Acessibilidade / Reportar erro

Enfermagem, história e ortopedia nos manuais (1875-1928)

RESUMO

Objetivos:

discutir os conteúdos dos manuais, com ênfase na ortopedia, em prol do desenvolvimento da cultura dos cuidados de enfermagem.

Métodos:

método histórico-cultural articulado à técnica de análise documental. As fontes foram os manuais de enfermagem - portugueses, franceses, ingleses e espanhóis -, no período de 1875 a 1928.

Resultados:

este estudo apontou para 12 obras - 6 de autoria de médicos, 2 de enfermeiras, 3 institucionais e 1 Irmã de Caridade - que apresentaram, de forma transversal, o processo de profissionalização iniciado na Europa. Os manuais abordaram cuidados nos primeiros socorros e maneiras de imobilização, desde as mais simples, como as talas improvisadas, até a aplicação do aparelho gessado.

Conclusões:

a atuação das enfermeiras, mesmo que de forma limitada, mostrava que elas eram capazes de observar os sinais de alerta para que os médicos pudessem atuar, salvo algumas exceções.

Descritores:
Enfermagem; História da Enfermagem; Ortopedia; História; Cuidados de Enfermagem

ABSTRACT

Objectives:

to discuss the content of manuals, with emphasis on orthopedics, in support of the development of nursing care culture.

Methods:

cultural-historical method articulated with document analysis technique. The sources were nursing manuals - Portuguese, French, English, and Spanish - from 1875 to 1928.

Results:

this study pointed to 12 works - 6 authored by physicians, 2 by nurses, 3 institutional, and 1 by a Sister of Charity - that presented, in a transversal way, the professionalization process initiated in Europe. The manuals addressed first aid care and immobilization methods, from the simplest, such as improvised splints, to the application of plaster casts.

Conclusions:

the nurses’ work, even in a limited capacity, showed that they were able to observe warning signs so that doctors could act, with some exceptions.

Descriptors:
Nursing; History of Nursing; Orthopedics; History; Nursing Care

RESUMEN

Objetivos:

discutir los contenidos de los manuales, con énfasis en la ortopedia, en beneficio del desarrollo de la cultura de cuidados de enfermería.

Métodos:

método histórico-cultural articulado a la técnica de análisis documental. Las fuentes fueron los manuales de enfermería - portugueses, franceses, ingleses y españoles -, en el período de 1875 a 1928.

Resultados:

este estudio señaló 12 obras - 6 de autoría de médicos, 2 de enfermeras, 3 institucionales y 1 de una Hermana de la Caridad - que presentaron, de manera transversal, el proceso de profesionalización iniciado en Europa. Los manuales abordaron cuidados en primeros auxilios y formas de inmovilización, desde las más simples, como las tablillas improvisadas, hasta la aplicación del aparato de yeso.

Conclusiones:

la actuación de las enfermeras, aunque limitada, demostraba que eran capaces de observar las señales de alerta para que los médicos pudieran actuar, exceptuando algunas situaciones.

Descriptores:
Enfermería; Historia de la Enfermería; Ortopedia; Historia; Atención de Enfermería

INTRODUÇÃO

Na segunda metade do século XIX, ocorreram transformações científicas, tecnológicas, sanitárias e culturais na Europa, especificamente na Inglaterra e na França, em virtude de conflitos bélicos e revoluções. Esses eventos influenciaram o ensino da enfermagem, como o movimento da enfermagem moderna liderado por Florence Nightingale, que fundou a Escola de Enfermagem no Hospital St. Thomas, em Londres (1860), após a Guerra da Crimeia (1853-1856). Na França, a Revolução Francesa (1789-1799) marcou o fim da monarquia e o início da república com os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade.

Os aspectos culturais, econômicos e políticos influenciaram o ensino, especialmente nas escolas de enfermagem, em prol da profissionalização para substituir as Irmãs de Caridade com a instalação da Terceira República (1870-1940). Destacamos a Escola de Formação para Enfermeiros e Enfermeiras da Assistência Pública, no Hospital Salpêtrière, liderada por Désiré-Magloire Bourneville e criticada por Léonie Chaptal, que ressaltou sua intencionalidade nos aspectos políticos(11 Maliska ICA, Padilha MI, Borenstein MS, Costa R, Gregório VRP, Vieira M.. A enfermagem francesa: assistência e educação: considerações acerca de sua história e perspectivas atuais. Texto Contexto Enferm. 2010;19(2):325-33. https://doi.org/10.1590/S0104-07072010000200014
https://doi.org/10.1590/S0104-0707201000...
). Bourneville se aposentou em 1905 e não aceitou a baixa frequência para a formação de enfermeiras leigas, mas a instituição tomou novos rumos em 1907 e foi reconfigurada em 1908(22 Hugon VL, Poirier J, Ricou P. L'histoire de l'Ecole d'infirmières de la Salpêtrière. Hist Sci Méd [Internet]. 1997 [cited 2022 Jun 19];31(2):189-99. Available from: https://www.biusante.parisdescartes.fr/sfhm/hsm/HSMx1997x031x002/HSMx1997x031x002x0189.pdf
https://www.biusante.parisdescartes.fr/s...
) para o modelo preconizado por Florence após embates com Chaptal e Anna Hamilton(11 Maliska ICA, Padilha MI, Borenstein MS, Costa R, Gregório VRP, Vieira M.. A enfermagem francesa: assistência e educação: considerações acerca de sua história e perspectivas atuais. Texto Contexto Enferm. 2010;19(2):325-33. https://doi.org/10.1590/S0104-07072010000200014
https://doi.org/10.1590/S0104-0707201000...
).

Nas Américas, existiam escolas de enfermagem anteriores ao sistema preconizado por Florence. Por exemplo, o Hospital da Nova Inglaterra (1860), localizado em Boston, Massachusetts, adotou o modelo das diaconisas de Kaiserswerth(33 Jamieson, EM. Trends in Nursing History: their social, international, and ethical relationships. Philadelphia: W.B. Saunders Company; 1968. 440 p.). Na América do Sul, tínhamos, na Argentina, a Escola Municipal de Enfermeiras Drª Cecília Grierson, em Buenos Aires (1890), sob a influência do modelo de Florence(44 Lima RJO. Primeiro currículo das escolas modelo referência na formação de enfermeiros no Brasil e na Argentina[Tese]. Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. São Paulo; 2015.), e no Brasil, a Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras (1890), atual Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, fortemente influenciada pelo modelo francês de Désiré-Magloire Bourneville. Anos depois, foi criada a Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública (1923), atual Escola de Enfermagem Anna Nery, moldada segundo o modelo norte-americano.

