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Qualidade de vida e autoimagem de pacientes com distúrbios urinários

RESUMO

Objetivo:

avaliar a qualidade de vida e autoimagem de homens com dificuldade para urinar e de usuários de cateter urinário de demora, integrando às variáveis sociodemográficas, econômicas e de morbidade.

Método:

estudo transversal analítico com 64 pacientes do sexo masculino com problemas urinários. Foram utilizados três questionários para coleta de dados: um contendo dados sociodemográficos, econômicos e mórbidos, o Medical Outcome Study 36-item short-form health survey para análise da qualidade de vida e o Body Dysmorphic Examination, que avalia a autoimagem. Utilizaram-se os Testes t, Mann-Whitney, Pearson, Spearman, Regressão Linear e Stepwise.

Resultados:

a qualidade de vida e a autoimagem mostraram-se comprometidas nos dois grupos, afetando os aspectos emocionais, com alto grau de insatisfação corporal e adversidade física e social alterada.

Conclusão:

foram observadas alterações na qualidade de vida e autoimagem dos pacientes constatando a necessidade de melhoria na assistência.

Descritores:
Qualidade de Vida; Autoimagem; Pacientes; Cateterismo Urinário; Sintomas do Trato Urinário Inferior

ABSTRACT

Objective:

to assess the quality of life and body image of men with difficulty urinating and indwelling urinary catheter users, integrating the socio-demographic, economic and morbidity variables.

Method:

a cross-sectional analytical study with 64 male patients with urinary problems. Three questionnaires were used for data collection: one containing sociodemographic, economic and morbid data, the Medical Outcome Study 36-item short-form health survey to analyze quality of life, and the Body Dysmorphic Examination, which assesses body image. T-test, Mann-Whitney, Pearson, Spearman, Linear Regression and Stepwise were used.

Results:

quality of life and body image were compromised in both groups, affecting emotional aspects, with a high degree of body dissatisfaction and altered physical and social adversity.

Conclusion:

changes in patients’ quality of life and body image were observed, confirming the need for improvement in care.

Descriptors:
Quality of Life; Self Concept; Patients; Urinary Catheterization; Lower Urinary Tract Symptoms

RESUMEN

Objetivo:

evaluar la calidad de vida y la autoimagen de los hombres con dificultades para orinar y los usuarios de sondas urinarias con retraso, integrándolos con variables sociodemográficas, económicas y de morbilidad.

Método:

estudio analítico transversal con 64 pacientes varones con problemas urinarios. Se utilizaron tres cuestionarios para la recopilación de datos: uno que contenía datos sociodemográficos, económicos y mórbidos, el Medical Outcome Study 36-item short-form health survey para analizar la calidad de vida y el Examen dismórfico corporal, que evalúa la autoimagen. Se utilizaron las pruebas t, Mann-Whitney, Pearson, Spearman, Regresión lineal y Stepwise.

Resultados:

la calidad de vida y la autoimagen se vieron comprometidas en ambos grupos, afectando aspectos emocionales, con un alto grado de insatisfacción corporal y alteración de la adversidad física y social.

Conclusión:

se observaron cambios en la calidad de vida y la autoimagen de los pacientes, lo que confirma la necesidad de mejorar la atención.

Descriptores:
Calidad de Vida; Autoimagen; Pacientes; Cateterismo Urinario; Síntomas del Sistema Urinario Inferior

INTRODUÇÃO

Muitas doenças urológicas acometem os homens, podendo ser congênitas ou adquiridas, malignas ou benignas exigindo tratamento clínico ou cirúrgico. Ocorrem em qualquer momento da vida, apresentando sintomas agudos e autolimitados ou crônicos e debilitantes, o que pode tornar complexo o diagnóstico(11 Shore N, Tutrone R, Roehrborn CG. Efficacy and safety of fexapotide triflutate in outpatient medical treatment of male lower urinary tract symptoms associated with benign prostatic hyperplasia. Ther Adv Urol. 2019;11(14):1-16. doi: 10.1177/1756287218820807
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).

A dificuldade para urinar, em geral, é composta por um conjunto de sintomas relacionados ao trato urinário inferior (STUI). No homem, apresenta-se de forma gradual, acima dos 40 anos, devido às irregularidades estruturais ou funcionais da próstata que passam a ser percebidas conforme aumentam os desconfortos associados à retenção urinária e consequente distensão vesical(22 Bacci M, Sebastianelli A, Salvi M, Schiavina R, Brunocilla E, Novara G, et al. Tolterodine in the Treatment of Male LUTS. Curr Urol Rep. 2015;16(9):2-9. doi: 10.1007/s11934-015-0531-9
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).

