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Implicações das condições de saúde na qualidade de vida de trabalhadores rurais da soja

RESUMO

Objetivo:

analisar as implicações das condições de saúde na qualidade de vida dos trabalhadores rurais inseridos no contexto de produção da soja.

Método:

pesquisa transversal a partir de uma amostra por conveniência de 299 homens trabalhadores rurais. A coleta ocorreu entre os meses de outubro e dezembro de 2019. Utilizaram-se os instrumentos: World Health Organization Quality Life-bref; questionário Condições de Vida & Saúde dos Trabalhadores Rurais; International Physical Activity Questionnaire; Cut down, Annoyed, Guilty, and Eye-opener. Foram analisados via estatística descritiva e inferencial, com aplicação de testes bivariados (Mann-Whitney; Kruskal-Wallis) e multivariados (modelos aditivos generalizados para locação, escala e forma).

Resultados:

a presença de diagnóstico de morbidade, dependência de álcool, acidente no trabalho e absenteísmo implicaram diminuição dos escores de qualidade de vida dos trabalhadores estudados.

Conclusão:

a existência de condições de saúde desfavorável repercute negativamente na qualidade de vida dos trabalhadores rurais atuantes no contexto da soja.

Descritores:
Qualidade de Vida; Saúde do Homem; Saúde do Trabalhador; Trabalhadores Rurais; Enfermagem do Trabalho

ABSTRACT

Objective:

to analyze the implications of health conditions on rural workers’ quality of life in the context of soybean production.

Method:

a cross-sectional study, with an intentional sample of 299 male rural workers. Data collection took place between October and December 2019. The following instruments were used: World Health Organization Quality Life-bref; Rural Workers’ Living & Health Conditions questionnaire; International Physical Activity Questionnaire; Cut down, Annoyed, Guilty, and Eye-opener. They were analyzed via descriptive and inferential statistics, using bivariate (Mann-Whitney; Kruskal-Wallis) and multivariate tests (generalized additive models for location, scale and shape).

Results:

the presence of a diagnosis of morbidity, alcohol dependence, occupational accidents and absenteeism implied a decrease in workers’ quality of life scores.

Conclusion:

the existence of unfavorable health conditions has a negative impact on rural soybean workers’ quality of life.

Descriptors:
Quality of Life; Men’s Health; Occupational Health; Rural Workers; Occupational Health Nursing

RESUMEN

Objetivo:

analizar las implicaciones de las condiciones de salud en la calidad de vida de los trabajadores rurales en el contexto de la producción de soja.

Método:

estudio transversal, con una muestra intencional de 299 trabajadores rurales del sexo masculino. La recolección de datos ocurrió entre octubre y diciembre de 2019. Se utilizaron los siguientes instrumentos: World Health Organization Quality Life-bref; Cuestionario de Condiciones de Vida y Salud de los Trabajadores Rurales; International Physical Activity Questionnaire; Cut down, Annoyed, Guilty, and Eye-opener. Se analizaron mediante estadística descriptiva e inferencial, utilizando pruebas bivariadas (Mann-Whitney; Kruskal-Wallis) y multivariadas (modelos aditivos generalizados de ubicación, escala y forma).

Resultados:

la presencia de diagnóstico de morbilidad, dependencia del alcohol, accidentes de trabajo y ausentismo implicó una disminución en los puntajes de calidad de vida de los trabajadores estudiados.

Conclusión:

la existencia de condiciones de salud desfavorables impacta negativamente en la calidad de vida de los trabajadores rurales que trabajan en el contexto de la soja.

Descriptores:
Calidad de Vida; Salud del Hombre; Salud Laboral; Trabajadores Rurales; Enfermería del Trabajo

INTRODUÇÃO

A qualidade de vida (QV) é uma preocupação da sociedade contemporânea, e tem se apresentado como um objeto de investigação de interesse crescente(11 Bica I, Pinho LMD, Silva BEM, Aparício G, Duarte J, Costa J, et al. Sociodemographic influence in health-related quality of life in adolescents. Acta Paul Enferm. 2020;33:1-7. https://doi.org/10.37689/acta-ape/2020AO0054
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). A Organização Mundial da Saúde (OMS)(22 World Health Organization (WHO). The World Health Organization Quality of Life Assessment (WHOQOL): position paper from the World Health Organization. Soc Sci Med. 1995;41(10):1403-1. https://doi.org/10.1016/0277-9536(95)00112-K
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) caracteriza a QV como “percepções que o indivíduo desenvolve a partir da sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais está inserido e influenciado por suas metas, expectativas, padrões e preocupações”. Dessa forma, percebe-se que QV é um conceito multifacetado, no qual as diferentes dimensões relacionadas ao contexto de vida do indivíduo precisam ser consideradas.

Nesse sentido, a QV se torna uma importante medida das condições de saúde de uma população, podendo auxiliar na definição de prioridades e estratégias para a promoção da saúde e prevenção de agravos. Logo, as condições de saúde assumem papel importante na conformação da QV, e podem ser evidenciadas por meio de informações sobre estado de saúde, podendo refletir a situação sanitária de uma população, além de contribuir para a vigilância em saúde(33 Ministério da Saúde (BR). Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Indicadores básicos para a saúde no Brasil: conceitos e aplicações[Internet]. 2008 [cited 2021 apr 14]. Available from: http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/livroidb/2ed/indicadores.pdf
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).

