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Transição do cuidado em pacientes pós-internação por covid-19 em um hospital do Nordeste brasileiro

RESUMO

Objetivo:

Analisar a transição do cuidado de pacientes pós-internação por covid-19 realizada em um hospital no Nordeste brasileiro.

Métodos:

Estudo quantitativo, transversal, descritivo e analítico realizado entre 2020 e 2021. A amostra contou com 78 pacientes. A coleta de dados ocorreu por telefone com apoio de um questionário sociodemográfico e do instrumento de avaliação da transição de cuidados (Care Transitions Measure).

Resultados:

O tempo médio de internação foi de 24,04 dias. A pontuação média para a transição do cuidado foi 71,68 (±11,71). O “Treinamento de autogestão” e o “Entendimento sobre medicações” obtiveram maiores médias, 75,15 (±13,76) e 74,10 (±16,20).

Conclusões:

A qualidade da transição do cuidado de pacientes da pós-internação por covid-19 foi satisfatória na instituição participante. Entretanto, a valorização das preferências do paciente e família para o autogerenciamento da doença bem como o plano de cuidados pós-alta precisam ser aprimorados.

Descritores:
Alta do Paciente; Autogestão; Cuidado Transicional; Hospitalização; Infecções por Coronavírus.

ABSTRACT

Objective:

To analyze the transition of care for post-hospitalization patients due to covid-19 in a hospital in northeastern Brazil.

Methods:

Quantitative, cross-sectional, descriptive, and analytical study carried out between 2020 and 2021. The sample had 78 patients. Data collection took place by telephone with the support of a sociodemographic questionnaire and the care transition assessment instrument (Care Transitions Measure).

Results:

The average length of stay was 24.04 days. The average score for care transition was 71.68 (±11.71). “Self-management training” and “Understanding of medications” had higher averages, 75.15 (±13.76) and 74.10 (±16.20).

Conclusions:

The average length of stay was 24.04 days. The average score for care transition was 71.68 (±11.71). “Self-management training” and “Understanding of medications” had higher averages, 75.15 (±13.76) and 74.10 (±16.20).

Descriptors:
Patient Discharge; Self-Management; Transitional Care; Hospitalization; Coronavirus Infections

RESUMEN

Objetivo:

Analizar la transición del cuidado de pacientes postinternación por Covid-19 realizada en un hospital en el Nordeste brasileño.

Métodos:

Estudio cuantitativo, transversal, descriptivo y analítico realizado entre 2020 y 2021. La muestra se compuso de 78 pacientes. La recolecta de datos hecha por teléfono con apoyo de una encuesta sociodemográfica y del instrumento de evaluación de la transición de cuidados (Care Transitions Measure).

Resultados:

El tiempo mediando de internación fue de 24,04 días. La puntuación mediana para la transición del cuidado fue 71,68 (±11,71). El “Entrenamiento de automanejo” y el “Entendimiento sobre medicaciones” obtuvieron mayores medianas, 75,15 (±13,76) y 74,10 (±16,20).

Conclusiones:

La calidad de la transición del cuidado de pacientes de la postinternación por Covid-19 fue satisfactoria en la institución participante. Entretanto, la valorización de las preferencias del paciente y familia para el automanejo de la enfermedad así como el plan de cuidados postalta precisan ser perfeccionados.

Descriptores:
Alta del Paciente; Automanejo; Cuidado de Transición; Hospitalización; Infecciones por Coronavirus

INTRODUÇÃO

O Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 (SARS-CoV-2) foi identificado pela primeira vez na China, em 2019, e foi classificado como agente causador da Coronavirus Disease 2019 (covid-19). Devido ao alto potencial de transmissão e aumento do número de casos no mundo, a doença foi considerada como uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII); e, em março de 2020, declarou-se o estado pandêmico pela Organização Mundial da Saúde (OMS)(11 Heymann DL, Shindo N. Scientific and Technical Advisory Group for Infectious Hazards WHO. COVID-19: what is next for public health? Lancet. 2020;395(10224):542-5. https://doi.org/10.1016/s0140-6736(20)30374-3
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-22 Cruz RM, Borges-Andrade JE, Moscon DC, Micheletto MR, Esteves GG, Delben PB, et al. COVID-19: emergência e impactos na saúde e no trabalho. Rev Psicol Organ Trab. 2020;20(2):883-90. https://doi.org/10.17652/rpot/2020.2.editorial
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).