Estudos mostram que, com o avanço da idade, os STUI são comuns nos homens, e aumentam com o passar dos anos, tanto em frequência quanto em gravidade(33 Nnabugwu II, Ugwumba FO, Udeh EI, Anyimba SK, Okolie LT. The relationship between prevalence and severity of lower urinary tract symptoms (LUTS), and body mass index and mid-abdominal circumference in men in a resource-poor community in Southeast Nigeria: a cross-sectional survey. BMC Urol [Internet]. 2019 [cited 2019 Dec 6];19(1):15. Available from: https://bmcurol.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12894-019-0444-x
https://bmcurol.biomedcentral.com/articl...
-44 Bajunirwe F, Stothers L, Berkowitz J, Macnab AJ. Prevalence estimates for lower urinary tract symptom severity among men in Uganda and sub-Saharan Africa based on regional prevalence data. Can Urol Assoc J. 2018; 12(11):E447-52. doi: 10.5489/cuaj.5105
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). Nos Estados Unidos, aproximadamente 46% dos homens adultos com 65 anos ou mais apresentam algum STUI, variando de moderado a grave(55 Hoy NY, Dean NS, Wu J, Wollin TA, De SK. The impact of lower urinary tract symptomatology on urine volumes in stone formers. Can Urol Assoc J. 2019;13(8):256-9. doi: 10.5489/cuaj.5530
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). Na Coréia do Sul, a prevalência foi 70,6%(66 Yoo TK, Lee K-S, Sumarsono B, Kim S-T, Kim H-J, Lee H-C, et al. The prevalence of lower urinary tract symptoms in population aged 40 years or over, in South Korea. Investig Clin Urol [Internet]. 2018 [cited 2019 Dec 10];59(3):166. Available from: https://synapse.koreamed.org/DOIx.php?id=10.4111/icu.2018.59.3.166
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) e no Brasil, 69%(77 Soler R, Gomes CM, Averbeck MA, Koyama M. The prevalence of lower urinary tract symptoms (LUTS) in Brazil: Results from the epidemiology of LUTS (Brazil LUTS) study. Neurourol Urodyn. 2017;37(4):1356-64. doi: 10.1002/nau.23446
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).

Dentre os STUI mais referidos, destacam-se a dificuldade para esvaziar a bexiga, a diminuição do jato urinário, o esforço ao urinar, a dificuldade em iniciar a micção, a noctúria, a sensação de esvaziamento vesical incompleto, o gotejamento de urina ao término da micção e a polaciúria(88 Chapple C, Castro-Diaz D, Chuang YC, Lee KS, Liao L, Liu SP, et al. Prevalence of Lower Urinary Tract Symptoms in China, Taiwan, and South Korea: results from a cross-sectional, population-based study. Adv Ther. 2017;34(8):1953-65. doi: 10.1007/s12325-017-0577-9
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). O agravo em determinado sinal ou sintoma e a fisiopatologia da disfunção urinária determinam o melhor tratamento para evitar ou minimizar complicações(99 Peyronnet B, Brucker BM, Michel MC. Lower Urinary Tract Symptoms: What’s New in Medical Treatment? Eur Urol Focus [Internet]. 2018 [cited 2019 Oct 8];4(1):17-24. Available from: https://doi.org/10.1016/j.euf.2018.04.005
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).

A incapacidade de esvaziar a bexiga, em decorrência de evento obstrutivo, traumático, neurológico, ou cirúrgico pode gerar a necessidade de cateterização urinária temporária ou permanente. A utilização do cateter serve para fins terapêuticos e diagnósticos, drenagem da urina, descompressão vesical, mensuração do débito urinário, irrigação vesical, instilação de medicamentos na bexiga e obtenção de amostra de urina(1010 Wilde MH, McMahon JM, Tang W. Selfcare management questionnaire for long-term indwelling urinary catheter users. Neurourol Urodyn 2016; 35: 492. doi: 10.1002/nau.22735
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).

Para a inserção do cateter urinário, são necessários materiais estéreis e uso de técnica asséptica para evitar a contaminação do trato urinário. Protocolos nacionais e internacionais de prevenção de infecções urinárias recomendam o uso de sistema fechado e estéril para a drenagem urinária, utilização de cateter uretral adequado, tubo coletor e bolsa coletora acompanhados de válvula antirrefluxo, câmara de gotejamento e conduto de coleta de urina para coleta de exames e higiene íntima adequada e frequente(1111 Kim B, Pai H, Choi WS, Kim Y, Kweon KT, Kim HA, et al. Current status of indwelling urinary catheter utilization and catheter-associated urinary tract infection throughout hospital wards in Korea: A multicenter prospective observational study. PLoS One. 2017;12(10):1-11. doi: 10.1371/journal.pone.0185369
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-1212 Gould CV, Umscheid CA, Agarwal RK, Kuntz G, Pegues DA. Guideline for Prevention of Catheter-Associated Urinary Tract Infections 2009. [Internet]. 2009 [cited 2019 Oct 8]; Available from: https://stacks.cdc.gov/view/cdc/11561
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).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) conceitua qualidade de vida (QV) como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”(1313 Pereira-Caldeira NMV, Pereira-Ávila FMV, Almeida-Cruz MCM, Reinato LAF, Reis RK, Gir E. Instruments for quality of life assessment in individuals with human papillomavirus. Rev Bras Enferm. 2019;72(5):1363-9. doi: 10.1590/0034-7167-2017-0394
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).

