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Dor crônica e fatores associados ao teletrabalho durante a pandemia da COVID-19 no Brasil

RESUMO

Objetivo:

Estimar a prevalência de dor crônica e sua associação com sintomas de ansiedade, distúrbios do sono e aspectos do trabalho remoto no contexto da pandemia da COVID-19.

Método:

Estudo transversal e descritivo realizado com 328 adultos em teletrabalho. Os dados foram coletados online de fevereiro de 2021 a janeiro de 2022. Para a investigação da dor e avaliações do sono e da ansiedade, foram utilizados um questionário estruturado, o Questionário Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh e o Generalized Anxiety Disorder-7, respectivamente.

Resultados:

A prevalência de dor crônica foi de 47,9% (IC 95% = 42,5-53,3). Foram identificadas associações entre a dor e a ansiedade, distúrbios do sono e tempo sentado (p<0,01).

Conclusão:

A prevalência de dor crônica no teletrabalho mostrou-se elevada, com a dor sendo de intensidade moderada e associada à ansiedade, aos distúrbios do sono e ao tempo passado sentado.

Descritores:
Dor Crônica; Qualidade do Sono; Ansiedade; Teletrabalho; COVID-19

ABSTRACT

Objective:

Estimate the prevalence of chronic pain and its association with symptoms of anxiety, sleep disorders, and aspects of remote work in the context of the COVID-19 pandemic.

Method:

A cross-sectional and descriptive study conducted with 328 adults engaged in remote work. Data was collected online from February 2021 to January 2022. For pain investigation and evaluations of sleep and anxiety, a structured questionnaire, the Pittsburgh Sleep Quality Index, and the Generalized Anxiety Disorder-7 were used, respectively.

Results:

The prevalence of chronic pain was 47.9% (CI 95% = 42.5-53.3). Associations were identified between pain and anxiety, sleep disorders, and sitting time (p<0.01).

Conclusion:

The prevalence of chronic pain in remote work was found to be high, with pain being of moderate intensity and associated with anxiety, sleep disorders, and prolonged sitting time.

Descriptors:
Chronic Pain; Sleep Quality; Anxiety; Teleworking; COVID-19

RESUMEN

Objetivo:

Estimar la prevalencia del dolor crónico y su asociación con síntomas de ansiedad, trastornos del sueño y aspectos del trabajo remoto en el contexto de la pandemia de COVID-19.

Método:

Estudio transversal y descriptivo realizado con 328 adultos que trabajan a distancia. Los datos se recopilaron en línea de febrero de 2021 a enero de 2022. Para la investigación del dolor y las evaluaciones del sueño y la ansiedad, se utilizó un cuestionario estructurado, el Cuestionario de Índice de Calidad del Sueño de Pittsburgh y el Generalized Anxiety Disorder-7, respectivamente.

Resultados:

La prevalencia de dolor crónico fue del 47,9% (IC del 95% = 42,5-53,3). Se identificaron asociaciones entre el dolor y la ansiedad, los trastornos del sueño y el tiempo sentado (p<0,01).

Conclusión:

La prevalencia del dolor crónico en el trabajo a distancia fue alta, con dolor de intensidad moderada asociado a la ansiedad, los trastornos del sueño y el tiempo sentado.

Descriptores:
Dolor Crónico; Calidad del Sueño; Ansiedad; Teletrabajo; COVID-19

INTRODUÇÃO

Durante a pandemia da COVID-19, vários países adotaram o distanciamento social como estratégia para diminuir a propagação da doença e proteger a população. Isso resultou na redução das interações entre as pessoas por meio do teletrabalho, na diminuição da circulação de pessoas em ambientes públicos, no fechamento do comércio, entre outras medidas(11 Xavier F, Olenscki, JRW, Acosta AL, Sallum MAM, Saraiva AM. Análise de redes sociais como estratégia de apoio à vigilância em saúde durante a COVID-19. Estud Av. 2020;34(99). https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2020.3499.016
https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2020....
).

No mundo todo, houve um grande incentivo ao formato de teletrabalho, também conhecido como trabalho remoto(22 Yoshimoto T, Fujii T, Oka H, Kasahara S, Kawamata K, Matsudaira K. Pain status and its association with physical activity, psychological stress, and telework among Japanese workers with pain during the COVID-19 Pandemic. Int J Environ Res Public Health. 2021;18(11):5595. https://doi.org/10.3390/ijerph18115595
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). Entretanto, o trabalho remoto em tempo integral pode trazer alguns malefícios, como diminuição da interação social, restrição de movimentos, excesso de exposição a telas e a indefinição dos limites entre vida profissional e pessoal. Todos esses fatores podem acarretar fadiga física e mental, estresse, ansiedade, dor e cansaço(33 Majumdar P, Biswas A, Sahu S. COVID-19 pandemic and lockdown: cause of sleep disruption, depression, somatic pain, and increased screen exposure of office workers and students of India. Chronobiol Int. 2020:1–1. https://doi.org/10.1080/07420528.2020.1786107
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).

