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Parentalidade de mães de crianças na primeira infância durante a pandemia de COVID-19: pesquisa qualitativa

RESUMO

Objetivos:

compreender a parentalidade e práticas parentais de mães de crianças na primeira infância que vivem em contextos de pobreza, diante da pandemia de COVID-19.

Métodos:

estudo exploratório, descritivo, abordagem qualitativa. As participantes foram selecionadas no contexto comunitário, compondo uma amostra intencional para a coleta por entrevistas semi-estruturadas na modalidade online. Os dados foram analisados de forma indutiva e ancorados na Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano.

Resultados:

oito mães participaram da pesquisa. As mães destacaram prazer em cuidar dos filhos, embora estivessem sobrecarregadas com atividades e cuidado integral no momento da pandemia. As crianças, na percepção das mães, apresentaram maior frequência de comportamentos desafiadores, os quais podem ter relação com práticas parentais negativas, como punição e violência física.

Considerações Finais:

intervenções de apoio à parentalidade se tornam urgentes diante de mudanças suscitadas pela pandemia de COVID-19 em famílias que vivem em contexto de pobreza.

Descritores:
Poder Familiar; Vulnerabilidade Social; Desenvolvimento Infantil; COVID-19; Pesquisa Qualitativa

ABSTRACT

Objectives:

to understand practices of mothers of children in early childhood who live in contexts of poverty in the face of the COVID-19 pandemic.

Methods:

an exploratory, descriptive and qualitative study. Participants were selected in the community context, composing an intentional sample to be collected through semi-structured online interviews. Data were analyzed inductively and anchored in the Bioecological Model of Human Development.

Results:

eight mothers participated in the research. Mothers highlighted pleasure in taking care of their children, although they were overloaded with activities and comprehensive care at the time of the pandemic. Children, in mothers’ perception, showed a higher frequency of challenging behaviors, which may be related to negative parenting practices, such as punishment and physical violence.

Final Considerations:

interventions to support parenting become urgent in the face of changes brought about by the COVID-19 pandemic in families living in a context of poverty.

Descriptors:
Parenting; Social Vulnerability; Child Development; COVID-19 Pandemic; Qualitative Research

RESUMEN

Objetivos:

comprender la crianza y las prácticas de crianza de las madres de niños en la primera infancia que viven en contextos de pobreza, frente a la pandemia de la COVID-19.

Métodos:

estudio exploratorio, descriptivo, enfoque cualitativo. Los participantes fueron seleccionados en el contexto comunitario, componiendo una muestra intencional para ser recolectada a través de entrevistas semiestructuradas en la modalidad online. Los datos fueron analizados inductivamente y anclados en la Teoría Bioecológica del Desarrollo Humano.

Resultados:

ocho madres participaron de la investigación. Las madres destacaron el gusto por cuidar a sus hijos, aunque estaban sobrecargadas de actividades y atención integral en el momento de la pandemia. Los niños, en la percepción de las madres, mostraron una mayor frecuencia de comportamientos desafiantes, lo que puede estar relacionado con prácticas de crianza negativas, como castigo y violencia física.

Consideraciones Finales:

las intervenciones de apoyo a la crianza se vuelven urgentes ante los cambios provocados por la pandemia de COVID-19 en las familias que viven en un contexto de pobreza.

Descriptores:
Responsabilidad Parental; Vulnerabilidad Social; Desarrollo Infantil; COVID-19; Investigación Cualitativa

INTRODUÇÃO

A parentalidade é definida como um trabalho cujo principal objeto de atenção e ação é a criança, tendo em vista que as crianças não conseguem crescer e prosperar sem a presença de cuidadores. A presença dos pais/cuidadores é fundamental para educação e socialização, sendo divididas, por Bornstein, em práticas cognitivas e práticas de sensibilidade. Práticas cognitivas, como contação de histórias orais e leitura de livros, mostram resultados positivos em aquisição da linguagem e rendimento acadêmico. Práticas sensíveis são aquelas que engajam as crianças em interações interpessoais, como quando os pais fazem com que seus filhos se sintam amados e valorizados, por meio da regulação de afetos e emoções que auxiliam em componentes intrapessoais e na relação com os outros(11 Bornstein, MH, Putnick DL. Mothers' and fathers' parenting practices with their daugters and sons in low- and middle-income countries. Monogr Soc Res Child Dev. 2016;81(1):60-77. https://doi.org/10.1111/mono.12226
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, 22 Bornstein, MH, Putnick DL, Suwalsky JTD. Parenting cognitions → parenting practices → child adjustment? the standard model. Dev Psychopathol. 2018;30(2):399-416. https://doi.org/10.1017/S0954579417000931
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).

