Socialização primária no processo da escolha e identidade profissional da enfermeira: uma abordagem Dubariana

RESUMO

Objetivos:

analisar as experiências e as vivências de enfermeiras gestoras, durante o processo de socialização primária, que contribuíram para a escolha e identidade profissional.

Métodos:

estudo qualitativo e exploratório ancorado na teoria de Dubar, realizado com 11 enfermeiras gestoras. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas as quais foram transcritas e categorizadas com o apoio da Análise do Discurso.

Resultados:

desvendaram-se as motivações para a escolha e identidade profissional da enfermeira gestora, as quais se concatenaram às influências familiares na infância, às representações da Enfermagem, à percepção das práticas cuidativas vivenciadas em uma situação de necessidade de saúde na família, à escolha pela Enfermagem pela titularidade, ao desconhecimento da profissão de Enfermagem e à escolha assertiva pela profissão de Enfermagem.

Considerações Finais:

a escolha profissional está essencialmente interligada aos processos sociais iniciais da vida do indivíduo e inter-relaciona-se com a ideia de uma identidade profissional construída social e singularmente.

Descritores:
Socialização; Escolha da Profissão; Identificação Social; Ego; Enfermagem.

ABSTRACT

Objectives:

to analyze the experiences of management nurses over the primary socialization process that contributed to their professional choice and identity.

Methods:

qualitative and explanatory study grounded in Dubar's theory, carried out with 11 management nurses. Semi-structured interviews were conducted, transcribed, and categorized by applying discourse analysis.

Results:

the motivations for the professional choice and identity of management nurses were found. They were related to family influence in childhood, nursing representations, perception of care practices experienced in a health-related situation in the family, choice of nursing given its academic titles, lack of knowledge about the nursing profession, and assertive choice of this profession.

Final Considerations:

professional choice was closely linked to initial social processes in people's lives and the idea of a socially and uniquely built professional identity.

Descriptors:
Socialization; Career Choice; Social Identification; Ego; Nursing.

RESUMEN

Objetivos:

analizar las experiencias y vivencias de enfermeras gestoras durante el proceso de socialización primaria que contribuyeron a la elección y a la identidad profesional.

Métodos:

estudio cualitativo, exploratorio, fundamentado en la teoría de Dubar, realizado con 11 enfermeras gestoras. Fueron realizadas entrevistas semiestructuradas, que se transcribieron y categorizaron según el Análisis del Discurso.

Resultados:

se vislumbraron las motivaciones de elección e identidad profesional de la enfermera gestora, que se concatenaron con las influencias familiares de la infancia, las representaciones de la enfermería, la percepción de las prácticas de cuidado experimentadas en situaciones de necesidad de salud familiar y la elección asertiva de la profesión de enfermería.

Consideraciones Finales:

la elección profesional está esencialmente intervinculada a los procesos sociales iniciales de la vida del individuo, y se interrelaciona con la idea de una identidad profesional construida de manera social e individual.

Descriptores:
Socialización; Selección de la Profesión; Identificación Social; Ego; Enfermería

INTRODUÇÃO

O termo socialização surgiu no campo da Sociologia, e seu significado se atém ao acúmulo de processos associados a atitudes sociais, experienciais e sui generis⁽¹⁾. Considerada como um fenômeno complexo, a socialização pode ser dividida em duas estruturas. A primeira, conhecida como objetiva, detém-se nas reações comportamentais observadas de fora; a segunda, subjetiva, compreende as sensações de êxito e adaptação às condições da sociedade⁽¹⁾.

A identidade de um indivíduo é considerada como o produto de inúmeras socializações vivenciadas ao longo da vida⁽²⁾. A cultura, os símbolos, os sentimentos de pertencimento, entre outros, contribuem paulatinamente na construção das identidades pessoais e coletivas⁽³⁾.

A identidade profissional é consolidada, segundo Dubar⁽⁴⁾, com a entrada do indivíduo no mercado de trabalho. No entanto, os elementos sociativos provindos da primeira fase, denominada como socialização primária, constituem-se como importantes aspectos para a escolha profissional, dado que esta se inicia no nascimento do indivíduo⁽⁴⁾. Nesse aspecto, o processo de socialização contribui significativamente para a composição de uma identidade profissional que se traduz nas relações dialéticas entre os indivíduos e o contexto no qual eles se inserem⁽⁵⁾.

Nas sociedades pós-industriais, muitos estudos surgiram acerca da identidade profissional, visto que os cenários e contextos laborais sofreram diversas transformações ao longo do tempo^(6-7), especialmente após a década de 1970, em virtude do capitalismo⁽⁷⁾. Nessa perspectiva de transformações no mundo do trabalho e das profissões, vislumbram-se mutações no campo da Enfermagem, as quais modelam nuances identitárias na referida categoria, inclusive as relacionadas à identidade profissional da enfermeira. Estudos apontam que a gênese identitária da enfermeira ocorreu pelo marco da profissionalização da área, instituída pela precursora da Enfermagem Moderna, Florence Nightingale^(2,5,8-9), que, à época, trouxe a ideia de uma identidade pautada na vocação, dedicação, obediência, abnegação^(2,9) e subserviência⁽¹⁰⁾.

