros.

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EDITOR CHEFE: Antonio José de Almeida Filho
EDITOR ASSOCIADO: Rafael Silva

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Jun 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    19 Fev 2019
  • Aceito
    17 Ago 2019
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