A presença de sinais e sintomas relacionados à dificuldade para urinar e a cateterização urinária podem causar alterações na QV das pessoas. Atualmente, a QV tem sido muito discutida e é cada vez mais valorizada, em associação às condições de vida consideradas saudáveis(1414 Olajide OA, Shola CA, Oyeronke TW-A, Olorunfemi OO, Segun OA. Quality of life and prevalence of depressive symptoms among patients on prolonged indwelling urinary catheters: a study from South west, Nigeria. Int J Med Med Sci. 2016;8(10):96-104. doi: 10.5897/ijmms2016.1241
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).

Os usuários de cateter urinário de demora também podem vivenciar distúrbios de autoimagem, que é conceituado como a percepção relativa, reproduzida na mente do próprio indivíduo. A pessoa constrói a forma de ver e pensar sua própria imagem e a forma como imagina que os outros a veem, e pode manifestar insatisfação com seu corpo baseada em alguma anormalidade física real, imaginada ou exagerada que acredita interferir em sua aparência(1515 Boyington JEA, Schoster B, F. Callahan L. Comparisons of body image perceptions of a sample of black and white women with rheumatoid arthritis and fibromyalgia in the US. Open Rheumatol J. 2015;9(1):1-7. doi: 10.2174/1874312901409010001
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).

A QV e a autoimagem representam, neste sentido, a figuração da auto satisfação e/ou auto identificação do indivíduo inserido no complexo meio social adjacente. Sua descaracterização poderia afetá-lo física e emocionalmente maximizando os efeitos deletérios de sua situação de saúde/doença.

Portanto, avaliar a QV e autoimagem de homens com dificuldade para urinar e de usuários de cateter urinário de demora poderá subsidiar os profissionais de saúde para o planejamento de uma assistência integral e focada nas reais necessidades dos pacientes que vivenciam realidades diversas para eliminar a urina, evitando o surgimento de outros agravos.

OBJETIVO

Avaliar a QV e autoimagem de homens que apresentam dificuldades para urinar e de homens que usam cateter urinário de demora, integrando às variáveis sociodemográficas, econômicas e de morbidade.

MÉTODO

Aspectos éticos

Os aspectos éticos foram respeitados, conforme recomendações da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os demais aspectos éticos que conduzem as pesquisas com seres humanos foram observados e respeitados.

Desenho, local do estudo e período

Trata-se de uma pesquisa epidemiológica, analítica com delineamento transversal e abordagem quantitativa, desenvolvida no ambulatório de urologia do Hospital Regional do Juruá, localizado na cidade de Cruzeiro do Sul, a 648 km da capital Rio Branco no estado do Acre. Trata-se de um serviço de caráter público, financiado pelo SUS e administrado por um convênio entre o governo do estado do Acre e a Associação Nossa Senhora da Saúde, composta por quatro congregações religiosas. O período de coleta de dados foi de janeiro a maio de 2016.

População e amostra

O grupo de estudo foi constituído de 64 pacientes, sendo homens adultos e idosos, com doenças urológicas, sintomáticos, em acompanhamento no serviço ambulatorial de urologia do Hospital Regional do Juruá, divididos em dois grupos: os que apresentavam dificuldade para urinar (32 pacientes), mas não usavam cateter urinário e com diagnóstico de Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP), prostatite, estenose de uretra e refluxo vesico-uretral; e os que utilizavam cateter urinário de demora (32 pacientes), há pelo menos três meses, em decorrência de HBP, prostatite ou estenose de uretra. A amostra foi computada com alicerce nos cruzamentos dos domínios do SF-36 entre os grupos. Foi considerada a de maior tamanho, que contempla a amostra de todos os outros cruzamentos dos domínios. O nível considerado de significância de 5% (valor de p < 0,05) e um poder do teste de 80% (1-β).

Protocolo de estudo

Para selecionar os participantes potencialmente elegíveis para a pesquisa, foi realizada a seleção dos prontuários ambulatoriais, de acordo com o agendamento diário da consulta médica.

Após a seleção, os participantes foram abordados antes da consulta médica de rotina com urologista, e receberam informações sobre os objetivos da pesquisa. Aqueles que manifestaram interesse em participar da mesma assinaram o TCLE. A coleta de dados foi feita por meio de questionários que foram lidos e preenchidos, pela própria pesquisadora, para todos os pacientes, em sala privada do serviço ambulatorial.

Os questionários utilizados na pesquisa abordaram: caracterização sociodemográfica, econômica e mórbida; avaliação da QV (Medical Outcome Study 36-item short-form health survey-SF-36), traduzido e validado no Brasil(1616 Soárez PC, Kowalski CCG, Ferraz MB, Ciconelli RM. Tradução para português brasileiro e validação de um questionário de avaliação de produtividade. Rev Panam Salud Publica. 2007;22(1):21-8. doi: 10.1590/s1020-49892007000600003
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), composto por 36 questões subdivididas em oito domínios: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental. Os escores variam entre 0 (zero) pior estado e 100 (cem) melhor estado de QV. Para a avaliação da autoimagem, o instrumento utilizado foi o Body Dysmorphic Examination (BDDE)(1717 Jorge RTB, Sabino Neto M, Natour J, Veiga DF, Jones A, Ferreira LM. Brazilian version of the Body Dysmorphic Disorder Examination. São Paulo Med. J. 2008;126(2):87-95. doi: 10.1590/s1516-31802008000200005
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), também traduzido e validado no Brasil, possuindo 34 perguntas que avaliam a aparência física, o grau de insatisfação relativa com a aparência e autoimagem negativa que impedem a pessoa de participar de atividades sociais e ocupacionais. As opções de respostas desse instrumento são descritivas e de múltipla escolha, com escores entre 0 (zero) e 6. A pontuação final é composta pela somatória dos escores, que corresponde a 168 pontos. Escores acima de 66 já refletem algum grau de insatisfação com a aparência.