O Modelo Bioecológico(33 Bronfenbrenner U. Bioecologia do Desenvolvimento Humano: tornando os seres humanos mais humanos. Porto Alegre: Artmed; 2012.) explica como o desenvolvimento humano é influenciado pelas pessoas, ambiente e pelo contexto e tempo em que se vive. Processos no ambiente microfamiliar na relação entre pais-crianças são influenciados por espaços do mesossistema, como escola, vizinhança e trabalho dos pais. A pandemia de COVID-19, juntamente com mudanças no microssistema familiar, mesossistema e macrossistema, pode ter repercutido em práticas parentais peculiares nas relações entre cuidadores e crianças, as quais podem ter impactos a curto e longo prazo para o desenvolvimento de crianças na primeira infância (período de zero a seis anos de idade)(44 Fundação Maria Cecília Souto Vidigal. Desigualdades e impactos da covid-19 na atenção à primeira infância [Internet]. 2022 [cited 2022 Nov 08]. Available from: http://www.fmcsv.org.br
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), como aumento de práticas parentais negativas, devido ao aumento do estresse e sobrecarga em famílias que já viviam com privações materiais e afetivas(55 Herrenkohl TI, Scott D, Higgins DJ, Klika JB, Lonne B. How COVID-19 is placing vulnerable children at risk and why we need a different approach to child welfare. Child Maltreat. 2021;26(1):9-16. https://doi.org/10.1177/1077559520963916
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, 66 Brown SM, Doom JR, Lechuga-Peña S, Watamura SE, Koppels T. Stress and parenting during the global COVID-19 pandemic. Child Abuse Negl. 2020;110(Pt2):104699. https://doi.org/10.1016/j.chiabu.2020.104699
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).

As mulheres, como principais cuidadoras, experimentaram sobrecarga adicional em seu papel, além de lidarem com a redução de redes de apoio antes existentes, como creches, escolas, serviços de assistência social e apoio de vizinhança e familiares(77 Kim JH, Araya M, Hailu BH, Rose PM, Woldehanna T. The implications of COVID-19 for early chilhood education in Ethiopia: perspectives for parents and caregivers. Early Child Educ J. 2021;49:855-67. https://doi.org/10.1007/s10643-021-01214-0
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).

Uma revisão sobre impactos da pandemia de COVID-19, a partir do Nurturing Care Framework, com dados sobre 30 países, reforça diferenças no impacto familiar, com maiores experiências negativas em famílias vulneráveis financeiramente, além de desproporções nos efeitos para cuidadores com crianças jovens, particularmente mulheres, aqueles com doenças mentais preexistentes e famílias de crianças com deficiências(88 Proulx K, Lenzi-Weishbecker R, Hatch R, Hackett K, Omoeva C, Cavallera V, et al. Nurturing care during COVID-19 a rapid review of early evidence. BMJ Open. 2022;12:e050417. https://doi.org/10.1136/bmjopen-2021-050417
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).

A pobreza absoluta normalmente se refere a um estado em que a renda é insuficiente para fornecer as necessidades básicas necessárias para sobrevivência (alimentação e abrigo às crianças). Pobreza relativa é definida como implicações mais amplas de viver na pobreza, como a incapacidade de participar ou contribuir para a sociedade em iguais condições devido à falta de renda(99 Katz, I, Corlyon, J, La Placa V, Hunter S. The relationship between parenting and poverty. Joseph Rowntree Foundation; 2007:1-56.). A pobreza afeta o desenvolvimento e os resultados educacionais de uma criança desde os primeiros anos de vida, direta e indiretamente, por meio de processos mediadores e moderadores(1010 Engle P, Black A. The Effect of Poverty on Child Development and Educational Outcomes. Ann NY Acad Sci. 2008;1136:243-56. https://doi.org/10.37689/ 10.1196/annals.1425.023
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).

A lacuna de conhecimentos de estudos sobre a subjetividade e percepção dos cuidadores que vivem em contextos de pobreza sobre suas ações parentais diante da pandemia de COVID-19 foi encontrada em revisão, com apenas 8% de estudos qualitativos sobre responsividade dos cuidadores, aprendizagem e segurança, em uma amostra de 112 estudos, com predomínio de estudos em países desenvolvidos(88 Proulx K, Lenzi-Weishbecker R, Hatch R, Hackett K, Omoeva C, Cavallera V, et al. Nurturing care during COVID-19 a rapid review of early evidence. BMJ Open. 2022;12:e050417. https://doi.org/10.1136/bmjopen-2021-050417
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).

O presente estudo aborda a parentalidade na realidade de países em desenvolvimento, como o Brasil, frente ao contexto da pandemia de COVID-19. Dados científicos elucidados por estudos qualitativos podem colaborar para a formulação e implementação de estratégias práticas que apoiem as necessidades dos cuidadores e crianças na primeira infância, em uma agenda internacional de apoio ao desenvolvimento integral de crianças na primeira infância.