Todos que vivenciaram a pandemia da COVID-19 sentiram algum impacto devido à mudança de rotina e à exposição contínua a estressores físicos, psicológicos e sociais. Esses fatores podem ter resultado em sintomas de ansiedade e distúrbios do sono(44 Afonso P, Fonseca M, Teodoro, T. Evaluation of anxiety, depression and sleep quality in full-time teleworkers. J Public Health. 2021;25:164. https://doi.org/10.1093/pubmed/fdab164
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), no surgimento de novos casos de dor crônica (DC) e na exacerbação de sintomas dolorosos pré-existentes(55 Charles S, Carayannopoulos AG, Pathak, S. Anxiety and depression in patients with chronic pain. In: Deer T, Pope J, Lamer T, Provenzano D. (eds). Deer's Treatment of Pain. Springer Nature Switzerland: Springer; 2019;125–9. https://doi.org/10.1007/978-3-030-12281-2_15
https://doi.org/10.1007/978-3-030-12281-...
, 66 Clauw DJ, Hauser W, Cohen S P, Fitzcharles M. Considering the potential for an increase in chronic pain after the COVID-19 pandemic. PAIN. 2020;161:1694–7. https://doi.org/10.1097/Fj.pain.0000000000001950
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), especialmente em pessoas que alteraram suas rotinas de trabalho drasticamente. Sabe-se que a dor é multifatorial e pode ter relação com o aspecto psicossocial; assim, durante um período de crise como a pandemia, o impacto negativo pode ser ainda maior no que concerne à saúde mental, social e física das pessoas(77 Shanthanna H, Strand NH, Provenzano DA, Lobo CA, Eldabe S, Bhatia A, et al. Caring for patients with pain during the COVID-19 pandemic: consensus recommendations from an international expert panel. Anaesthesia. 2020;75(7):935-44. https://doi.org/10.1111/anae.15076
https://doi.org/10.1111/anae.15076...
).

Com base nos dados levantados em estudos(44 Afonso P, Fonseca M, Teodoro, T. Evaluation of anxiety, depression and sleep quality in full-time teleworkers. J Public Health. 2021;25:164. https://doi.org/10.1093/pubmed/fdab164
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, 55 Charles S, Carayannopoulos AG, Pathak, S. Anxiety and depression in patients with chronic pain. In: Deer T, Pope J, Lamer T, Provenzano D. (eds). Deer's Treatment of Pain. Springer Nature Switzerland: Springer; 2019;125–9. https://doi.org/10.1007/978-3-030-12281-2_15
https://doi.org/10.1007/978-3-030-12281-...
, 66 Clauw DJ, Hauser W, Cohen S P, Fitzcharles M. Considering the potential for an increase in chronic pain after the COVID-19 pandemic. PAIN. 2020;161:1694–7. https://doi.org/10.1097/Fj.pain.0000000000001950
https://doi.org/10.1097/Fj.pain.00000000...
, 77 Shanthanna H, Strand NH, Provenzano DA, Lobo CA, Eldabe S, Bhatia A, et al. Caring for patients with pain during the COVID-19 pandemic: consensus recommendations from an international expert panel. Anaesthesia. 2020;75(7):935-44. https://doi.org/10.1111/anae.15076
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) e considerando a ausência de pesquisas mais específicas sobre DC e suas associações com sono, ansiedade e características do teletrabalho entre brasileiros durante a pandemia, identificou-se a necessidade de aprofundar o conhecimento neste período tão atípico. Deste modo, este estudo buscou responder a questionamentos sobre a prevalência de DC em trabalhadores remotos durante a pandemia da COVID-19 e investigar se a DC esteve associada a distúrbios do sono, sintomas de ansiedade e características do trabalho remoto nesse contexto.

OBJETIVO

Estimar a prevalência de dor crônica e sua associação com sintomas de ansiedade, distúrbios do sono e aspectos do trabalho remoto no contexto da pandemia da COVID-19 no Brasil.

MÉTODOS

Aspectos éticos

Estudo conduzido conforme as diretrizes nacionais e internacionais de ética, e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de São Carlos. Todos os indivíduos que concordaram em participar do estudo assinalaram com um clique o local que indicava a concordância no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, descrito na primeira página do formulário da entrevista.

Este trabalho foi extraído da dissertação de mestrado intitulada “Dor e fatores associados em adultos em trabalho remoto no contexto da pandemia da COVID-19 no Brasil” idealizada através do Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de São Carlos, 2022.