Análise dos resultados e estatística

Após a coleta, os dados foram registrados e armazenados em planilha do software Microsoft Office Excel 2010. Posteriormente, foram analisados por meio da estatística descritiva, valendo-se de medidas como média, desvio padrão, mediana, mínimo, máximo e análise de frequência percentual e absoluta. Para comparar os domínios de SF-36 e BDDE entre os homens que apresentavam dificuldade para urinar e aqueles que utilizavam cateter urinário de demora, foi utilizado o teste t. Quando as suposições para o uso do teste não foram satisfeitas, utilizou-se o teste de Mann-Whitney (para 2 categorias). Para correlacionar os domínios de SF-36 e BDDE, utilizou-se o coeficiente de correlação. Uma vez que os pressupostos para aplicação do coeficiente de correlação de Pearson não foram atendidos, utilizou-se, então, o coeficiente de Spearman. Assim, na verificação das variáveis que melhor explicam os escores do SF-36, foi utilizada a Regressão Linear, onde verificou-se a relação de cada variável independente com a variável resposta. No momento da seleção das variáveis, optou-se pelo método de Stepwise para verificar, dentre o conjunto de variáveis independentes, quais explicavam melhor a variável resposta. Ao longo da análise estatística, adotou-se um nível de significância de 5% (α = 0,05).

RESULTADOS

Foram entrevistados 32 pacientes que apresentavam dificuldade para urinar e 32 que faziam uso de cateter urinário de demora, cujos dados sociodemográficos estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1
Aspectos sociodemográficos dos pacientes com dificuldade para urinar e usuário de cateter urinário de demora, Cruzeiro do Sul, Acre, Brasil, 2016

A Tabela 2 expõe as características mórbidas dos pacientes com dificuldade para urinar. É possível observar que a HBP foi a principal causa da eliminação inadequada da urina, acometendo 75% dos indivíduos pesquisados.

Tabela 2
Aspectos relacionados à morbidade dos pacientes com dificuldade para urinar na cidade de Cruzeiro do Sul, Acre, Brasil, 2016

Quanto aos pacientes que faziam uso de cateter urinário de demora, 96,9% utilizavam cateter tipo Foley, de 02 vias. 56,3% trocavam o cateter a cada 15 dias. A doença de base prevalente neste grupo foi a HBP, com 87,5%, e 75% dos pacientes apresentavam Infecção Urinária relacionada ao cateter. Considerando, para esses pacientes, que o uso do cateter urinário era contínuo, questionou-se o recebimento de orientações, por parte da equipe de saúde, sobre os cuidados diários que deveriam manter durante o uso do cateter, e 87,5% responderam que não receberam nenhuma orientação. Entretanto, 84,4% dos pacientes informaram que realizavam algum tipo de cuidado em domicílio, por iniciativa própria. Desses, 43,8% realizavam o autocuidado, enquanto 56,2% necessitavam da ajuda de terceiros. O cuidado de higiene da glande, com água e sabonete, durante o banho, foi referido por 93,8% dos pacientes.

O uso do sistema fechado de drenagem, com válvula anti-refluxo, foi referido por 25% dos pacientes usuários de cateter urinário de demora. 75% dos pacientes não utilizavam o sistema fechado adequado e sim seringas para fechar a saída do cateter (43,8%), ampolas de vidro (28,1%) e cordão de nylon para amarrar o cateter e impedir a saída da urina (3,1%).

A Tabela 3 apresenta a comparação da QV e autoimagem dos pacientes com dificuldade para urinar e dos pacientes que faziam uso do cateter urinário de demora. Observa-se que os pacientes com DPU apresentam maior escore significativo de Capacidade Funcional, Estado Geral de Saúde, Vitalidade e Aspectos Sociais, do que pacientes com uso de cateter.

Tabela 3
Valores médios dos escores da QV e autoimagem dos pacientes com dificuldade para urinar e dos usuários de cateter urinário de demora, na cidade de Cruzeiro do Sul, Acre, Brasil, 2016

As correlações existentes entre os domínios do SF-36 e BDDE na comparação entre o grupo de pacientes que apresentavam dificuldade para urinar e o grupo de pacientes que faziam uso de cateter urinário de demora estão expostos na Tabela 4. Observa-se que, somente nos pacientes com DPU, houve correlação negativa significativa entre Saúde Mental e BDDE. Quanto maior o escore de Saúde Mental, menor o escore de BDDE.