OBJETIVOS

Compreender a parentalidade e práticas parentais de mães de crianças na primeira infância que vivem em contextos de pobreza, diante da pandemia de COVID-19.

MÉTODOS

Aspectos éticos

A pesquisa respeitou as Resoluções 466/2012 e 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde e o Ofício Circular 2/2021/CONEP/SECNS/MS, que trata da regulamentação da coleta de dados através de entrevista online na vigência da pandemia de COVID-19. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa.

Referencial teórico-metodológico

O estudo foi ancorado no referencial teórico da Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano de Bronfenbrenner(33 Bronfenbrenner U. Bioecologia do Desenvolvimento Humano: tornando os seres humanos mais humanos. Porto Alegre: Artmed; 2012.), a partir das dimensões Pessoa, Processo, Contexto e Tempo (PPCT). As Pessoas em desenvolvimento consideradas foram a criança e o cuidador. Os Processos foram as relações entre cuidador e criança. O Contexto foi a pandemia de COVID-19, contendo locais do microssistema (domicílio), mesossistema (espaço comunitário, vizinhança, escola, trabalho dos pais). O Tempo foi microtempo-perspectiva imediata, mesotempo-frequência e extensão que as relações acontecem, macrotempo-perspectiva histórica, que impacta não apenas a criança, mas demais indivíduos e componentes do modelo PPCT.

Tipo de estudo

Trata-se de estudo exploratório, descritivo, com abordagem qualitativa. Os estudos qualitativos expressam o estudo das relações sociais em relação às diferentes dimensões da esfera da vida, incluindo os significados subjetivos que os indivíduos atribuem a suas atividades e seus ambientes. Foram seguidas as orientações do guia COnsolidated criteria for REporting Qualitative research (COREQ)(1111 Souza VR, Marziale MH, Silva GT, Nascimento PL. Translation and validation into Brazilian Portuguese and assessment of the COREQ checklist. Acta Paul Enferm. 2021;34:eAPE02631. https://doi.org/10.37689/acta-ape/2021AO02631
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, 1212 Aspers P, Corte U. What is Qualitative in Qualitative Research. Qual Sociol. 2019;42:139-60. https://doi.org/10.1007/s11133-019-9413-7
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).

Procedimentos metodológicos

A anuência das participantes ocorreu, de forma online, através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) por meio do preenchimento de formulário do Google Forms®. Em seguida, ocorreu o agendamento da entrevista, a qual foi conduzida por meio de videochamada, através do aplicativo WhatsApp®. As entrevistas foram gravadas através da plataforma Google Meet®, em paralelo à videochamada, com gravação do áudio das entrevistas em computador. As entrevistas não foram gravadas pelo WhatsApp®, devido a essa ferramenta não se encontrar disponível no momento que a coleta de dados foi realizada.

Os entrevistadores eram um estudante de mestrado (médico), uma estudante de doutorado (enfermeira), os quais receberam treinamento teórico e prático sobre entrevistas qualitativas, tutorados pela orientadora.

Cenário do estudo

O estudo foi realizado no ano de 2020, em ambiente virtual, devido às restrições de distanciamento social decorrentes da pandemia de COVID-19. Os dados foram coletados de forma online com famílias cadastradas em uma instituição de assistência social, localizada no bairro da Várzea, Recife-Pernambuco. Essa instituição foi escolhida por atender famílias em situação de pobreza (renda per capita mensal inferior a R$ 85,00). A instituição assiste 165 famílias em situação de pobreza. A instituição oferece atividades de apoio às famílias, como serviço de fortalecimento de vínculos familiares, atividades de apoio à aprendizagem, atividades lúdicas, esportes para crianças e adolescentes, além de cursos profissionalizantes para os adultos, em parceria com outras instituições.

Durante a vigência da pandemia de COVID-19, a instituição não pôde receber as crianças para as atividades educativas de forma presencial.

Fontes de dados

As participantes foram mães de crianças na faixa etária de zero a seis anos, participantes do grupo de WhatsApp® da instituição, no qual estavam cadastrados 150 participantes. Todos os cuidadores receberam o convite para participação na pesquisa, a partir da manifestação do interesse em contato individual com o pesquisador responsável. Após a manifestação do interesse, a pesquisadora principal disponibilizou o TCLE digital e agendou o dia e horário, de acordo com a conveniência das participantes. Nessa etapa, apenas mães entraram em contato com a pesquisadora.

