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Tratamento da DMRI exsudativa: revisão das drogas antiangiogênicas

Wet-amd treatment: a review in the anti-vegf drugs

Resumos

Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) exsudativa é a principal causa de perda visual severa em indivíduos acima de 50 anos nos países desenvolvidos. O fator de crescimento endotelial (VEGF) é considerado um dos mais importantes reguladores da angiogênese e da permeabilidade vascular . Drogas com atividade antiVEGF tem se mostrado eficaz em preservar ou melhorar a acuidade visual (AV) ao inibir a permeabilidade vascular e o crescimento neovascular nos pacientes tratados. Este artigo de revisão descreve o atual uso terapêutico das medicações antiVEGF para DMRI exsudativa e fornece uma visão geral do futuro da terapia antiangiogênica.

Degeneração macular; Fator idade; Neovascularização de coróide; Acuidade visual; Fator A de crescimento do endotélio vascular; Inibidores da angiogênese


Neovascular age-related macular degeneration is the leading cause of severe, irreversible vision loss in individuals over 50 years in developed countries. Vascular endothelial growth factor (VEGF) has been shown to play a role in the regulation of choroidal neovascularization and vascular permeability. Anti-VEGF drugs have been shown to preserve or improve visual acuity by inhibiting vascular permeability and arresting the growth of neovascularization in the vast majority of treated patients. This review describes the current literature on the use of this therapeutic approach in the management of neovascular AMD and gives an overview of the future directions.

Macular degeneration; Age effect; Choroidal neovascularization; Visual acuity; Vascular endothelial growth factor A; Angiogenesis inhibitors


ARTIGO DE REVISÃO

Tratamento da DMRI exsudativa: revisão das drogas antiangiogênicas

Wet-amd treatment: a review in the anti-vegf drugs

Carlos Alexandre de Amorim Garcia FilhoI; Fernando Marcondes PenhaI; Carlos Alexandre de Amorim GarciaII

IBascom Palmer Eye Institute, University of Miami, FL, USA

IIUniversidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) - Natal (RN), Brasil

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Carlos Alexandre de Amorim Garcia Filho 4747 Collins Avenue, Unit 1105 Miami Beach, FL, USA, 33140 E-mail: caagf@yahoo.com.br

RESUMO

Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) exsudativa é a principal causa de perda visual severa em indivíduos acima de 50 anos nos países desenvolvidos. O fator de crescimento endotelial (VEGF) é considerado um dos mais importantes reguladores da angiogênese e da permeabilidade vascular . Drogas com atividade antiVEGF tem se mostrado eficaz em preservar ou melhorar a acuidade visual (AV) ao inibir a permeabilidade vascular e o crescimento neovascular nos pacientes tratados. Este artigo de revisão descreve o atual uso terapêutico das medicações antiVEGF para DMRI exsudativa e fornece uma visão geral do futuro da terapia antiangiogênica.

Descritores: Degeneração macular/quimioterapia; Fator idade; Neovascularização de coróide/quimioterapia; Acuidade visual/fisiologia; Fator A de crescimento do endotélio vascular/antagonistas & inibidores; Inibidores da angiogênese/uso terapêutico

ABSTRACT

Neovascular age-related macular degeneration is the leading cause of severe, irreversible vision loss in individuals over 50 years in developed countries. Vascular endothelial growth factor (VEGF) has been shown to play a role in the regulation of choroidal neovascularization and vascular permeability. Anti-VEGF drugs have been shown to preserve or improve visual acuity by inhibiting vascular permeability and arresting the growth of neovascularization in the vast majority of treated patients. This review describes the current literature on the use of this therapeutic approach in the management of neovascular AMD and gives an overview of the future directions.

Keywords: Macular degeneration/drug therapy; Age effect; Choroidal neovascularization/drug therapy; Visual acuity/physiology; Vascular endothelial growth factor A/antagonists & inhibitors; Angiogenesis inhibitors/therapeutic use

INTRODUÇÃO

Doenças exsudativas da retina, como degenera ção macular relacionada à idade (DMRI), retinopatia diabética com edema macular (EMD) e oclusão venosa da retina (OVR) são as principais causas retinianas de diminuição da acuidade visual nos países desenvolvidos, incluindo a população economicamente ativa e os idosos(1-3).