Tabela 4
Correlação dos domínios da Qualidade de Vida e autoimagem, conforme os grupos de pacientes com dificuldade para urinar e pacientes com cateter urinário de demora, Cruzeiro do Sul, Acre, Brasil, 2016

A Tabela 5 mostra os dados sobre os fatores que permanecem significantes nos modelos multivariados (modelo de regressão linear múltipla). Os pacientes com DPU que apresentaram outros diagnósticos se relacionaram negativamente ao escore de Capacidade Funcional, entretanto com os Aspectos Emocionais, a relação foi positiva. Quando o tempo de diagnóstico destes pacientes foi superior a seis meses ou quando o paciente não apresentou retenção na bexiga, houve relação negativa ao escore de Dor. Pacientes alfabetizados influenciaram positivamente no escore de Aspectos Sociais. Já nos pacientes com CUD, as variáveis foram diferentes, como a Capacidade Funcional, que apresentou maiores escores com a escolaridade. O fato de os pacientes serem católicos, alfabetizados, não ter complicações e com Diagnósticos mais precoces fez com que apresentassem maior escore no Estado Geral de Saúde, Vitalidade e Aspectos Sociais, respectivamente.

Tabela 5
Análise da regressão linear múltipla entre as variáveis dos pacientes com dificuldade para urinar e dos pacientes com cateter urinário de demora as dimensões da Qualidade de Vida, Cruzeiro do Sul, Acre, Brasil, 2016

DISCUSSÃO

O estudo mostrou que a prevalência dos problemas urinários foi maior nos homens com faixa etária entre 60 e 79 anos, dados semelhantes aos encontrados em outros estudos que apontam que os sintomas aumentam progressivamente com o envelhecimento(1818 Lee SWH, Chan EMC, Lai YK. The global burden of lower urinary tract symptoms suggestive of benign prostatic hyperplasia: a systematic review and meta-analysis. Sci Rep [Internet]. 2017 [cited 2019 Oct 8];7(1):1-10. Available from: http://dx.doi.org/10.1038/s41598-017-06628-8
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-1919 Kim TH, Han DH, Ryu DS, Lee KS. The impact of lower urinary tract symptoms on quality of life, work productivity, depressive symptoms, and sexuality in Korean men aged 40 years and older: a population-based survey. Int Neurourol J. 2015;19(2):120-9. doi: 10.5213/inj.2015.19.2.120
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).

O grau de escolaridade mostrou-se diferente, principalmente no grupo de pacientes que utilizava cateter de demora, mais de 60% eram analfabetos. Também, nos dois grupos, a renda mensal de cerca de 40% dos homens não ultrapassava 1 salário mínimo, e o restante, com exceção de 1 paciente, recebia até 3 salários. Esses dados assemelham-se à renda mediana mensal de 600,00 reais dos homens que residem no Acre, valor esse abaixo da média nacional de 1.200,00 reais(2020 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE. Censo Demográfico 2010 - Resultados dos Rendimentos[Internet]. Rio de Janeiro - IBGE. 2011[cited 2019 Jan 27]. Available from: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/rendimentos_preliminares/rendimentos_preliminares_tab_pdf.shtm
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/...
). Estudo semelhante mostrou que o grau de escolaridade e a baixa renda podem ser um impedimento na busca do diagnóstico, tratamento adequado, conhecimento dos riscos e cuidados com a saúde, além de prolongar a procura por uma terapêutica adequada e, consequentemente, apresentar maior risco de agravo à saúde(2121 Tavares DMS, Bolina AF, Dias FA, Santos NMF. Qualidade de vida de idosos com incontinência urinária. Rev Eletrôn Enferm. 2011;13(4):695-702. doi: 10.5216/ree.v13i4.12488
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).

O uso de cateter urinário nos pacientes com idade superior aos 60 anos pareceu inibir as atividades laborais. Problemas urinários que acometem homens idosos, algumas vezes, os obrigam a fazer uso do cateter urinário de demora, o que pode propiciar infecções(2222 Barbadoro P, Labricciosa FM, Recanatini C, Gori G, Tirabassi F, Martini E, et al. Catheter-associated urinary tract infection: role of the setting of catheter insertion. Am J Infect Control [Internet]. 2015 [cited 2019 Oct 20];43(7):707-10. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.ajic.2015.02.011
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). Estudos apontam que a cateterização urinária em idosos é frequente. Na Itália, aproximadamente 25% dos homens com idade entre 70 e 85 anos e cerca de 33% com idade superior a 85 anos utilizam cateter urinário(2323 Vincitorio D, Barbadoro P, Pennacchietti L, Pellegrini I, David S, Ponzio E, et al. Risk factors for catheter-associated urinary tract infection in Italian elderly. Am J Infect Control [Internet]. 2014 [cited 2019 Oct 20];42(8):898-901. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.ajic.2014.05.006
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). No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) apontou que 16 a 25% dos pacientes hospitalizados são submetidos ao cateterismo urinário(2424 Ministério da Saúde (BR). Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Medidas de prevenção de infecção relacionada à assistência a saúde [Internet]. Brasília (DF): MS ; 2017 [cited 2019 Mar 31]. Available from: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/3507912/Caderno+4+-+Medidas+de+Preven%C3%A7%C3%A3o+de+Infec%C3%A7%C3%A3o+Relacionada+%C3%A0+Assist%C3%AAncia+%C3%A0+Sa%C3%BAde/a3f23dfb-2c54-4e64-881c-fccf9220c373
http://portal.anvisa.gov.br/documents/33...
).