Desenho, período e local do estudo

Orientado pela ferramenta STROBE, este é um estudo transversal, descritivo e com enfoque quantitativo. A coleta de dados ocorreu de forma online, de fevereiro de 2021 a janeiro de 2022, por meio de um formulário estruturado na plataforma virtual Google Forms®. Um convite para a participação na pesquisa foi divulgado por correio eletrônico, com pedidos para que programas de pós-graduação de universidades brasileiras o divulgassem a docentes e professores, bem como a empresas que aderiram ao teletrabalho. O estudo foi divulgado na rede institucional da Universidade Federal de São Carlos e em mídias sociais do grupo Meta®, como Facebook, Instagram e Whatsapp.

População ou amostra; critérios de inclusão e exclusão

Realizou-se um cálculo amostral para definir o tamanho da amostra, com o objetivo de estimar a prevalência de DC em uma população infinita. A escolha do valor de prevalência usada no cálculo baseou-se em um estudo(88 Souza JB Grossmann E, Perissinotti DMN, Oliveira Junior JO, Fonseca PRB, Posso E P. Prevalence of chronic pain, treatments, perception, and interference on life activities: brazilian population-based survey. Pain Res Manag. 2017;ID4643830. https://doi.org/10.1155/2017/4643830
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) que engloba a população brasileira. Para todos os tamanhos de amostras simulados, considerou-se um nível de significância de 5% e variações no erro absoluto tolerável de 1 a 8 pontos porcentuais (p.p.). Portanto, o número amostral definido para este estudo variou de 368 a 387, admitindo um erro tolerável de 5 p.p.

Os critérios de inclusão contemplaram adultos com 18 anos ou mais, que estivessem trabalhando remotamente, seja em período integral ou parcial, durante a pandemia da COVID-19 no Brasil. Como critérios de exclusão, foram considerados indivíduos com diagnóstico de fibromialgia, artrite reumatoide ou câncer, além de profissionais da saúde atuando na linha de frente contra a COVID-19.

Protocolo do estudo

Para a caracterização da amostra, construiu-se um questionário online visando identificar o perfil sociodemográfico, econômico, características do teletrabalho e hábitos de vida.

Na investigação da dor, estruturou-se um questionário para identificar sua presença, intensidade, localização e duração. Para avaliar a intensidade da dor, questionou-se sobre a média da dor sentida durante a pandemia, utilizando uma escala numérica de dor de 11 pontos, que varia de 0 a 10 — sendo 0 equivalente a “nenhuma dor” e 10 a “pior dor possível”(99 Huskisson EC. Measurement of pain. Lancet. 1974;2(7889):1127–31. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(74)90884-819
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(74)90...
). Para análise da intensidade, considerou-se: 1-4 (dor leve), 5-6 (dor moderada) e 7-10 (dor intensa)(1010 Serlin RC, Mendoza TR, Nakamura Y, Edwards KR, Cleeland CS. When is cancer pain mild, moderate or severe? grading pain severity by its interference with function. PAIN. 1995;61;277-84. https://doi.org/10.1016/0304-3959(94)00178-H
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). A dor foi categorizada como crônica se persistisse por um período igual ou superior a 6 meses da data da coleta de dados(1111 International Association on the Study of Pain (IASP) Classification of chronic pain: descriptions of chronic pain syndromes and definitions of pain terms [Internet]. 2. ed. Washington: Iasp Press; 1994[cited 2022 Dec 12]. Available from: https://www.iasp-pain.org/publications/free-ebooks/classification-of-chronic-pain-second-edition-revised/
https://www.iasp-pain.org/publications/f...
).

Para avaliação do sono, empregou-se o Questionário Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI), criado por Buysse et al.(1212 Buysse DJ, Reynolds CF, Monk TH, Berman SR, Kupfer DJ. The Pittsburgh Sleep Quality Index: a new instrument for psychiatric practice and research. Psychiatry Res. 1989;28(2):193-213. https://doi.org/10.1093/sleep/14.4.331
https://doi.org/10.1093/sleep/14.4.331...
) e validado para o português brasileiro por Bertolazi et al.(1313 Bertolazi AN, Fagondes SC, Hoff LS, Dartora EG, Miozzo ICS, Barba MEF, et al. Validation of the Brazilian Portuguese version of the Pittsburgh Sleep Quality Index. Sleep Med. 2011;12(1):70-5. https://doi.org/10.1016/j.sleep.2010.04.020
https://doi.org/10.1016/j.sleep.2010.04....
). Esse instrumento, que avalia a qualidade e distúrbios do sono, contém 19 questões. O escore máximo é de 21 pontos — quanto maior, pior a qualidade do sono. A classificação de 0 a 4 indica boa qualidade do sono, de 5 a 10, qualidade ruim e acima de 10, indica a presença de distúrbios do sono(1212 Buysse DJ, Reynolds CF, Monk TH, Berman SR, Kupfer DJ. The Pittsburgh Sleep Quality Index: a new instrument for psychiatric practice and research. Psychiatry Res. 1989;28(2):193-213. https://doi.org/10.1093/sleep/14.4.331
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, 1313 Bertolazi AN, Fagondes SC, Hoff LS, Dartora EG, Miozzo ICS, Barba MEF, et al. Validation of the Brazilian Portuguese version of the Pittsburgh Sleep Quality Index. Sleep Med. 2011;12(1):70-5. https://doi.org/10.1016/j.sleep.2010.04.020
https://doi.org/10.1016/j.sleep.2010.04....
).