Na década de 1910, ambos os lados do oceano sofreram com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), guardadas as devidas proporções, e, como consequência, a gripe espanhola. Apesar do nome remeter à Espanha, sua origem deve ser considerada nos Estados Unidos da América, onde ocorreram os primeiros indícios, dado que o país mantinha posição de neutralidade no conflito bélico(55 Goulart AC. Revisitando a espanhola: a gripe pandêmica de 1918 no Rio de Janeiro. Dossiê Gripe Espanhola no Brasil. Hist Cienc Saúde-Manguinhos. 2005;12(1). https://doi.org/10.1590/S0104-59702005000100006
https://doi.org/10.1590/S0104-5970200500...
).

A década de 1920 marcou os dois lados do oceano, no entanto, destacamos um acontecimento: a quebra da bolsa de valores em Nova York (1929) e seus efeitos mundiais(66 Ribeiro TRM. Considerações sobre a grande depressão e o desenvolvimento do capitalismo no Brasil. Rev Cantareira [Internet]. 2018 [cited 2022 Jun 19];29:193-205. Available from: https://periodicos.uff.br/cantareira/article/view/30777/17883
https://periodicos.uff.br/cantareira/art...
). Isso ocorreu devido à quantidade maior de ações do que de investidores, fazendo a economia despencar brutalmente, resultado da especulação financeira e da superprodução da indústria. O efeito foi a recessão econômica mundial.

Nesse contexto, a Fundação Rockefeller, que fomentava a enfermagem moderna no Brasil e em outras áreas, reduziu o investimento, causando obstáculos no desenvolvimento(77 Burke P. O polímata: uma história cultural de Leonardo da Vinci a Susan Sontag. São Paulo: Unesp; 2020. 512 p.). Contudo, a Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde se realinhou e o resultado foi a promulgação do Decreto n. 20.109/1931, quando ela se tornou o padrão oficial de ensino na profissão no país.

Em síntese, como tivemos oportunidade de mostrar, ocorreram movimentações socioculturais, políticas, econômicas e sanitárias em diversos continentes. Neste sentido, acreditamos que diversos manuais foram escritos em trabalho de equipe(77 Burke P. O polímata: uma história cultural de Leonardo da Vinci a Susan Sontag. São Paulo: Unesp; 2020. 512 p.). Nessa linha de pensamento, manuais escritos por autoras e autores, além de registrarem condutas a serem executadas pelas enfermeiras, deixaram rastros culturais na maneira de cuidar, graças às experiências acumuladas em conflitos bélicos. Historicamente, a enfermagem se desenvolve no contexto de guerras(88 Barreira I, Baptista S. Condições de surgimento das escolas de enfermagem brasileiras (1890 - 1960). Rev Alter Enferm. 1997;1(2):4-16.), bem como em calamidades públicas e reformas. Para ilustrar, citamos a participação de algumas mulheres e enfermeiras. Por exemplo, na Inglaterra, Florence Nightingale (1820-1910), que acreditamos dispensar detalhamento pelos comentários anteriores; na França, Léonie Chaptal (1873-1937), enfermeira formada com Certificado de Aptidão École de la Pitié (1903), atuou em Paris e participou da criação da Casa Escola de Enfermeiras (1905), exercendo a função de diretora até 1909(1). Na Espanha, Concepción Arenal (1820-1893), escritora e advogada, realizou um projeto em prol da reforma espanhola para a reconfiguração do sistema hospitalar, com estudos de campo em hospitais, especialmente em Madrid, mas sem o sucesso esperado em virtude da instabilidade do país(99 Siles-González J. La influencia de concepción arenal en la enfermería española: un estudio desde la perspectiva de la historia cultural y el modelo estructural dialéctico. Rev Pesqui Cuid Fundam [Internet]. 2009. [cited 2022 May 30];1(2):154-69. Available from: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/321/307
http://www.seer.unirio.br/index.php/cuid...
).

Nas Américas, com destaque para os Estados Unidos, Clara Barton (1821-1912), enfermeira que atuou na Guerra de Secessão ou Guerra Civil (1861-1865), foi uma das fundadoras da Cruz Vermelha Americana (1881)(1010 Epler PH. The life of Clara Barton. New York: The Macmillan Company; 1915. 438 p.). Na Argentina, destacamos Maria dos Remédios del Valle (1766/67-1847), conhecida como Mãe da Pátria, afro-argentina que partiu com a família no Exército Auxiliar para as províncias do Norte em prol da luta pela independência da Argentina (1810-1818). Sem formação específica, atuou nos cuidados aos feridos no conflito e, ao retornar sozinha, sem os familiares, foi reconhecida como precursora da enfermagem por apontar amor, patriotismo e sacrifício às gerações de enfermeiras(1111 Morrone B. Soltando as amarras: claves para compreender la historia pendiente de la enfermería argentina. Mar del Plata: Suárez; 2011.). No Brasil, Anna Justina Ferreira Nery (1814-1880), mulher baiana e viúva, conhecida pelo pseudônimo de Mãe dos Brasileiros, participou da Guerra do Paraguai (1864-1870) como voluntária no conflito, quando atuou nos cuidados aos feridos e doentes. Reconhecida como a primeira enfermeira brasileira, em virtude das honrarias que recebeu ao retornar do conflito bélico(1212 Porto F. Anna Justina Ferreira Nery: exame microscópico da biografia e pós-passamento. Rev Inst Geogr Hist Bahia. Salvador. 2020;115:149-69.).

Essas experiências, principalmente nos cuidados de guerra, refletiram na construção da cultura dos cuidados, quando soldados eram acometidos por agravos ortopédicos, resultando em traumas ósseos que comprometiam a locomoção. Os traumas ósseos demandam cuidados específicos. Nesse sentido, os manuais se apresentam como um dos mecanismos de transmissão/comunicação das informações e dos modos de agir. Isso traz certa pluralidade, que influenciou os cuidados de enfermagem, consequência dos fatores históricos e demográficos. Estes são os pilares da cultura, com significação voltada à saúde, enfermidade e situações da realidade(1313 Siles-González J. História de la enfermería. Madrid: Ed. Difisión Avances de Enfermería; 2011.). Logo, entendemos que esses fatores direcionaram a culturalização dos cuidados na enfermagem ortopédica.

Cabe destacar que, o termo orthopédie é oriundo do idioma francês derivado do grego orthos - reto, direito e paidós - criança. Este, foi criado em 1741, pelo médico francês Nicolas Andry em seu livro, intitulado a ortopedia ou a arte de prevenir e corrigir em crianças, deformidades do corpo(1414 Boisregard NA. A Ortopedia ou a arte de prevenir e corrigir em crianças, deformidades do corpo. França; 1741.).