Dentre os diversos marcos nacionais e internacionais na Enfermagem, mudanças permearam a Enfermagem brasileira, principalmente no que tange à própria identidade, devido, inclusive, às variâncias ambientais e sociológicas que circundaram a sociedade ao longo da História⁽¹⁰⁾. Destarte, estudos têm evocado a temática da identidade profissional da enfermeira^(11-13) e vê-se, inclusive, que o ano de 2020 foi dedicado a celebrar o Ano Internacional da Enfermeira e Parteira⁽¹⁴⁾; não obstante, ante à atual pandemia do novo Coronavírus, novas discussões afloraram em torno da representação e imagem da referida profissional^(15-16). Tais conjunturas levam a um silogismo no que diz respeito à discussão dos matizes singulares da identidade profissional, sob o olhar de enfermeiras em diferentes contextos e cenários.

Sob essa concepção, a presente investigação tem como objeto as heterogêneas vivências e experiências que contribuíram para a escolha e identidade profissional identificadas nos depoimentos de enfermeiras gestoras do Departamento e da Divisão de Enfermagem do Hospital da Universidade de São Paulo, inseridas no programa de Integração Docente-Assistencial (IDA), realizado na parceria entre o Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP) e a Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EEUSP).

A escolha pelo grupo social supraelencado faz jus à temática da escolha e identidade profissional da enfermeira, visto que as protagonistas deste estudo bem como os cenários (HU-USP/EEUSP) são considerados modelo-referência para os demais contextos brasileiros que vivenciam o processo ensino-serviço, uma vez que condiz ao padrão de excelência, e tal condição impacta sobremaneira na escolha e identidade profissional. Dessa forma, estudos inferem que discutir o tema em questão propicia reflexões acerca das lutas e conquistas para uma imagem ideal da enfermeira em sociedade, vislumbrando lograr direitos, autonomia, credibilidade e melhores condições de trabalho^(17-19).

Nesse prisma, surgem os questionamentos seguintes: quais foram as experiências e as vivências, durante o processo de socialização primária, que contribuíram para a escolha profissional de enfermeiras gestoras? De que modo essas percepções e significados colaboraram para a formação identitária profissional da enfermeira, enquanto agente profissional?

OBJETIVOS

Analisar as experiências e as vivências de enfermeiras gestoras, durante o processo de socialização primária, que contribuíram para a escolha e identidade profissional.

MÉTODOS

Aspectos éticos

O estudo atendeu aos preceitos éticos inerentes à pesquisa com seres humanos, de acordo com a Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012 do Conselho Nacional de Saúde. A proposta de investigação foi submetida aos Comitês de Ética em Pesquisa da EEUSP e do HU-USP. Foi assegurado o anonimato das entrevistadas as quais foram caracterizadas da seguinte maneira: P1, P2, P3 etc.

Referencial teórico-metodológico

O estudo fundamenta-se na teoria do sociólogo Claude Dubar, que se dedicou aos estudos da Sociologia do Trabalho na tentativa de desvendar o processo de construção identitária de indivíduos inseridos nos diversos campos dos saberes.

Segundo o autor, o desenvolvimento de uma identidade é instaurado no nascimento do indivíduo. Durante a infância, diversas interações aglutinam padrões de convívio em sociedade e estas podem ocorrer no seio familiar, na escola, na igreja, na universidade e em outros núcleos significativos. A herança ofertada ao indivíduo nessa primeira fase, conhecida como socialização primária, atém-se aos conceitos morais, éticos e instrumentais dos sujeitos nos diversos saberes⁽¹⁾.

O processo acima mencionado (socialização primária) finaliza quando o indivíduo adentra no mundo do trabalho, que, nesse ponto, é tipificado como socialização secundária. Entretanto, toda a bagagem do primeiro ciclo terá forte impacto no segundo momento e, muitas vezes, ocorre uma continuidade ou uma ruptura nessa transição, visto que o indivíduo, agora profissional, perpassa por diversos cenários e por choques biográficos que o induzem a pertencer aos grupos considerados referenciais. Não obstante, algumas vezes, esse momento pode levá-lo a crises identitárias, que o fazem questionar quanto à sua escolha profissional⁽⁴⁾.

Nessa trajetória conceitual sobre a construção identitária de um indivíduo, Dubar define identidade como "resultado a um só tempo estável e provisório, individual e coletivo, subjetivo e objetivo, biográfico e estrutural, dos diversos processos de socialização que, conjuntamente, constroem os indivíduos e definem as instituições", o que quer dizer que as identidades são mutáveis ao longo da vida, conforme o indivíduo se insere em grupos referenciais⁽¹⁾.

Tipo de estudo

Estudo de natureza qualitativa e exploratória.

A presente pesquisa foi arquitetada seguindo os preceitos dos Critérios de Consolidação para Relatórios de Pesquisa Qualitativa (COREQ), constituídos por 32 itens que visam assegurar o rigor na construção do estudo⁽²⁰⁾.

Procedimentos metodológicos

Cenário do estudo

Estudo realizado no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo e na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo.

O HU-USP é um hospital geral, de atenção secundária, articulado ao Sistema Único de Saúde (SUS), está inserido na Coordenadoria Regional de Saúde Centro-Oeste e dispõe de 258 leitos. Atende aos discentes, docentes e servidores técnicos e administrativos da USP e à população geograficamente inserida no Distrito de Saúde do Butantã do SUS⁽²¹⁾.

O Departamento de Enfermagem do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (DE/HU-USP) é o órgão máximo da Enfermagem no Organograma daquele hospital e tem como principal função supervisionar as atividades de enfermagem realizadas no referido hospital; e agrupa cinco divisões: Divisão de Enfermagem Clínica, Cirúrgica, Pediátrica, Obstetrícia e Ginecologia, e Pacientes Externos⁽²¹⁾.