Na avaliação da ansiedade, utilizou-se o Generalized Anxiety Disorder-7 (GAD-7), que avalia a frequência de sinais e sintomas de ansiedade nas últimas duas semanas. O instrumento foi elaborado por Spitzer et al.(1414 Spitzer RL, Kroenke K, Williams JBW, Lowe B. A brief measure for assessing generalized anxiety disorder: the GAD-7. Arch Int Med. 2006;166(10):1092-7. https://doi.org/10.1001/archinte.166.10.1092
https://doi.org/10.1001/archinte.166.10....
) baseado nos critérios do DSM-IV (Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais) e validado por Kroenke et al.(1515 Kroenke K, Spitzer RL, Williams JBW, Monahan PO, Lowe B. Anxiety disorders in primary care: prevalence, impairment, comorbidity, and detection. An Int Med. 2007;146:317-25. https://doi.org/10.7326/0003-4819-146-5-200703060-00004
https://doi.org/10.7326/0003-4819-146-5-...
). Sua tradução para a língua portuguesa foi realizada pela Pfizer (Copyright, 2005 Pfizer Inc. New York, NY) e validada no Brasil por Moreno et al.(1616 Moreno et al. Factor structure, reliability, and item parameters of the brazilian portuguese version of the GAD-7 questionnaire. Temas Psicol [Internet]. 2016[cited 2022 Dec 12];24(1):367-376. Available from: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tp/v24n1/v24n1a19.pdf
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tp/v24n1/v...
). Composto por 7 itens, cada um é avaliado por uma escala de 4 pontos, variando de 0 (nenhuma vez) a 3 (quase todos os dias). A pontuação total vai de 0 a 21, sendo que valores iguais ou superiores a 10 podem indicar sintomas de transtornos de ansiedade(1414 Spitzer RL, Kroenke K, Williams JBW, Lowe B. A brief measure for assessing generalized anxiety disorder: the GAD-7. Arch Int Med. 2006;166(10):1092-7. https://doi.org/10.1001/archinte.166.10.1092
https://doi.org/10.1001/archinte.166.10....
).

Análise dos resultados e estatística

Realizou-se estatística descritiva para a caracterização da amostra. As variáveis categóricas foram apresentadas em frequências bruta e relativa, enquanto, para as variáveis contínuas, calcularam-se as médias e desvios-padrão (DP). Nas análises de associação, utilizou-se o modelo de regressão de Poisson com variância robusta(1717 Zou G. A modified poisson regression approach to prospective studies with binary data. Am J Epidemiol. 2004;159(7):702-6. https://doi.org/10.1093/aje/kwh090
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), de forma simples e múltipla. Adotou-se um nível de significância de 5% (p<0,05) para todas as análises.

RESULTADOS

Participaram do estudo 328 pessoas com idade média de 32,96 (DP=8) anos, variando de 20 a 61 anos, com predominância de mulheres (55,2%) e nível de escolaridade superior completo (86,3%).

Os dados da caracterização socioeconômica e demográfica estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1
Características socioeconômicas e demográficas de trabalhadores brasileiros em trabalho remoto durante a pandemia da COVID-19 (N=328), Brasil, 2022

Em relação aos hábitos de vida, destaca-se que 95,7% dos participantes não fumavam, e 62,5% ingeriam bebida alcoólica apenas socialmente. Antes da pandemia, 61,3% da amostra praticava atividade física, mas, durante a pandemia, esse percentual reduziu para 52,7%.

A Tabela 2 apresenta os dados sobre o trabalho remoto durante a pandemia. Do total, 74,4% (n=244) da amostra estava em teletrabalho em período integral, enquanto 25,6% (n=84) trabalhavam parcialmente de forma remota. Além disso, 62,8% dos respondentes passavam mais de 8 horas por dia sentados. Quando questionados sobre o quanto estavam sentindo falta de suas rotinas antes da pandemia (sendo 0 “nenhuma falta” e 10 “máxima falta possível”), a média foi de 7,17 (DP=2,67).

