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COVID-19 e o estresse ocupacional vivenciado pelos profissionais de saúde no contexto hospitalar: revisão integrativa

RESUMO

Objetivo:

Analisar as publicações científicas brasileiras e internacionais acerca do estresse vivenciado pelos profissionais de saúde no contexto hospitalar durante a pandemia de COVID-19.

Métodos:

Revisão integrativa da literatura realizada nas bases de dados SciELO, ScienceDirect, LILACS e em fontes de instituições oficiais brasileiras, com documentos publicados até maio 2020.

Resultados:

Das 26 referências selecionadas, 19 (73,08%) foram artigos indexados e 7 (26,92 %) foram obtidas de instituições oficiais. Verificou-se que o estresse é decorrente sobretudo da sobrecarga dos serviços hospitalares, afastamento de profissionais, insuficiência de equipamentos de proteção individual e rigorosas medidas de biossegurança, desafios na alocação dos recursos disponíveis e risco de contaminação pela COVID-19. Considerações finais: O estresse vivenciado pelos profissionais da saúde nas instituições hospitalares durante a pandemia pode desencadear problemas ocupacionais e psicológicos.

Descritores:
COVID-19; Profissionais de Saúde; Estresse Ocupacional; Hospitais; Saúde Mental

ABSTRACT

Objective:

To analyze Brazilian and international scientific publications about the stress experienced by health professionals in the hospital context during the COVID-19 pandemic.

Methods:

Integrative literature review carried out on the SciELO, ScienceDirect, and LILACS databases, and sources of official Brazilian institutions, with documents published by May 2020.

Results:

Of the 26 selected references, 19 (73.08%) were indexed articles, and 7 (26.92 %) were obtained from official institutions. The study found that stress is mainly due to the overload of hospital services, the removal of professionals, the insufficiency of personal protective equipment and strict biosecurity measures, challenges in the allocation of available resources, and the risk of contamination by COVID-19.

Final considerations:

The stress experienced by health professionals in hospital institutions during the pandemic can trigger occupational and psychological problems.

Descriptors:
COVID-19; Health Personnel; Occupational Stress; Hospitals; Mental Health

RESUMEN

Objetivo:

Analizar las publicaciones científicas brasileñas e internacionales acerca del estrés vivido por los profesionales de salud en el contexto hospitalario durante la pandemia de COVID-19.

Métodos:

Revisión integrativa de la literatura realizada en las bases de datos SciELO, ScienceDirect, LILACS y en fuentes de instituciones oficiales brasileñas, con documentos publicados hasta mayo de 2020.

Resultados:

Entre las 26 referencias seleccionadas, 19 (73,08%) fueron artículos indexados y 7 (26,92 %) fueron obtenidas de instituciones oficiales. Se verificó que el estrés es causado sobretodo por la sobrecarga de los servicios hospitalarios, alejamiento de profesionales, insuficiencia de equipos de protección individual y rigorosas medidas de bioseguridad, desafíos en el destino de los recursos disponibles y riesgo de contaminación por COVID-19.

Consideraciones finales:

El estrés vivido por los profesionales de salud en las instituciones hospitalarias durante la pandemia puede desencadenar problemas laborales y psicológicos.

Descriptores:
COVID-19; Personal de Salud; Estrés Laboral; Hospitales; Salud Mental

INTRODUÇÃO

No final de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi alertada sobre uma série de casos de pneumonia na cidade de Wuhan, China. Isso foi o marco inicial de um surto provocado por um novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador do que se denominou coronavirus disease (COVID19), a qual, desde então, se espalhou com número crescente de casos em outras regiões do mundo. Em 30 de janeiro de 2020, a OMS declarou Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional; e, em 11 de março de 2020, a doença passou a ser considerada uma pandemia(11 Harapan H, Itoh N, Yufika A, Winardi W, Keam S, Te H, et al. Coronavirus disease 2019 (covid-19): a literature review. J Infect Public Health. 2020;13(5):667-73. https://doi.org/10.1016/j.jiph.2020.03.019
https://doi.org/10.1016/j.jiph.2020.03.0...

2 Sohrabi C, Alsafi Z, O’Neill N, Khan M, Kerwan A, Al-Jabir A, et. al. World Health Organization declares global emergency: a review of the 2019 novel coronavirus (covid-19). Int J Surg. 2020;76:71-6. https://doi.org/10.1016/j.ijsu.2020.02.034
https://doi.org/10.1016/j.ijsu.2020.02.0...
-33 Down B, Kulkarni S, Khan AHA, Barker B, Tang I. Novel coronavirus (COVID-19) infection: what a doctor on the frontline needs to know. Ann Med Surg (Lond). 2020;55:24-9. https://doi.org/10.1016/j.amsu.2020.05.014
https://doi.org/10.1016/j.amsu.2020.05.0...
).