Dentre os pacientes que apresentavam dificuldade para urinar, 75% tinham HBP. Desses, 96,9% utilizavam tratamento medicamentoso para o controle da doença, porém frequentemente não esvaziavam a bexiga completamente após urinar, utilizavam o banheiro várias vezes em 24 horas, apresentavam jato urinário fraco e 34,4% referiram episódio de retenção urinária importante. A prevalência HBP aumenta acentuadamente nos homens. O crescimento contínuo da próstata é um fator de risco para progressão da STUI, além do aumento dos riscos de progressão clínica da HBP, retenção urinária e necessidade de cirurgia da próstata(2525 Yue L, Wang T, Ge Y, Ge M, Zhang C, Hou Q, et al. Prevalence and heritability of benign prostatic hyperplasia and LUTS in men aged 40 years or older in Zhengzhou rural areas. Prostate. 2018;79(3):312-9. doi: 10.1002/pros.23737
https://doi.org/10.1002/pros.23737...
). Estudos mostraram que homens com dificuldade para urinar vivenciam incômodos, dificuldade para dormir, problemas no convívio social, diminuição da QV, alteração do estado psicológico e até depressão(2626 Rhee SJ, Kim EY, Kim SW, Kim SH, Lee HJ, Yoon DH, et al. Longitudinal study of the relationship between lower urinary tract symptoms and depressive symptoms. J Psychosom Res. 2019;116(4):100-5. doi: 10.1016/j.jpsychores.2018.12.006
https://doi.org/10.1016/j.jpsychores.201...
-2727 Pinto JDO, He HG, Chan SWC, Toh PC, Esuvaranathan K, Wang W. Health-related quality of life and psychological well-being in patients with benign prostatic hyperplasia. J Clin Nurs. 2014;24(3-4):511-22. doi: 10.1111/jocn.12636
https://doi.org/10.1111/jocn.12636...
).

Dentre os pacientes com dificuldade para urinar, 72,7% referiram episódios de infecção urinária e 90,6%, dor ao urinar. As mesmas complicações foram encontradas em pacientes estudados na França que apresentavam dificuldade para urinar, por vezes, decorrentes de problemas prostáticos, até então, desconhecidos pelo paciente(2828 Lafaurie M. Infections urinaires de l’homme âgé : prostatite aiguë ou colonisation urinaire ? NPG : neurologie, psychiatrie, gériatrie [Internet]. 2014 [cited 2019 Oct 8];14(83):295-9. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.npg.2014.05.004
http://dx.doi.org/10.1016/j.npg.2014.05....
).

A retenção urinária e a necessidade de fazer força para urinar podem também justificar os episódios de infecções urinárias. Achados semelhantes foram encontrados em pesquisa desenvolvida com 6.074 homens com as mesmas características na França, Ásia, América Latina, Argélia e Oriente Médio (Barém, Catar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos), que confirmou que a retenção urinária pode propiciar infecção do trato urinário em homens. O estudo também demonstrou que a taxa de retenção urinária em pacientes da América Latina foi a mais elevada, 43,8%, e associada, principalmente, ao uso contínuo e excessivo de álcool(2929 Fitzpatrick JM, Desgrandchamps F, Adjali K, Guerra LG, Hong SJ, El Khalid S, et al. Management of acute urinary retention: a worldwide survey of 6074 men with benign prostatic hyperplasia. BJU Int. 2012;109(1):88-95. doi: 10.1111/j.1464-410X.2011.10430.x
https://doi.org/10.1111/j.1464-410X.2011...
).

A maioria dos usuários de cateter urinário de demora (87,5%) relatou não ter recebido orientações sobre como cuidar do cateter em casa. Profissionais da saúde têm o dever de orientar os pacientes e seus familiares quanto aos cuidados que devem ter em casa quando utilizam sondas, cateteres, drenos ou curativos, além de outros cuidados, quando necessário. O uso de acessórios como os citados acima pode gerar insegurança e medo nos usuários e familiares quando não sabem como proceder em casa. Orientações geram confiança, conhecimento, possibilidade de autocuidado e menos complicações. Um estudo realizado no Reino Unido sobre a necessidade de informações das pessoas que vivem há longo prazo com cateter urinário de demora demonstrou que o conhecimento prático que o usuário adquiriu com sua experiência vivida com cateter urinário pode ajudar os enfermeiros em novas decisões para melhores cuidados informando o paciente de forma verbal, escrita e visual sobre o cateter e como viver com ele, de forma a atender as necessidades reais dos pacientes num contexto humanizado(3030 Prinjha S, Chapple A, Feneley R, Mangnall J. Exploring the information needs of people living with a long-term indwelling urinary catheter: a qualitative study. J Adv Nurs. 2016;72(6):1335-46. doi: 10.1111/jan.12923
https://doi.org/10.1111/jan.12923...
).