Tabela 2
Caracterização do trabalho remoto e comportamento social dos trabalhadores brasileiros em trabalho remoto durante a pandemia da COVID-19 (N=328), Brasil, 2022

A prevalência de DC foi de 47,9% (IC 95%; 42,46%; 53,27%). Das 157 pessoas com DC, 53,50% (n=84) já sentiam dor antes da pandemia e continuaram sentindo durante este período, enquanto 46,49% (n=73) começaram a sentir DC após o início da pandemia. As áreas do corpo mais afetadas foram a coluna lombar (62,4%), a coluna cervical (47,1%) e a cabeça (42,0%).

A intensidade média da dor durante a pandemia foi de 5,8 (DP=2,0), caracterizando-a como moderada. Dos participantes com DC (n=157), a maioria apresentou sintomas de TAG (53,5%), mais da metade tinha qualidade ruim de sono (59,2%), e 29,9% tinham distúrbios do sono. Vale ressaltar que, entre as pessoas sem DC, esses números foram significativamente menores (31,6% com TAG e 11,7% com distúrbios do sono). A pontuação média no GAD-7 foi de 10,9 (DP=5,8), e no PSQI foi de 8,8 (DP=3,7).

A Tabela 3 apresenta a associação da DC e sua intensidade com sintomas de transtorno de ansiedade (≥10) e presença de distúrbios do sono (>10). Os resultados demonstram que a presença de DC está associada com sintomas de transtorno de ansiedade (p<0,01), sendo que a prevalência de ansiedade é 69% maior em indivíduos com DC em comparação aos que não têm.

Tabela 3
Associação da dor crônica com sintomas de ansiedade e distúrbios do sono nos trabalhadores brasileiros em trabalho remoto durante a pandemia da COVID-19 (n=157), Brasil, 2022

Também se observou que a DC está associada a distúrbios do sono (p<0,01). Indivíduos com DC têm uma prevalência 156% maior de distúrbio do sono quando comparados aos sem DC (Tabela 3).

Nenhuma característica sociodemográfica, econômica ou de hábitos de vida mostrou associação com a DC. Notou-se, no entanto, que o tempo passado sentado durante o teletrabalho está associado à DC. Quanto mais tempo sentado, maior a prevalência de DC. Indivíduos que ficam 12 horas por dia sentados têm uma prevalência 3,35 vezes maior de ter DC, e aqueles que ficam entre 6 e 8 horas sentados têm uma prevalência 3,28 vezes maior. Todos esses dados são em comparação com os que ficam até 6 horas por dia sentados (Tabela 4).

Tabela 4
Associação da dor crônica com as características socioeconômicas, demográficas, do trabalho e de hábitos de vida em trabalhadores brasileiros em trabalho remoto durante a pandemia de COVID-19 (n=157), Brasil, 2022

DISCUSSÃO

Os resultados do presente estudo revelaram uma prevalência de 47,9% (IC 95%; 42,46%; 53,27%) de pessoas em trabalho remoto com DC, sendo esta dor de intensidade moderada (média de 5,8, DP=2,0) e associada a sintomas de ansiedade, distúrbios do sono e trabalho sentado. É possível afirmar que 47,9% de prevalência de DC durante a pandemia é um valor alto, considerando estudos que avaliaram a dor na população geral do Brasil em anos anteriores à pandemia. Esses apontaram de 22% a 42% de DC(88 Souza JB Grossmann E, Perissinotti DMN, Oliveira Junior JO, Fonseca PRB, Posso E P. Prevalence of chronic pain, treatments, perception, and interference on life activities: brazilian population-based survey. Pain Res Manag. 2017;ID4643830. https://doi.org/10.1155/2017/4643830
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, 1818 Pereira FG, França MH, Paiva MCA, Andrade LH, Viana MC. Prevalence and clinical profile of chronic pain and its association with mental disorders. Rev Saúde Pública. 2017;51:96. https://doi.org/10.11606/S1518-8787.2017051007025
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, 1919 Cabral DMC, Bracher ESB, Depintor JDP, Eluf-Neto J. Chronic pain prevalence and associated factors in a segment of the population of São Paulo City. PAIN. 2014;15(11):1081–91. https://doi.org/10.1016/j.jpain.2014.07.001
https://doi.org/10.1016/j.jpain.2014.07....
, 2020 Ferreira KASL, Bastos TRPD, Andrade DCD. Prevalence of chronic pain in a metropolitan area of a developing country: a population-based study. Arq Neuro-Psiquiatr. 2016;74(12):990–8. https://doi.org/10.1590/0004-282X20160156
https://doi.org/10.1590/0004-282X2016015...
). No entanto, é preciso considerar que tais estudos não analisaram as pessoas em teletrabalho, o que pode ajudar a explicar a taxa elevada.