Outro aspecto relevante na composição da QV é o trabalho, que expõe os indivíduos a determinados riscos e vulnerabilidades, em maior ou menor grau, de acordo com setor de atuação, e que tem consequência direta nas condições de saúde(44 Silva RM, Limas BT, Pereira LS. Contexto de trabalho e custo humano no trabalho: um estudo com trabalhadores portuários de transporte. Barbarói. 2016; 46: 98-118. https://doi.org/10.17058/barbaroi.v0i46.6410
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).

Especificamente no setor do agronegócio, atividade econômica de grande importância para o país, que agrega um contingente significativo de trabalhadores rurais, verificou-se que, mesmo durante a atual crise econômica causada pela pandemia de COVID-19, o setor manteve o funcionamento e o crescimento de suas atividades, principalmente na produção de grãos, que evidenciou um aumento de 4,8% na safra de 2019/20(55 Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da safra de grãos brasileira[Internet]. Brasília: Conab; 2020 [cited 2021 Apr 14]. Available from: www.conab.gov.br
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). Mesmo diante dessa importância, pouco se tem produzido na literatura científica sobre o perfil de saúde e a QV de trabalhadores desse setor.

Um estudo que buscou analisar as publicações sobre a QV de trabalhadores rurais verificou que ainda são escassas as evidências relacionadas a essa temática. Esses autores encontraram apenas estudos que relacionaram a QV com distúrbios musculoesqueléticos e saúde mental(66 Siqueira DF, Moura RM, Laurentino GEC, Silva GPF, Soares LDA, Lima BRDA. Rural workers’ quality of life of and agrotoxics: a systematic review. Rev Bras Ciênc Saúde. 2012;16(2):259-66. http://doi:10.4034/RB.2012.16.02.22
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). Observou-se, ainda, a ausência de estudos que relacionassem o uso de agrotóxicos à QV dos trabalhadores rurais(66 Siqueira DF, Moura RM, Laurentino GEC, Silva GPF, Soares LDA, Lima BRDA. Rural workers’ quality of life of and agrotoxics: a systematic review. Rev Bras Ciênc Saúde. 2012;16(2):259-66. http://doi:10.4034/RB.2012.16.02.22
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).

Em contrapartida, os estudos apontam importantes implicações associadas às condições de saúde dos trabalhadores rurais, tais como as doenças osteomusculares e posturais, artrite, reumatismo, hipertensão arterial sistêmica(77 Moreira JPL, Oliveira BLCA, Muzi CD, Cunha CLF, Brito AS, Luiz RR. Rural workers’ health in Brazil. Cad Saúde Pública. 2015;31;1698-708. https://doi.org/10.1590/0102-311X00105114
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), acidentes de trabalho decorrentes de riscos ergonômicos, biológicos, físicos, químicos, psicossociais, manipulação de implementos agrícolas e cargas excessivas de trabalho(88 Ximenes Neto FRG, Aurélio DO, Santos FD, Ferreira VES, Pereira RAR, Linhares MSC. Perfil sociodemográfico e trabalhista dos trabalhadores rurais vítimas de Acidente no semiárido cearense. Enferm Foco [Internet]. 2016 [cited 2021 Apr 14];7(1):56-60. Available from: http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/668/286
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), bem como intoxicações causadas pelo manuseio de agrotóxicos(99 Santana CM, Costa AR, Nunes RMP, NuneS NMF, Peron AP, Melo-Cavalcante AAC et al. Exposição ocupacional de trabalhadores rurais a agrotóxicos. Cad. Saúde coletiva. 2016; 24(3):301-307. https://doi.org/10.1590/1414-462X201600030199
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).

Diante desse contexto, observou-se a carência de pesquisas com objetivo de traçar as condições de saúde dos trabalhadores rurais e suas implicações na QV, a fim de possibilitar o reconhecimento dos desafios a serem superados, com vistas a promover a melhoria da atenção integral à saúde desses trabalhadores.

OBJETIVO

Analisar as implicações das condições de saúde na QV de homens trabalhadores rurais atuantes na produção da soja.

MÉTODOS

Aspectos éticos

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), Campus Sinop (CEP-Sinop), e foi conduzida seguindo os padrões éticos em pesquisa em consonância com os requisitos exigidos pelas Resolução nº 466/2012 que regulamenta as pesquisas com seres humanos do Conselho Nacional de Saúde.

Desenho, período e local do estudo

Trata-se de um estudo transversal analítico, norteado pela estratégia STrengthening the Reporting of OBservational studies in Epidemiology (STROBE). A coleta de dados foi realizada no decorrer do plantio da safra de 2019/2020 que ocorreu entre os meses de outubro de 2019 a dezembro de 2019, em estabelecimentos rurais (fazendas e armazéns de soja) localizados na zona rural do município de Sinop, Mato Grosso.

Amostra do estudo; critérios de inclusão e exclusão

Em decorrência de empecilhos ocorridos durante o acesso aos estabelecimentos de soja em que os trabalhadores rurais atuavam, foi necessário adotar a amostragem não probabilística segundo a conveniência dos pesquisadores para acessar os sujeitos do estudo, sendo assim os dados foram coletados nos estabelecimentos que autorizaram o ingresso da equipe de pesquisa. Dessa forma, a amostra mínima se deu a partir da consideração da proporção de 50%, usualmente utilizada quando não se conhece a prevalência do desfecho, resultando em uma amostra de 277 trabalhadores rurais. Para prevenir possíveis perdas acrescentou-se 15% finalizando em uma amostra de 318 sujeitos. Os critérios para inclusão dos sujeitos foram: ser homem maior de 18 anos, trabalhador rurais no campo da soja. Não foram incluídos os sujeitos em férias ou licença médica bem como aqueles que se encontravam no campo durante a coleta dos dados. Os sujeitos que não respondem a todos os questionários e/ou não realizaram a coleta das informações antropométricas foram classificados como perdas.