A forma neovascular da DMRI é responsável por grande parte dos casos de perda visual severa nesses pacientes, sendo caracterizada pelo crescimento de vasos anormais na região macular, que surge a partir da circulação da coróide e penetra através da membrana de Bruch ou primariamente da circulação da retina. Ambas as formas de neovascularização levam a uma alteração da arquitetura da retina e coróide resultando em acúmulo de fluido no espaço sub-retiniano, intrar-retiniano ou abaixo do epitélio pigmentar da retina (EPR)(4,5).

Angiogênese

Fator de crescimento vascular endotelial (VEGF)

O VEGF é de fundamental importância na angiogênese normal, estando também associado ao processo de neovascularização patológico. A angiogênese normal e patológica envolve um complexo equilíbrio de reguladores positivos e negativos. O VEGF-A é considerado um dos mais importantes reguladores da angiogênese e permeabilidade vascular(6-8).

Resposta fisiológica e patológica do VEGF

O VEGF tem diferentes funções na cascata da angiogênese. O VEGF regula a mitose das células endoteliais(6) e sua taxa de sobrevivência(9), e atrai as células progenitoras derivadas da medula óssea(10).

Além de promover a angiogênese, o VEGF-A é o mais potente indutor da permeabilidade vascular, aproximadamente 50.000 vezes mais que histamina(8).

Em doenças neovasculares oculares, o edema resultante dos neovasos e do aumento da permeabilidade vascular promove alteração da estrutura retiniana, sendo responsável por parte da baixa acuidade visual.

Estudos clínicos anteriores suportam a evidência de que o VEGF está envolvido na patogênese das doenças neovasculares oculares. Níveis elevados de expressão de VEGF-A foram encontrados no EPR(11), fibroblastos(12) e membranas neovasculares(13) removidas cirurgicamente de pacientes com DMRI. Um aumento da expressão do VEGF-A também foi encontrado no humor aquoso e no vítreo de pacientes com neovascularização sub-retiniana, retinopatia diabética, oclusão venosa da retina, descolamento de retina e retinopatia da prematuridade.14-17

A associação entre a neovascularização patológica e os níveis elevados de VEGF formaram uma base racional para o desenvolvimento de drogas com ação inibitória do VEGF.

Drogas antiangiogênicas

Drogas que inibem o VEGF-A incluem o pegaptanib sódico (Macugen; Eyetech, Inc.) e o Ranibizumabe (Lucentis; Genentech / Roche), sendo ambas aprovadas pelo FDA (Food and Drug Administration) para o tratamento da membrana neovascular sub-retiniana (MNVSR) secundária à DMRI. O bevacizumabe (Avastin; Genentech/Roche) é outro agente antiVEGF utilizado de forma off-label para o tratamento da DMRI exsudativa.

Pegaptanib

O pegaptanib é um oligonucleotídeo que atua como um anticorpo no espaço extracelular inibindo as formas de VEGF maiores que 165 aminoácidos, não se ligando portanto a isoforma VEGF161, nem a seus produtos proteolíticos biologicamente ativos(18,19). Desta forma o Macugen bloquearia somente a isoforma VEGF165 e outras isoformas maiores, relacionadas ao processo de angiogênese patológica(20-24).

O estudo multicêntrico fase III VISION (VEGF Inhibition Study In Ocular Neovascularization) incluiu todos os subtipos angiográficos de MNVSR secundária a DMRI com lesões de até 12 diâmetros papilares e acuidade visual entre 20/40 e 20/320. Os pacientes receberam injeção intravítrea (IV) de pegaptanib sódico (0.3mg, 1mg ou 3mg) ou simulação a cada 6 semanas no primeiro ano do estudo(25,26).