A amostragem foi do tipo não probabilística, intencional. O tamanho amostral se deu a partir do critério de saturação dos dados. O conceito de saturação de dados foi considerado como aplicável, ao ponto em que nenhuma informação nova surgiu durante a coleta de dados, quando a capacidade de obter novas informações foi alcançada e quando a codificação adicional não apareceu(1313 Hennink M, Kaiser BN. Sample sizes for saturation in qualitative research: A systematic review of empirical tests. Soc Sci Med. 2022;292:114523. https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2021.114523
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, 1414 Guest G, Namey E, Chen M. A simple method to assess and report thematic saturation in qualitative research. PLoS One. 2020;15(5):e0232076. https://doi.org/10.1371/journal. pone.0232076
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).

Coleta e organização dos dados

A coleta de dados ocorreu mediante entrevistas online, as quais levaram em conta o alinhamento desta metodologia para abordar um fenômeno que acontece na vida real dos participantes (as relações parentais entre pais e filhos)(1515 Saarijärvi M, Bratt EL. When face-to-face interviews are not possible: tips and tricks for video, telephone, online chat, and email interviews in qualitative research. Eur J Cardiovasc Nurs. 2021;20:392-6. https://doi.org/10.1093/eurjcn/zvab038
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). A entrevista foi guiada por um roteiro, que contemplava caracterização da mãe, criança(s) e família, perguntas sobre a parentalidade, alinhada ao referencial Bioecológico(33 Bronfenbrenner U. Bioecologia do Desenvolvimento Humano: tornando os seres humanos mais humanos. Porto Alegre: Artmed; 2012.), a partir dos elementos PPCT. As perguntas norteadoras foram: como tem sido a interação com seu filho no seu dia a dia? A pandemia de COVID-19 trouxe alguma mudança na rotina da família? Você poderia falar sobre estas mudanças? Quais atividades sua criança mais gosta de fazer? De que forma você participa destas atividades? O que você costuma fazer quando o comportamento da criança lhe desagrada? O que você faz para a educação e cooperação da criança? O que você espera para o futuro da sua criança e da sua família?

As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas. O tempo de duração de cada entrevista foi variável, durando em média cerca de 40 minutos.

Análise dos dados

O referencial adotado para a análise qualitativa seguiu os pressupostos de Robert Yin, a partir das cinco etapas(1616 Yin RK. Pesquisa qualitativa do início ao fim. Porto Alegre: Penso; 2016. 313 p.): 1) Compilar; 2) Decompor; 3) Recompor; 4) Interpretar; 5) Conclusão.

O primeiro autor, juntamente com a orientadora, desenvolveu a codificação linha-a-linha, com criação de um livro de códigos indutivos a partir dos dados. Ao longo do processo, os códigos foram refinados para códigos maiores, para a articulação com o referencial teórico do Modelo Bioecológico, subsidiando a elaboração das categorias temáticas: 1) Crescimento e desenvolvimento da criança (subtemas Situações no cotidiano da criança; Conceituando desenvolvimento da criança); 2) Processo: relações entre cuidadores e crianças (subtemas Interações no cuidado, brincadeiras e apoio à aprendizagem; Desgaste do cuidador; Necessidades de mudanças na autoavaliação materna; Práticas parentais positivas e negativas); 3) Contexto da pandemia de COVID-19 no microssistema, mesossistema e exossistema (sub-temas Mudanças na criança; Desgaste do cuidador); 4) Tempo de cuidados e perspectivas futuras (subtemas Tempo na relação cuidador-criança; Perspectivas de futuro para os filhos).

RESULTADOS

Os resultados exploram os dados oriundos de entrevistas com oito participantes, caracterizadas como mães biológicas das crianças. A idade variou de 20 a 40 anos, com cerca de oito anos de estudo completos e renda mensal média entre 1 E 2 salários mínimos. Apenas duas das oito entrevistadas relataram não serem as principais responsáveis pelos cuidados da criança em período integral. Quatro participantes trabalhavam fora de casa, em atividades como faxineira, empregada doméstica e autônoma. Das oito participantes, três viviam sozinhas com os filhos, sem apoio da figura paterna. A partir da análise dos dados, foi realizada a categorização, de forma construtivista, tanto indutivamente a partir dos dados quanto também embasado no referencial teórico(22 Bornstein, MH, Putnick DL, Suwalsky JTD. Parenting cognitions → parenting practices → child adjustment? the standard model. Dev Psychopathol. 2018;30(2):399-416. https://doi.org/10.1017/S0954579417000931
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).

O Quadro 1 apresenta os eixos temáticos da Teoria Bioecológica, categorias, subtemas e exemplos de falas.