A covid-19 se manifesta, em sua maior parte, por sintomas gripais leves, no entanto a OMS(33 World Health Organization (WHO). Oxygen Sources and distribution for COVID-19 treatment centers: interim guidance[Internet]. 2020 [cited 2022 Nov 5]. Genebra. Available from: https://apps.who.int/iris/handle/10665/331746
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) aponta que cerca de 15% dos doentes evoluem para internação hospitalar devido ao agravamento de seus quadros e necessidade de oxigenoterapia; destes, 5% demandam suporte em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Em sua forma grave, a covid-19 pode acarretar distúrbios funcionais, tais como fadiga, fraqueza muscular, dispneia, déficits neurológicos, entre outros, os quais tendem a perdurar após a hospitalização e resultam em cuidados e dependência domiciliar(44 Nogueira TL, Silva SD, Silva LH, Leite MV, Da Rocha JF, Andreza RS. Post covid-19: the consequences left by Sars-Cov-2 and the impact on the lives of affected people. Archi Health. 2021;2(3):457-71. https://doi.org/10.46919/archv2n3-021
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-55 Shanbehzadeh S, Tavahomi M, Zanjari N, Ebrahimi-Takamjani I, Amiri-arimi S. Physical and mental health complications post-COVID-19: scoping review. J Psychosom Res. 2020;147(5):1105-25. https://doi.org/10.1016/j.jpsychores.2021.110525
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).

Nesse sentido, preparar o paciente para a assistência em sua residência ou nos demais espaços da rede de saúde permite superar a fragmentação da atenção e contribui para a integralidade do serviço prestado. Assim, faz-se necessário o desenvolvimento de estratégias que busquem melhorias na transição do cuidado(66 Pedrosa AR, Ferreira OR, Baixinho CL. Transitional rehabilitation care and patient care continuity as an advanced nursing practice. Rev Bras Enferm. 2022;75(5):e20210399. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2021-0399
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).

A transição do cuidado refere-se a um conjunto de ações que objetivam a garantia da assistência entre os diferentes níveis ou locais onde ocorre a promoção à saúde, inclusive o domicílio(77 Lima MA, Magalhães AM, Oelke ND, Marques GQ, Lorenzini E, Weber LA, et al. Care transition strategies in Latin American countries: na integrative review. Rev Gaúcha Enferm. 2018;39(1):e20180119. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.20180119
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). Dessa forma, sua correta realização traz benefícios para o paciente e instituição de saúde, devido à redução significativa do número de reinternações, além da melhora da qualidade de vida dos indivíduos e minimização dos custos hospitalares(88 Semanas LE, Macdonald M, Martin-Misener R, Helwig M, Bispo A, Iduye DF. The impact of transitional care programs on health services utilization in community-dwelling older adults: a systematic review. Rev Implement Rep. 2018;16(2):26-34. https://doi.org/10.11124/JBISRIR-2017-003486
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).

Entretanto, para sua devida efetivação, é necessário contar com a participação multiprofissional, em que deve ser priorizadas as orientações para a pós-hospitalização. É nesse momento que dúvidas, percepções e anseios são esclarecidos, no intuito de promover a autonomia dos sujeitos e prevenir agravos após a alta(99 Weber LA, Lima MA, Acosta A, Marques G. Transition of care from the hospital to the home: integrative review. Rev Cogitare Enferm. 2017;22(3):e47615. https://doi.org/10.5380/ce.v22i3.47615
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).

Ademais, outro aspecto necessário para o sucesso da transição do cuidado é o envolvimento do paciente e sua família, o qual deve ocorrer mediante ações de sensibilização e educação em saúde, desenvolvidas com base nas fragilidades e potencialidades do paciente no seu processo de saúde doença(1010 Kuntz SR, Gerhardt LM, Ferreira AM, Santos MT, Ludwig MC. First transition from hospital care to home care for children with cancer: guidance from the multidisciplinary team. Rev Esc Anna Nery. 2021;25(2):e20200239. https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2020-0239
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).