Mais da metade dos pacientes que utilizavam o cateter urinário referiu necessitar de ajuda para a realização dos cuidados com o mesmo. Um estudo realizado no Hospital Universitário Wisconsin, nos Estados Unidos, verificou que 75% dos pacientes não receberam educação adequada sobre sonda vesical de demora; 100% dos pacientes relataram que métodos alternativos de excreção não foram discutidos; e 65% dos pacientes não receberam nenhuma informação adequada sobre os riscos de ter um cateter vesical de demora(3131 Safdar N, Codispoti N, Purvis S, Knobloch MJ. Patient perspectives on indwelling urinary catheter use in the hospital. Am J Infect Control [Internet]. 2016 [cited 2019 Oct 8];44(3):e23-4. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.ajic.2015.10.011
http://dx.doi.org/10.1016/j.ajic.2015.10...
).

Outro aspecto do estudo que diz respeito aos pacientes usuários de cateter urinário de demora é que 75% dos pacientes não faziam o uso de sistema fechado e adequado para drenagem de urina (coletor de urina com sistema de drenagem e válvula anti-refluxo). Neste grupo, a substituição da bolsa foi feito por seringas para fechar a saída do cateter em 43,8% dos casos, ampolas de vidro, em 28,1%. 3,1% utilizaram cordão de nylon para amarrar o cateter e impedir a saída da urina. Este achado contraria as evidências científicas e as recomendações nacionais e internacionais sobre a manutenção de um sistema de drenagem fechado após a inserção asséptica para evitar o risco de infecção do trato urinário associado ao cateter(2424 Ministério da Saúde (BR). Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Medidas de prevenção de infecção relacionada à assistência a saúde [Internet]. Brasília (DF): MS ; 2017 [cited 2019 Mar 31]. Available from: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/3507912/Caderno+4+-+Medidas+de+Preven%C3%A7%C3%A3o+de+Infec%C3%A7%C3%A3o+Relacionada+%C3%A0+Assist%C3%AAncia+%C3%A0+Sa%C3%BAde/a3f23dfb-2c54-4e64-881c-fccf9220c373
http://portal.anvisa.gov.br/documents/33...
,3232 Bradley SM, Schweon SJ, Mody L, Mahajan D, Olmsted RN. Identifying safe practices for use of the urinary leg bag drainage system in the postacute and long-term care setting: An integrative review. Am J Infect Control [Internet]. 2018 [cited 2019 Sep 12];46(9):973-9. Available from: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2018.03.029
https://doi.org/10.1016/j.ajic.2018.03.0...
). Vale ressaltar que o serviço possuía bolsa coletora de urina, porém o fato da não utilização da bolsa pelos pacientes pode estar associado à falta de orientação da equipe de saúde ou talvez por causa da autoimagem, inferência não comprovada.

Os escores de QV dos pacientes que utilizavam cateter urinário ou apresentavam dificuldade para urinar foram baixos e significantemente inferiores, no primeiro grupo, em cinco domínios: Capacidade Funcional, Aspectos Físicos, Estado Geral de Saúde, Vitalidade e Aspectos Sociais; semelhantes no domínio Dor e Saúde Mental e igualmente muito baixos no domínio Aspectos Emocionais. Estudos demonstraram que a QV de pacientes com problemas urinários apresenta-se comprometida em quase todos os domínios(1919 Kim TH, Han DH, Ryu DS, Lee KS. The impact of lower urinary tract symptoms on quality of life, work productivity, depressive symptoms, and sexuality in Korean men aged 40 years and older: a population-based survey. Int Neurourol J. 2015;19(2):120-9. doi: 10.5213/inj.2015.19.2.120
https://doi.org/10.5213/inj.2015.19.2.12...
,3333 Khalaf KM, Coyne KS, Globe DR, Malone DC, Armstrong EP, Patel V, et al. The impact of lower urinary tract symptoms on health-related quality of life among patients with multiple sclerosis. Neurourol Urodyn [Internet]. 2016 [cited 2019 Jan 17];35(1):48-54. Available from: http://doi.wiley.com/10.1002/nau.22670
http://doi.wiley.com/10.1002/nau.22670...
), porém pesquisa realizada na África, com 32 pacientes que faziam uso de cateter urinário de demora, mostrou que o uso do cateter não alterou a QV dos pacientes, pois relataram que a utilização do mesmo proporcionava alívio aos STUI(3434 Okeke LI, Aisuodionoe-Shadrach OI. Self-Reported Quality of Life Measures of Patients With Benign Prostatic Hyperplasia on Indwelling Urethral Catheters. Vol. 12, African J Urology. 2006 [cited 2019 Feb 13];12:15-23. Available from: https://www.ajol.info/index.php/aju/article/view/8135/30677
https://www.ajol.info/index.php/aju/arti...
).