Até 08 de julho de 2020, foram confirmados mais de 1.577.004 casos de COVID-19 no Brasil. Deste total, mais de 64.265 foram a óbito, com a taxa de mortalidade de 30,6 óbitos/100 mil habitantes(44 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim epidemiológico especial. Semana epidemiológica 27 [Internet]. 2020 [cited 2020 Jul 13]. Available from: https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/July/08/Boletim-epidemiologico-COVID-21-corrigido-13h35--002-.pdf
https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020...
). Embora não exista uma recomendação oficial, a OMS estima globalmente uma média de 3,2 leitos por mil habitantes. No Brasil, a densidade de leitos, que antes era estimada em 2,23 leitos por mil habitantes em 2010, caiu para 1,95 leito em 2019(55 Federação Brasileira de Hospitais. Relatório da situação dos hospitais privados do Brasil: cenário dos hospitais do Brasil: 2019 [Internet]. [Brasília, DF]: CNSaúde; 2019[cited 2020 May 2]. Available from: http://cnsaude.org.br/publicacoes/cenario-dos-hospitais-no-brasil-2019/
http://cnsaude.org.br/publicacoes/cenari...
).

As situações emergenciais de saúde pública, ao tempo que evidenciam o papel fundamental do Sistema Único de Saúde (SUS) na contenção da COVID-19, expõem as fragilidades estruturais do sistema, em particular a falta e/ou distribuição desigual de profissionais da saúde e de infraestrutura da atenção de média e alta complexidade(66 Oliveira WK, Duarte E, França GVA, Garcia LP. How Brazil can hold back COVID-19. Epidemiol Serv Saude. 2020;29(2):2-8. https://doi.org/10.5123/S1679-49742020000200023
https://doi.org/10.5123/S1679-4974202000...
). Isto posto, deve-se considerar que uma interação negativa entre o ambiente de trabalho e fatores humanos pode desencadear respostas físicas e emocionais que acarretam prejuízos à qualidade de vida e levam ao acometimento de doenças(77 Martinez MC, Fischer FM. Psychosocial factors at hospital work: experienced conditions related to job strain and effort-reward imbalance. Rev Bras Saude Ocup. 2019;44:1-12. https://doi.org/10.1590/2317-6369000025918
https://doi.org/10.1590/2317-63690000259...
).

No ambiente hospitalar, diferentes e complementares estressores têm sido evidenciados. A tensão natural exigida pelo fato de se trabalhar com a vida das pessoas — com a complexidade que permeia as possibilidades de cura e com os temores de um agravamento e morte — fragiliza os que precisam desse serviço e também aqueles que nele atuam. Os profissionais de enfermagem e medicina, em especial, convivem rotineiramente com a dor e sofrimento e são submetidos a ritmos intensos e longas jornadas de trabalho, baixos salários, relações humanas complexas, escassez de materiais e número reduzido de profissionais(88 Montenegro LC, Renno HMS, Caram CS, Brito MJM. Problemas éticos na prática de profissionais de saúde em um hospital escola. Av Enferm. 2016;34(3):226-35. https://doi.org/10.15446/av.enferm.v34n3.45590
https://doi.org/10.15446/av.enferm.v34n3...

9 Teixeira CAB, Gherardi-Donato ECS, Pereira SS, Cardoso L, Reisdorfer E. Occupational stress and coping strategies among nursing professionals in hospital environment. Enferm Glob [Internet]. 2016[cited 2020 May 9];15(44):299-309. Available from: http://scielo.isciii.es/pdf/eg/v15n44/pt_administracion3.pdf
http://scielo.isciii.es/pdf/eg/v15n44/pt...
-1010 Oliveira EM, Souza EA, Tonini NS, Maraschin MS. Nível de estresse em enfermeiros de uma instituição hospitalar. Nursing [Internet]. 2018[cited 2020 May 8];21(244):2355-9. Available from: http://www.revistanursing.com.br/revistas/244-Setembro2018/Nivel_estresse.pdf
http://www.revistanursing.com.br/revista...
).

O estresse ocupacional é definido como um conjunto de manifestações no organismo do trabalhador que tem potencial nocivo a sua saúde, em razão da dificuldade deste em desenvolver suas atividades, somadas às demandas do serviço(1111 Bezerra CMB, Silva KKM, Costa JWS, Farias JC, Martino MMF, Medeiros SM. Prevalence of stress and burnout syndrome in hospital nurses working in shifts. Rev Mineira Enferm. 2019;23:e-1232. https://doi.org/10.5935/1415-2762.20190080
https://doi.org/10.5935/1415-2762.201900...
-1212 Ribeiro RP, Marziale MHP, Martins JT, Galdino MJQ, Ribeiro PHV. Occupational stress among health workers of a university hospital. Rev Gaucha Enferm. 2018;39:e65127. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.65127
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.6...
). O estresse no trabalho é resultante da interação entre muitas exigências psicológicas envolvendo tempo, velocidade e intensidade, menor controle no processo de trabalho no que diz respeito à tomada de decisões e suas habilidades intelectuais, assim como deriva do menor apoio social recebido(1111 Bezerra CMB, Silva KKM, Costa JWS, Farias JC, Martino MMF, Medeiros SM. Prevalence of stress and burnout syndrome in hospital nurses working in shifts. Rev Mineira Enferm. 2019;23:e-1232. https://doi.org/10.5935/1415-2762.20190080
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-1212 Ribeiro RP, Marziale MHP, Martins JT, Galdino MJQ, Ribeiro PHV. Occupational stress among health workers of a university hospital. Rev Gaucha Enferm. 2018;39:e65127. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.65127
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).

A desvalorização e precarização do trabalho dos profissionais de saúde são históricas no Brasil. A pandemia de COVID-19 traz um desafio adicional e extremamente novo ao sistema hospitalar e, por consequência, aos profissionais de saúde. O cenário é alarmante, mostra-se atípico e incerto, pouco compreendido e avança rapidamente, o que vem justificar a realização de estudos visando apresentar e reunir as evidências científicas, até o momento pouco exploradas, que incitem reflexões e compreensão a respeito da saúde mental dos profissionais de saúde em tempo de enfrentamento da pandemia.