Diante disso, investigar sobre as estratégias de transição do cuidado pós-alta hospitalar dos pacientes com covid-19 pode contribuir com informações para qualificação da prática profissional e serviços de saúde; ademais, tal investigação pode auxiliar na compreensão acerca da temática, uma vez que, apesar de recomendada, a transição do cuidado é pouco debatida no Brasil(1010 Kuntz SR, Gerhardt LM, Ferreira AM, Santos MT, Ludwig MC. First transition from hospital care to home care for children with cancer: guidance from the multidisciplinary team. Rev Esc Anna Nery. 2021;25(2):e20200239. https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2020-0239
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).

OBJETIVO

Analisar a transição do cuidado de pacientes pós-internação por covid-19 realizada em um hospital no Nordeste do Brasil.

MÉTODOS

O presente trabalho foi apresentado durante o 73° Congresso Brasileiro de Enfermagem (CBEn), promovido pela Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn). Além disso, recebeu a “Menção Honrosa - 2° Lugar” do Prêmio Laís Neto dos Reis.

Aspectos éticos

O estudo é parte de um projeto multicêntrico, intitulado “Avaliação do Cuidado de Enfermagem a Pacientes com Covid-19 em Hospitais Universitários Brasileiros”, o qual envolve dez instituições de ensino federais do Brasil. Possui financiamento pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). O trabalho foi conduzido de acordo com as diretrizes de ética internacionais e nacionais e foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Realça-se que a Declaração de Consentimento Livre e Esclarecido foi obtida de todos os indivíduos envolvidos no estudo por meio da comunicação verbal durante as ligações.

Tipo do estudo, local e período

Estudo descritivo, transversal, com abordagem quantitativa, baseado nas recomendações do Strengthening the reporting of observational studies in epidemiology (STROBE)(1111 Costa BR, Cevallos M, Altman DG, Rutjes AWS, Egger M. Uses and misuses of the STROBE statement: bibliographic study. BMJ Open. 2011;1:e000048. https://doi.org/10.1136/bmjopen-2010-000048
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). Teve como cenário a unidade de internação destinada a pacientes com covid-19 de um hospital universitário localizado no Nordeste do Brasil, entre abril de 2020 e dezembro de 2021.

População: critérios de inclusão e exclusão

Participaram da pesquisa 78 pacientes que tiveram alta da unidade de internação destinada a pacientes com covid-19 da referida instituição. O número de participantes foi definido de forma intencional, em que se considerou uma amostra por conveniência de cerca de 10% do número de altas mensais ocorridas durante o período de abril de 2020 a dezembro de 2021. O cálculo da amostra baseou-se no número total de leitos da instituição: 231 leitos ativos e 17 leitos para covid 19.

Os critérios de inclusão dos pacientes foram: ter 18 anos ou mais; possuir fluência no idioma português do Brasil e ter tido um período mínimo de 72 horas de internação no hospital, devido às maiores chances de terem passado por procedimentos durante esse tempo. Excluíram-se pacientes sem capacidade de participação por estarem debilitados ou angustiados, dentre outras razões, como dor ou em pós operatório imediato.

Protocolo do estudo

A coleta de dados foi realizada com uso do instrumento Care Transitions Measure® (CTM), que foi desenvolvido em 2002, nos Estados Unidos da América (EUA). Ele tem como objetivo avaliar a qualidade da transição do cuidado entre os diferentes serviços de atenção à saúde segundo a perspectiva do paciente. Possui duas versões, o CTM-15, com 15 afirmações; e o CTM-3, com apenas três afirmações(1212 Berenguer-García N, Roldán-Chicano MT, Rodríguez-Tello J, García-López MM, Dávila-Martínez R, Bueno-García MJ. Validation of the CTM-3-modified questionnaire on satisfaction with the continuity of care: a cohort study. Rev Aquichan. 2018;18(1):9-19. http://doi.org/10.5294/aqui.2018.18.1.2
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).