Quadro 1
Categorização dos resultados segundo eixo da Teoria Bioecológica, categoria, subtemas e exemplos de fala, Recife, Pernambuco, Brasil, 2022

Categoria 1 - Crescimento e desenvolvimento da criança

Na categoria 1, exploram-se as situações do cotidiano que influenciam no crescimento e desenvolvimento infantil, como as rotinas de alimentação, sono e repouso, além da compreensão das cuidadoras sobre o conceito de desenvolvimento infantil. A partir da Teoria Bioecológica, considerou-se a criança enquanto indivíduo em processo de desenvolvimento e a sua dependência com elementos proximais e distais como pessoas e ambientes que contribuem para o seu desenvolvimento pleno. A maioria das genitoras relatou que suas crianças comiam bem, de forma autônoma, e algumas alimentavam-se com apoio de um adulto por conta da demora ou comodidade para o cuidador. Em sua maioria, as crianças faziam suas refeições com o uso de algum dispositivo eletrônico, principalmente a televisão. Quanto à rotina do sono da criança, as mães relataram a ausência de dificuldades, porém compartilharam a mudança para horários mais tarde e a cama compartilhada. Quanto ao conceito de desenvolvimento infantil, as participantes conceituaram como aprendizado e aquisição de capacidades mais complexas.

Categoria 2 - Processo: relações entre cuidadores e crianças

Na categoria 2, as cuidadoras avaliaram suas ações e sentimentos quanto ao papel parental, descrevendo o cuidado com os filhos no sentido de educar e ensinar a se comportarem. Na auto-avaliação do seu papel, as entrevistadas compartilharam a sobrecarga em atividades domésticas e com o mundo do trabalho como aspectos que influenciavam de forma negativa a relação cuidador-criança. As principais necessidades foram o desejo por aprendizado parental e mais paciência. Dentre as práticas parentais positivas, destacaram-se brincadeiras com as crianças, relatos de gostarem de brincar com os filhos, conversarem quando tinham desentendimentos e elogio aos filhos. Dentre as práticas parentais negativas, mencionaram a utilização de castigos, ameaças e violência moral e/ou física. A participação paterna foi relatada com ambiguidades. Algumas mencionaram que os pais ou companheiros participam dos cuidados com os filhos, porém algumas pontuaram que eles poderiam participar mais, e outras que eles dividem as responsabilidades da casa quando estão presentes fora do horário de trabalho. Em relação à rede de apoio, as entrevistadas relataram contar com ajuda das avós das crianças, tias e vizinhas, porém relatam interferências negativas por parte desses cuidadores, as quais interferiam negativamente no comportamento da criança.

Categoria 3 - Contexto da pandemia de COVID-19 no microssistema, mesossistema e exossistema

As cuidadoras mencionando mudanças na rotina do lazer da família, acesso ao serviço de saúde e impactos do fechamento de escolas foram ressaltados no cotidiano. Quanto à rotina escolar, a maioria das genitoras se queixaram da falta das creches, fechadas pela pandemia de COVID-19 e as repercussões para o aprendizado, relações sociais da criança e aumento da sobrecarga familiar. Algumas mães relataram o esforço em tentarem ensinar às crianças, as atividades escolares, porém relataram dificuldades no apoio ao processo de ensino-aprendizagem no estabelecimento de rotinas e regularidade. As cuidadoras também mencionaram as principais medidas de prevenção contra a COVID-19, em um momento que as ações de vacinação ainda não estavam à disposição da população.

Categoria 4 - Tempo de cuidados e perspectivas futuras

O conceito de tempo de acordo com o referencial teórico utilizado envolve toda a dimensão de temporalidade envolvida no processo de desenvolvimento do ser humano(33 Bronfenbrenner U. Bioecologia do Desenvolvimento Humano: tornando os seres humanos mais humanos. Porto Alegre: Artmed; 2012.). No estudo, dividimos essa categoria com dois olhares: um com foco no tempo de cuidado que o cuidador dedica ao filho e outro no olhar da perspectiva futura de desenvolvimento desse filho. As cuidadoras que não exerciam atividades no mundo do trabalho mencionaram uma rotina de tempo integral de cuidados, particularmente no contexto da pandemia. Todas as cuidadoras mencionavam uma projeção de futuro melhor para seus filhos, a qual poderia quebrar o ciclo integeracional de pobreza a partir da educação e de valores morais.

DISCUSSÃO

Os resultados apresentam as relações parentais entre mães com seus filhos e interferência de sistemas de apoio familiares ao longo de mudanças adaptativas a partir da pandemia de COVID-19 no ano de 2020. Identificou-se o agravamento de dificuldades nos desafios da parentalidade durante a pandemia em famílias que já conviviam com dificuldades financeiras, como alterações comportamentais nas crianças e aumento do estresse intrafamiliar das cuidadoras.