OBJETIVO

Analisar as publicações científicas brasileiras e internacionais acerca do estresse vivenciado pelos profissionais de saúde no contexto hospitalar durante a pandemia de COVID-19.

MÉTODOS

Aspectos éticos

Conforme as normas vigentes, esta pesquisa não precisou de aprovação em Comitê de Ética, uma vez que os dados coletados são de domínio público.

Tipo do estudo

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, que reuniu, avaliou e sintetizou os resultados de estudos já publicados sobre o assunto de interesse.

Referencial metodológico

Para a condução desta revisão, foram seguidas as etapas: elaboração da pergunta de pesquisa, definição dos critérios de inclusão e exclusão, seleção e busca do material nas fontes de dados, categorização dos estudos, avaliação crítica dos estudos incluídos, análise e síntese dos resultados e apresentação da revisão(1313 Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enferm. 2008;17(4):758-64. https://doi.org/10.1590/S0104-07072008000400018
https://doi.org/10.1590/S0104-0707200800...
).

No primeiro momento, foi delineada a pergunta de pesquisa: Quais as evidências científicas disponíveis na literatura nacional e internacional que abordam o estresse vivenciado pelos profissionais de saúde no contexto hospitalar durante a pandemia da COVID-19?

Fonte dos dados

A coleta dos dados foi realizada entre abril e maio 2020, nas bases de dados ScienceDirect Elsevier (ScienceDirect), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library On-Line (SciELO). Tais fontes foram escolhidas por representarem aquelas que permitem indexar, respectivamente, um número significativo de estudos internacionais e periódicos científicos brasileiros. De forma complementar, a fim de explorar o contexto pandêmico no Brasil e diante da escassez de dados em publicações científicas nacionais, ampliou-se a consulta em outras fontes de dados: literatura cinzenta(1414 Poblacion DA, Noronha DP, Currás E. Literatura cinzenta versus literatura branca: transição dos autores das comunicações dos eventos para produtores de artigos. Cienc Inf. 1995;25(2):1-10. https://doi.org/10.18225/ci.inf.v25i2.662
https://doi.org/10.18225/ci.inf.v25i2.66...
), Ministério da Saúde (MS), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), Conselho Federal de Enfermagem (COFEN).

Durante a busca nas bases de dados, utilizaram-se descritores no idioma português e inglês, controlados, respectivamente, pela classificação dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH): Infecção por coronavírus/Coronavirus Infections; Pessoal de Saúde/Health Personnel; Estresse Ocupacional/Occupational Stress. Com o operador booleano AND, permitiu-se realizar combinações entre os descritores e construir a estratégia de busca em cada base de dados. A estratégia utilizada nas bases de dados não foi uniforme devido às suas particularidades e especificidades durante o processo de busca, conforme se observa no Quadro 1.

Quadro 1
Estratégia de busca nas bases de dados

Coleta e organização dos dados

Foram incluídos os artigos indexados nas referidas bases de dados que foram publicados no ano de 2020 até o mês de maio, disponíveis para leitura, publicados nos idiomas português, inglês e espanhol e que respondiam a pergunta norteadora para condução da pesquisa. Os critérios de inclusão da literatura cinzenta foram: abordar a pandemia da COVID-19 no Brasil com informações acerca do sistema hospitalar.

Foram excluídos da amostra resumos, editoriais, cartas ao editor, capítulo de livro, artigos repetidos, documentos que não abordassem a infecção por coronavírus em humanos nem a assistência hospitalar. Os critérios de exclusão da literatura cinzenta foram: abordagem da pandemia da COVID19 sem informações sobre o sistema hospitalar.

O percurso de identificação, seleção, elegibilidade e inclusão dos estudos pode ser visualizado no fluxograma da Figura 1.

Figura 1
Fluxograma do estudo

Para análise dos dados, foi realizada, primeiramente, a leitura dos títulos dos artigos e sua conformidade com o objetivo desta pesquisa; posteriormente, a leitura criteriosa dos resumos que contemplassem a pergunta norteadora; e, em seguida, a leitura das publicações na íntegra. Por fim, procedeu-se à exploração do material e interpretação dos resultados. Os trabalhos selecionados foram organizados em uma matriz construída no programa Microsoft Excel (versão 2013) com as seguintes informações: autores, ano de publicação, país dos autores, título e objetivo do estudo.

RESULTADOS

Um total de 26 referências foram incluídas nesta revisão, das quais 19 (73,08%) foram encontradas na base de dados de artigos indexados; e 7 (26,92 %), obtidas da literatura cinzenta. Seus resultados serão expostos separadamente a fim de facilitar a compreensão.

O Quadro 2 refere-se aos artigos publicados em bases de dados.

Quadro 2
Artigos publicados segundo título/referência, ano/país de publicação, tipo de estudo ou abordagem metodológica/ número de participantes, intervenções e desfecho ou resultados principais

Tratando-se das publicações indexadas (19 artigos): quanto à nacionalidade, 17 (89,47%) são internacionais, todos identificados na base de dados ScienceDirect, com 7 (41,17%) artigos da China, seguida da Espanha e Cingapura com 2 (11,76%) cada, e um conjunto de países com apenas 1 (5,88%), Estados Unidos da América, Índia, Austrália, Itália, Reino Unido e França. Os artigos nacionais totalizaram dois (10,52%), ambos encontrados na base de dados da SciELO.