A EEUSP, criada em 1942, está localizada na zona Oeste da cidade de São Paulo, no campus do Quadrilátero Saúde/Direito, tem como objetivo a excelência no tripé ensino, pesquisa e extensão⁽²¹⁾.

Fonte de dados

Foram adotados como critérios de inclusão: enfermeiras docentes da EEUSP que atuaram concomitantemente na direção do DE/HU-USP; e enfermeiras gestoras da Divisão de Enfermagem do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (DIE/HU-USP) que atuaram posteriormente como docentes da EEUSP no Departamento de Orientação Profissional (ENO), local em que se ministra a disciplina de Gerenciamento em Enfermagem.

A escolha das partícipes ocorreu por meio de consulta a documentos de ambas as organizações (EEUSP/HU-USP) e, também, por meio de contatos realizados com profissionais do HU-USP e da EEUSP que atuaram no período estabelecido (1978-2015) e, assim, poderiam indicá-las.

Cabe salientar que a escolha do recorte temporal (1978) se justifica pelo fato de que o HU-USP iniciou integralmente o atendimento obstétrico, pediátrico, de pronto atendimento, dentre outros, à população da região Oeste do Estado de São Paulo, Brasil. Demarcou-se o ano de 2015 pelo fato de o HU-USP sofrer ameaças de desvinculação da EEUSP.

Desse modo, foram convidadas, pessoalmente ou por meio de um e-mail, 12 enfermeiras que atuaram como gestoras no HU-USP e como docentes na EEUSP, no período de 1978 a 2015. No entanto, uma delas não participou por não ter sido localizada.

Cabe pontuar que, dentre as 11 depoentes, oito eram gerentes do DE/HU-USP e docentes da EEUSP concomitantemente. As demais foram gerentes da DIE/HU-USP e, posteriormente, entraram como docentes da EEUSP no Departamento de Orientação Profissional.

Coleta e organização dos dados

Os dados foram coletados por meio de um instrumento elaborado pelos autores e abarcava questões semiestruturadas imbricadas à teoria de Dubar, as quais versavam sobre a trajetória de vida, identidade profissional da enfermeira e sobre as escolhas profissionais. A técnica da coleta de dados ancorou-se, ainda, na metodologia da História Oral Temática, posto que esta atendeu aos objetivos da pesquisa, pois visa denotar as concepções dos indivíduos sobre um assunto específico⁽²²⁾.

A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas com as participantes que desejaram participar livremente da pesquisa, no local e horário de preferência das colaboradoras. A coleta, ainda, ocorreu no período entre março e novembro de 2017 e teve duração média de 35 minutos.

Análise dos dados

O material das entrevistas, devidamente gravado, transcrito (a entrevista foi transcrita de forma literal, incluindo os erros gramaticais e os vícios de linguagem), transcriado (as narrativas foram formatadas de modo que o texto fosse considerado adequado e de qualidade) e validado (por meio da anuência das participantes efetuada por e-mail)⁽²³⁾ resultou em textos discursivos que foram submetidos à Análise do Discurso, cujo enfoque se detém na produção de sentidos da relação entre a linguagem, o sujeito, a sociedade e a história, para compreensão das ideologias no âmago dos discursos. As etapas da referida análise constituíram-se nos três níveis do percurso gerativo de sentido, a saber: fundamental, narrativo e discursivo⁽²⁴⁾. Na primeira fase (fundamental), foram estabelecidas as categorias semânticas presentes no texto⁽²⁴⁾, ou seja, foram observadas as relações e os significados entre as palavras nas narrativas das participantes acerca da escolha e identidade profissional da enfermeira. Na segunda etapa (narrativa), atentou-se aos papéis narrativos desempenhados por sujeitos e objetos, os quais foram evidenciados pelo querer, o dever, o poder, o saber e os valores⁽²⁴⁾ voltados à temática (escolha/identidade profissional). Por fim, no último nível (discursivo), concretizaram-se as formas abstratas do nível narrativo⁽²⁴⁾, isto é, foram compreendidas as intenções contidas na ideologia e na simbologia entrepostas nas falas das participantes acerca da escolha e identidade profissional.

Sendo assim, foi possível elencar seis categorias: Influências familiares na infância, Representações da Enfermagem, Percepção das práticas cuidativas vivenciadas em uma situação de necessidade de saúde na família, Enfermagem por titularidade, Desconhecimento da profissão de Enfermagem, Enfermagem como convicção.

RESULTADOS

Foram criadas seis categorias que denotaram as motivações e as influências as quais as participantes experienciaram e vivenciaram e que contribuíram para a escolha e identidade profissional durante o processo de socialização primária. A primeira - Influências familiares na infância - retratou as experiências das participantes acerca do cuidado proveniente do seio familiar, como observado nas falas das entrevistadas P2 e P3⁽²¹⁾:

Meu pai me deu uma boneca com a cabeça e membros de cerâmica. Logo nos primeiros dias, ela caiu e quebrou uma perna; meu pai fez uma perna de madeira, e eu fazia o 'curativo' todos os dias nela, cuidando para que não aparecesse a madeira da 'prótese'. Esta foi minha primeira experiência 'cuidativa', mas acho que direcionou meus interesses profissionais. (P2)