Após o início da pandemia, uma revisão sistemática com a população geral no Brasil (de abril a agosto de 2020) apontou uma média de prevalência de DC de 45,59%. Contudo, é possível notar que a prevalência de DC variou de 23,02% a 76,01% nesses estudos, sendo que a região lombar (41,96%) foi a mais afetada(2121 Aguiar D P, Souza CPQ, Barbosa WJM, Santos-Júnior FFU, Oliveira AS. Prevalence of chronic pain in Brazil: systematic review. BrJP. 2021;4(3):257-67. https://doi.org/10.5935/2595-0118.20210041
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). Outra revisão sistemática observou que a prevalência (IC 95%; 0,29 a 0,96) e a intensidade (IC 95%; −2,18 a −0,63) da dor foram significativamente maiores durante a pandemia quando comparadas ao período pré-pandemia, porém, não foi especificado se o foco era a DC(2222 Papalia GF et al. COVID-19 Pandemic Increases the Impact of Low Back Pain: a systematic review and metanalysis. Int J Environ Res Public Health. 2022;19(8):4599. https://doi.org/10.3390/ijerph19084599
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).

Resultados semelhantes ao presente estudo foram encontrados em um estudo com adultos de Malta (n=388), onde a maioria era formada por trabalhadores remotos. 49% deles relataram ter sofrido de dor na coluna lombar após o início da pandemia, sendo que 30% sofriam de DC na coluna antes da pandemia(2323 Grech S, Borg JN, Cuschieri S. Back pain, an aftermath of COVID-19 pandemic?: a Malta perspective. Musculoskeletal Care. 2022;20(1):145-150. https://doi.org/10.1002/msc.1574
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). Outros estudos apresentaram resultados significativos tanto no aumento da intensidade da dor quanto na prevalência de dor, encontrando um intervalo de 27,9% a 70,5% de prevalência de DC nas pessoas em trabalho remoto durante a pandemia(2424 Tesuka M, Tomohisa N, Saeki K, Yamato T, Naoto F. Association between abrupt change to teleworking and physical symptoms during the Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) Emergency Declaration in Japan. J Occup Environ Med. 2022;64(1):1-5. https://doi.org/10.1097/jom.0000000000002367
https://doi.org/10.1097/jom.000000000000...
, 2525 Sharma N, Vaish H. Impact of COVID – 19 on mental health and physical load on women professionals: an online cross-sectional survey. Health Care Women Int. 2020;41:11-2. https://doi.org/10.1080/07399332.2020.1825441
https://doi.org/10.1080/07399332.2020.18...
, 2626 Prieto-Gonzalez P, Šutvajová M, Lesňáková A, Bartík P, Buľáková K, Friediger T. Back pain prevalence, intensity, and associated risk factors among female teachers in Slovakia during the COVID-19 Pandemic: a cross-sectional study. Healthcare. 2021;9(7):860. https://doi.org/10.3390/healthcare9070860
https://doi.org/10.3390/healthcare907086...
, 2727 Zyznawaska JM, Bartecka WM. Remote working forced by COVID-19 pandemic and its influence on neck pain and low back pain among teachers. Med Pr. 2021;72(6):677-84. https://doi.org/10.13075/mp.5893.01189
https://doi.org/10.13075/mp.5893.01189...
, 2828 Mcallister MJ, Costigan PA, Davies JP, Diesbourg TL. The effect of training and workstation adjustability on teleworker discomfort during the COVID-19 pandemic. Applied Ergonomics. 2022;102:103749. https://doi.org/10.1016/j.apergo.2022.103749
https://doi.org/10.1016/j.apergo.2022.10...
).