No Quadro 3, apresentam-se os artigos da literatura cinzenta.

Quadro 3
Literatura cinzenta segundo a fonte/ano, título e especificação, do ano de 2020

No que se refere à literatura cinzenta, todas as sete referências são brasileiras: um (14,28%) guia da EBSERH, uma (14,28%) nota técnica da ANVISA, um (14,28%) painel de observação de enfermagem, um (14,28%) guia do Ministério da Saúde e três (42,85%) boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde.

DISCUSSÃO

Com o avanço alarmante da pandemia de COVID-19, já é possível identificar e discutir, apoiando-se nas evidências científicas reunidas na revisão, que, embora o curso e o impacto da COVID-19 sejam incertos, o adoecimento de profissionais de saúde da linha de frente é especialmente preocupante, pois reduzem os recursos humanos e comprometem a qualidade e a resolutividade dos serviços de saúde, cujos sistemas hospitalares já demonstram sinais de colapso. O impacto do estresse, mesmo não se revelando como assunto central em todas as publicações, mostrou-se relevante. Com base na constatação dos desafios/dificuldades produzidos pela COVID-19 nos sistemas hospitalares, viu-se que esses locais se configuram como geradores de sofrimento emocional aos profissionais de saúde.

Mesmo em um cenário mais otimista, seria observada uma sobrecarga dos serviços emergenciais em várias microrregiões de saúde. A hospitalização por síndrome respiratória aguda grave (SRAG), desde a detecção do primeiro caso da COVID-19 no Brasil, superou os números do ano anterior(1515 Bastos LS, Niquini RP, Lana RM, Villela DAM, Cruz OG, Coelho FC, et al. COVID-19 and hospitalizations for SARI in Brazil: a comparison up to the 12th epidemiological week of 2020. Cad Saude Publica. 2020;36(4):e00070120. https://doi.org/10.1590/0102-311X00070120
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). Até 29 de maio de 2020, observou-se um incremento de mais de 705% de hospitalizações por SRAG em relação ao mesmo período de 2019, sendo registradas 168.676 hospitalizações, das quais 52.335 (31,0%) foram de casos confirmados de COVID-19(3434 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim epidemiológico especial 17. Semana epidemiológica 21 [Internet]. 2020 [cited 2020 Jun 15]. Available from: https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/May/29/2020-05-25---BEE17---Boletim-do-COE.pdf
https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020...
). A superlotação hospitalar, a escassez de recursos e o número insuficiente de profissionais afetam direta e negativamente a autoestima do profissional, gerando ansiedade e sentimento de impotência(4141 Santos JNMO, Longuiniere ACF, Vieira SNS, Amaral APS, Sanches GJC, Vilela ABA. Occupational stress: the exposure of an emergency unit nursing team. J Res Fundam Care. 2019;11(2):455-63. https://doi.org/10.9789/2175-5361.2019.v11i2.455-463
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).

A situação produzida pela COVID-19 apenas agravou e multiplicou as intensas demandas cognitivas, físicas, sociais e emocionais vivenciadas, antes dessa pandemia, pelos profissionais de saúde no contexto hospitalar(1616 Blanco-Donoso LM, Garrosa E, Moreno-Jiménez J, Gálvez-Herrer M, Moreno-Jiménez B. Occupational psychosocial risks of health professionals in the face of the crisis produced by the covid-19: from the identification of these risks to immediate action. Int J Nurs Stud Adv. 2020:100003. https://doi.org/10.1016/j.ijnsa.2020.100003
https://doi.org/10.1016/j.ijnsa.2020.100...
). O estudo publicado com 287 profissionais da equipe de enfermagem de UTI, com relação aos recursos humanos e materiais, identificou que 78,37% da equipe de enfermagem já afirmavam que o número de profissionais era inadequado, assim como outros 58,16% consideravam os recursos disponíveis na unidade como insuficientes para o cuidado, e 74,47% dos participantes estavam com médio nível de estresse(4242 Andolhe R, Barbosa RL, Oliveira EM, Costa ALS, Padilha KG. Stress, coping and burnout among Intensive Care Unit nursing staff: associated factors. Rev Esc Enferm USP. 2015;49(spe):58-64. 10.1590/S0080-623420150000700009
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201500...
).

A resiliência pode ser ainda mais comprometida pelo isolamento e perda de apoio social, risco de ser infectado durante o atendimento e de transmissão aos amigos e familiares, além de mudanças drásticas e muitas vezes perturbadoras nas formas de trabalhar(1717 Pappa S, Ntella V, Giannakas T, Giannakoulis VG, Papoutsi E, Katsaounou P. Prevalence of depression, anxiety, and insomnia among healthcare workers during the covid-19 pandemic: a systematic review and meta-analysis. Brain Behav Immun. 2020:88:901-7. https://doi.org/10.1016/j.bbi.2020.05.026
https://doi.org/10.1016/j.bbi.2020.05.02...
). A angústia pode ter relação com o constante estado de vigilância e alerta pelas medidas de biossegurança, autocuidado reduzido, insuficiência de informações e descontrole sobre a situação(3535 Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (BR). Suporte em saúde mental em tempos de covid-19: guia de cuidados aos profissionais da saúde [Internet]. [Brasília, DF]: Ministério da Educação; 2020[cited 2020 May 4]. Available from: http://www2.ebserh.gov.br/documents/16756/5119444/A+cartilha+sau%CC%81de+mental+covid-19+ok.pdf/b277aed9-f881-45cd-b289-4457f33a0d85
http://www2.ebserh.gov.br/documents/1675...
).