A escolha profissional provavelmente decorre da minha própria história. Até os 11 anos, minha saúde exigiu cuidados, fossem de médicos, que naquela época atendiam em casa, ou dos profissionais de pequenos hospitais [...] ou da minha mãe que se dedicava integralmente a cuidar de mim. Naquele tempo, cuidava-se do doente na mais plena acepção do termo. Somado a isso, o carinho e a presença constante da minha mãe fizeram com que o significado de cuidar fizesse parte do meu universo cultural. Desde então, senti que cuidar e servir eram verbos que eu gostaria de conjugar na minha vida. (P3)

A segunda categoria - Representações da Enfermagem - denotou que a escolha profissional por essa área ocorreu pela identificação do ser enfermeira em sociedade, na relação com o outro e com as instituições organizacionais, como observado nas falas das entrevistadas P4, P6, P9 e P11⁽²¹⁾:

A escolha se deu acidentalmente, pois gostava de Biologia. O pai de uma amiga nos falou ter visto uma entrevista que dizia que o Brasil precisava muito de enfermeiras. Assim, foi uma escolha que teve uma deliberação, no sentido de que ouvi uma opinião, e optei adentrar na Enfermagem. (P4)

Antes de entrar na Faculdade, fui para Ohio e conheci a Universidade de Toledo. Lá, havia um curso extraordinário de Enfermagem com autonomia e independência. Retornei ao Brasil e prestei vestibular para Enfermagem. (P6)

Iniciei a graduação em Enfermagem em 1982 [...]. O que me chamou bastante atenção, naquela ocasião, foi que o curso era intitulado de Enfermagem e Obstetrícia; sempre tive muito interesse na área materno-infantil. Assim, após a graduação fiz a habilitação e outros cursos na área de Obstetrícia e Neonatologia. (P9)

Observava a identidade do enfermeiro por meio da amiga da minha irmã que era enfermeira. Assim, prestei vestibular para o campo da saúde e entrei para a Enfermagem. (P11)

A terceira categoria - Percepção das práticas cuidativas vivenciadas em uma situação de necessidade de saúde na família - aponta a escolha pela Enfermagem em razão da vivência de um processo crítico sucedido de um adoecimento na família, como observado nas falas das entrevistadas P1 e P10⁽²¹⁾.

Formei-me em Biologia. A Enfermagem foi a minha segunda opção. Escolhi cursar Enfermagem quando minha mãe foi acometida por um câncer. (P1

Escolhi ser enfermeira ainda na adolescência, quando acompanhei minha avó no leito de morte do meu tio, sem qualquer tipo de apoio da equipe de saúde. Decidi que seria um profissional de saúde com atuação voltada, principalmente, para a assistência humanizada, com foco na interação com o paciente e sua família. Optei pela Enfermagem, pois achei que daria essa possibilidade. (P10)

A quarta categoria - Enfermagem por titularidade - registra a opção profissional por merecimento ocasional, em razão da necessidade de aquisição de um diploma, como observado na fala da entrevistada P5⁽²¹⁾.

Tinha uma amiga que fazia Obstetrícia e achava que iria gostar de cuidar de pessoas. Então, acabei migrando para essa área. [...]. Por volta de 1975, houve uma reformulação na Educação e a Obstetriz passou a ter o direito de exercer a Enfermagem. Assim, sou enfermeira por título e não por opção. (P5)

A quinta categoria - Desconhecimento da profissão de Enfermagem - aduz uma escolha profissional por influência de outrem permeada por uma conduta destemida, como observado na fala da entrevistada P7⁽²¹⁾.

Fiz vestibular para Medicina e fiquei excedente. Então, fui à Unifesp [Universidade Federal de São Paulo] para fazer um curso em Ortóptica e, na entrevista, me falaram para eu tentar Enfermagem. Assim, prestei vestibular para essa área, mas me questionando se era isso que eu queria fazer, por conta do desconhecimento a respeito do papel do enfermeiro. (P7

A sexta e última categoria - Enfermagem como convicção - assevera uma escolha profissional categórica e enfática, como observado na fala da entrevistada P8⁽²¹⁾.

Tinha interesse em trabalhar com pessoas, no cuidado e na saúde. [...]. A Enfermagem era uma escolha, eu não tinha dúvida. (P8)

DISCUSSÃO

Os resultados referentes à primeira categoria - Influências familiares na infância - enaltecem as experiências e as vivências que sondaram o cenário infantil e familiar das entrevistadas e que contribuíram para a escolha profissional da Enfermagem, uma vez que a família representa um sistema sociocultural que intervém nas decisões futuras da prole, pois ela pode influenciar a personalidade do indivíduo, e impactar em sua identidade pessoal e laboral⁽¹⁾.

Um estudo realizado entre os anos de 2002 e 2012 entrevistou sete professoras em diferentes municípios do Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, com o objetivo de buscar, em suas memórias, a formação e a educação que se constituíram na infância. Os resultados apontaram que a escolha profissional tinha vínculo com a educação feminina recebida⁽²⁵⁾.

As memórias advindas da infância trazem à luz a tônica lúdica como um dos fatores para a escolha profissional⁽²⁶⁾.Nesse âmbito, Dubar traz perspectivas da psicologia Piagetiana para explicar a construção da identidade segundo o olhar da socialização e não do processo ensino-aprendizagem, reportando-se à reprodução, muitas vezes, dos papéis e dos comportamentos procedentes dos pares com os quais as crianças se socializam, precipuamente dos pais⁽¹⁾, assim sendo, a memória latente adveio de um cuidado realizado que fora percebido pelas participantes durante suas trajetórias de vida.