No total foram incluídos 1186 pacientes e os resultados mostraram uma diminuição na perda visual, nos pacientes tratados com pegaptanib. Dos olhos tratados,70% apresentaram perda visual menor que 15 letras comparado com 55% do grupo controle(26-27). Além disso 5% dos pacientes tratados com pegaptanib apresentaram ganho de 15 ou mais letras comparado com 2% no grupo controle(26). A dose de 0.3mg se apresentou mais eficaz que as doses de 1mg ou 3mg, sendo esta aprovada pelo FDA e disponível comercialmente(26).

Bevacizumabe

O bevacizumabe é um anticorpo monoclonal humanizado (93% humano e 7% murino) com atividade contra o VEGF-A, que atua inibindo todas as suas isoformas e seus produtos proteolíticos. A utilização do bevacizumabe é aprovada pelo FDA para o tratamento do câncer colo-retal, câncer de mama, pulmão e rim(28).

O uso ocular de bevacizumabe para o tratamento de doenças neovasculares e exsudativas é off-label. Estudos experimentais em coelhos mostraram que o bevacizumabe apresenta uma meia vida de 4 a 6 dias quando injetado intravítreo(29-31). Estudo em humanos mostrou que a meia vida do bevacizumabe era de 3 dias quando injetado intravítreo, promovendo um bloqueio completo do VEGF por um período mínimo de 4 semanas após a injeção intravítrea(32). Outros estudos mostraram que a meia vida era de 6.7 a 9.8 dias(33-34). A meia vida do bevacizumabe no olho é incerta e fatores como o grau de liquefação vítrea ou a presença do cristalino podem influenciar a permanência da droga no meio intravítreo.

Embora o uso sistêmico (5mg/kg intravenoso) de bevacizumabe tenha se mostrado eficaz na redução da espessura foveal e ter melhorado a AV em pacientes com DMRI exsudativa, o seu uso sistêmico foi abandonado devido ao menor volume da droga utilizado para administração intraocular, o custo do tratamento e os efeitos adversos sistêmicos da medicação(35-38). O primeiro paciente com MNVSR secundária a DMRI tratado com bevacizumabe intravítreo (1mg, dose única) apresentou redução da espessura retiniana e diminuição da metamorfopsia(39).

Outros estudos retrospectivos(40-54) e prospectivos(55-65) foram publicados, com doses de bevacizumabe variando de 1 a 1,5mg para o tratamento de DMRI exsudativa. Todos demonstraram melhora estatisticamente significante da AV, melhora do padrão angiográfico, resolução do edema da retina em até 90% dos casos e uma boa margem de segurança do tratamento.

Um estudo prospectivo, randomizado comparando bevacizumabe com Terapia Fotodinâmica (PDT) para o tratamento de MNVSR predominantemente clássica secundária a DMRI mostrou que em 6 meses de acompanhamento todos os 32 olhos (100%) do grupo bevacizumabe perdeu menos de 15 letras de acuidade visual comparado com 73.3% do grupo tratado com PDT (p=0.002)(66). Outro estudo mostrou o efeito do tratamento prévio com PDT na resposta à injeção do bevacizumabe(67). Os autores compararam 80 olhos sem tratamento prévio com 29 olhos que haviam sido submetidos a tratamento prévio com PDT. Os resultados mostraram que ambos os grupos obtiveram melhora anatômica e funcional semelhante. Entretanto, o grupo tratado com PDT prévio necessitou de menor número médio de injeções (4.22) que o grupo sem tratamento prévio (6.13)(67). A vantagem de se utilizar a terapia combinada é reduzir o número de injeções de antiVEGF ou melhorar a eficácia do tratamento em doenças exsudativas como a vasculopatia polipoidal(66-68).

Efeitos adversos relacionados ao uso intravítreo de bevacizumabe foram raros, sendo os mais comuns hemorragia subconjuntival, endoftalmite, uveíte e rotura do EPR. Um estudo retrospectivo envolvendo 1173 pacientes e 4303 injeções mostrou que 18 (1.5%) apresentaram efeitos adversos sistêmicos, sendo 5 (0.5%) complicado com morte. Entre os efeitos adversos oculares, 838 apresentaram hemorragia subconjuntival (19% de 4303 injeções), aumento da pressão intraocular, endoftalmite e descolamento de retina em 7 casos (0.16%)(53).