Estudo realizado com dez enfermeiros que cuidaram de pacientes com COVID-19 objetivou explorar as necessidades psicológicas dos profissionais e mostrou que a principal necessidade dos enfermeiros durante a pandemia se manifestava como necessidades de saúde (física e mental) e segurança (uso de EPIs e estabilidade emocional dos familiares dos paciente), influenciando-se mutuamente(1818 Yin X, Zeng L. A study on the psychological needs of nurses caring for patients with coronavirus disease 2019 from the perspective of the existence, relatedness, and growth theory. Int J Nurs Sci. 2020;7(2):157-60. https://doi.org/10.1016/j.ijnss.2020.04.002
https://doi.org/10.1016/j.ijnss.2020.04....
).

O equipamento de proteção individual (EPI) é considerado essencial na segurança dos profissionais de saúde em risco de contaminação por maior exposição. O atual estoque global é insuficiente, sobretudo para máscaras médicas e respiradores(1919 Ippolito M, Vitale F, Accurso G, Iozzo P, Gregorettin C, Giarratano A, et al. Medical masks and Respirators for the protection of healthcare workers from SARS-CoV-2 and other viroses. Pulmonology. 2020:26(4):204-12. https://doi.org/10.1016/j.pulmoe.2020.04.009
https://doi.org/10.1016/j.pulmoe.2020.04...
). Excepcionalmente, devido ao aumento da demanda causada pela emergência em saúde pública da COVID-19, a reutilização das máscaras de proteção respiratória N95/PFF2 ou equivalente passa a ser orientada por um período maior que o previsto pelo fabricante(3636 Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BR). Nota técnica GVIMS/GGTES/ANVISA nº 04/2020. Orientações para serviços de saúde: medidas de prevenção e controle que devem ser adotadas durante a assistência aos casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) [Internet]. [Brasília, DF]: Anvisa; 2020[cited 2020 Jun 25]. Available from: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/notas-tecnicas/nota-tecnica-gvims_ggtes_anvisa-04_2020-25-02-para-o-site.pdf
https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centrais...
). A mão de obra limitada tem complicado os serviços médicos, visto que os profissionais da saúde já estão adoecendo ou em quarentena(3737 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim epidemiológico 06. Doença pelo coronavírus 19 [Internet]. 2020 [cited 2020 May 17]. Available from: https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/03/BE6-Boletim-Especial-do-COE.pdf
https://portalarquivos.saude.gov.br/imag...
).

Embora os profissionais se concentrem em usar EPI, um risco substancial de autocontaminação está em sua remoção inadequada(2020 Phua J, Weng L, Ling L, Egi M, Lim C-M, Divatia JV, et al. Intensive care management of coronavirus disease 2019 (covid-19): challenges and recommendations. Lancet Respir Med. 2020;8(5):506-17. https://doi.org/10.1016/S2213-2600(20)30161-2
https://doi.org/10.1016/S2213-2600(20)30...
): geralmente, é realizada no final de um turno, quando o trabalhador, já cansado, pode facilmente cometer erros durante o procedimento(1919 Ippolito M, Vitale F, Accurso G, Iozzo P, Gregorettin C, Giarratano A, et al. Medical masks and Respirators for the protection of healthcare workers from SARS-CoV-2 and other viroses. Pulmonology. 2020:26(4):204-12. https://doi.org/10.1016/j.pulmoe.2020.04.009
https://doi.org/10.1016/j.pulmoe.2020.04...
). O tempo dispendido na paramentação e desparamentação rigorosa aumentam a fadiga e o estresse psicológico; além disso, a necessidade de economizar EPIs dificulta a realização de funções fisiológicas como alimentar-se, hidratar-se ou ir ao banheiro(2121 Schmidt B, Crepaldi MA, Bolze SDA, Neiva-Silva L, Demenech LM. Saúde mental e intervenções psicológicas diante da pandemia do novo coronavírus (covid-19). Estud Psicol. 2020;37:e200063. https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e200063
https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e...
).

Nesta revisão, foi possível identificar que, por um lado, os EPIs ajudam a aumentar a percepção de segurança, bem-estar e confiança, mas, por outro lado, trazem desconforto físico para os profissionais e podem inclusive causar lesões cutâneas. Em estudo realizado com 109 enfermeiros de dez hospitais destinados ao tratamento de pacientes com COVID-19 na China, os resultados demonstram que as horas reais de trabalho excediam as relatadas pelos profissionais de enfermagem como ideais. Cerca de 40,37% referiram que o uso prolongado dos EPIs ocasionava dores, desidratação, sudorese e desconfortos. A intensidade do trabalho também afeta a eficiência e a resistência dos enfermeiros e o aumento do risco de infecção por maior exposição(2222 Zhang X, Jiang Z, Yuan X, Wang Y, Huang D, Hu r, et al. Nurses reports of actual work hours and preferred work hours per shift among frontline nurses during coronavirus disease 2019 (covid-19) epidemic: a cross-sectional survey. Int J Nurs Stud. 2020;103635. https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2020.103635
https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2020....
).