Na segunda categoria - Representações da Enfermagem - percebe-se que, ao longo do tempo, a representatividade social de uma instituição ou de uma profissão configura-se como unidade da identidade profissional, dado que ela se constrói pelo entrelaçamento dos aspectos culturais, econômicos e sociais e, também, pela transmissão do seu papel nos meios de comunicação e informação⁽²⁾.

Os dados inerentes a esse tópico se entrelaçam com os resultados de um estudo realizado em Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS), em Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil, o qual buscou compreender as percepções de 12 enfermeiros acerca do reconhecimento e valorização da profissão de Enfermagem e suas implicações no cotidiano. Evidenciou-se que a representação do enfermeiro na sociedade exercia influência em sua imagem. Ademais, o estudo relatou que o profissional constrói sua autoimagem diante dos reflexos oriundos dos pares sociativos⁽²⁷⁾.

A existência de uma profissão se estabelece conforme sua jurisdição, isto é, quando um grupo assume o controle de uma área do conhecimento e articula o exercício concreto do trabalho e o conhecimento⁽²⁸⁾, logo, as representações são aspectos que podem influenciar na estruturação e na identificação dos elementos jurisdicionais de uma profissão. Dessa maneira, os protótipos e as regras instituídas pelos representantes (trabalhadores/sistemas/organizações) estabelecem os grupos referenciais⁽¹⁾. Por esse ângulo, faz-se uma aproximação com a presença das participantes do estudo nos encargos da docência e da gerência em duas organizações consideradas excelência para o tripé ensino/pesquisa/extensão e para as práticas laboratoriais do cuidado. Essa lógica embasa o padrão e espelha a contínua primazia profissional a qual fora semeada assertivamente desde a trajetória da socialização primária das depoentes, no que tange à escolha e à identidade profissional permeadas pela influência da representação da Enfermagem na sociedade.

A terceira categoria - Percepção das práticas cuidativas vivenciadas em uma situação de necessidade de saúde na família - traz o cuidado como principal preditor para a escolha pela Enfermagem, nomeadamente quando as falas expressam a presença de tal preditivo em vivências críticas no campo familiar.

Uma pesquisa realizada com enfermeiras brasileiras e peruanas evidenciou que um dos motivos que as fizeram optar pela Enfermagem situou-se em meio às circunstâncias supramencionadas. Esse achado foi discursado sob a lógica do 'espírito servil' no sentido da doação, de gente que cuida de gente, o que rememora o ideário imagético da enfermeira durante a era chamada pré-profissional⁽²⁹⁾; o cuidado, portanto, seria a manifestação do ato de servir ao outro e pode caracterizar-se como uma ação laboral efetuada dentro das competências de uma profissão, sendo que no cuidado esse componente permite a desenvoltura da expertise do enfermeiro, o que contribui para o alicerce de sua jurisdição profissional.

As participantes do estudo, situadas na posição em que é realizada a articulação entre o ensino e a prática, exprimem a perpetuação da conduta do servir, do cuidado, uma vez que a própria IDA traz, em suas premissas, o atendimento das necessidades da população e a solução dos problemas advindos da realidade⁽³⁰⁾.

A categoria seguinte - Enfermagem por titularidade - remete à reflexão de que o ato de escolher exercer uma profissão por conta da titulação pode adentrar em um sistema o qual Dubar intitula como transações identitárias, as quais se estabelecem em uma dinâmica de continuidades e descontinuidades. O indivíduo tem o poder de decidir se incorpora ou não as normas, valores e saberes de uma determinada área do conhecimento⁽¹⁾; caso ele opte por romper com o que foi construído ou idealizado durante o período da socialização primária, em termos profissionais, ele se permite corporificar uma identidade percebida, a qual é definida como "uma projeção de si no futuro, a antecipação de uma trajetória de emprego e a elaboração de uma lógica de aprendizagem, ou melhor, de formação"⁽¹⁾. Ademais, o conhecimento acadêmico e a reivindicação dos privilégios entre os indivíduos inseridos nas variadas jurisdições profissionais estruturam e reforçam a identidade profissional.

Concerne evidenciar, nessa categoria, que a incorporação de uma profissão por outra ocorreu pelo aproveitamento da oportunidade nessa situação, visto que a outorga do direito à Obstetriz de exercer a Enfermagem sucedeu-se mediante as transformações das diretrizes da primeira área, instituídas pela Reforma Universitária de 1968, o que enaltece a internalização de normas, valores e saberes profissionais⁽¹⁾.

A quinta categoria - Desconhecimento da profissão de Enfermagem - corrobora um estudo cuja conclusão se referiu ao desconhecimento da sociedade em relação às funções da enfermeira. Cabe pontuar que a referida pesquisa realizou seu estudo em uma Universidade pública, no município de Campinas, São Paulo, Brasil, com oito estudantes, concluintes do ensino médio, advindos de escolas públicas e que cursavam o Programa de Formação Interdisciplinar Superior (ProFIS)⁽³¹⁾.

Um aspecto importante de elencar, na vertente do desconhecimento da profissão de Enfermagem, trata-se da tentativa de formação na área da Medicina. Em paralelo à Enfermagem, a Medicina detém prestígio social em razão das padronizações identitária e imaginária, as quais representam essa área. Essa concepção é sinalizada em estudos que apontam tais ideologias construídas em torno da Medicina ao denotarem que, na atualidade, o mesmo arquétipo sonda o profissional médico^(2,32-33) e que a Enfermagem se insere em um contexto anexo e dispensável, não sendo isso novidade, dado que, desde os primórdios, o sistema nightingaleano exigia, para a contratação da enfermeira, submissão à classe médica⁽³⁴⁾.