O bevacizumabe vem sendo usado de forma off-label em oftalmologia e os estudos têm mostrado segurança e eficácia similar ao ranibizumabe para o tratamento da DMRI exsudativa.

Ranibizumabe

Ranibizumabe é um fragmento de anticorpo humanizado que atua inibindo todas as isoformas de VEGF-A, bem como os produtos proteolíticos biologicamente. Por ser uma molécula de menor tamanho (48kD) o ranibizumabe penetra facilmente na retina. Porém quando comparado com o bevacizumabe não apresentou diferenças na penetração na retina e na segurança do uso intraocular em coelhos(69).

Estudos clínicos fase III [MARINA (Minimally Classic/Occult Trial of the Anti-VEGF Antibody Ranibizumab in the treatment of Neovascular AMD) e ANCHOR (Anti-VEGF Antibody for the Treatment of Predominantly Classic CNV in AMD] fornecem nível de evidência I para o uso do ranibizumabe no tratamento da DMRI exsudativa.70-77 O estudo PIER (A Phase IIIb, Multicenter, Randomized, Double-Masked, Sham Injection-Controlled Study of the Efficacy and Safety of Ranibizumab in Subjects with Subfoveal Choroidal Neovascularization with or without Classic CNV Secondary to Age-Related Macular Degeneration)(78) e o estudo SAILOR (Safety and Tolerability of Ranibizumab in Naive and Previously Treated Subjects With CNV Secondary to AMD)(79) reforçam a eficácia e segurança do tratamento com ranibizumabe. Estudos clínicos como o PrONTO (Prospective OCT Imaging of Patients With Neovascular AMD Treated With Intraocular Lucentis) fornecem informações adicionais sobre a dosagem e estratégia de tratamento para pacientes com MNVSR secundária a DMRI(80-81).

Os estudos clínicos fase III MARINA(70) e ANCHOR(71) estabeleceram o ranibizumabe como a primeira droga aprovada pelo FDA que previne a perda visual ou a melhora da AV em todos os tipos de MNVSR secundária a DMRI. O estudo MARINA mostrou que, aos 12 e 24 meses de seguimento, 90 a 95% dos pacientes tratados com ranibizumabe perderam menos de 15 letras de AV comparados com 53 a 64% do grupo controle; o mesmo estudo também mostrou que 25 a 34% dos pacientes tratados com ranibizumabe ganharam mais de 15 letras de AV comparado com 4 a 5% no grupo controle(70). O estudo ANCHOR, que comparou o ranibizumabe com PDT, em pacientes com MNVSR predominantemente clássica, obteve resultados semelhante, com 90 a 96% dos pacientes do grupo tratado com ranibizumabe perdendo menos de 15 letras de visão aos 12 e 24 meses comparado com 64 a 66% no grupo tratado com PDT. Os pacientes do grupo tratado com ranibizumabe apresentaram maior porcentagem de pacientes com ganho de 15 ou mais letras quando comparado com o grupo tratado com PDT (41% x 6%, respectivamente)(71).

Estudos clínicos como o PIER, o SAILOR e o PrONTO estudaram estratégias alternativas com injeções menos frequentes. O estudo PrONTO avaliou regime de 3 doses mensais de ranibizumabe (0.5mg) seguido de retratamento baseado nos achados do OCT em 40 pacientes com MNVSR secundária a DMRI(80). Com 1 ano de seguimento 95% dos pacientes tratados tiveram perda inferior a 15 letras e 35% dos pacientes ganharam mais de 15 letras de visão, com um ganho médio de 9.3 letras. O número médio de injeções no primeiro ano de seguimento foi 5.6 (3 - 13), sendo os principais critérios de reinjeção a perda de 5 ou mais letras e a presença de fluido na mácula. Os resultados se mostraram consistentes aos 24 meses de acompanhamento com media de ganho de visão de 11.1 letras e um número médio de 10 injeções(80). O estudo PrONTO revelou uma alternativa viável de retratamento baseado nos achados do OCT.