Os dados analisados, a partir da perspectiva bioecológica do desenvolvimento humano, proposta por Bronfenbrenner(33 Bronfenbrenner U. Bioecologia do Desenvolvimento Humano: tornando os seres humanos mais humanos. Porto Alegre: Artmed; 2012.), ao considerar o desenvolvimento da criança, a partir de componentes biológicos e da sua interrelação com pessoas e ambiente, retratam os impactos existentes no microssistema familiar e as suas interfaces com sistemas de apoio comunitários que modificaram a rotina de crianças e famílias no momento inicial de enfrentamento da pandemia de COVID-19.

Essas mudanças durante os sete primeiros meses da pandemia atingiram particularmente três eixos do Nurturing Care (cuidados responsivos, aprendizagem e segurança/proteção), framework da Organização Mundial da Saúde voltada para o apoio ao desenvolvimento global das crianças. Em situações pandêmicas, como a pandemia de COVID-19, isolamento social, estresse, interrupções na rotina familiar, estresse e ansiedade causaram impactos diretos ao desenvolvimento pleno de crianças jovens nos seus primeiros anos de vida(88 Proulx K, Lenzi-Weishbecker R, Hatch R, Hackett K, Omoeva C, Cavallera V, et al. Nurturing care during COVID-19 a rapid review of early evidence. BMJ Open. 2022;12:e050417. https://doi.org/10.1136/bmjopen-2021-050417
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).

A realidade, que já era de dificuldades, desde financeiras (média de 1 a 1,5 salários mínimos de renda familiar na população estudada), às de acesso à saúde (unidades de saúde da família atendendo apenas casos de maior urgência ou relacionados à COVID 19) e fechamento de creches e pré-escolas, intensificou as relações parentais no período inicial da pandemia de COVID-19, trazendo demandas adicionais, como o maior suporte das cuidadoras para as atividades escolares de seus filhos.

Estressores familiares, como o desemprego e dificuldades interpessoais, além da escassez de recursos comunitários, repercutem diretamente no cuidado com as crianças e na parentalidade(1616 Yin RK. Pesquisa qualitativa do início ao fim. Porto Alegre: Penso; 2016. 313 p.). O papel do trabalho dos pais nas relações parentais é reconhecido como um requisito para o estresse no trabalho ou mesmo a falta deste, implicando a forma como os adultos lidam com as crianças em interações responsivas ou hostis(33 Bronfenbrenner U. Bioecologia do Desenvolvimento Humano: tornando os seres humanos mais humanos. Porto Alegre: Artmed; 2012.).

A menor interação direta das crianças com redes de apoio fora da família, como a vizinhança e os serviços educacionais, interfere no desenvolvimento cognitivo e no desenvolvimento socioemocional das crianças e de seus cuidadores(1717 Marilyn NA, Jeong J, Kieffer M P, Mwanyika-Sando M, Yousafzai AK. Maternal and paternal perspectives on parenting stress in rural Tanzânia: a qualitative study. SSM Ment Health. 2021;1:100030. https://doi.org/10.1016/j.ssmmh.2021.100030
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). Identificaram-se dificuldades de acesso às atividades escolares para crianças de áreas rurais, crianças mais pobres com reduzido acesso a dispositivos tecnológicos e crianças cujos cuidadores convivem com carga de estresse mais elevada(88 Proulx K, Lenzi-Weishbecker R, Hatch R, Hackett K, Omoeva C, Cavallera V, et al. Nurturing care during COVID-19 a rapid review of early evidence. BMJ Open. 2022;12:e050417. https://doi.org/10.1136/bmjopen-2021-050417
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).

As relações parentais durante a pandemia de COVID-19 e durante o contexto de readaptações são diferentes(1818 Basu A, Kim HH, Basaldua R, Choi KW, Charron L, Kelsall N, et al. A cross-national study of factors associated with women’s perinatal mental health and wellbeing during the COVID-19 pandemic. PLoS One. 2021;16(4):e0249780. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0249780
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), a depender do local e subculturas, os quais foram diferentes de famílias com mais recursos materiais e nas quais o maior engajamento dos cuidadores em leitura e atividades escolares foi encontrado(88 Proulx K, Lenzi-Weishbecker R, Hatch R, Hackett K, Omoeva C, Cavallera V, et al. Nurturing care during COVID-19 a rapid review of early evidence. BMJ Open. 2022;12:e050417. https://doi.org/10.1136/bmjopen-2021-050417
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).