Dessa forma, o objeto do estudo é a cultura dos cuidados ortopédicos, por meio dos manuais de enfermagem, para a formação das enfermeiras.

OBJETIVOS

Discutir os conteúdos dos manuais, com ênfase na ortopedia, em prol do desenvolvimento da cultura dos cuidados de enfermagem.

MÉTODOS

Aspectos éticos

Este estudo emprega o método histórico, com fontes documentais provenientes de manuais de enfermagem datados de 1875 a 1928, para a construção da historiografia da profissão, com ênfase nos cuidados prestados. Portanto, não houve necessidade de submissão a um Comitê de Ética em Pesquisa(1515 Presidência da República (BR). Lei 9610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências [Internet]. 1998[cited 2022 Jul 30]. Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/lei...

16 Ministério da Saúde (BR). Resolução nº 510, de 07 de abril de 2016. Dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais [Internet]. 2016[cited 2022 Jul 30]. Available from: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf
http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/...
-1717 Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução COFEN nº. 311/2007: Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem [Internet]. 2007[cited 2022 Jul 30]. Available from: http://www.portalcofen.gov
http://www.portalcofen.gov...
).

Tipo de estudo

Estudo baseado no método histórico, sob a perspectiva cultural(1818 Burke P. O que é história cultural? Rio de Janeiro: Ed. Zahar; 2008. 247 p.), utilizando a técnica de análise documental(1919 Lemos FCS, Galindo D, Reis Júnior LP, Moreira MM, Borges AG. Análise documental: algumas pistas de pesquisa em psicologia e história. Psicol Estud. 2015;20(3):461 https://doi.org/10.4025/psicolestud.v20i3.27417
https://doi.org/10.4025/psicolestud.v20i...
).

Fonte de dados

Os documentos utilizados na pesquisa foram manuais de enfermagem nos idiomas português, francês, inglês e espanhol, presentes no acervo virtual dos sítios eletrônicos Gallica, da Biblioteca Nacional da França; Biblioteca da Universidade de Gante, na Bélgica; Biblioteca da Universidade de Johnson & Wales, Charlotte Library, nos Estados Unidos; Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos e do sistema SOPHIA, da Biblioteca Central Guilherme Figueiredo da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

Coleta e organização dos dados

A delimitação temporal foi de 1875 a 1928, período de publicação dos manuais estudados. A justificativa do período inicial decorre da publicação em inglês do “A Manual for Hospital Nurses and Others Engaged in Attending on the Sick”(2020 Domville EJ. Manual for hospital nurses and others engaged in attending on the sick [Internet]. 2ª edição. Londres: Churchill; 1875[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://archive.org/details/b21931719
https://archive.org/details/b21931719...
) e termina com a obra brasileira intitulada “Livro do Enfermeiro e da Enfermeira”(2121 Santos GF. Livro do enfermeiro e da enfermeira [Internet]. 3. ed. Rio de Janeiro: Graphico; 1928 [cited 2022 Jul 12]. Available from: http://biblioteca.sophia.com.br/5782/index.asp?codigo_sophia=33266
http://biblioteca.sophia.com.br/5782/ind...
).

Para a coleta de dados, foi utilizado um instrumento com campos para preenchimento, contendo: título da obra; ano de publicação; idioma; autoria; localização; formação; e síntese da temática abordada de interesse do objeto de estudo.

Como critérios de inclusão, foram considerados os manuais nos idiomas português (Brasil), francês, espanhol e inglês. Os de exclusão foram aqueles que não mencionavam os cuidados em ortopedia, conforme a proposta da delimitação temporal. Para a busca, aplicamos os critérios estabelecidos e os termos relacionados à ortopedia: fratura, luxação, entorse e imobilização, nos idiomas propostos.

Análise dos dados

Após a coleta das informações, organizamos os dados em quadros para detalhamento da discussão, limitações, contribuições e considerações finais. Os dados foram triangulados entre si(2222 Alves-Mazzoti AJ, Gewandsznajder F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira Thompson Learning; 2001.) e/ou com a literatura de aderência na discussão para construção da narrativa histórica com suas versões e interpretações(2323 Zanin CA. Evidência Histórica na Prática Historiográfica de Sérgio Buarque de Holanda em Visão do Paraíso[Dissertação]. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História. Porto Alegre; 2017.).

RESULTADOS

A busca resultou em um conjunto de 22 manuais. No entanto, após a aplicação dos critérios estabelecidos, o corpus de análise foi constituído por 12 obras. O quadro 1 apresenta uma síntese das obras com ênfase nos cuidados ortopédicos.

Quadro 1
Síntese dos Manuais de Enfermagem com ênfase nos cuidados ortopédicos (1875-1928)

Em síntese, os autores dos manuais analisados incluem 6 médicos, 3 enfermeiras, 3 instituições e 1 Irmã de caridade. Os manuais foram publicados em 6 em francês, 3 em inglês e 3 em português. No entanto, não foi possível encontrar manuais no idioma espanhol com base nos critérios adotados pela metodologia.

DISCUSSÃO

O método proposto pelos manuais atende a dois princípios: a ordem e o distanciamento da realidade banalizada. Eles conduzem à domesticação em prol da prática a ser interiorizada nos gestos e comportamentos. Contudo, é pedagogicamente simplista, por não possibilitar o aprender a pensar, mas sim a reproduzir. Isso ocorre porque eles produzem generalizações e pensamentos uniformizados, o que resulta em um ato mecanicista(3434 Collière MF. Cuidar... a primeira arte da vida. Loures: Ed.Lusociências; 2003. 404p.).

É possível identificar nos manuais a prescrição dos cuidados, nos quais as enfermeiras deveriam ser ensinadas a reconhecer fraturas, entorses ou luxações por meio de sinais e sintomas, a fim de minimizar o risco de complicações no manuseio adequado. Isso implica que elas deveriam ter condutas uniformizadas para o sucesso do atendimento aos pacientes. Essa é uma das formas de inculcar a cultura dos cuidados, considerando os conhecimentos da microbiologia de Louis Pasteur (1822-1895).

Os manuais identificados eram majoritariamente direcionados às enfermeiras e de autoria médica nos três idiomas. Cada autor, ao escrever, expressava suas intenções na formação da cultura dos cuidados. Essa cultura, delimitada pelas obras, pode ser interpretada como a dinâmica em prol da profissionalização da enfermagem, que se iniciou na França em 1877. Vale lembrar que, antes dessa data, o cuidado era prestado por religiosas, dando início ao movimento de inserção das enfermeiras laicas sob a dominação da medicina(3434 Collière MF. Cuidar... a primeira arte da vida. Loures: Ed.Lusociências; 2003. 404p.).