Protocolo do estudo

Para a coleta dos dados, foram realizadas entrevistas individuais no local de trabalho, utilizando os seguintes instrumentos: World Health Organization Quality Life-bref (WHOQOL-bref) desenvolvido pela OMS(1010 The Whoqol Group. Development of the World Health Organization WHOQOL-BREF Quality of Life Assessment. Psychol Med. 1998;28(3):551-558. https://doi.org/10.1017/S0033291798006667
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), com duas questões que avaliam a QV geral e 24 questões relativas aos domínios físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. O WHOQOL-bref foi validado no Brasil por Fleck et al. (2000)(1111 Fleck MPA, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, Santos L, Pinzon V. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida “WHOQOL-bref”. Rev Saúde Pública. 2000;34(2):178-83. https://doi.org/10.1590/S0034-89102000000200012
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), com uma população de 300 indivíduos na cidade de Porto Alegre, apresentando confiabilidade de 0,84 para o domínio físico, 0,79, para o domínio psicológico, 0,69, para o domínio relações sociais e 0,71, para o domínio meio ambiente. A aplicação do WHOQOL-bref nos trabalhadores rurais do presente estudo apresentou alta confiabilidade com Alpha de Cronbach (0,85). As variáveis dependentes foram compostas pelas informações obtidas pela escala WHOQOL-bref e analisadas a partir da sintaxe da OMS(1010 The Whoqol Group. Development of the World Health Organization WHOQOL-BREF Quality of Life Assessment. Psychol Med. 1998;28(3):551-558. https://doi.org/10.1017/S0033291798006667
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), com os escores variando de 0 a 100, sendo que, quanto maior o escore, melhor é a QV. As informações sobre as condições de saúde foram obtidas por meio dos instrumentos: questionário Condições de Vida & Saúde dos Trabalhadores Rurais (CVSTR)(1212 Oliveira JCAX. A qualidade de vida de homens trabalhadores rurais contexto da soja[Tese]. 2020. 2020[cited 2021 Apr 14]. Available from: https://cms.ufmt.br/files/galleries/225/Tc9540b1094525f04a104b2cecd508a3aa21244be.pdf
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); International Physical Activity Questionnaire (IPAQ)(1313 Matsudo S, Araújo T, Matsudo V, Andrade D, Oliveira LC, Braggion G. Reproducibility and validity of the International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) in elderly men. Rev Bras Ativ Fís Saúde. 2001;6(2):5-18. https://doi.org/10.1590/S1517-86922007000100004
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), no formato reduzido para avaliação da prática de atividade física; CAGE, acrônimo referente a Cut down, Annoyed by criticism, Guilty and Eye-opener(1414 Masur J, Monteiro MG. Validation of the "CAGE" alcoholism screening test in a Brazilian psychiatric inpatient hospital setting. Braz J Med Biol Res[Internet]. 1983 [cited 2021 Apr 14];16(3):215-8. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/6652293/
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), para verificar a existência de dependência de álcool. Ao final da entrevista, procedeu-se à coleta dos dados antropométricos, compondo assim as variáveis independentes do estudo.

Análise dos resultados e estatística

Neste estudo, o nível de atividade física foi classificado em sedentário, insuficientemente ativo, ativo e muito ativo(1313 Matsudo S, Araújo T, Matsudo V, Andrade D, Oliveira LC, Braggion G. Reproducibility and validity of the International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) in elderly men. Rev Bras Ativ Fís Saúde. 2001;6(2):5-18. https://doi.org/10.1590/S1517-86922007000100004
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). Para a análise de regressão, foi categorizada em ativos e sedentários. O peso e a estatura foram aferidos seguindo as recomendações da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO)(1515 Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica Diretrizes brasileiras de obesidade[Internet]. 4.ed. São Paulo; SP. 2016 [cited 2021 Apr 14]. Available from: https://abeso.org.br/wp-content/uploads/2019/12/Diretrizes-Download-Diretrizes-Brasileiras-de-Obesidade-2016
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). O Índice de Massa Corporal (IMC) foi obtido a partir da fórmula: IMC= peso (Kg)/estatura (m), classificado conforme os pontos de corte propostos pela ABESO. O risco cardiovascular foi verificado por meio da mensuração do perímetro da cintura (PC) em centímetros, com uma fita flexível/inextensível e classificada de acordo com a VII Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, capítulo IV, que trata da estratificação do risco cardiovascular(1616 Malachias MVB, Neves MFT, Mion Júnior D, Silva GV, Lopes HF, Oigman W. 7TH Brasilian Guideline of arterial hypertension: Chapter 4- Estratificação de Risco Cardiovascular. Arq Bras Cardiol. 2016;107(3):18-24. https://doi.org/10.5935/abc.20160154
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).

A aferição da pressão arterial (PA) foi realizada a partir do método auscultatório em única medida. A classificação dos níveis pressóricos e a metodologia de aferição seguiram as recomendações da VII Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, capítulo II, que trata do diagnóstico e classificação da PA(1717 Malachias MVB, Gomes MAM, Nobre F, Alessi A, Feitosa AD, Coelho EB. 7TH Brasilian Guideline of arterial hypertension: Chapter 2 - Diagnóstico e Classificação. Arq Bras Cardiol. 2016;107(3):7-13. https://doi.org/10.5935/abc.20160152
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). Os participantes que referiram uso de medicação hipertensiva foram classificados como pré-hipertensos. Os dados foram digitados no software Microsoft Excel®, e a análise dos dados foi realizada com o software Statistical Package for the Social Science (SPSS® 20) e o software R, com auxílio do pacote GAMLSS(1818 Stasinopoulos DM, Rigby RA. Generalized additive models for location scale and shape (GAMLSS) in R. J Statistic Softw[Internet]. 2007 [cited 2021 Apr 14];23:1-10. Available from: https://www.jstatsoft.org/article/view/v023i07
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).