Na Itália, um estudo de Curro et al.(2929 Curro CT, Ciacciarelli A, Vitale C, Vinci ES, Toscano A, Vita G, et al. Chronic migraine in the first COVID-19 lockdown: the impact of sleep, remote working, and other life/psychological changes. Neurol Sci. 2021;42(11):4403–18. https://doi.org/10.1007/s10072-021-05521-7
https://doi.org/10.1007/s10072-021-05521...
) trouxe resultados diferentes: observou-se uma associação do trabalho remoto com a diminuição da intensidade da dor nas crises de enxaquecas crônicas. Sintomas psicológicos também têm sido destacados na literatura devido a essa mudança na rotina das pessoas. Por exemplo, estudos recentes indicam níveis altos de sintomas de ansiedade durante a pandemia (47,2% a 56,3%), tanto na população em geral(3030 Morin CM, Bjorvatn B, Chung F, Holzinger B, Partinen M, Penzelet T, al. Insomnia, anxiety, and depression during the COVID-19 pandemic: an international collaborative study. Sleep Med. 2021;87:38-45. https://doi.org/10.1016/j.sleep.2021.07.035
https://doi.org/10.1016/j.sleep.2021.07....
, 3131 Guilland R, Knapik J, Klokner SGM, Carlotto PAC, Trevisan KRR, Zimath SC, et al. Sintomas de depressão e ansiedade em trabalhadores durante a pandemia de COVID-19. Rev Psicol Org Trab. 2021;21(4):1721-30. https://doi.org/10.5935/rpot/2021.4.22625
https://doi.org/10.5935/rpot/2021.4.2262...
) quanto em trabalhadores que iniciaram o teletrabalho. Estes últimos apresentaram prevalência de 19,6% a 55,8% de ansiedade(44 Afonso P, Fonseca M, Teodoro, T. Evaluation of anxiety, depression and sleep quality in full-time teleworkers. J Public Health. 2021;25:164. https://doi.org/10.1093/pubmed/fdab164
https://doi.org/10.1093/pubmed/fdab164...
, 2929 Curro CT, Ciacciarelli A, Vitale C, Vinci ES, Toscano A, Vita G, et al. Chronic migraine in the first COVID-19 lockdown: the impact of sleep, remote working, and other life/psychological changes. Neurol Sci. 2021;42(11):4403–18. https://doi.org/10.1007/s10072-021-05521-7
https://doi.org/10.1007/s10072-021-05521...
, 3232 Senturk E, Sagaltici E, Genis B, Toker OG. Predictors of depression, anxiety and stress among remote workers during the COVID-19 pandemic. Work. 2021;70(1):41-51. https://doi.org/10.3233/wor-210082
https://doi.org/10.3233/wor-210082...
).

No presente estudo, a população com DC que tinha sintomas de transtorno de ansiedade generalizada (TAG) correspondia a 53,5% — um percentual alto se considerarmos o estudo de Curro et al.(2929 Curro CT, Ciacciarelli A, Vitale C, Vinci ES, Toscano A, Vita G, et al. Chronic migraine in the first COVID-19 lockdown: the impact of sleep, remote working, and other life/psychological changes. Neurol Sci. 2021;42(11):4403–18. https://doi.org/10.1007/s10072-021-05521-7
https://doi.org/10.1007/s10072-021-05521...
), que encontrou valores de 18,5% a 25,6% de prevalência de ansiedade em pessoas com enxaqueca. Bilen e Kucukkepeci(3333 Bilen A, Kucukkepeci H. Pain Intensity, Depression, and anxiety levels among patients with chronic pain during COVID-19 Pandemic. J Nerv Ment Dis. 2022;210(4):270-275. https://doi.org/10.1097/nmd.0000000000001466
https://doi.org/10.1097/nmd.000000000000...
) encontraram prevalência de 66,4% de ansiedade em pessoas com DC. No entanto, há uma lacuna na literatura de estudos que associem a DC com sintomas de ansiedade na população que pratica o teletrabalho durante a pandemia. Essa associação entre DC e ansiedade (p<0,01) foi observada na presente pesquisa, indicando que trabalhadores com DC apresentaram uma razão de prevalência 69% maior em relação aos que não tinham DC.

No estudo de Erman et al.(3434 Erman S, Eser S, Bahadir G, Omur GT. Predictors of depression, anxiety and stress among remote workers during the COVID-19 pandemic. Work. 2021;70(1):41-51. https://doi.org/10.3233/wor-210082
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), os autores observaram que a má qualidade do sono e a carga de trabalho aumentada foram preditores para a ansiedade. Curro et al.(2929 Curro CT, Ciacciarelli A, Vitale C, Vinci ES, Toscano A, Vita G, et al. Chronic migraine in the first COVID-19 lockdown: the impact of sleep, remote working, and other life/psychological changes. Neurol Sci. 2021;42(11):4403–18. https://doi.org/10.1007/s10072-021-05521-7
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) relataram que o aumento da intensidade da dor esteve associado a altos níveis de ansiedade e à redução da qualidade e duração do sono. O presente estudo também identificou uma associação da dor com a presença de distúrbios do sono.