Vale destacar que dois manuais são de autoria de enfermeiras: o primeiro, em inglês (1914)(28), e o segundo, em francês (1925)(3333 Chaptal L. Le Livre de L'Infirmière [Internet]. Paris: Masson et Cie éditeurs; 1925 [cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k9742568j.r=leonie%20chaptal?rk=42918;4
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k9...
). Dentre esses, o intitulado “Le Livre de L’Infirmière”(33), de autoria de Léonie Chaptal (tradução de “A Handbook of Nursing”(2626 Oxford MN. A handbook of nursing [Internet]. Londres: Metheun e CO; 1900[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://archive.org/details/b21906683/page/n9/mode/2up
https://archive.org/details/b21906683/pa...
) de M.N. Oxford), é uma das principais defensoras de uma enfermagem distinta da proposta por Désiré-Magloire Bourneville e a favor do que preconizava a enfermeira inglesa Florence Nightingale.

Em outras palavras, Léonie Chaptal entendia que a enfermeira deveria conhecer o paciente, o seu meio, cuidar de seu agravo à saúde e prevenir a extensão em casos de danos, sem haver discordância entre enfermeira e médico. Além disso, deveria executar o que a ciência médica decide, sendo uma agente de execução do médico e da instituição a serviço do paciente(3434 Collière MF. Cuidar... a primeira arte da vida. Loures: Ed.Lusociências; 2003. 404p.). Como resultado, no decorrer dos anos, houve a implantação da enfermagem moderna na França(11 Maliska ICA, Padilha MI, Borenstein MS, Costa R, Gregório VRP, Vieira M.. A enfermagem francesa: assistência e educação: considerações acerca de sua história e perspectivas atuais. Texto Contexto Enferm. 2010;19(2):325-33. https://doi.org/10.1590/S0104-07072010000200014
https://doi.org/10.1590/S0104-0707201000...
).

Entender a lógica que aponta os resultados pelos manuais nos idiomas inglês e francês é trazer indícios da cultura dos cuidados a serem executados pelas enfermeiras ao “aprenderem” por meio deles para suas práticas. Isso implica na distinção dos próprios manuais franceses em prol da luta de libertação do poder religioso para a dominação na prescrição dos cuidados pelos médicos. O modelo aspirado é aquele que deveria ser protagonizado pelas enfermeiras por meio dos ensinamentos de Florence Nightingale.

Na delimitação da cultura dos cuidados ortopédicos, os manuais remetem aos primeiros socorros. Esse tema traz uma argumentação fundamentada nos conflitos bélicos, quando feridos eram atingidos e necessitavam de transporte por conta de comprometimento do aparelho locomotor.

Historicamente, os primeiros socorros surgiram durante o período das grandes guerras no século XVIII, especificamente na era napoleônica, quando os feridos no front de batalha eram transportados em carroças com tração animal para receberem cuidados e tratamento. Assim sendo, o cirurgião e chefe militar Dominique Larrey começou a atender no campo de batalha em 1792, visando prevenir complicações em favor da vida dos feridos. Isso resultou, ao longo dos anos, na organização associada à Cruz Vermelha Internacional devido à sua proposta de atuação com treinamento apropriado para os atendimentos e resgates(3535 Ramos VO, Sanna MC. A inserção da enfermeira no atendimento pré-hospitalar: histórico e perspectivas atuais. Rev Bras Enferm. 2005;58(3). https://doi.org/10.1590/S0034-71672005000300020
https://doi.org/10.1590/S0034-7167200500...
).

Nos manuais pesquisados para a identificação da cultura dos cuidados ortopédicos, foi possível identificar quatro obras que fazem referência aos primeiros socorros(2121 Santos GF. Livro do enfermeiro e da enfermeira [Internet]. 3. ed. Rio de Janeiro: Graphico; 1928 [cited 2022 Jul 12]. Available from: http://biblioteca.sophia.com.br/5782/index.asp?codigo_sophia=33266
http://biblioteca.sophia.com.br/5782/ind...
,2626 Oxford MN. A handbook of nursing [Internet]. Londres: Metheun e CO; 1900[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://archive.org/details/b21906683/page/n9/mode/2up
https://archive.org/details/b21906683/pa...
-2727 Ministère de la Guerre (FR).École de L'infirmier et du Brancardier Militaires [Internet]. Paris: Ve Rozier; 1901[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k61351005.texteImage
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k6...
,3030 Fromaget C. Manuel de l'infirmière: petite chirurgie et soins d'urgence [Internet]. Bordéus: Imprimeries Gounouilhou; 1915[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5780323x.r=Manuel%20de%20l%27infirmi%C3%A8re%20%20petite%20chirurgie%20et%20soins%20d%27urgence?rk=21459;2
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5...
). Dentre estes, um está em inglês(2626 Oxford MN. A handbook of nursing [Internet]. Londres: Metheun e CO; 1900[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://archive.org/details/b21906683/page/n9/mode/2up
https://archive.org/details/b21906683/pa...
), dois em francês(2727 Ministère de la Guerre (FR).École de L'infirmier et du Brancardier Militaires [Internet]. Paris: Ve Rozier; 1901[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k61351005.texteImage
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k6...
,3030 Fromaget C. Manuel de l'infirmière: petite chirurgie et soins d'urgence [Internet]. Bordéus: Imprimeries Gounouilhou; 1915[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5780323x.r=Manuel%20de%20l%27infirmi%C3%A8re%20%20petite%20chirurgie%20et%20soins%20d%27urgence?rk=21459;2
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5...
) e um em português (Brasil)(2121 Santos GF. Livro do enfermeiro e da enfermeira [Internet]. 3. ed. Rio de Janeiro: Graphico; 1928 [cited 2022 Jul 12]. Available from: http://biblioteca.sophia.com.br/5782/index.asp?codigo_sophia=33266
http://biblioteca.sophia.com.br/5782/ind...
). Dois deles têm uma relação direta com a trajetória dos primeiros socorros em francês(2121 Santos GF. Livro do enfermeiro e da enfermeira [Internet]. 3. ed. Rio de Janeiro: Graphico; 1928 [cited 2022 Jul 12]. Available from: http://biblioteca.sophia.com.br/5782/index.asp?codigo_sophia=33266
http://biblioteca.sophia.com.br/5782/ind...
) e português(2727 Ministère de la Guerre (FR).École de L'infirmier et du Brancardier Militaires [Internet]. Paris: Ve Rozier; 1901[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k61351005.texteImage
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k6...
). Além disso, dois manuais podem ser associados aos autores de origem militar.