Para a análise dos dados realizou-se a medida das frequências relativas, absolutas e inferenciais considerando a QV e seus domínios. Para testar a normalidade das distribuições das variáveis, aplicou-se o Teste de Shapiro-Wilk, que confirmou que as variáveis dependentes não possuíam distribuição normal, ou seja, não paramétricos. Dessa forma, foi necessário o emprego dos testes estatísticos Mann-Whitney para e Kruskal-Wallis com aplicação do teste post-hoc de Dunn. Com intuito de controlar possíveis fatores de confundimentos, foram incluídos no modelo GLAMLSS (Generalized Additive Models for Location, Scale and Shape) as variáveis que apresentaram valor de p maior que 0,10 na etapa da análise bivariada. Durante as análises foi considerado 5% como nível de significância, ou seja, valor de p menor que 0,05. O Critério de Informação de Akaike (AIC) foi definido como padrão para nortear a escolha da distribuição mais adequada para a modelagem dos dados. A técnica Listwise deletion foi adotada para lidar com as informações ausentes.

RESULTADOS

Foram entrevistados 315 homens trabalhadores rurais; destes, 16 sujeitos foram perdidos, totalizando uma amostra com 299 trabalhadores. A população foi composta em sua maioria por trabalhadores com idade média de 34 anos, solteiros (35%), com ensino médio (52,2%), pardos (45,8%), naturais do Maranhão (29%) e católicos (60%). A Tabela 1 apresenta a comparação da QV geral e seus domínios segundo os dados objetivos de saúde. Nesta, verificou-se que 42,5% dos trabalhadores apresentaram sobrepeso, 34,1%, risco cardiovascular e 42,1%, PA fora dos padrões de normalidade. Não houve diferenças significativas na comparação dos postos médios de cada domínio e da QV geral em relação aos dados objetivos de saúde.

Tabela 1
Comparação da qualidade de vida geral e seus domínios segundo os dados objetivos de saúde de trabalhadores rurais, Mato Grosso, Brasil, 2019

A Tabela 2 apresenta a comparação da QV geral e seus domínios segundo exposição a riscos para a saúde. Nesta, verifica-se que 30,8% dos trabalhadores manipulavam agrotóxicos. Destes, 6% relataram já terem sofrido intoxicação aguda e 3%, intoxicação crônica; 55,5% disseram sofrer exposição solar laboral; 53,5% não usam protetor solar; 68,6% relataram estarem expostos a ruídos; 43,1% relataram estarem expostos à vibração; 62,9% relataram estarem expostos à poeira; 16,4% relataram acidente no trabalho no último ano. A presença de acidente de trabalho apresentou significância estatística nos domínios físico (p>0,000) e psicológico (p>0,008). A exposição solar apresentou significância estatística no domínio relações sociais (p>0,021). A exposição a ruídos apresentou significância estatística nos domínios físicos (p>0,002) e meio ambiente (p>0,032). A exposição à poeira apresentou significância estatística nos domínios físico (p>0,029) e psicológico (p>0,056).

Tabela 2
Comparação da qualidade de vida geral e seus domínios segundo exposição a riscos para a saúde dos trabalhadores rurais, Mato Grosso, Brasil, 2019

A Tabela 3 apresenta a comparação da QV geral e seus domínios segundo o absenteísmo relacionado à saúde e morbidade referida, na qual se observa que 27,1% relataram queixas de saúde e necessidade de se ausentar do trabalho por motivo de saúde no último ano, e 10% informaram terem diagnóstico de morbidade. O absenteísmo apresentou significância estatística no domínio físico (p>0,000). As queixas de saúde apresentaram significância estatística na QV geral (p>0,019) e nos domínios físico (p>0,002) e relações sociais (p>0,018). A presença de diagnóstico de morbidade foi estatisticamente significativa na QV geral (p>0,000) e nos domínios físico (p>0,000), psicológico (p>0,000) e relações sociais (p>0,031).

Tabela 3
Comparação da qualidade de vida geral e seus domínios segundo o absenteísmo relacionado à saúde e morbidade referida de trabalhadores rurais, Mato Grosso, Brasil, 2019

A Tabela 4 apresenta a comparação da QV geral e seus domínios segundo comportamentos e hábitos que influenciam o estado de saúde. Nesta, constata-se que 17,5% eram tabagistas; 14,7% eram dependentes de álcool; 8,4% usavam medicação diariamente; 29,8% eram sedentários; 60% relataram busca por assistência dos serviços de saúde, sendo a atenção secundária a mais utilizada (42,3%). A busca por serviços de saúde apresentou significância estatística nos domínios físico (p>0,028) e psicológico (p>0,028). O uso de medicamento apresentou significância estatística na QV geral (p>0,001) e no domínio físico (p>0,002). A presença de dependência de álcool foi estatisticamente significativa nos domínios físico (p>0,031), relações sociais (p>0,001) e meio ambiente (p>0,019).