A rotina escolar foi uma das mais prejudicadas segundo relatos das mães, as quais, sem o apoio das creches e escolas durante o período mais crítico da pandemia, não conseguiram apoiar efetivamente as atividades pedagógicas com as crianças, tanto pela sobrecarga de atividades domésticas quanto pelo próprio acesso às tecnologias, sendo esse ponto considerado um dos principais agravantes no tocante ao estresse parental e ao desenvolvimento infantil(1818 Basu A, Kim HH, Basaldua R, Choi KW, Charron L, Kelsall N, et al. A cross-national study of factors associated with women’s perinatal mental health and wellbeing during the COVID-19 pandemic. PLoS One. 2021;16(4):e0249780. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0249780
https://doi.org/10.1371/journal.pone.024...
, 1919 Weaver JL, Swank JM. Parents’ Lived Experiences With the COVID-19 Pandemic. Fam J. 2021;29(2): 136-42. https://doi.org/10.1177/1066480720969194
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).

No que se refere às práticas parentais, pôde-se perceber principalmente o prazer das mães em brincar e cuidar de suas crianças com atividades lúdicas. As cuidadoras também compartilharam relatos de elogios e práticas parentais positivas, como a participação em brincadeiras e afetividade nas relações parentais. Para ambientes familiares positivos e cognitivamente estimulantes, um dos mais importantes foi a presença dos pais juntos aos filhos no cuidado e no brincar com a criança. Os ambientes positivos podem trazer impactos para o desenvolvimento dessas crianças com efeito também para a saúde mental dos pais(2020 Connell CM, Strambler MJ. Experiences With COVID-19 Stressors and Parents’ Use of Neglectful, Harsh, and Positive Parenting Practices in the Northeastern United States. Child Maltreat. 2021;26(3):255-66. https://doi.org/10.1177/10775595211006465
https://doi.org/10.1177/1077559521100646...
, 2121 Saitadze I, Lalayants M. Mechanisms that mitigate the effects of child poverty and improve children's cognitive and social–emotional development: a systematic review. Child Fam Soc Work. 2020;26(3):289-308. https://doi.org/10.1111/cfs.12809
https://doi.org/10.1111/cfs.12809...
).

Nessa interação do brincar e do cuidado, também foram relatadas práticas parentais negativas, como castigos e violência física.

O aumento da tensão intrafamiliar se tornou potencial para violência, incluindo disciplina severa, parentalidade negligente e maus-tratos infantis. O aumento de práticas parentais negativas no contexto da pandemia de COVID-19 foi relatado a partir de aumento em situações como gritos e espancamento por parte dos cuidadores como forma de disciplina. Essas altas taxas podem estar relacionadas tanto às práticas culturais já existentes quanto também ao maior estresse e sobrecarga dos cuidadores(66 Brown SM, Doom JR, Lechuga-Peña S, Watamura SE, Koppels T. Stress and parenting during the global COVID-19 pandemic. Child Abuse Negl. 2020;110(Pt2):104699. https://doi.org/10.1016/j.chiabu.2020.104699
https://doi.org/10.1016/j.chiabu.2020.10...
).

No nosso estudo, a participação do pai foi percebida por meio principalmente do apoio às cuidadoras nos afazeres domésticos. Tendo em vista que metade das entrevistadas eram solteiras ou não conviviam com seus companheiros, a ausência de apoio afetivo dos pais na educação e a interação com as crianças em contextos de pobreza merecem ser mais abordados em intervenções voltadas para a promoção do desenvolvimento infantil e da parentalidade positiva.

Há relevância da conexão e necessidade de ambientes, como os lares, trabalho dos pais, escola funcionarem de forma conjunta, conforme pressupostos da Teoria Bioecológica(33 Bronfenbrenner U. Bioecologia do Desenvolvimento Humano: tornando os seres humanos mais humanos. Porto Alegre: Artmed; 2012.). A importância do ambiente proximal e das fortes relações entre cuidadores e crianças para o desenvolvimento moral, intelectual e socioemocional das crianças deve ser fortalecido por intervenções integradas que compreendam a influência de variáveis do messossistema, exossistema e macrosssitema, como o bem-estar emocional dos cuidadores, o acesso ao mundo do trabalho, a transferência condicional de renda e o suporte de redes de apoio qualificadas, como saúde e educação, com foco na equidade e minimização dos efeitos negativos para o desenvolvimento pleno das crianças que vivem em contextos de pobreza(1717 Marilyn NA, Jeong J, Kieffer M P, Mwanyika-Sando M, Yousafzai AK. Maternal and paternal perspectives on parenting stress in rural Tanzânia: a qualitative study. SSM Ment Health. 2021;1:100030. https://doi.org/10.1016/j.ssmmh.2021.100030
https://doi.org/10.1016/j.ssmmh.2021.100...
).