Os parágrafos acima visam enquadrar os cuidados ortopédicos que serão mencionados a seguir. Para começar, abordamos a cultura de aplicação de compressas para aliviar a dor. Segundo os registros, elas poderiam ser frias, embebidas em álcool ou cânfora e aplicadas no membro acometido em casos de edemas ou deformações, além de serem indicadas para combater a inflamação.

A aplicação de compressas (fria/quente) remonta ao século 2500 a.C., sendo utilizada pelos povos egípcios, gregos e romanos como um dos métodos de analgesia e anti-inflamatório. Essa prática atravessou séculos e, com o tempo, o que era feito de forma doméstica foi inserido como cultura dos cuidados(3636 Vieira RQ, Caverni LMR. Técnicas de revulsão na prática das enfermeiras brasileiras: os rubefacientes físicos (1932-1942). Rev Enferm UFSM. 2013;3(1):1-7. https://doi.org/10.5902/217976927254
https://doi.org/10.5902/217976927254...
). A prática da aplicação de compressas de água com ou sem substâncias produzia efeitos. Hoje em dia, elas permanecem no ensino e como prática culturalizada nos cuidados, porém com status menos relevante do que no passado.

Outro elemento identificado para os cuidados ortopédicos era a aplicação da tintura de iodo para desinfetar as fraturas expostas nos curativos. Historicamente, o químico francês Jean Baptiste André Dumas (1800-1884) buscava produzir um medicamento à base de iodo para ser administrado oralmente destinado ao tratamento de pacientes com bócio, causado pela carência de iodo no corpo humano. No entanto, não obteve sucesso. A solução foi preparar uma solução alcoólica de iodo e iodeto de potássio, que deu origem à tintura de iodo (1819). As evidências científicas da sua ação germicida surgiram em 1873, quando o bacteriologista francês Casimir Davaine (1812-1882) demonstrou que ela inibia a proliferação do bacillus anthracis, causador da infecção conhecida como carbúnculo ou antraz(3737 Fernandes LS, Silva ARA. Tintura de Iodo como Potencial Reagente para a Experimentação no Ensino de Química. Quím Nova Esc [Internet]. 2021 [cited 2021 Nov 5];43(4):406-10. Available from: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc43_4/11-EEQ-102-20.pdf
http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc43_4...
). Este patógeno é o causador da gangrena. Portanto, a indicação naquela época era a aplicação da tintura de iodo para formação de enfermeiras como prevenção de infecções, além da higienização da fratura exposta.

As bandagens constituíam outro cuidado destinado aos problemas ortopédicos. As enfermeiras podiam realizá-las, desde que possuíssem conhecimento da técnica apresentada nas obras, tanto em texto quanto em imagens. A técnica de bandagem é uma tradição do Egito, usada na mumificação de pessoas e animais(3838 Marini P, Tjabbes P. Ancient Egypt: from daily life to eternity. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil; 2020.). Como vestígio deixado pelo passado, na Grécia Antiga, uma peça conhecida como taça de Sósia permite identificar o uso de bandagem no enfaixamento. Trata-se de uma cena de Aquiles enfaixando o braço ferido de Pátroclo (seu amigo) na técnica denominada tipologia espiga. Segundo a mitologia grega, Aquiles possuía conhecimentos de medicina transmitidos pelo centauro Quíron, considerado um médico(3939 Civita V. Medicina e Saúde: história da medicina. São Paulo: Abril Cultural; 1968.).

Ao buscar vestígios da bandagem na cultura dos cuidados ortopédicos, percebemos o quão tradicional é essa técnica. Além disso, é possível relacionar os cuidados com o corpo morto no Egito, a arte grega e o cuidado destinado às pessoas com problemas em seus membros.

A imobilização é um dos elementos que se destacam na cultura dos cuidados ortopédicos, conforme observado nas obras consultadas, levando em conta a variedade de materiais utilizados. Isso resultou na organização das quatro imagens em mosaico a seguir.

Na Figura 1, apresentamos o “Appareil de Scultet”. Esse dispositivo é confeccionado com um lençol esticado atrás do membro, semelhante a uma bandagem, composto por seis tiras fixadas em suas laterais, que envolvem o membro enfaixado. As laterais são acolchoadas em ambos os lados com talas de madeira, conforme descrito nas obras(2525 Morim E. Manuel Théorique Et Pratique De Bandages [Internet]. Paris: Rueffet cie; 1891[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k1175495r.r=Manuel%20Th%C3%A9orique%20Et%20Pratique%20De%20Bandages?rk=21459;2
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k1...
,2929 Marine Nationale (FR). Manuel du marin infirmier [Internet]. Paris: Imprimerie Nationale; 1915[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k65216433.texteImage
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k6...
).

Figura 1
Appareil de Scultet (2525 Morim E. Manuel Théorique Et Pratique De Bandages [Internet]. Paris: Rueffet cie; 1891[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k1175495r.r=Manuel%20Th%C3%A9orique%20Et%20Pratique%20De%20Bandages?rk=21459;2
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k1...
,2929 Marine Nationale (FR). Manuel du marin infirmier [Internet]. Paris: Imprimerie Nationale; 1915[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k65216433.texteImage
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k6...
)

Apesar das datas distantes (1891 e 1915), ambos os exemplos são do idioma francês. Isso sugere que eles eram aplicados nas instituições de saúde na França, e também podemos inferir que outros hospitais na Europa utilizavam o mesmo tipo de imobilização. Conforme podemos identificar nas imagens apresentadas, de obras distintas, elas mostram o cuidado destinado aos membros inferiores.

Na Figura 2, apresentamos as goteiras, talas e calhas. Podemos identificar, nas seis imagens em mosaico, que as quatro primeiras imagens mostram goteiras, isoladas ou não(2121 Santos GF. Livro do enfermeiro e da enfermeira [Internet]. 3. ed. Rio de Janeiro: Graphico; 1928 [cited 2022 Jul 12]. Available from: http://biblioteca.sophia.com.br/5782/index.asp?codigo_sophia=33266
http://biblioteca.sophia.com.br/5782/ind...
,2424 Bourneville DM. Manuel pratique de la garde-malade et de l'infirmière [Internet]. França. Paris: Aux Bureaux du Progrès Médical; 1889[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5701287m.texteImage
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5...
-2525 Morim E. Manuel Théorique Et Pratique De Bandages [Internet]. Paris: Rueffet cie; 1891[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k1175495r.r=Manuel%20Th%C3%A9orique%20Et%20Pratique%20De%20Bandages?rk=21459;2
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k1...
), e a quarta e quinta imagens, da esquerda para a direita, são oriundas da mesma obra(2424 Bourneville DM. Manuel pratique de la garde-malade et de l'infirmière [Internet]. França. Paris: Aux Bureaux du Progrès Médical; 1889[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5701287m.texteImage
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5...
).