Tabela 4
Comparação da qualidade de vida geral e seus domínios segundo comportamentos e hábitos que influenciam o estado de saúde de trabalhadores rurais, Mato Grosso, Brasil, 2019

Em relação ao nível de atividade física, observou-se que houve diferença estatisticamente significativa no domínio físico (p>0,001). Na na análise de post-hoc de Dunn, constatou-se a presença de diferença entre os grupos sedentário ≠ insuficientemente ativo, sedentário ≠ ativo, sedentário ≠ muito ativo. Houve diferença significativa para o domínio psicológico (p>0,032). A partir do post-hoc de Dunn constatou-se a presença de diferença entre os grupos sedentário ≠ insuficientemente ativo. Também foram observadas diferenças estatisticamente significativas no domínio relações sociais (p>0,014), com diferença entre os grupos sedentário≠ insuficientemente ativo na análise de post-hoc de Dunn.

Na análise de regressão via GAMLSS, apresentado na Tabela 5, apenas a covariável diagnóstico de morbidade (sim) se manteve como preditor da QV geral, associando-se à diminuição dos escores. Por meio da análise multivariada dos coeficientes estimados para o modelo do domínio físico, verificou-se que as covariáveis acidente no trabalho (sim), ausência do trabalho por motivos de saúde (sim) e dependência de álcool (sim) contribuíram para a diminuição dos escores do referido domínio. Já a covariável nível de atividade (ativo) contribuiu para o aumento dos escores do domínio físico, quando as covariáveis restantes se mantiveram estáveis no modelo.

Tabela 5
Modelo final de regressão via GAMLSS com os fatores relacionados à qualidade de vida geral e os domínios do WHOQOL-bref em trabalhadores rurais, Mato Grosso, Brasil, 2019

Na análise de regressão multivariada para o modelo do domínio psicológico, apenas a covariável nível de atividade física (ativa) exerceu influência positiva, contribuindo para o aumento nos escores do domínio psicológico, quando as demais covariáveis se mantiveram constantes no modelo. Já para o domínio relações socias, a covariável exposição solar (sim) contribuiu para o aumento dos escores, enquanto a covariável dependência de álcool (sim) contribuiu para a diminuição dos escores do domínio relações sociais. No domínio meio ambiente, apenas a covariável dependência de álcool (sim) exerceu influência sobre esse domínio, contribuindo para a diminuição dos seus escores, quando as demais variáveis se mantiveram constantes no modelo.

DISCUSSÃO

No presente estudo, observou-se a prevalência de 16,4% na ocorrência de acidente no trabalho. Esse fenômeno também foi relatado na região Sul, em que também houve correlação entre a ocorrência de acidentes de trabalho e as condições de saúde(1919 Begnini S, Almeida LEDF. Desenvolvimento e acidentes de trabalho no meio rural de Santa Catarina. Rev Bras Desenvolv Reg. 2018;5(2):111-136. http://doi:10.7867/2317-5443.2017v5n2p111-136
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). Na região Sudeste, verificou-se ocorrência de acidentes no trabalho decorrente da manipulação de maquinários agrícolas(2020 Baesso MM, Modolo AJ, Baesso RCE, Trohello E. Segurança no uso de máquinas agrícolas: avaliação de riscos de acidentes no trabalho rural. Rev Bras Eng Biossist. 2018;12(1):101-9. https://doi.org/10.18011/bioeng2018v12n1p101-109
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), assim como da manipulação de agrotóxicos na região Nordeste(99 Santana CM, Costa AR, Nunes RMP, NuneS NMF, Peron AP, Melo-Cavalcante AAC et al. Exposição ocupacional de trabalhadores rurais a agrotóxicos. Cad. Saúde coletiva. 2016; 24(3):301-307. https://doi.org/10.1590/1414-462X201600030199
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). Em Michigan, nos Estados Unidos, a maior prevalência de acidentes no trabalho rural não fatais foi verificada entre os homens, e os tipos mais comuns de lesão foram as contusões e fraturas (19,9%)(2121 Kica J, Rosenman KD. Multisource surveillance for non-fatal work-related agricultural injuries. J Agromed. 2020;25(1):86-95. https://doi.org/10.1080/1059924X.2019.1606746
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). Os acidentes no trabalho rural podem ser decorrentes de cansaço, operação em condições extremas, imprudência, falhas mecânicas, distração, brincadeiras, excesso de confiança e ausência de Equipamento de Proteção Individual (EPI)(2222 Fernandes HC, Madeira NG, Teixeira MM, Cecon PR, Leite DM. Acidentes com tratores agrícolas: natureza, causas e consequências. Eng Agricult. 2014;22:361-71. https://doi.org/10.13083/reveng.v22i4.399
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-2323 Ambrosi JN, Maggi MF. Acidentes de trabalho relacionados às atividades agrícolas. Acta Iguazu. 2013;14(2):1-13. https://doi.org/10.48075/actaiguaz.v2i1.7887
https://doi.org/10.48075/actaiguaz.v2i1....
). Para a prevenção dos acidentes de trabalho no ambiente rural, é basilar o conhecimento das normas regulamentadoras (NR), bem como a garantia de ambiente de trabalho seguro a partir da adoção de medidas de controle que busquem a prevenção dos acidentes(2424 Lima VAP, Oliveira AF, Almeida Alves D, Oliveira JR. Segurança e saúde no ambiente de trabalho rural do Alto Jequitinhonha, Minas Gerais. Scientific Electronic Archives. 2021;14(3):71-7. https://doi.org/10.36560/14320211243
https://doi.org/10.36560/14320211243...
).