Intervenções foram baseadas nos cuidados em saúde, com foco no desenvolvimento infantil em países de média e baixa renda. Uma iniciativa na Àfrica Subsaariana encontrou dificuldades na incorporação de conhecimentos dos cuidadores sobre práticas de promoção do desenvolvimento infantil voltadas às oportunidades de aprendizagem com menor frequência e por cerca de metade dos cuidadores. Essa informação deixa dúvidas se as mães não receberam informações sobre desenvolvimento infantil e práticas parentais ou se prestaram menos atenção às mensagens sobre o tema(2222 Jeong J, Bliznashka L, Ahun MN, Karuskina-Drivdale S, Picolo M, Pinto J, et al. A pilot to promote early child development within health systems in Mozambique: a qualitative evaluation. Ann NY Acad Sci. 2022;1509:161–83. https://doi.org/10.1111/nyas.14718
https://doi.org/10.1111/nyas.14718...
).

No componente tempo, perceberam-se diferenças na quantidade e qualidade do tempo das mães que não tinham nenhum trabalho e que se sentiram mais sobrecarregadas no período da pandemia de COVID-19 e das mães que trabalhavam, as quais reconheciam a necessidade de terem maior quantidade de tempo para interagirem com seus filhos. Na perspectiva histórica do tempo, todas as cuidadoras mencionaram o desejo por um futuro melhor de seus filhos, fundamentando-se principalmente nos aspectos educacionais, os quais trariam resultados para o trabalho produtivo.

Os resultados encontrados se coadunam com evidências sobre a parentalidde em contextos anteriores à pandemia de COVID-9, os quais destacavam que crianças que crescem na pobreza têm acesso limitado a recursos afetivos e de aprendizagem que impactam na vida adulta, inclusive no papel parental, com reprodução de padrões, como práticas parentais negativas. Um dos modelos explicativos é o Modelo de Estresse Familiar, em que a pobreza associada a dificuldades econômicas pode levar ao estresse familiar e ter um impacto negativo sobre o bem-estar emocional dos pais e a saúde mental. Esse aspecto pode influenciar no comportamento dos pais e aumentar a probabilidade de práticas parentais severas e controladoras. Essa teoria postula que pais estressados e oprimidos pelas pressões da pobreza podem ser incapazes de atender às necessidades emocionais, cognitivas e de cuidado de seus filhos(2323 Coley RL, Spielvogel B, Kruzik PM, Betancur L. Explaining income disparities in young children’s development: The role of community contexts and family processes. Early Child. Res. 2021;55(2):295-311. https://doi.org/10.1016/j.ecresq.2020.12.006
https://doi.org/10.1016/j.ecresq.2020.12...
, 2424 Saitadze I, Lalavants M. Mechanisms that mitigate the effects of child poverty and improve children's cognitive and social–emotional development: a systematic review. Child Fam Soc Work. 2021;26(3):289-308. https://doi.org/10.1111/cfs.12809
https://doi.org/10.1111/cfs.12809...
).

Limitações do estudo

As limitações foram a coleta de dados online, inviabilizando a apreensão de elementos não verbais durante a interação com as cuidadoras e a presença apenas de mães, sem a participação dos pais. Sugerimos que, futuramente, sejam realizados novos estudos com uma maior abrangência de participantes, incluindo diferentes perfis de cuidadores primários sobre a temática em culturas distintas.

Contribuições para a área da enfermagem e saúde

O trabalho contribui para que os profissionais de saúde e de outras áreas, como educação e assistência social, possam refletir sobre a parentalidade e desenvolvimento infantil no contexto da pandemia. Ratifica-se a importância de dados diagnósticos para subsidiar intervenções futuras.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A compreensão das práticas parentais vivenciadas pelas mães do estudo permitiu apreender necessidades emergentes a partir da pandemia de COVID-19 e possibilidades para acolhimento e formação de rede de apoio frente às demandas encontradas. Intervenções integradas por parte dos profissionais de saúde, ações intersetoriais e da comunidade mais próxima, podem ser fatores minimizadores de impactos negativos futuros para crianças que já viviam em contextos de adversidade.

Intervenções de apoio à parentalidade positiva se tornam mais urgentes diante de mudanças suscitadas pela pandemia de COVID-19 em famílias que vivem em contexto de pobreza. Essa perspectiva poderá trazer melhores resultados em desenvolvimento global para essas crianças e minimizar resultados negativos, a exemplo das limitações de crianças que vivem em contextos vulneráveis no retorno ao acesso às redes de apoio que fortalecem o seu desenvolvimento cognitivo e social, como as creches e pré-escolas.

  • FOMENTO
    Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Edital Universal 40735920184.
    Edital PROPG-UFPE e CAPES- Edital de auxílio ao Pesquisador-2022.

REFERÊNCIAS

    Editado por

    EDITOR CHEFE: Antonio José de Almeida Filho
    EDITOR ASSOCIADO: Maria Itayra Padilha

    Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      31 Jul 2023
    • Data do Fascículo
      2023

    Histórico

    • Recebido
      23 Set 2022
    • Aceito
      06 Fev 2023
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