Figura 2
Goteiras, talas e calhas(2121 Santos GF. Livro do enfermeiro e da enfermeira [Internet]. 3. ed. Rio de Janeiro: Graphico; 1928 [cited 2022 Jul 12]. Available from: http://biblioteca.sophia.com.br/5782/index.asp?codigo_sophia=33266
http://biblioteca.sophia.com.br/5782/ind...
,2424 Bourneville DM. Manuel pratique de la garde-malade et de l'infirmière [Internet]. França. Paris: Aux Bureaux du Progrès Médical; 1889[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5701287m.texteImage
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5...
-2525 Morim E. Manuel Théorique Et Pratique De Bandages [Internet]. Paris: Rueffet cie; 1891[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k1175495r.r=Manuel%20Th%C3%A9orique%20Et%20Pratique%20De%20Bandages?rk=21459;2
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k1...
)

A goteira, tradução do francês “Gouttiéres”, é uma calha aramada, no formato da parte posterior dos membros superiores e inferiores. Como podemos identificar, elas são majoritariamente mencionadas nas obras em francês, mas chamam atenção por constarem também na obra de 1928, em português (Brasil). Aqui destacamos que a peça se encontra no acervo da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, o que nos leva a inferir que ela pode ser um artefato de tempos passados usado para ensinar como utilizá-la nos pacientes acometidos por problemas ortopédicos.

A quinta imagem no mosaico da Figura 2 é denominada Gouttière pour les fractures du bassin, de la colonne vertébrale et des deux cuisses(2424 Bourneville DM. Manuel pratique de la garde-malade et de l'infirmière [Internet]. França. Paris: Aux Bureaux du Progrès Médical; 1889[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5701287m.texteImage
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5...
), que em tradução livre pode ser entendida como calha para fraturas da pelve, coluna vertebral e dos dois membros inferiores. Como é possível observar, ela representa um homem preso por uma manivela com roldanas, articulada a uma calha.

A sexta imagem é composta de quatro talas de madeira, algumas retas e outras com curvatura(2424 Bourneville DM. Manuel pratique de la garde-malade et de l'infirmière [Internet]. França. Paris: Aux Bureaux du Progrès Médical; 1889[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5701287m.texteImage
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5...
). Elas eram indicadas para os membros superiores e inferiores. Inferimos que sua aplicação era realizada de forma acolchoada para evitar maiores danos.

A próxima modalidade de imobilização refere-se ao aparelho gessado, aplicado nos cuidados ortopédicos. Nesse caso, sua aplicação era destinada tanto a adultos quanto a crianças, conforme representações visualizadas nas obras consultadas.

A Figura 3 é composta por quatro imagens, todas retiradas do livro intitulado Curso de Enfermeiros (1920)(3232 Possollo A. Curso de enfermeiros [Internet]. Rio de Janeiro: Leite Ribeiro & Maurillo; 1920 [cited 2022 Jul 12]. Available from: http://biblioteca.sophia.com.br/5782/index.asp?codigo_sophia=21232
http://biblioteca.sophia.com.br/5782/ind...
).

Figura 3
Aparelho gessado(3232 Possollo A. Curso de enfermeiros [Internet]. Rio de Janeiro: Leite Ribeiro & Maurillo; 1920 [cited 2022 Jul 12]. Available from: http://biblioteca.sophia.com.br/5782/index.asp?codigo_sophia=21232
http://biblioteca.sophia.com.br/5782/ind...
)

A primeira imagem, da direita para a esquerda, representa o que é chamado de aparelho Minerva. Trata-se da representação de um homem com um pedaço retirado do aparelho gessado, deixando exposta a parte desejada do corpo.

A segunda imagem é identificada como mesa ortopédica Kny-Sheerer. Trata-se de uma representação imagética de um homem com as pernas e o tronco presos à mesa. Essa mesa era utilizada para a aplicação do aparelho na região da perna e dos membros inferiores.

A terceira imagem na Figura 3 mostra o aparelho suspensor para aplicação do colete gessado. Na figura, observamos a representação de uma criança suspensa pela cabeça, com corda ou material similar, para aplicação de gesso no tórax.

Por fim, a quarta imagem é utilizada na colocação do aparelho gessado no tronco. Serve para melhor posicionamento e facilitar a aplicação do gesso. A figura apresenta a representação de uma criança presa pela cabeça com uma faixa. Enquanto uma pessoa segura a criança pelas mãos, outra ajusta a postura pressionando a coluna vertebral para a frente com uma das mãos e com a outra posiciona o joelho de trás para a frente.

A Figura 4 se refere a uma fixação com a finalidade de imobilização no atendimento de primeiros socorros. Sua representação ilustra o texto da obra “Livro do Enfermeiro e da Enfermeira - para uso dos que se destinam à profissão de enfermagem e das pessoas que cuidam de doentes”(2121 Santos GF. Livro do enfermeiro e da enfermeira [Internet]. 3. ed. Rio de Janeiro: Graphico; 1928 [cited 2022 Jul 12]. Available from: http://biblioteca.sophia.com.br/5782/index.asp?codigo_sophia=33266
http://biblioteca.sophia.com.br/5782/ind...
).

Figura 4
Atendimento de primeiros socorros a uma pessoa acometida com suspeita de fratura(2121 Santos GF. Livro do enfermeiro e da enfermeira [Internet]. 3. ed. Rio de Janeiro: Graphico; 1928 [cited 2022 Jul 12]. Available from: http://biblioteca.sophia.com.br/5782/index.asp?codigo_sophia=33266
http://biblioteca.sophia.com.br/5782/ind...
)

Na Figura 4, verificamos que a imobilização é feita com um guarda-chuva. Observamos a representação do membro inferior com o referido artefato e quatro amarrações como estratégia de fixação. Essa forma de imobilização é interessante, pois indica a aderência direta à instituição na qual o autor, Getúlio dos Santos, atuava - a Cruz Vermelha Brasileira - considerando suas finalidades de atuar tanto na paz quanto na guerra. Assim, concluímos que, embora o livro não seja destinado especificamente aos primeiros socorros, o autor apresenta fortes indícios de identificação institucional ao incluir uma das estratégias de imobilização em situações fora do ambiente hospitalar.

Vale destacar que neste estudo tivemos a oportunidade de apresentar algumas imagens sobre a imobilização. No entanto, isso não significa que as outras obras consultadas, sem ilustrações, não apresentem descrições dos tipos de imobilização. Ressaltamos que o foco nos livros com imagens deve-se ao entendimento de que elas podem representar mais do que as palavras permitem.