Em suas duas versões, foi traduzido e validado para a realidade brasileira em 2016, sendo assegurado sua confiabilidade e conteúdo. Para o estudo, escolheu-se o CTM-15, já que possui 15 itens separados por quatro fatores, a saber: Fator 1 - Treinamento de autogestão (itens 4, 5, 6, 8, 9, 10 e 11); Fator 2 - Entendimento sobre medicações (itens 13, 14 e 15); Fator 3 - Preferências asseguradas (itens 1, 2 e 3); e Fator 4 - Plano de cuidados (itens 7 e 12)(1212 Berenguer-García N, Roldán-Chicano MT, Rodríguez-Tello J, García-López MM, Dávila-Martínez R, Bueno-García MJ. Validation of the CTM-3-modified questionnaire on satisfaction with the continuity of care: a cohort study. Rev Aquichan. 2018;18(1):9-19. http://doi.org/10.5294/aqui.2018.18.1.2
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-1313 Costa AM, Lima MADS, Marques GQ, Levandovski PF, Weber LAF. Brazilian version of the Care Transitions Measure: translation and validation. Rev Enferm Int. 2017;64(3):379-87. http://doi.org/10.1111/inr.12326
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).

O CTM-15 foi utilizado por via telefônica, em um período de até 30 dias após a alta hospitalar. As ligações foram realizadas pelo mesmo coletador, o qual foi previamente treinado. Ressalta-se que, no momento do contato telefônico, a Declaração de Consentimento Livre e Esclarecido foi obtida de forma verbal pelos pacientes; além disso, as perguntas foram feitas pausadamente, de forma clara e objetiva.

As questões do instrumento são do tipo Likert, com cinco opções: Discordo muito (1 ponto); Discordo (2 pontos); Concordo (3 pontos); Concordo muito (4 pontos). A quinta opção, no entanto, ‘’Não sei/não me lembro/não se aplica” (0 ponto), não entra na contagem do escore.

O escore é calculado pela soma dos valores referentes às respostas dividida pelo número de questões respondidas. Após isso, deve ser transformado, então, em uma escala linear que varia de 0 a 100, em que valores maiores representam fluxos de transição do cuidado mais estruturados, mediante a fórmula: [(escore-1)/3] * 100 (1313 Costa AM, Lima MADS, Marques GQ, Levandovski PF, Weber LAF. Brazilian version of the Care Transitions Measure: translation and validation. Rev Enferm Int. 2017;64(3):379-87. http://doi.org/10.1111/inr.12326
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).

Análise dos dados e estatística

Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e inferencial no programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 25.0 para Windows. As variáveis categóricas foram representadas pela frequência absoluta e relativa; já as variáveis quantitativas, pela média e desvio-padrão, pela mediana e intervalo interquartílico (P50 [P25; P75]) e amplitude (mínimo e máximo).

Para a consistência interna, realizou-se a estatística de Shapiro-Wilk, além do teste de normalidade de Shapiro-Wilk para verificar a distribuição das variáveis quantitativas (Escores dos Fatores do CTM). Assim, a comparação das distribuições dos escores dos fatores do CTM entre as categorias das variáveis sociodemográficas foi realizada pelos testes não paramétricos (teste de Mann-Whitney ou Kruskal-Wallis).

Além disso, realizou-se a correlação de Spearman para verificar o grau de relação entre as variáveis de internação e fatores do CTM. Quando significante, a intensidade da correlação pode ser classificada como: fraca, de 0 a 0,3; regular, de 0,4 a 0,6; forte, de 0,6 a 0,9; e muito forte, de 0,9 a 1,0. O nível de significância adotado foi de 0,05(1414 Callegari-Jaques SM. Bioestatística: princípios e aplicações. Porto Alegre: Artmed; 2005.).

RESULTADOS

Dos 78 participantes do estudo, 41 (52,0%) são do sexo masculino, 39 (50,0%) têm ensino fundamental e médio incompletos, e 34 (46,6%) possuem renda familiar de até R$ 2.090. Estas e as demais variáveis categóricas estão dispostas na Tabela 1. A média de dias de internação total no hospital foi de 24,04 dias (23,12); e, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), foi de 8,30 dias (14,45).

Tabela 1
Caracterização da amostra dos pacientes acometidos por covid-19, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2022

A Tabela 2 apresenta as comorbidades e sintomas referidos pelos participantes, dos quais 40 (51,3%) possuíam doença cardiovascular (DCV); e 39 (50,0%), hipertensão arterial sistêmica (HAS). Além disso, no que tange aos sintomas mais frequentes, 60 pacientes apresentaram tosse (76,9%); 53 (67,9%), falta de ar; 52 (66,7%), febre; e 51 (65,4%), fadiga.