De forma complementar, o estudo realizado com 20 enfermeiros mostrou que, conforme o número de pacientes aumentava, a carga de trabalho de todos os enfermeiros crescia à razão de 1,5 a 2 vezes o horário e a carga de trabalho normais. Deixar de atender às necessidades físicas e psicológicas trouxe uma sensação de desamparo. Os enfermeiros foram solicitados a conservar as roupas de proteção, reduzindo o número de vezes que as usavam, porquanto os equipamentos de proteção eram escassos, o que resultava em fadiga(2323 Sun N, Wei L, Shi S, Jiao D, Song R, Ma L, et al. A qualitative study on the psychological experience of caregivers of covid-19 patients. Am J Infect Control. 2020;48(6):592-8. https://doi.org/10.1016/j.ajic.2020.03.018
https://doi.org/10.1016/j.ajic.2020.03.0...
).

Uma quantidade adequada da força de trabalho disponível é essencial para garantir que os profissionais possam fazer pausas durante os turnos e tirar uma licença quando estão doentes(2424 Fernandez R, Lord H, Halcomb E, Moxham L, Middleton R, Alananzeh I, et al. Implications for covid-19: a systematic review of nurses’ experiences of working in acute care hospital settings during a respiratory pandemic. Int J Nurs Stud. 2020;111:103637. https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2020.103637
https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2020....
). O risco da infecção entre a equipe de saúde evidencia outra razão importante para o impacto psicológico, a repentina mudança de papel do profissional de saúde em paciente, ocasionando sentimento de frustração, desamparo e estigma(2525 Spoorthy M, Pratapa SK, Mahant S. Mental health problems faced by healthcare workers due to the COVID-19 pandemic: a review. Asian J Psychiatr. 2020;51:102119. https://doi.org/10.1016/j.ajp.2020.102119
https://doi.org/10.1016/j.ajp.2020.10211...
). O nível de comprometimento da saúde mental está diretamente relacionado com a exposição às pessoas confirmadas ou com suspeitas de estarem infectadas pelo vírus, ou seja, quanto maior a exposição, maior o agravamento dos sintomas psicológicos sofridos pelos profissionais de saúde(2626 Kang L, Ma S, Chen M, Yang J, Wanga Y, Lia R, et al. Impact on mental health and perceptions of psychological care among medical and nursing staff in Wuhan during the 2019 novel coronavirus disease outbreak: a cross-sectional study. Brain Behav Immun. 2020;87:11-7. https://doi.org/10.1016/j.bbi.2020.03.028
https://doi.org/10.1016/j.bbi.2020.03.02...
).

Os dados sobre o adoecimento dos profissionais de saúde no contexto da COVID-19 e sobre seus impactos ainda são inconsistentes, pois os números de infectados e óbitos aumentam diariamente. A equipe de enfermagem representa a maior força de trabalho presente nas instituições hospitalares. Até 21 de maio de 2020, mais de 16 mil enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem foram afastados do seu posto de trabalho, com 136 óbitos associados à doença. A faixa etária dos 31 aos 40 anos apresentou a maior ocorrência, sendo 6.866 casos, seguidos da faixa etária dos 41 aos 50 anos, com 4.484 casos(3838 Conselho Federal de Enfermagem. Observatório da Enfermagem. Profissionais infectados com Covid 19 informado pelos serviço de saúde [Internet]. [Brasília, DF]: Cofen [2020 cited 2020 May 21]. Available from: http://observatoriodaenfermagem.cofen.gov.br/
http://observatoriodaenfermagem.cofen.go...
).

Excepcionalmente, em situações de emergência, os trabalhadores dos serviços de saúde podem ser requisitados a substituir colegas de trabalho e desempenhar tarefas que não são as suas de rotina, o que pode implicar um novo padrão de risco de contaminação e transmissão(3939 Ministério da Saúde (BR). Recomendações de proteção aos trabalhadores dos serviços de saúde no atendimento de covid-19 e outras síndromes gripais [Internet]. [Brasília, DF]: MS; 2020[cited 2020 May 4]. Available from: https://profsaude-abrasco.fiocruz.br/sites/default/files/publicacoes/cgsat-recomendacoes-de-protecao-aos-trabalhadores-dos-servicos-de-saude-no-atendimento-de-covid-19.pdf
https://profsaude-abrasco.fiocruz.br/sit...
). Quando as mortes começam a ser relatadas, os níveis de ansiedade e estresse aumentam, principalmente diante da possibilidade de realocação involuntária para outras áreas devido à escassez de força de trabalho(4343 Oh N, Hong NS, Ryu DH, Bae SG, Kam S, Kim K-Y. Exploring nursing intention, stress, and professionalism in response to infectious disease emergencies: the experience of local public hospital nurses during the 2015 MERS outbreak in South Korea. Asian Nurs Res (Korean Soc Nurs Sci). 2017;11(3):230-6. https://doi.org/10.1016/j.anr.2017.08.005
https://doi.org/10.1016/j.anr.2017.08.00...
).