Na presente pesquisa, evidenciou-se que a ocorrência de acidente no trabalho repercutiu na presença de escores mais baixos no domínio físico e domínio psicológico. Tal fenômeno pode ter ligação com as mudanças que comprometem as atividades diárias, como mobilidade, trabalho e alterações na autonomia para atividades cotidianas ocasionadas pelo acidente. De forma complementar, o impacto psicológico causado pelos acidentes de trabalho pode decorrer das alterações significativas no estado psicológico dos acidentados, que podem alterar as percepções e comportamento dos trabalhadores(2525 Cardoso J, Areosa J, Veloso Neto H. Impacte do acidente de trabalho grave na vida do trabalhador. Cesqua[Internet]. 2020 [cited 2021 dec 29];1(3):1-17. Available from: https://www.cesqua.org/index.php/cesqua/article/view/45
https://www.cesqua.org/index.php/cesqua/...
). Paralelamente, a ausência do trabalho por motivos de saúde (absenteísmo) atuou como preditor na diminuição dos escores na avaliação no domínio físico. O absenteísmo do trabalho por doença pode contribuir para o aparecimento de quadros depressivos e o isolamento social, pois, além de prover condições para a reprodução econômica, o trabalho impulsiona para o reconhecimento pessoal e a reprodução social da família(2626 Burille A, Gerhardt TE, Lopes MJM, Dantas GC. Subjetividades de homens rurais com problemas cardiovasculares: cuidado, ameaças e afirmações da masculinidade. Saúde Soc. 2018;27:435-447. https://doi.org/10.1590/S0104-12902018162943
https://doi.org/10.1590/S0104-1290201816...
). Um estudo de revisão mostrou que, nas áreas rurais, as taxas de rotatividade de pessoal são elevadas, principalmente entre os trabalhadores do sexo masculino, jovens e pessoas com menor escolaridade, e que o absenteísmo foi justificado pela presença de doenças musculoesqueléticas, respiratórias e lesões por causas externas, características comuns da atividade rural que decorre do esforço físico excessivo e condições de trabalho desfavoráveis(2727 Hirai VHG, Santos BM, Ribeiro S, Teston EF. Redução de perícias médicas baseada na gestão de absenteísmo, rotatividade e qualidade de vida no trabalho. Rev Eletrôn Gestão Saúde. 2018;14(3):393-406. http://doi.10.26512/gs.v9i3.20291
http://doi.10.26512/gs.v9i3.20291...
).

Os trabalhadores rurais que relataram ter diagnósticos de morbidade apresentaram escores mais baixos na QV geral do que aqueles que não relataram essas condições. Sabe-se que é bem fundamentada na literatura a influência que as condições de saúde exercem sobre a QV das pessoas(77 Moreira JPL, Oliveira BLCA, Muzi CD, Cunha CLF, Brito AS, Luiz RR. Rural workers’ health in Brazil. Cad Saúde Pública. 2015;31;1698-708. https://doi.org/10.1590/0102-311X00105114
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,2828 Bortolotto CC, Loret de Mola C, Tovo-Rodrigues L. Quality of life in adults from a rural area in Southern Brazil: a population-based study. Rev Saúde Pública. 2018;52(Supl 1):4s. https://doi.org/10.11606/S1518-8787.2018052000261
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), posto que a presença de morbidades promove limitações nas atividades diárias, decorrente da presença de dor e desconforto, dependência de medicamentos ou tratamentos e a diminuição da autonomia(2929 Almeida-Brasil CC, Silveira MR, Silva KR, Lima MG, Faria CDCM, Cardoso CL, et al. Quality of life and associated characteristics: application of WHOQOL-BREF in the context of Primary Health Care. Ciênc Saúde Colet. 2017;22:1705-16. https://doi.org/10.1590/1413-81232017225.20362015
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).

A prevalência de dependência de álcool foi de 14,7%, verificando-se que esse comportamento exerceu influência negativa nos domínios físico, relações sociais e meio ambiente. De modo semelhante, em Minas Gerais, uma pesquisa concluiu que os sujeitos considerados dependentes de álcool registraram médias mais baixas em todos os domínios da QV(3030 Martins ME, Ribeiro LC, Baracho RA, Feital TJ, Ribeiro MS. Qualidade de vida e consumo de alcoólicos em hepatopatas do sexo masculino. Arch Clin Psychiatry. 2012;39(1):5-11. https://doi.org/10.1590/S0101-60832012000100002
https://doi.org/10.1590/S0101-6083201200...
). O declínio da QV entre trabalhadores dependentes de álcool é esperado, pois, além das implicações no desempenho físico e nas relações sociais, o consumo de álcool promove consequências na saúde, como mortes prematuras, desenvolvimentos de doenças crônicas e condições sociais de maior vulnerabilidade(3131 World Health Organization (WHO). Global status report on alcohol and health 2018. World Health Organization [Internet]. 2019 [cited 2021 Apr 14]. Available from: https://www.who.int/substance_abuse/publications/global_alcohol_report/en/
https://www.who.int/substance_abuse/publ...
). Frente às consequências do consumo excessivo de álcool, faz-se necessário o acompanhamento dessa população. Nesse sentido, é imperativo despertar os profissionais de saúde, principalmente os enfermeiros inseridos na zona rural, para que se comprometam a prestar uma assistência qualificada, dado que indivíduos que são devidamente acompanhados podem progredir no tratamento, restaurar o autocontrole sobre o uso de álcool e melhorar sua QV(3232 Franklin TA, Santana JDS, Silva MCP, Silva FG, Silva MTA, Fernandes JD, et al. Alcoolismo e estigma: uma análise da produção científica. Braz J Develop. 2021;7(8):79257-71. http://doi:10.34117/bjdv7n8-235
http://doi:10.34117/bjdv7n8-235...
).