Tabela 2
Descrição das comorbidades e sintomas dos pacientes acometidos por covid-19, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2022

Na Tabela 3, tem-se o resultado do CTM-15. Observa-se que o escore total obteve uma média de 71,68 (±11,71), em que o Fator 1 (Treinamento de autogestão) obteve a maior média, de 75,15 (±13,76); e o Fator 4 (Plano de Cuidados) a menor, 65,60 (±24,52). Ademais, em relação à consistência interna dos fatores, o coeficiente alfa de Cronbach para o instrumento resultou em 0,869, no qual o Fator 1 (Treinamento de autogestão) obteve 0,866, o maior valor.

Tabela 3
Distribuição das médias e desvio-padrão de escore do CTM-15 total e por fatores, bem como alfa de Cronbach, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2022

A Tabela 4 apresenta a média e o desvio-padrão obtidos de cada item do CTM-15. Os itens com maiores pontuações foram 14 e 5, os quais, respectivamente, pertencem ao Fator 2 - Entendimento sobre medicações e Fator 1 - Treinamento de autogestão’. Por outro lado, as médias mais baixas foram as do item 15 (Fator 2 - Entendimento sobre medicações) e do item 4 (Fator 1 - Treinamento de autogestão).

Tabela 4
Itens por fatores, média e desvio-padrão dos itens do CTM-15, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2022

Quanto aos resultados da associação entre faixa etária, tempo de internação e os fatores do CTM-15, percebe-se que houve associação fraca entre os dias de internação (total e UTI) e os fatores do instrumento (Tabela 5).

Tabela 5
Associação entre faixa etária, tempo de internação e os fatores do CTM-15, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2022

DISCUSSÃO

Os resultados do presente estudo permitiram analisar a transição do cuidado na alta hospitalar para o domicílio de pacientes que tiveram covid-19, com o auxílio do CTM-15, o qual, em todo o mundo, é um dos instrumentos mais utilizados para esse tipo de avaliação(1515 Weber LAF, Lima MADS, Acosta AM. Quality of care transition and its association with hospital readmission. Aquichan. 2019;19(4):e1945. https://doi.org/10.5294/aqui.2019.19.4.5
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). Além disso, deve-se salientar que a transição do cuidado é um momento único e individual para cada paciente, portanto deve ser realizada conforme as especificidades de cada um.

A caracterização da amostra dos pacientes é consoante com a encontrada em estudo(1616 Loerinc LB, Scheel AM, Evans ST, Shabto JM, O’keefe GA, et al. Discharge characteristics and care transitions of hospitalized patients with COVID-19. HJDSI. 2021;9(1):1005-12. https://doi.org/10.1016/j.hjdsi.2020.100512
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), no qual se observou maior prevalência do sexo masculino no pós-alta de pacientes acometidos por covid-19. Entretanto, em outra pesquisa(1717 Cavalcanti GS. Survival Analysis of COVID-19 Infected Patients in the State of Rio Grande do Norte. Rev Bras Estud Reg Urb. 2021;15(1):156-182. http://doi.org/10.54766/rberu.v15i1.715
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), identificou-se que a variável “sexo” não influenciou a probabilidade de sobrevivência a essa doença, o que, provavelmente, também não interfere na transição do cuidado. Além disso, houve maior prevalência de pardos entre os usuários que tiveram alta e participaram do processo de transição do cuidado, embora outros trabalhos(1818 Galvão MHR, Roncalli AG. Factors associated with a higher risk of death from COVID-19: analysis of survival based on confirmed cases. Rev Bras Epidemiol. 2020;23(4)1-10. https://doi.org/10.1590/1980-549720200106
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-1919 Baqui P, Bica J, Marra V, Ercole A, Van der Schaar M. Ethnic and regional variations in hospital mortality from COVID-19 in Brazil: a cross-sectional observational study. Lancet Glob Health. 2020;8(8):1018-26. https://doi.org/10.1016/S2214-109X(20)30285-0
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) apontem que essa população foi a que mais evoluiu a óbito pela doença.