Muitos profissionais da saúde no Brasil não têm experiência de atuação em emergências de grande porte, como é o caso desta que envolve a COVID-19, e isso representa um estressor adicional(2121 Schmidt B, Crepaldi MA, Bolze SDA, Neiva-Silva L, Demenech LM. Saúde mental e intervenções psicológicas diante da pandemia do novo coronavírus (covid-19). Estud Psicol. 2020;37:e200063. https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e200063
https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e...
). Há carência de profissionais de saúde capacitados para manejo de equipamentos de ventilação mecânica, fisioterapia respiratória e cuidados avançados direcionados aos pacientes graves de COVID-19(4040 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim epidemiológico 07. Especial: doença pelo coronavírus 19. Semana epidemiológica 15 [Internet]. 2020 [cited 2020 May 17]. Available from: https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/06/2020-04-06-BE7-Boletim-Especial-do-COE-Atualizacao-da-Avaliacao-de-Risco.pdf
https://portalarquivos.saude.gov.br/imag...
). Uma reflexão importante é levantada sobre esse ponto e encontra concordância com os achados internacionais.

Estudo com nove enfermeiros e quatro médicos verificou que nenhum dos participantes tinha vivenciado uma experiência anterior de uma epidemia infecciosa, e entrar na enfermaria de isolamento foi visto como opressivo e estressante. O risco, transmissibilidade, patogenicidade e tratamento da doença não foram bem compreendidos, o que trazia nervosismo e falta de confiança(2727 Liu Q, Luo D, Haase JE, Guo Q, Wang XQ, Liu S, et al. The experiences of health-care providers during the covid-19 crisis in China: a qualitative study. Lancet Glob Health. 2020;8(6):e790-8. https://doi.org/10.1016/S2214-109X(20)30204-7
https://doi.org/10.1016/S2214-109X(20)30...
). Outra pesquisa, realizada com 1.357 profissionais de saúde, demonstrou que o grupo com cinco a nove anos de experiência (36,0%) apresentou menor probabilidade de se sentir cansado, revelando habilidade e experiência específicas para lidar com emergências de saúde pública(2828 Zhang M, Zhou M, Tang F, Wang Y, Nie H, Zhang L, et al. Knowledge, attitude, and practice regarding covid-19 among healthcare workers in Henan, China. J Hosp Infect. 2020;105(2):183-7. https://doi.org/10.1016/j.jhin.2020.04.012
https://doi.org/10.1016/j.jhin.2020.04.0...
).

A experiência com emergência de saúde pública também foi significativamente associada a uma redução da prevalência de sofrimento psicológico em 1.521 profissionais de saúde, dos quais 1.374 não tinham experiência (equipe nova)(2929 Cai W, Lian B, Song X, Hou T, Deng G, Li H. A cross-sectional study on mental health among health care workers during the outbreak of corona virus disease 2019. Asian J Psychiatr. 2020;51:102111. https://doi.org/10.1016/j.ajp.2020.102111
https://doi.org/10.1016/j.ajp.2020.10211...
). As pessoas sem experiência com emergência de saúde pública apresentaram pior saúde mental, resiliência e apoio social, ao passo que a maioria da equipe experiente sabia como se proteger melhor e tinha confiança para superar a doença, o que era um benefício para melhorar sua resiliência e saúde mental(2929 Cai W, Lian B, Song X, Hou T, Deng G, Li H. A cross-sectional study on mental health among health care workers during the outbreak of corona virus disease 2019. Asian J Psychiatr. 2020;51:102111. https://doi.org/10.1016/j.ajp.2020.102111
https://doi.org/10.1016/j.ajp.2020.10211...
).

Apesar de o envelhecimento do trabalhador diminuir sua capacidade física e cognitiva, os anos de carreira lhe conferem maior experiência profissional e resiliência para lidar com o estresse(4444 Scholze AR, Martins JT, Robazzi MLCC, Haddad MCFL, Galdino MJQ, Ribeiro RP. Occupational stress and associated factors among nurses at public hospitals. Cogitare Enferm. 2017;22(3):e50238. https://doi.org/10.5380/ce.v22i3.50238
https://doi.org/10.5380/ce.v22i3.50238...
). Todavia, em período de pandemia, as orientações são de afastamento da força de trabalho acima dos 60 anos. Isto posto, muitos profissionais podem enfrentar o dilema entre solicitar a licença médica ou continuar trabalhando e poder contribuir com a força de trabalho em um setor de saúde sobrecarregado.

Verificou-se grande variedade de sintomas físicos experimentados por 906 profissionais da saúde dos hospitais profissionais de saúde durante o atual surto de COVID-19. Os sintomas mais comuns relatados foram dor de cabeça (31,9%), dor de garganta (33,6%), ansiedade (26,7%), letargia (26,6%) e insônia (21,0%)(3030 Chew NWS, Lee GKH, Tan BYQ, Jing M, Goh Y, Ngiam NJH, et al. A multinational, multicentre study on the psychological outcomes and associated physical symptoms amongst healthcare workers during COVID-19 outbreak. Brain Behav Immun. 2020;88:559-65. https://doi.org/10.1016/j.bbi.2020.04.049
https://doi.org/10.1016/j.bbi.2020.04.04...
). Toda essa pressão pode não apenas reduzir a eficiência do trabalho, mas também aumentar o risco de erros médicos e causar ferimentos morais e/ou emocionais, com um desequilíbrio entre suas próprias necessidades e as dos pacientes(3131 Anmella G, Fico G, Roca A, Gómez-Ramiro M, Vázquez M, Murru A, et al. Unravelling potential severe psychiatric repercussions on healthcare professionals during the covid-19 crisis. J Affect Disord. 2020:273:422-4. https://doi.org/10.1016/j.jad.2020.05.061
https://doi.org/10.1016/j.jad.2020.05.06...
).