Os trabalhadores rurais que declararam exposição solar apresentaram escores maiores para o domínio relações sociais. A diminuição da exposição solar é relacionada na literatura à maior incidência de depressão sazonal, pois, em locais onde a incidência solar é maior, a ocorrência de transtornos afetivos sazonais é menor que 1%, enquanto que, nas regiões com pouca incidência solar, observam-se mais registros de transtornos afetivos sazonais(3333 Juruena MF, Cleare AJ. Superposição entre depressão atípica, doença afetiva sazonal e síndrome da fadiga crônica. Braz J Psychiatry. 2007;29:s19-s26. http://doi:10.1590/S1516-44462007000500005
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). A luminosidade afeta a expressão de receptores nos neurônios para neurotransmissores ligados ao bem-estar. Assim, para indivíduos expostos à maior incidência de solar, observa-se menor ocorrência de transtornos afetivos(3333 Juruena MF, Cleare AJ. Superposição entre depressão atípica, doença afetiva sazonal e síndrome da fadiga crônica. Braz J Psychiatry. 2007;29:s19-s26. http://doi:10.1590/S1516-44462007000500005
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), podendo, dessa forma, interferir nas relações sociais entre os indivíduos.

Por conseguinte, sabe-se que o uso de protetor solar tem sido recomendado para proteção dos agravos relacionados à exposição excessiva à radiação solar. Relativo a esse quesito, a maioria (53,5%) dos trabalhadores investigados neste estudo referiu não utilizar o protetor solar durante suas atividades laborais. Resultado ainda mais alarmante foi evidenciado em pesquisa realizada no estado do Rio de Janeiro, em que cerca de 88% dos trabalhadores rurais fluminenses relataram não utilizar protetor solar(3434 Brust RS, Oliveira LPM, Silva ACSS, Regazzi ICR, Aguiar GS, Knupp VMAO. Epidemiological profile of farmworkers from the state of Rio de Janeiro. Rev Bras Enferm. 2019;72(supl. 1):122-128, 2019. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0555
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). Esses resultados demonstram a necessidade de ações de educação em saúde para melhorar a adesão do uso do protetor solar entre esses trabalhadores.

Outra exposição ocupacional importante se refere à presença de ruídos no cotidiano do trabalho rural. Assim, identificou-se que, entre os trabalhadores rurais investigados, os ruídos configuraram-se como fator estressor. Essa relação também foi apresentada em outras pesquisas(3535 Silva MC, Luz VB, Gil D. Ruído no hospital universitário: impacto na qualidade de vida. Audiol Commun Res. 2013;18(2):109-19. http://doi:10.1590/s2317-64312013000200009
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-3636 Pommerehn J, Santos Filha VAV, Miolo SB, Fedosse E. O ruído e a qualidade de vida na perspectiva de trabalhadores de postos de combustíveis. Rev CEFAC. 2016;18(2):377-84. http://doi:10.1590/1982-0216201618213515
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), nas quais também se observou a presença do excesso de ruídos no ambiente laboral.

Quanto ao manuseio de agrotóxicos, 30% dos trabalhadores pesquisados referiram manusear agrotóxicos. Resultado próximo foi evidenciado em pesquisa realizada no estado do Rio de Janeiro, na qual o uso de agrotóxico foi de 21%(3434 Brust RS, Oliveira LPM, Silva ACSS, Regazzi ICR, Aguiar GS, Knupp VMAO. Epidemiological profile of farmworkers from the state of Rio de Janeiro. Rev Bras Enferm. 2019;72(supl. 1):122-128, 2019. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0555
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). Pesquisa realizada no município Casimiro de Abreu, Rio de Janeiro, evidenciou que 56,7% dos trabalhadores rurais referiram contato com agrotóxicos e fertilizantes químicos, sendo que 54,3% relataram a presença de algum sintoma de intoxicação (cefaleia, dispneia, prurido pelo corpo, náusea e sinusite)(3737 Silva AP, Camacho ACLF, Menezes HF, Santos ACFT, Abreu Moniz M, Santos RD, Souza Panetto. Riscos à saúde do trabalhador rural exposto ao agrotóxico. Saúde Colet. 2020;10(52):2094-111. https://doi.org/10.36489/saudecoletiva.2020v10i52p2094-2111
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).

Referente aos dados objetivos de saúde, esta pesquisa identificou um contingente significativo de trabalhadores com peso inadequado (sobrepeso e obesos), PA fora dos parâmetros de normalidade e um percentual significativo de trabalhadores com presença de risco cardiovascular. Dados semelhantes foram encontrados em pesquisa realizada com trabalhadores rurais no Sul do Brasil, em que 28,9% da população estudada apresentou alto risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares(3838 Cezar-Vaz MR, Bonow CA, Mello MCVA, Xavier DM, Vaz JC, Schimith MD. Use of global risk score for cardiovascular evaluation of rural workers in Southern Brazil. Scientif World J. 2018;1-5. http://doi:10.1155/2018/3818065
http://doi:10.1155/2018/3818065...
).

A exposição ocupacional à poeira foi considerada, neste estudo, como sendo um fator estressante, atingindo 62,9% dos trabalhadores estudados. A relação entre a exposição à poeira da soja e o surgimento de distúrbios na saúde, principalmente distúrbios respiratórios, já está bem descrita na literatura, sendo considerada como um risco à saúde dos trabalhadores, porque se relaciona significativamente com sintomas respiratórios, como asma, câncer de pulmão, pneumonite de hipersensibilidade e outras doenças pulmonares intersticiais(3939 Saleiro S, Rocha L, Bento J, Antunes L, Costa JT. Occupational exposure to dust: an underestimated health risk? J Bras Pneumol. 2019; 45(4): e20170396. http://doi:10.1590/1806-3713/e20170396.
http://doi:10.1590/1806-3713/e20170396...
).