No tocante à escolaridade, a maioria dos pacientes tem, pelo menos, o ensino fundamental completo. Realça-se que possuir algum nível de escolaridade tem impacto direto sobre o fato de o paciente se recuperar corretamente da covid-19, pois ter a capacidade de compreender informações acerca da doença reflete se em um maior autocuidado e melhora do prognóstico(1919 Baqui P, Bica J, Marra V, Ercole A, Van der Schaar M. Ethnic and regional variations in hospital mortality from COVID-19 in Brazil: a cross-sectional observational study. Lancet Glob Health. 2020;8(8):1018-26. https://doi.org/10.1016/S2214-109X(20)30285-0
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). Ainda, constata se que, entre a população estudada, os pacientes possuíam alguma morbidade, dentre as quais se destaca a HAS e outras doenças cardiovasculares. Esse perfil condiz com o da população sobrevivente da doença, visto que a multimorbidade eleva o risco de agravamento, internação e óbito pela covid 19(1919 Baqui P, Bica J, Marra V, Ercole A, Van der Schaar M. Ethnic and regional variations in hospital mortality from COVID-19 in Brazil: a cross-sectional observational study. Lancet Glob Health. 2020;8(8):1018-26. https://doi.org/10.1016/S2214-109X(20)30285-0
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). A presença de doenças crônicas não transmissíveis associadas à covid-19 é responsável por elevar em 9,44% o risco de óbito por essa condição; e, no contexto brasileiro, as maiores taxas de mortalidade ocorreram entre pacientes com DCV, o que está em consonância com o perfil de pacientes desta pesquisa(1717 Cavalcanti GS. Survival Analysis of COVID-19 Infected Patients in the State of Rio Grande do Norte. Rev Bras Estud Reg Urb. 2021;15(1):156-182. http://doi.org/10.54766/rberu.v15i1.715
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,1919 Baqui P, Bica J, Marra V, Ercole A, Van der Schaar M. Ethnic and regional variations in hospital mortality from COVID-19 in Brazil: a cross-sectional observational study. Lancet Glob Health. 2020;8(8):1018-26. https://doi.org/10.1016/S2214-109X(20)30285-0
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)

Foi verificado que a média do escore do CTM-15 foi de 71,68, o que aponta para uma média considerada positiva. Uma vez que o instrumento não possui ponto de corte estabelecido, essa constatação é realizada de forma comparativa com outros estudos, os quais variaram entre escores de 82,4 e 76,4(2020 Record JD, Niranjan-Azadi A, Christmas C, Hanyok LA, Rand CS, Hellmann DB, et al. Telephone calls to patients after discharge from the hospital: an important part of transitions of care. Med Educ. 2015;20(5):e26701. https://doi.org/10.3402/meo.v20.26701
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-2121 Acosta AM, Lima MADS, Marques GQ, Levandovski PF, Weber LAF. Brazilian version of the Care Transitions Measure: translation and validation. Int Nurs Rev. 2017;64(3):379-87. https://doi.org/10.1111/inr.12326
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) e adotaram a pontuação acima de 71,0 como satisfatória. Por conseguinte, esses valores auxiliam para um norte de preparações e melhorias, por parte da equipe de saúde, em relação à transição do cuidado, tanto na gestão quanto na assistência.

O escore do Fator 1 do CTM-15, “Treinamento de autogestão”, obteve a melhor pontuação dentre os fatores do instrumento e elevada consistência interna entre as respostas do item, o que indica qualidade na transição do cuidado. As ações de educação em saúde, promotoras da autogestão, estão descritas na literatura(77 Lima MA, Magalhães AM, Oelke ND, Marques GQ, Lorenzini E, Weber LA, et al. Care transition strategies in Latin American countries: na integrative review. Rev Gaúcha Enferm. 2018;39(1):e20180119. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.20180119
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,99 Weber LA, Lima MA, Acosta A, Marques G. Transition of care from the hospital to the home: integrative review. Rev Cogitare Enferm. 2017;22(3):e47615. https://doi.org/10.5380/ce.v22i3.47615
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) como as que são praticadas pelos enfermeiros e demais profissionais de saúde com maior frequência na transição do hospital para o domicílio. Logo, a efetividade do treinamento para autogestão permite ao paciente e família lidarem com um novo status de saúde, bem como reduzirem a possibilidade de reinternações(2222 Ferreira LLG, Andricopulo AD. Medicamentos e tratamentos para a COVID-19. Rev Estud Av. 2020;34(100):7-27. https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2020.34100.002
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).