A pandemia da COVID-19 representa um enorme desafio de equilibrar os princípios da igualdade e equidade na distribuição dos riscos e benefícios. Na maioria das vezes, as decisões dizem respeito a leitos de UTI, ventilação mecânica, EPI e outros recursos em falta(3232 Kirkpatrick JN, Hull SC, Fedson S, Mullen B, Goodlin SJ. Scarce-resources allocation and patient triaging during the covid-19 pandemic: JACC review topic of the week. J Am Coll Cardiol. 2020;76(1):85-92. https://doi.org/10.1016/j.jacc.2020.05.006
https://doi.org/10.1016/j.jacc.2020.05.0...
). Quando o sistema de saúde atinge a saturação, a priorização para alocar os recursos disponíveis ultrapassa os princípios éticos, na tentativa de minimizar o número de mortes e maximizar os anos de vida preservados (fator idade)(3333 Leclerc T, Donat N, Donat A, Pasquier P, Libert N, Schaeffer E, et al. Prioritisation of ICU treatments for critically ill patients in a covid-19 pandemic with scarce resources. Anaesth Crit Care Pain Med. 2020;39(3):333-9. https://doi.org/10.1016/j.accpm.2020.05.008
https://doi.org/10.1016/j.accpm.2020.05....
).

O desequilíbrio entre a demanda psicológica e o controle sobre o processo de trabalho gera tensão e perda de habilidades e de interesse, resultando em uma menor autonomia do profissional(4545 Honorato CMA, Machado FCA. Fatores desencadeantes do estresse laboral na emergência médica: uma revisão integrativa. Rev Cienc Plural [Internet]. 2019[cited 2020 May 24];5(1):52-70. Available from: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1007343
https://pesquisa.bvsalud.org/portal/reso...
). Quando essa autonomia está bastante comprometida pelas limitações das condições de trabalho, podem sobrevir o estresse moral e o sentimento de fracasso. Tal situação adversa leva a conflitos entre liberdade e dever, nos quais a ausência de recursos pode significar vida ou morte(4646 Fachini JS, Scrigni AV, Lima RCGS. Moral distress of workers from a pediatric ICU. Rev Bioet. 2017;25(1):111-22. https://doi.org/10.1590/1983-80422017251172
https://doi.org/10.1590/1983-80422017251...
).

Por fim, as evidências discutem a importância das intervenções no nível pessoal, como ações de autocuidado e apoio psicológico que fortalecem a resiliência da equipe da linha de frente, criam condições de trabalho favoráveis e reduzem o estresse, refletindo diretamente na saúde dos trabalhadores e na qualidade da assistência prestada.

Limitações do estudo

As limitações deste estudo referem-se à escolha dos descritores e das bases/fonte de dados uma vez que podem não conter todas as publicações nacionais e internacionais. Entretanto, esse aspecto não compromete os resultados considerando o quantitativo de artigos e o período analisado.

Contribuições para a Área

O estudo contribui para a percepção crítica de que é necessário apontar novas e consistentes medidas para conter o estresse dos trabalhadores da enfermagem e da saúde durante e após a pandemia de COVID-19. Ao mesmo tempo, reforça a necessidade de se pensarem estratégias de cunho educativo, social e psicológico para o enfrentamento de futuras emergências de saúde pública pelos profissionais da saúde.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o rápido avanço da pandemia do novo coronavírus, os sistemas hospitalares já demonstram sobrecarga e pressionam seus profissionais de saúde em diferentes nações. O estudo permitiu o alcance da literatura internacional como referência mais atualizada e recente sobre o momento atípico de emergência em saúde pública, no momento em que ainda é incipiente o número de produções brasileiras.

Reafirma-se que, até o momento, não foram desenvolvidas diretrizes universais. Sabe-se que aquelas elaboradas em um país podem não se adequar aos outros. O estudo permitiu a síntese de estudos publicados e o conhecimento de diferentes realidades vivenciadas pelos países que já avançaram no controle da pandemia e por aqueles que ainda enfrentam os momentos mais críticos, como é o caso do Brasil.

As publicações estudadas permitiram alcançar o objetivo proposto, expressam que o adoecimento de profissionais de saúde é preocupante e ressaltam a importância da condução pela comunidade científica de investigações que versem sobre as consequências da COVID-19 para a saúde mental.

Nesse sentido, alerta-se para a necessidade de intensificar a produção científica, em especial a brasileira, considerando as particularidades do maior sistema público de saúde do mundo. Ao se conduzir a reflexão sobre o momento atual de emergência e sobre o estresse vivenciado pelos profissionais no ambiente hospitalar, espera-se desenvolver o olhar crítico que provoque inquietações nos profissionais de saúde acerca da sua realidade de trabalho, evitando o conformismo e a naturalização dessa realidade, a fim de fortalecer a luta pela efetivação dos direitos sociais e pela defesa do SUS.

  • FOMENTO
    À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pelo fomento à pesquisa por meio da bolsa de mestrado de Natalí Nascimento Gonçalves Costa, processo BOL0369/2020.

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Editado por

EDITOR CHEFE: Dulce Barbosa
EDITOR ASSOCIADO: Antonio José de Almeida Filho

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Fev 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    12 Ago 2020
  • Aceito
    03 Nov 2021
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