Em ambos os grupos estudados, a avaliação da autoimagem mostrou-se comprometida, entretanto não houve diferença significativa entre os grupos. O grau de insatisfação com a aparência pode gerar distúrbios emocionais, conforme demonstrou estudo realizado com pacientes adultos com STUI em Hong Kong que apresentaram comprometimento da saúde mental com risco alto de depressão, ansiedade e estresse psicológico, decorrente do impacto negativo da autoimagem, especialmente em pacientes do sexo masculino(3535 Choi EPH, Lam CLK, Chin WY. Mental health mediating the relationship between symptom severity and health-related quality of life in patients with lower urinary tract symptoms. Low Urin Tract Symptoms. 2016;8(3):141-9. doi: 10.1111/luts.12086
https://doi.org/10.1111/luts.12086...
).

A correlação significativa entre escores de autoimagem (BDDE) e o domínio saúde mental (SF-36) apresentado pelos pacientes do grupo com dificuldade para urinar, estão de acordo com a literatura que confirma que aspectos da QV podem sofrer influências da visão que o indivíduo tem sobre sua autoimagem, pois os problemas urinários contribuem para alteração negativa da QV, por afetarem emocionalmente o indivíduo e seu convívio social ocasionando bloqueios internos que dificultam o enfrentamento da vida social e a autopercepção de sua saúde(3636 Choi H, Bae JH. Overview of the epidemiology of lower urinary tract dysfunction in South Korea. Int Neurourol J. 2016;20(2):91-100. doi: 10.5213/inj.1630502.251
https://doi.org/10.5213/inj.1630502.251...
-3737 Liu SP, Chuang YC, Sumarsono B, Chang HC. The prevalence and bother of lower urinary tract symptoms in men and women aged 40 years or over in Taiwan. J Formos Med Assoc [Internet]. 2019 [cited 2019 Dec 8];118(1P1):170-8. Available from: https://doi.org/10.1016/j.jfma.2018.03.006
https://doi.org/10.1016/j.jfma.2018.03.0...
).

A análise de regressão linear múltipla aplicada ao modelo mostrou que indivíduos com dificuldade para urinar tiveram comprometimento significativo da QV nas dimensões Capacidade Funcional e Aspectos Emocionais, devido ao diagnóstico da doença de base - HBP; Dor, devido ao menor tempo de diagnóstico; Estado Geral de Saúde, devido aos episódios de retenção urinária; Aspectos Sociais, devido ao menor grau de escolaridade. Porém, o grupo de pacientes que utilizava cateter urinário apresentou a QV prejudicada nas dimensões Capacidade Funcional, devido ao baixo grau de escolaridade; Estado Geral de Saúde, devido ao baixo grau de escolaridade e presença de complicações com o uso do cateter; Vitalidade, devido ao maior número de complicações com o uso do cateter e a baixa escolaridade; Aspectos Sociais, devido ao maior tempo de diagnóstico e ao maior número de complicações com o uso do cateter. Estudo semelhante verificou que os fatores como doenças da próstata, tempo de diagnóstico e retenção urinária são fatores decisivos para o comprometimento da QV(3838 Egan KB. The epidemiology of benign prostatic hyperplasia associated with lower urinary tract symptoms: prevalence and incident rates. Urol Clin N Am [Internet]. 2016 [cited 2019 Oct 8];43(3):289-97. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.ucl.2016.04.001
http://dx.doi.org/10.1016/j.ucl.2016.04....
).

Limitações do estudo

Avaliamos que o estudo apresentou algumas limitações, como o número reduzido de pacientes em ambos os grupos devido à demanda do próprio serviço e a dificuldade de se obter alguns dados nos prontuários dos pacientes, especialmente relacionado ao diagnóstico médico de morbidade e comorbidades apresentadas pelos pacientes.

Contribuição para área da enfermagem, saúde ou política pública

O estudo contribuirá para a percepção da necessidade de um acompanhamento mais minucioso dos profissionais de saúde com a população de estudo, pois medidas de promoção à saúde devem ser implementadas, assegurando o cuidado com os pacientes usuários de cateter urinário de longo prazo e a sintomatologia dos pacientes com dificuldade de urinar. O acompanhamento psicológico, o apoio social e a educação em saúde aos pacientes devem ser inseridos como parte integrante da qualidade ao atendimento.

CONCLUSÃO

Os pacientes dos dois grupos apresentaram alterações significantes na QV e na autoimagem necessitando de um acompanhamento mais minucioso envolvendo aspectos físicos, psicológicos, emocionais e sociais. Porém, não houve diferença significante na comparação dos grupos estudados, quando analisados os aspectos da QV e da autoimagem.

Pesquisas específicas sobre a relação entre o uso adequado dos equipamentos recomendados para os pacientes que utilizam cateter urinário de demora, episódios de infecção e QV precisam ser desenvolvidas com esse grupo.

O acompanhamento psicológico, o apoio social e a educação em saúde, fornecidos aos pacientes dos dois grupos, poderiam ser inseridos como parte integrante da assistência de qualidade ao atendimento e possível melhora da QV dos mesmos.

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Editado por

EDITOR CHEFE: Antonio José de Almeida Filho
EDITOR ASSOCIADO: Rafael Silva

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Jul 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    10 Jul 2019
  • Aceito
    24 Jan 2020
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