Por meio dos ensinamentos, conceitos e estratégias de identificação e manejo de sinais de edemas e hemorragias, por exemplo, as aspirantes a enfermeiras precisavam atuar. Essa atuação era limitada, mas relevante, especialmente por se tratar de sinais de alerta para possíveis intervenções.

Em outras palavras, ao identificar as intercorrências, elas comunicavam ao médico e, até sua chegada, em alguns casos, era necessária a intervenção delas para evitar complicações mais graves. Assim, em uma metáfora, elas eram os olhos e braços dos médicos em sua ausência, atuando em casos emergenciais.

Limitações do estudo

Compreendemos que mais obras poderiam ter sido incluídas, mas acreditamos que nem todas estão digitalizadas para consulta pública, especialmente as estrangeiras, o que poderia levar a outras versões e interpretações sobre a cultura dos cuidados ortopédicos.

Contribuições para a prática de enfermagem e em saúde

Entendemos que as contribuições incluem apresentar a autoria de enfermeiras estrangeiras na delimitação proposta, levando em conta que no Brasil isso ocorreu apenas após a década de 1930. Além disso, a pesquisa pode contribuir para a consulta do Conselho Federal de Enfermagem sobre a especialização em Enfermagem Ortopédica, ao evidenciar uma prática que constitui um elemento da cultura dos cuidados.

CONCLUSÕES

A investigação cumpriu sua proposta de discutir os conteúdos dos manuais, com ênfase na ortopedia, em prol do desenvolvimento da cultura dos cuidados, ao revelar as obras analisadas e discutidas. Isso implicou em evidenciar a antiga prática da enfermagem ortopédica e seu efeito relevante na assistência aos acometidos com necessidades motoras causadas por fraturas ou condições semelhantes.

Visitar o passado por meio dessas obras significa refletir sobre como nossas antecessoras foram preparadas para chegar aonde estamos hoje. Entender o processo de profissionalização por meio das lutas e conquistas, para ocupação de espaços socioculturais, e a atuação das enfermeiras, mesmo que de forma limitada em diversos momentos, enfatiza a necessidade de investimento em sua atuação e alto nível de observação dos sinais de alerta para que os médicos pudessem atuar, salvo algumas exceções.

Tanto nesta investigação como em outras, a fonte documental produzida ao longo dos anos mostra-se importante para o presente. Elas trazem indícios, vestígios e informações sobre como ocorreram os fatos e quem foram as personagens envolvidas na cultura dos cuidados. Isso revela para o tempo presente possibilidades de construções narrativas verossímeis. Logo, são janelas investigativas que se abrem para avançarmos cada vez mais nos campos político, econômico, sanitário e sociocultural em prol da enfermagem mundial.