Dubar retrata a divisão moral do trabalho, tendo em vista que, conforme se processam as hierarquizações, consequentemente ocorrem segregações em razão do reconhecimento ou do irreconhecimento social de uma profissão e por compreender que algumas profissões são identificadas como sagradas e/ou profanas⁽³⁵⁾. Nesse sentido, a Medicina caracterizar-se-ia como profissão sagrada, enquanto a Enfermagem, como profissão profana, por efeito do modo como suas jurisdições profissionais foram construídas ao longo da trajetória histórico-social, as quais se instituíram pelas relações de poder. Assim sendo, hipotetiza-se que ser enfermeira docente e/ou gestora pode conferir status à própria profissão, uma vez que atuar nessas duas vertentes (ensino/gestão) pode levar ao reconhecimento social, especialmente quando o profissional atua em instituições renomadas, como é o caso das participantes do presente estudo.

Por fim, a sexta e última categoria - Enfermagem como convicção - reporta à enfática opinião de um indivíduo diante do veredito da profissão em que quer atuar, o que evidencia afinidade com uma área específica do conhecimento.

Um estudo entrevistou 21 estudantes de três cursos de graduação (Enfermagem, Pedagogia, Administração) em duas Instituições de Ensino Superior privadas, em São Paulo, Brasil, entre os anos de 2015 e 2018. Em seus resultados, evidenciou-se que a escolha profissional pela Enfermagem esteve embasada na convicção⁽³⁶⁾.

Dubar afere que, muitas vezes, o indivíduo realiza suas escolhas profissionais não apenas para a obtenção de um diploma, mas para a "construção pessoal de uma estratégia identitária que mobilize a imagem de si, a avaliação de suas capacidades e a realização de seus desejos"⁽¹⁾, sendo assim, a certeza no momento da escolha profissional pode identificar a solidez da percepção da identidade profissional, dado que a postura adotada em um momento pontual fortalece a profissão eleita. A atitude convicta destaca a presença e participação dessas mulheres, enfermeiras, docentes e gestoras em dois cenários representativos para a Enfermagem brasileira, o que concorre para a motivação e persuasão dos demais indivíduos que desejam adentrar nesse campo.

Mediante o exposto, infere-se sobre a necessidade de uma identidade ideal para a enfermeira, sendo essa percebida pelas continuidades e descontinuidades identitárias ao longo da trajetória histórica e que, mesmo após 200 anos da Enfermagem Moderna, vê-se a premente eloquência do diálogo a respeito dos reais motivos da escolha profissional por essa área e da (re)construção da identidade profissional da enfermeira.

Limitações do estudo

O estudo é inovador em sua concepção, contudo, parte da percepção de um grupo específico que se insere no HU-USP e na EEUSP. Conquanto, a apreensão sobre o tema em cenários e olhares diferentes de gerentes e docentes que fazem parte de um programa de IDA é desejável. Ademais, o estudo se centra em uma teoria peculiar e, portanto, é interessante convocar e/ou mesclar outros aportes teóricos que tratam do objeto de estudo (escolha e identidade profissional) na tentativa de obter novos apontamentos.

Contribuições para a área da enfermagem, saúde ou política pública

O estudo trouxe contribuições para a visibilidade e o reconhecimento social para o processo de trabalho das enfermeiras gestoras do HU-USP e docentes da EEUSP, impactando tanto no campo da formação profissional quanto nas práticas gerenciais dos profissionais de Enfermagem, corroborando, por conseguinte, a consolidação do processo de construção da identidade profissional das enfermeiras, levando-se em consideração o contexto da IDA.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise das experiências e vivências de enfermeiras, com base na teoria de Claude Dubar, pautou-se no processo da socialização primária desses atores sociais e permitiu compreender as influências e as motivações pela escolha e identidade profissional das enfermeiras, gestoras e educadoras.

O compartilhamento dessas vivências pessoais, em diversos cenários sociais apontados pelas participantes, contribuiu para aclarar as dimensões subjetivas, históricas, políticas e sociais que se entrelaçam à própria marca histórica da profissão de Enfermagem no âmbito institucional das práticas gerenciais e do ensino no contexto do HU-USP. Desse modo, as razões pelas quais as depoentes fizeram sua escolha profissional foram influenciadas por indivíduos pertencentes a grupos nos quais elas estavam inseridas, desde o núcleo familiar ao universo formativo e social. Além disso, as experiências e as vivências transcorridas ao longo de suas vidas contribuíram para a escolha profissional da Enfermagem, inclusive quando o cuidado foi percebido e traduzido por elas como cerne das habilidades da profissão. Tais influências convergiram para estudos previamente publicados, especialmente os que abordavam as motivações para a escolha e identidade profissional da Enfermagem induzidas por experiências e vivências sobrevindas do âmbito familiar, social, histórico e político.

Esse contexto cogita a necessidade de proporcionar uma identidade ideal para a enfermeira e suscitar novas discussões acerca da temática abordada, com o propósito de emergir desdobramentos acerca da escolha e identidade profissional nesse ramo, haja vista as diversas experiências e vivências durante a socialização primária que podem futuramente impactar no trabalho dessa profissional, no sentido de angariar autonomia e visibilidade social.