O escore do Fator 2 do CTM-15, “Entendimento sobre medicações”, também alcançou valor médio indicativo de qualidade na transição do cuidado. A conciliação medicamentosa na alta é de grande relevância para a continuidade do tratamento e recuperação exitosa do paciente com covid 19, dado que o comprometimento sistêmico causado pela doença pode exigir o uso de múltiplos fármacos, como antitussígenos, broncodilatadores, antibióticos e até medicamentos de alta vigilância, como os anticoagulantes(2222 Ferreira LLG, Andricopulo AD. Medicamentos e tratamentos para a COVID-19. Rev Estud Av. 2020;34(100):7-27. https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2020.34100.002
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).

O Fator 4, relacionado ao “Plano de cuidados’’, atingiu um escore abaixo da média geral, o que está em linha com estudo brasileiro semelhante(2323 Acosta AM, Lima MADS, Pinto IC, Weber LAF. Care transition of patients with chronic diseases from the discharge of the emergency service to their homes. Rev Gaúcha Enferm. 2020;41(2):e20190155. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2020.20190155
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) e implica a relevância de ações que possam melhorar a qualidade desse âmbito. É necessário que a equipe multiprofissional seja capaz de elaborar um planejamento de alta incluindo informações acerca da doença, orientações sobre medicações, técnicas de cuidados e, principalmente, permita o esclarecimento de dúvidas.

Isso requer a devida autogestão do indivíduo sobre sua saúde, além da troca de conhecimento entre profissional, paciente e familiar, visto que a tarefa de cuidar pode parecer complexa diante da ausência das habilidades necessárias e de uma doença grave como a covid-19(2424 Silva BC, Silva IA, Silva GM, Freitas CKAC, Gois CFL. Nursing planning for hospital discharge of patients with heart failure: integrative review. RSD. 2022;11(1):281-92. https://doi.org/10.33448/rsd-v11i1.24791
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). Entretanto, é uma doença nova; e, a princípio, havia poucas evidências científicas sobre sua forma de ação e tratamento, o que interferiu no cuidado dos pacientes durante a internação bem como na preparação para a alta.

É importante frisar o papel das demais Redes de Assistência à Saúde (RAS), em especial a Atenção Primária à Saúde (APS), como parte constituinte da efetiva transição do cuidado. É preciso que os hospitais se articulem com esses serviços para não haver a fragmentação da assistência prestada, já que, na comunidade, tem-se a promoção de visitas domiciliares e acompanhamento progressivo do paciente, com vistas a verificar sua evolução e demandas que surgirem(2525 Gallo VCL, Hammerschmidt KSA, Khalaf DK, Lourenço RG, Bernardino E. Transição e continuidade do cuidado na percepção dos enfermeiros da atenção primária à saúde. Rev Recien. 2022;12(38):173-82. https://doi.org/10.24276/rrecien2022.12.38.173-182
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).

O Fator 3, “Preferências asseguradas”, pontuou como o segundo menor escore e converge com estudo(2626 Ford BK, Ingersoll-Dayton B, Kathryn B. Care transition experiences of older veterans and their caregivers. Health Soc Work. 2016;41(2):129-38. https://doi.org/10.1093/hsw/hlw009
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) que envolveu 50 pacientes de um hospital estadunidense. O protagonismo dos pacientes e familiares no processo saúde-doença é essencial para que o autogerenciamento pós-alta seja conduzido de forma adequada. Para que isso ocorra, a equipe multidisciplinar deve promover espaço de escuta e debate, a fim de acolher as opiniões e posicionamentos de que o binômio paciente cuidador necessita. Assim, a autonomia, importante princípio ético reconhecido na saúde, interfere positivamente na continuidade do cuidado.