REFERENCES

  • 1
    Maliska ICA, Padilha MI, Borenstein MS, Costa R, Gregório VRP, Vieira M.. A enfermagem francesa: assistência e educação: considerações acerca de sua história e perspectivas atuais. Texto Contexto Enferm. 2010;19(2):325-33. https://doi.org/10.1590/S0104-07072010000200014
    » https://doi.org/10.1590/S0104-07072010000200014
  • 2
    Hugon VL, Poirier J, Ricou P. L'histoire de l'Ecole d'infirmières de la Salpêtrière. Hist Sci Méd [Internet]. 1997 [cited 2022 Jun 19];31(2):189-99. Available from: https://www.biusante.parisdescartes.fr/sfhm/hsm/HSMx1997x031x002/HSMx1997x031x002x0189.pdf
    » https://www.biusante.parisdescartes.fr/sfhm/hsm/HSMx1997x031x002/HSMx1997x031x002x0189.pdf
  • 3
    Jamieson, EM. Trends in Nursing History: their social, international, and ethical relationships. Philadelphia: W.B. Saunders Company; 1968. 440 p.
  • 4
    Lima RJO. Primeiro currículo das escolas modelo referência na formação de enfermeiros no Brasil e na Argentina[Tese]. Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. São Paulo; 2015.
  • 5
    Goulart AC. Revisitando a espanhola: a gripe pandêmica de 1918 no Rio de Janeiro. Dossiê Gripe Espanhola no Brasil. Hist Cienc Saúde-Manguinhos. 2005;12(1). https://doi.org/10.1590/S0104-59702005000100006
    » https://doi.org/10.1590/S0104-59702005000100006
  • 6
    Ribeiro TRM. Considerações sobre a grande depressão e o desenvolvimento do capitalismo no Brasil. Rev Cantareira [Internet]. 2018 [cited 2022 Jun 19];29:193-205. Available from: https://periodicos.uff.br/cantareira/article/view/30777/17883
    » https://periodicos.uff.br/cantareira/article/view/30777/17883
  • 7
    Burke P. O polímata: uma história cultural de Leonardo da Vinci a Susan Sontag. São Paulo: Unesp; 2020. 512 p.
  • 8
    Barreira I, Baptista S. Condições de surgimento das escolas de enfermagem brasileiras (1890 - 1960). Rev Alter Enferm. 1997;1(2):4-16.
  • 9
    Siles-González J. La influencia de concepción arenal en la enfermería española: un estudio desde la perspectiva de la historia cultural y el modelo estructural dialéctico. Rev Pesqui Cuid Fundam [Internet]. 2009. [cited 2022 May 30];1(2):154-69. Available from: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/321/307
    » http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/321/307
  • 10
    Epler PH. The life of Clara Barton. New York: The Macmillan Company; 1915. 438 p.
  • 11
    Morrone B. Soltando as amarras: claves para compreender la historia pendiente de la enfermería argentina. Mar del Plata: Suárez; 2011.
  • 12
    Porto F. Anna Justina Ferreira Nery: exame microscópico da biografia e pós-passamento. Rev Inst Geogr Hist Bahia. Salvador. 2020;115:149-69.
  • 13
    Siles-González J. História de la enfermería. Madrid: Ed. Difisión Avances de Enfermería; 2011.
  • 14
    Boisregard NA. A Ortopedia ou a arte de prevenir e corrigir em crianças, deformidades do corpo. França; 1741.
  • 15
    Presidência da República (BR). Lei 9610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências [Internet]. 1998[cited 2022 Jul 30]. Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm
    » http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm
  • 16
    Ministério da Saúde (BR). Resolução nº 510, de 07 de abril de 2016. Dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais [Internet]. 2016[cited 2022 Jul 30]. Available from: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf
    » http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf
  • 17
    Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução COFEN nº. 311/2007: Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem [Internet]. 2007[cited 2022 Jul 30]. Available from: http://www.portalcofen.gov
    » http://www.portalcofen.gov
  • 18
    Burke P. O que é história cultural? Rio de Janeiro: Ed. Zahar; 2008. 247 p.
  • 19
    Lemos FCS, Galindo D, Reis Júnior LP, Moreira MM, Borges AG. Análise documental: algumas pistas de pesquisa em psicologia e história. Psicol Estud. 2015;20(3):461 https://doi.org/10.4025/psicolestud.v20i3.27417
    » https://doi.org/10.4025/psicolestud.v20i3.27417
  • 20
    Domville EJ. Manual for hospital nurses and others engaged in attending on the sick [Internet]. 2ª edição. Londres: Churchill; 1875[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://archive.org/details/b21931719
    » https://archive.org/details/b21931719
  • 21
    Santos GF. Livro do enfermeiro e da enfermeira [Internet]. 3. ed. Rio de Janeiro: Graphico; 1928 [cited 2022 Jul 12]. Available from: http://biblioteca.sophia.com.br/5782/index.asp?codigo_sophia=33266
    » http://biblioteca.sophia.com.br/5782/index.asp?codigo_sophia=33266
  • 22
    Alves-Mazzoti AJ, Gewandsznajder F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira Thompson Learning; 2001.
  • 23
    Zanin CA. Evidência Histórica na Prática Historiográfica de Sérgio Buarque de Holanda em Visão do Paraíso[Dissertação]. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História. Porto Alegre; 2017.
  • 24
    Bourneville DM. Manuel pratique de la garde-malade et de l'infirmière [Internet]. França. Paris: Aux Bureaux du Progrès Médical; 1889[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5701287m.texteImage
    » https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5701287m.texteImage
  • 25
    Morim E. Manuel Théorique Et Pratique De Bandages [Internet]. Paris: Rueffet cie; 1891[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k1175495r.r=Manuel%20Th%C3%A9orique%20Et%20Pratique%20De%20Bandages?rk=21459;2
    » https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k1175495r.r=Manuel%20Th%C3%A9orique%20Et%20Pratique%20De%20Bandages?rk=21459;2
  • 26
    Oxford MN. A handbook of nursing [Internet]. Londres: Metheun e CO; 1900[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://archive.org/details/b21906683/page/n9/mode/2up
    » https://archive.org/details/b21906683/page/n9/mode/2up
  • 27
    Ministère de la Guerre (FR).École de L'infirmier et du Brancardier Militaires [Internet]. Paris: Ve Rozier; 1901[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k61351005.texteImage
    » https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k61351005.texteImage
  • 28
    Maxwell AC, Pope AE. Practical nursing: a text-book for nurses. Nova Iorque e Londres: Putnam’s Sons; 1914[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://collections.nlm.nih.gov/bookviewer?PID=nlm:nlmuid-54420830R-bk
    » https://collections.nlm.nih.gov/bookviewer?PID=nlm:nlmuid-54420830R-bk
  • 29
    Marine Nationale (FR). Manuel du marin infirmier [Internet]. Paris: Imprimerie Nationale; 1915[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k65216433.texteImage
    » https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k65216433.texteImage
  • 30
    Fromaget C. Manuel de l'infirmière: petite chirurgie et soins d'urgence [Internet]. Bordéus: Imprimeries Gounouilhou; 1915[cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5780323x.r=Manuel%20de%20l%27infirmi%C3%A8re%20%20petite%20chirurgie%20et%20soins%20d%27urgence?rk=21459;2
    » https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5780323x.r=Manuel%20de%20l%27infirmi%C3%A8re%20%20petite%20chirurgie%20et%20soins%20d%27urgence?rk=21459;2
  • 31
    Sociedade da Cruz Vermelha Brazileira. Licções do curso pratico para as damas enfermeiras voluntarias, de accôrdo com o programma approvado: II parte [Internet]. Rio de Janeiro: Cruz Vermelha Brasileira; 1915 [cited 2022 Jul 12]. Available from: http://biblioteca.sophia.com.br/5782/index.asp?codigo_sophia=87769
    » http://biblioteca.sophia.com.br/5782/index.asp?codigo_sophia=87769
  • 32
    Possollo A. Curso de enfermeiros [Internet]. Rio de Janeiro: Leite Ribeiro & Maurillo; 1920 [cited 2022 Jul 12]. Available from: http://biblioteca.sophia.com.br/5782/index.asp?codigo_sophia=21232
    » http://biblioteca.sophia.com.br/5782/index.asp?codigo_sophia=21232
  • 33
    Chaptal L. Le Livre de L'Infirmière [Internet]. Paris: Masson et Cie éditeurs; 1925 [cited 2022 Jul 12]. Available from: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k9742568j.r=leonie%20chaptal?rk=42918;4
    » https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k9742568j.r=leonie%20chaptal?rk=42918;4
  • 34
    Collière MF. Cuidar... a primeira arte da vida. Loures: Ed.Lusociências; 2003. 404p.
  • 35
    Ramos VO, Sanna MC. A inserção da enfermeira no atendimento pré-hospitalar: histórico e perspectivas atuais. Rev Bras Enferm. 2005;58(3). https://doi.org/10.1590/S0034-71672005000300020
    » https://doi.org/10.1590/S0034-71672005000300020
  • 36
    Vieira RQ, Caverni LMR. Técnicas de revulsão na prática das enfermeiras brasileiras: os rubefacientes físicos (1932-1942). Rev Enferm UFSM. 2013;3(1):1-7. https://doi.org/10.5902/217976927254
    » https://doi.org/10.5902/217976927254
  • 37
    Fernandes LS, Silva ARA. Tintura de Iodo como Potencial Reagente para a Experimentação no Ensino de Química. Quím Nova Esc [Internet]. 2021 [cited 2021 Nov 5];43(4):406-10. Available from: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc43_4/11-EEQ-102-20.pdf
    » http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc43_4/11-EEQ-102-20.pdf
  • 38
    Marini P, Tjabbes P. Ancient Egypt: from daily life to eternity. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil; 2020.
  • 39
    Civita V. Medicina e Saúde: história da medicina. São Paulo: Abril Cultural; 1968.

Editado por

EDITOR CHEFE: Antonio José de Almeida Filho
EDITOR ASSOCIADO: Maria Itayra Padilha

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Out 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    11 Mar 2022
  • Aceito
    29 Mar 2023
Associação Brasileira de Enfermagem SGA Norte Quadra 603 Conj. "B" - Av. L2 Norte 70830-102 Brasília, DF, Brasil, Tel.: (55 61) 3226-0653, Fax: (55 61) 3225-4473 - Brasília - DF - Brazil
E-mail: reben@abennacional.org.br