Nessa óptica, a escolha profissional está essencialmente interligada aos processos sociais iniciais da vida do indivíduo e inter-relaciona-se com a ideia de uma identidade profissional construída social e singularmente, e os cenários, as vivências e as experiências são fatores preponderantes para que tal escolha seja deliberada de forma autônoma e consciente.

AGRADECIMENTO

Agradecemos à Tatiana Araújo de Albuquerque e à Tamara Araújo dos Santos pelo auxílio na revisão do presente trabalho.

Agradecemos às participantes que fizeram este trabalho possível.

• FOMENTO
  Esta é uma pesquisa financiada pela Coordenação de Apoio ao Pessoal de Nível Superior (Capes), por meio de bolsa de doutorado no país e no exterior.

REFERENCES

• ¹
  Dubar C. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais. São Paulo: Martins Fontes; 2005. 331 p.
• ²
  Teodósio SSC, Padilha MI. "To be a nurse": a professional choice and the construction of identity processes in the 1970s. Rev Bras Enferm. 2016;69(3):428-34. https://doi.org/10.1590/0034-7167.2016690 303i
  » https://doi.org/10.1590/0034-7167.2016690 303i
• ³
  Almeida MCO, Vale CS, Silva CCG. Building the identity of the student in the face of the gender ideology. Div Journal. 2020;5(1):603-14. https://doi.org/10.17648/diversitas-journal-v5i1-1004
  » https://doi.org/10.17648/diversitas-journal-v5i1-1004
• ⁴
  Dubar C. A crise das identidades: a interpretação de uma mutação. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2009. 269 p.
• ⁵
  Guisardi PJ, Oliveira MAC. Socialization of nurses in the Family Health Strategy: contributions to professional identity. Rev Bras Enferm. 2019;72(suppl 1):17-23. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-045
  » https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-045
• ⁶
  Coutinho MC, Krawulski E, Soares DHP. [Identity and work in contemporaneousness: re-thinking the possible articulations]. Psicol Soc. 2007;19(esp 1):29-37. https://doi.org/10.1590/S0102-71822007000400006 Portuguese.
  » https://doi.org/10.1590/S0102-71822007000400006
• ⁷
  Antunes R. Desenhando a nova morfologia do trabalho no Brasil. Estud Av. 2014;28(81):39-53. https://doi.org/10.1590/S0103-40142014000200004
  » https://doi.org/10.1590/S0103-40142014000200004
• ⁸
  Almeida DB, Silva GTR, Queirós PJP, Freitas GF, Laitano ADC, Almeida SS, et al. Portuguese nursing: history of the life and activism of Maria Augusta Sousa. Rev Esc Enferm USP. 2016;50(3):498-504. https://doi.org/10.1590/S0080-623420160000400017
  » https://doi.org/10.1590/S0080-623420160000400017
• ⁹
  Figueiredo MAG, Peres MAA. The identity of the female nurse: a reflection from the perspective of Dubar. Rev Enf Ref. 2019;serIV(20):149-54. https://doi.org/10.12707/RIV18079
  » https://doi.org/10.12707/RIV18079
• ¹⁰
  Silva TA, Freitas GF, Takashi MH, Albuquerque TA. Professional identity of nurses: a literature review. Enferm Glob. 2019;18(2):563-600. https://doi.org/10.6018/eglobal.18.2.324291
  » https://doi.org/10.6018/eglobal.18.2.324291
• ¹¹
  Teodósio SSC, Padilha MI. [Nurses' training and the (re)construction of their professional identity (1970s)]. Rev Enferm UERJ. 2018;26:e20054. https://doi.org/10.12957/reuerj.2018.20054 Portuguese.
  » https://doi.org/10.12957/reuerj.2018.20054
• ¹²
  Fernandes MC, Silva LMS, Silva MRF, Torres RAM, Dias MAS, Moreira TMM. Identity of primary health care nurses: perception of "doing everything". Rev Bras Enferm. 2018;71(1):142-7. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0382
  » https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0382
• ¹³
  Helder H. Training and professional identity: encouragement to investigate the history of nursing. Acta Paul Enferm. 2018;31(4):3-5. https://doi.org/10.1590/1982-0194201800047
  » https://doi.org/10.1590/1982-0194201800047
• ¹⁴
  Kennedy MS. Nurses: courageous, committed, and fed up. Am J Nurs. 2020;120(6):7. https://doi.org/10.1097/01.NAJ.0000668648.29477.e1
  » https://doi.org/10.1097/01.NAJ.0000668648.29477.e1
• ¹⁵
  Howard C. Nursing in the COVID-19 pandemic and beyond: protecting, saving, supporting and honouring nurses. Int Nurs Rev. 2020;67(2):157-9. https://doi.org/10.1111/inr.12593
  » https://doi.org/10.1111/inr.12593
• ¹⁶
  Einboden R. SuperNurse? troubling the hero discourse in COVID times. Health (London). 2020;24(4):343-7. https://doi.org/10.1177/1363459320934280
  » https://doi.org/10.1177/1363459320934280
• ¹⁷
  Silva AR, Padilha MI, Backes VMS, Carvalho JB. Professional nursing identity: a perspective through the Brazilian printed media lenses. Esc Anna Nery. 2018;22(4):e20180182. https://doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2018-0182
  » https://doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2018-0182
• ¹⁸
  Almeida RLM, Rodrigues AAP, Tarma GF, Figueiredo MAG, Almeida Filho AJ, Santos TCF, et al. Clothing and professional identity in the training of nurses in the city of Juiz de Fora. Rev Bras Enferm. 2018;71(suppl 4):1548-55. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0522