A prática ativa de atividade física se associou à presença de maiores escores nos domínios físico e psicológico. Os maiores escores de QV podem decorrer de relações e comunicações promovidas pelas interações realizadas durante a prática de atividades físicas, especialmente em grupo(4040 Silva RS, Silva I, Silva RA, Souza L, Tomasi E. Atividade física e qualidade de vida. Ciênc Saúde Colet. 2010;15:115-20. http://doi:10.1590/s1413-81232010000100017
http://doi:10.1590/s1413-812320100001000...
) atuando como agente promotor da saúde dos trabalhadores, contribuindo com a flexibilidade, com o padrão respiratório, com a qualidade do sono e com a redução de peso, diminuindo o percentual de gordura corporal, sintomas de estresse, ansiedade, tensão, depressão, irritabilidade, disfunção social e aumento do autocuidado(4141 Corrêa AC, Oliveira MS, Coelho LRP, Rezende LFC, Kashiwabara TGB. Benefícios da atividade física na saúde e qualidade de vida do trabalhador. In: Kashiwabara TBL, Rocha LLV, Barros N, et al, organizadores. Medicina Ambulatorial IV com ênfase na medicina do trabalho. 6. Ed. Minas Gerais: Dejan; 2019. p. 51-64.).

No que se refere à atuação da enfermagem no contexto rural, pode-se listar a presença de alguns desafios, tais como distância geográfica, dificuldade de locomoção e acesso aos recursos de saúde, prestação de assistência a pessoas que realizam atividades laborais insalubres, por vezes em ambientes desfavoráveis, em condições climáticas adversas, e frequente exposição ao manuseio de produtos químicos prejudiciais à saúde(4242 Lima ARA, González JS, Ruiz MDCS, Heck RMM. Interfaces da enfermagem no cuidado rural: revisão integrativa. Texto Contexto Enferm. 2020;29:e20180426. https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2018-0426
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). Apesar dessas dificuldades, a atuação do enfermeiro no contexto rural é muito importante, devido à lacuna de conhecimento relativo à atuação desses profissionais no ambiente rural, bem como à particularidade e vulnerabilidade, que requerem a atenção à saúde voltada para esta população, denotando a possibilidade de investigações sobre a prática profissional da enfermagem no contexto rural, contribuindo para o sistema de conhecimento científico da enfermagem(4343 Silva BND, Araújo VKGD, Felix RS, Rebouças DGDC, Silva SYB, Pinto ESG. Estado da arte da produção stricto sensu da enfermagem brasileira sobre saúde da população rural. Esc Anna Nery. 2021;25(4):e20200487. http://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2020-0487
http://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-202...
).

Por fim, a prevalência de trabalhadores que buscaram os serviços de saúde foi de 60,8%, resultado próximo ao evidenciado por Brust et al. (2019)(3131 World Health Organization (WHO). Global status report on alcohol and health 2018. World Health Organization [Internet]. 2019 [cited 2021 Apr 14]. Available from: https://www.who.int/substance_abuse/publications/global_alcohol_report/en/
https://www.who.int/substance_abuse/publ...
), em que cerca de 69,1% dos trabalhadores rurais fluminenses relataram ter buscado por atendimento de saúde. Esses resultados demonstram a necessidade de que os serviços de saúde estejam preparados e instrumentalizados para atender à população.

Limitações do estudo

Como limitação, o fato de esta pesquisa ter sido realizada no ambiente de trabalho pode, em alguma medida, ter interferido nas respostas dos trabalhadores. Outra limitação se refere ao delineamento do estudo, que, por se tratar de uma pesquisa transversal, não é possível estabelecer relações de causa e efeito. Mesmo diante dessas limitações, considera-se que esta pesquisa apresenta como ponto forte o alcance de uma categoria de trabalhadores de difícil acesso e que representa uma fatia importante da economia brasileira.

Contribuições para a área da enfermagem, saúde ou política pública

A presente pesquisa pode auxiliar na orientação do cuidado à saúde dos trabalhadores rurais, oferecendo subsídios para melhorar a eficiência do planejamento de políticas assistenciais com vistas a diminuir a vulnerabilidade em saúde e, assim, melhorar a QV desses trabalhadores.

CONCLUSÕES

Os achados obtidos neste estudo evidenciam que os trabalhadores rurais atuantes no contexto de produção da soja estão expostos a um panorama preocupante quanto à presença de forte risco para o adoecimento decorrentes do sobrepeso, sedentarismo, dependência de álcool, exposição a agentes estressores (ruídos e poeiras), bem como a ausência no trabalho decorrente de acidentes laborais e morbidades presentes entre esses trabalhadores. Implicações, como ter diagnóstico de morbidade, ter vivenciado acidentes no trabalho, ter se ausentado do trabalho por motivos de saúde e ser dependente de álcool influenciaram negativamente na QV. Já a prática ativa de atividade física e a exposição solar influenciaram positivamente os escores da QV dos trabalhadores rurais atuantes no contexto da soja.

MATERIAL SUPLEMENTAR

Oliveira, JCAX. A qualidade de vida de homens trabalhadores rurais inseridos no contexto da soja. 2020. Tese (Doutorado em Enfermagem). Universidade Federal de Mato Grosso. Available from:https://cms.ufmt.br/files/galleries/225/Tc9540b1094525f04a104b2cecd508a3aa21244be.pdf

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Editado por

EDITOR CHEFE: Dulce Barbosa
EDITOR ASSOCIADO: Mitzy Danski

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Set 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    26 Jan 2022
  • Aceito
    24 Abr 2022
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