Houve, ainda, associação fraca entre os dias de internação (total e UTI) e os fatores do CTM 15. Por conseguinte, pode-se deduzir que o tempo de hospitalização não afetou de forma negativa a qualidade da continuidade do cuidado. Pesquisa realizada na Espanha(1111 Costa BR, Cevallos M, Altman DG, Rutjes AWS, Egger M. Uses and misuses of the STROBE statement: bibliographic study. BMJ Open. 2011;1:e000048. https://doi.org/10.1136/bmjopen-2010-000048
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) inferiu uma correlação entre “satisfação dos pacientes com a transição do cuidado” e “tempo de internação”. Tal fato pode ser explicado pelo maior aparato tecnológico que esses ambientes possuem, além das recomendações e cuidados diários que possibilitam maiores chances de recuperação e cura(2727 Silmara M, Nobukuni MC, Bravin SH, Benichel CR, Matos TDS. O significado de conforto na perspectiva de familiares de pacientes internados em UTI. Rev Nurs. 2019;22(252):2882-6. https://doi.org/10.36489/nursing.2019v22i252p2882-2886
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). Destaca-se que os resultados deste estudo não fizeram associação entre a faixa etária e a qualidade da transição do cuidado.

Constatou-se que o coeficiente alfa de Cronbach do CTM-15 foi considerado satisfatório (0,869), o que indica uma boa consistência interna do instrumento; esse resultado se assemelha aos de trabalhos no Brasil (0,850) e China (0,890)(1414 Callegari-Jaques SM. Bioestatística: princípios e aplicações. Porto Alegre: Artmed; 2005.,2828 Xu YP, Shuang L, Zhao P, Zhao J. Using the knowledge-to-action framework with joint arthroplasty patients to improve the quality of care transition: a quasi-experimental study. J Orthop Surg Res. 2020;15(31):1561-7. https://doi.org/10.1186/s13018-020-1561-7
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).

Por fim, cabe ressaltar que a transição do cuidado ainda é pouco formalizada na realidade atual. Isso pode ser evidenciado pela falta de políticas e programas que, em todo o território, fomentem sua prática. Somado a esse fato, a covid-19 ainda é tida como uma doença recente, e poucas são as informações acerca da sua correlação com a continuidade do cuidado. Assim, todos esses aspectos acabam por dificultar a compreensão integral da transição do cuidado e podem impactar negativamente a cura e recuperação dos pacientes acometidos.

Limitações do estudo

Como limitação do estudo, pode-se citar a dificuldade do contato telefônico com alguns dos pacientes da amostra, já que alguns se sentiam inseguros para responder as questões solicitadas e/ou desconfiavam de que pudesse não ser uma pesquisa científica, e sim um golpe.

Contribuições para a área da saúde

Como contribuições para a área, este estudo permite que os profissionais da saúde possam ampliar seus conhecimentos acerca da transição do cuidado, de modo a auxiliar na implementação desse processo nos serviços de saúde. O cuidado transicional possibilita que o paciente seja o centro da assistência, ao passo que valoriza a coparticipação da família e/ou cuidadores durante a internação hospitalar e no pós-alta. Assim, pesquisas como esta podem colaborar para que informações sobre a transição do cuidado alcancem a sociedade como um todo, não somente trabalhadores da saúde.

CONCLUSÕES

Ao utilizar o CTM-15, este estudo permitiu demonstrar que a transição do cuidado de pacientes acometidos por covid-19 que estão em pós-internação foi satisfatória na instituição participante. Os itens relacionados às orientações sobre a autogestão dos cuidados e entendimento acerca das medicações demonstraram pontos mais favoráveis para qualificar a transição do cuidado. Contudo, ainda houve fragilidades que precisam ser aprimoradas, como os fatores relacionados às preferências dos pacientes e família para o gerenciamento da doença e plano de cuidados feito, o qual deve ser pactuado entre os profissionais, pacientes e familiares ainda na unidade hospitalar.

Destarte, novas investigações são recomendadas a fim de compreender de forma ampla e, em diferentes cenários, a transição do cuidado dos pacientes acometidos por covid-19 que estão em pós internação. Além disso, profissionais de saúde, gestores e a própria população em geral precisam debater e se articular para que, de fato, haja melhorias ainda mais significativas nesse meio.

DISPONIBILIDADE DE DADOS E MATERIAL

https://doi.org/10.48331/scielodata.20ZPIG

  • FOMENTO
    Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

AGRADECIMENTO

Agradecemos a todos os membros do projeto multicêntrico ‘’Avaliação do cuidado de enfermagem a pacientes com covid-19 em hospitais universitários brasileiros’’.

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Editado por

EDITOR CHEFE: Antonio José de Almeida Filho
EDITOR ASSOCIADO: Hugo Fernandes

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Out 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    08 Fev 2023
  • Aceito
    23 Abr 2023
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