  » https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0522
• ¹⁹
  Costa CGS, Vieira DVF, Martins LHFA, Castro Jr AR. Professional image construction in Ceará: the nurse on the modifications in the professional record scenario. Cad Saúde Colet. 2019;27(2):166-71. https://doi.org/10.1590/1414-462x201900020116
  » https://doi.org/10.1590/1414-462x201900020116
• ²⁰
  Tong A, Sainsbury P, Craig J. Consolidated criteria for reporting qualitative research (COREQ): a 32-item checklist for interviews and focus groups. Int J Qual Health Care. 2007;19(6):349-57. https://doi.org/10.1093/intqhc/mzm042
  » https://doi.org/10.1093/intqhc/mzm042
• ²¹
  Silva TA. [The professional identity of the nurse manager of the Teaching Care Integration Program (1978 - 2015)] [These] [Internet]. Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem 2019[cited 2020 May 30]. 235 p. Available from: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7140/tde-04032020-153420/pt-br.php Portuguese.
  » https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7140/tde-04032020-153420/pt-br.php
• ²²
  Macêdo MLAF, Costa MCMDR, Lima SP, Padilha MI, Borenstein MS. Thematic Oral History in nursing research: a bibliometric study. Cogitare Enferm. 2014;19(2):384-91. https://doi.org/10.5380/ce.v19i2.37360
  » https://doi.org/10.5380/ce.v19i2.37360
• ²³
  Meihy JCSB, Holanda F. História Oral: como fazer, como pensar. São Paulo: Contexto; 2019, 176 p.
• ²⁴
  Fiorin JL. [Two concepts of enunciation]. Estud Semiót. 2020;16(1):122-37. https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2020.172329 Portuguese.
  » https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2020.172329
• ²⁵
  Sarat M, Campos MI. Memories of childhood and education: eliasian approaches on women. Educ Real. 2017;42(4):1257-77. https://doi.org/10.1590/2175-623664283
  » https://doi.org/10.1590/2175-623664283
• ²⁶
  Wajskop G. [Children's oral language and literacy play in day care centers]. Educ Real. 2017;42(4):1355-74. https://doi.org/10.1590/2175-623661980 Portuguese.
  » https://doi.org/10.1590/2175-623661980
• ²⁷
  Lage CEB, Alves MS. [Evaluation of nursing and implications in nurses' daily routine]. Enferm Foco (Brasília). 2014;7(3/4):12-6. https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.n3/4.908 Portuguese.
  » https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.n3/4.908
• ²⁸
  Abbot A. Processual Sociology. Chicago: University of Chicago Press; 2016. 336 p.
• ²⁹
  Ribeiro AAA, Falcon GS, Borenstein MS, Padilha MICS. [Professional choice and the social imaginary: Brazilian and Peruvian nurses]. Esc Anna Nery. 2006;10(2):241-50. https://doi.org/10.1590/S1414-81452006000200011 Portuguese.
  » https://doi.org/10.1590/S1414-81452006000200011
• ³⁰
  Baldoino AS, Veras RM. Analysis of Service-learning activities adopted in health courses of Federal University of Bahia. Rev Esc Enferm USP. 2016;50(spe):17-24. https://doi.org/10.1590/S0080-623420160000300003
  » https://doi.org/10.1590/S0080-623420160000300003
• ³¹
  Pierrotti VW, Guirardello EB, Toledo VP. Nursing knowledge patterns: nurses' image and role in society perceived by students. Rev Bras Enferm. 2020;73(4):e20180959. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0959
  » https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0959
• ³²
  Matos MS, Ferraço CM, Rosa JCA, Bastos JA, Brandão PC. [First semester in medical school: reality shock and the beginning of acquisition of physician's professional identity]. Rev Psicol Saúde. 2019;11(3):157-71. https://doi.org/10.20435/pssa.v0i0.660 Portuguese.
  » https://doi.org/10.20435/pssa.v0i0.660
• ³³
  Martins JB, Rodriguez FP, Coelho ICMM, Silva EM. [Factors that influence the choice of medical specialty by medical students of an Educational Institution in Curitiba (PR)]. Rev Bras Educ Méd. 2019;43(2):152-8. https://doi.org/10.1590/1981-52712015v43n2rb20180158 Portuguese.
  » https://doi.org/10.1590/1981-52712015v43n2rb20180158
• ³⁴
  Santos SC, Almeida DB, Silva GTR, Santana GC, Silva HS, Santana LS. The professional identity of female nurses: an integrative review. Rev Baiana Enferm. 2019;33:e29003. https://doi.org/10.18471/rbe.v33.29003
  » https://doi.org/10.18471/rbe.v33.29003
• ³⁵
  Dubar C. [The construction of self through work activity: the professional socialization]. Cad Pesqui. 2012;42(146):351-67. https://doi.org/10.1590/S0100-15742012000200003 Portuguese.
  » https://doi.org/10.1590/S0100-15742012000200003
• ³⁶
  Macedo RM. [Resistance and resignation: gender narratives in the choice of nursing and education]. Cad Pesqui. 2019;49(172):54-76. https://doi.org/10.1590/198053145992 Portuguese.
  » https://doi.org/10.1590/198053145992

Editado por

EDITOR CHEFE: Dulce Barbosa

EDITOR ASSOCIADO: Rafael Silva

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  11 Jun 2021
• Data do Fascículo
  2021

Histórico

• Recebido
  03 Jun 2020
• Aceito
  21 Dez 2020