Quanto ao trabalho remoto, o presente estudo observou que o tempo sentado está associado à DC, ou seja, quanto mais tempo a pessoa passa sentada, maior a prevalência de desenvolver DC. Isso corrobora com outros estudos que identificaram que a posição sentada estava relacionada à intensidade da dor(2323 Grech S, Borg JN, Cuschieri S. Back pain, an aftermath of COVID-19 pandemic?: a Malta perspective. Musculoskeletal Care. 2022;20(1):145-150. https://doi.org/10.1002/msc.1574
https://doi.org/10.1002/msc.1574...
, 2727 Zyznawaska JM, Bartecka WM. Remote working forced by COVID-19 pandemic and its influence on neck pain and low back pain among teachers. Med Pr. 2021;72(6):677-84. https://doi.org/10.13075/mp.5893.01189
https://doi.org/10.13075/mp.5893.01189...
, 3535 Aegerter AM, Deforth M, Johnston V, Sjøgaard G, Volken T, Luomajoki H, et al. No evidence for an effect of working from home on neck pain and neck disability among Swiss office workers: short-term impact of COVID-19. Eur Spine J. 2021;30(6):1699–707. https://doi.org/10.1007/s00586-021-06829-w
https://doi.org/10.1007/s00586-021-06829...
). Sagat et al.(3636 Sagat P, Bartík P, Prieto González P, Tohănean DI, Knjaz D. Impact of COVID-19 quarantine on low back pain intensity, prevalence, and associated risk factors among adult citizens residing in Riyadh (Saudi Arabia): a cross-sectional study. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(19);7302. https://doi.org/10.3390/ijerph17197302
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) também perceberam que os indivíduos que se movimentam mais relataram uma menor intensidade de dor. É válido mencionar que a posição sentada parece ser um dos fatores para a dor, mas a DC é influenciada por múltiplos fatores que devem ser considerados.

Limitações do estudo

O tamanho amostral, inicialmente considerado de 368 a 387 (com 5 p.p. de erro tolerável), não foi atingido. Assim, admite-se um erro tolerável aproximado de 5,4 p.p. De acordo com a estratificação por regiões do Brasil, foi atingido o tamanho amostral apenas nas regiões Centro-Oeste (67) e Sudeste (196). Esse fato representa uma limitação importante do estudo.

A falta de investigação sobre a intensidade da DC pré-pandemia é também uma limitação do estudo. Essa informação poderia ter sido coletada para um melhor entendimento da situação, apesar de ser um dado subjetivo que dependeria da lembrança da percepção de intensidade da dor. No entanto, seria interessante para fins comparativos.

Por fim, a modalidade remota da coleta de dados também pode ser considerada uma limitação, visto que não permite uma heterogeneidade das características da amostra e restringe o acesso dos possíveis participantes devido a problemas na divulgação (e-mails enviados às instituições; publicações em redes sociais).

Contribuições para a enfermagem, saúde pública e políticas de saúde

O estudo é relevante ao oferecer informações importantes sobre o trabalho remoto, modalidade que se consolidou mais amplamente durante a pandemia. Esse formato de trabalho possui aspectos positivos e negativos identificados durante este período. Portanto, é essencial voltar a atenção à saúde física e mental desses trabalhadores para entender como as mudanças em suas rotinas podem influenciar o surgimento de dor e outras comorbidades. O presente estudo pode contribuir para a elaboração de estratégias e intervenções nos âmbitos público e privado, focadas em minimizar os impactos negativos que o teletrabalho pode causar.

Esta pesquisa fornece resultados relevantes para profissionais da saúde e especialistas em dor, oferecendo um panorama brasileiro sobre a DC, sintomas de ansiedade e distúrbios do sono em trabalhadores remotos. É fundamental que empresas e profissionais de saúde estabeleçam medidas preventivas e terapêuticas para esses sintomas nesse grupo, visto que o teletrabalho é uma modalidade que muitas empresas continuarão adotando.

CONCLUSÕES

Identificamos prevalência de DC em aproximadamente metade da amostra de trabalhadores remotos brasileiros durante a pandemia de COVID-19. A intensidade da dor foi moderada entre eles, sendo a coluna lombar a região mais acometida. Além disso, cerca da metade das pessoas que relataram DC manifestaram este sintoma no período pandêmico. A maioria apresentou sintomas de TAG e quase um terço daqueles com DC teve distúrbios do sono. Em contraste, nas pessoas sem DC, esses índices foram significativamente menores. A DC mostrou-se associada à presença de sintomas de TAG, distúrbios do sono e ao prolongado período na posição sentada.

DISPONIBILIDADE DE DADOS E MATERIAL

https://doi.org/10.48331/scielodata.YZPRGT

AGRADECIMENTO

Agradecimentos a Anna Flávia Ferreira Passos e Bruna Nayara Verdério pelo apoio no desenvolvimento deste trabalho e ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de São Carlos (PPGEnf - UFSCar).

  • FOMENTO
    O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. Incentivo à publicação por meio do Programa de Apoio à Pós-Graduação da CAPES através de apoio ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de São Carlos.

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Editado por

EDITOR CHEFE: Antonio José de Almeida Filho
EDITOR ASSOCIADO: Priscilla Broca

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Dez 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    18 Jan 2023
  • Aceito
    08 Mar 2023
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