O estudo PIER avaliou a eficácia e segurança do uso de ranibizumabe (0.3mg e 0.5mg) em 3 doses mensais iniciais seguido de reinjeção a cada 3 meses. Os resultados do primeiro ano de acompanhamento mostraram que os pacientes tratados com ranibizumabe perderam menos de 15 letras de AV em maior número destes, quando comparados ao grupo controle (83.3% no grupo de 0.3mg; 90.2% no grupo de 0.5mg; e 49.2% no grupo controle). Entretanto não houve diferença na quantidade de pacientes que ganharam mais de 15 letras (11.7% no grupo de 0.3mg; 13.1% no grupo de 0.5mg; e 9.5% no grupo controle)(78).

Os resultados do estudo PIER mostraram segurança semelhante aos estudos MARINA e ANCHOR. Porém em termos de eficácia se mostrou inferior, possivelmente porque os pacientes requerem doses mais frequentes do que a cada 3 meses. A estratégia de retratamento baseado nas imagens do OCT (PrONTO) se mostrou mais eficaz que a estratégia com intervalo fixo (PIER). Outra estratégia que vem sendo utilizada é o "treat and extend", que consiste em ampliar o intervalo entre as injeções enquanto não existir liquido na mácula ou em um intervalo fixo máximo de 3 meses(82,83).

Em relação a segurança do uso do ranibizumabe, um estudo de revisão com os dados de 3252 pacientes do ANCHOR, MARINA, PIER e SAILOR, incluindo mais de 28500 injeções intravítreas de ranibizumabe revelou taxa de endoftalmite presumida de 0.05% e de uveíte de 0.03%(84).

Em resumo, o tratamento com injeções mensais de ranibizumabe se mantém como padrão ouro, com nível de evidência I, dando suporte a inibição do VEGF para o tratamento da DMRI exsudativa. Intervalos maiores que 1 mês não obtiveram resultados de AV semelhantes a injeção mensal. Esquemas de retratamento baseado em métodos de imagem se mostraram mais eficazes que o tratamento com intervalos longos pré-estabelecidos. A estratégia "treat and extend" se mostrou como uma alternativa à injeção mensal.

Ranibizumabe x Bevacizumabe

Os atuais estudos têm mostrado que o ranibizumabe é o tratamento mais eficaz para a DMRI exsudativa com nível de evidência I. Entretanto, vários estudos retrospectivos e prospectivos envolvendo o bevacizumabe mostraram excelentes resultados anatômicos e funcionais. Ambas as drogas são derivadas da mesma classe de anticorpo monoclonal, mas o bevacizumabe apresenta menor custo e alguns estudos mostraram uma meia vida intravítrea mais prolongada.

Um estudo retrospectivo, comparou 324 pacientes tratados com bevacizumabe e 128 tratados com ranibizumabe. Após 12 meses, ambos os grupos apresentaram melhora da AV sem diferença estatisticamente significante (27.3% x 20.2%, respectivamente). Em relação ao número de injeções, o grupo tratado com bevacizumabe recebeu menos injeções que o grupo do ranibizumabe (4.4 x 6.2, respectivamente)(85).

Estes resultados sugerem que o resultado entre o tratamento com ranibizumabe ou bevacizumabe são semelhantes, sendo necessário estudos clínicos prospectivos e randomizados que confirmem estes achados. Vários estudos encontram-se em andamento na tentativa de comparar os resultados anatômicos e funcionais entre essas diferentes medicações, assim como a relação custo x efetividade de seu tratamento.

Novos agentes inibidores do VEGF

O VEGF-Trap Eye é uma proteína solúvel que se combina com componentes da matriz extracelular dos receptores 1 e 2 do VEGF(86). Dados experimentais mostraram que o VEGF-Trap penetra em todas as camadas da retina com uma afinidade 200x maior que a do ranibizumabe(86,87). O VEGF-Trap foi avaliado em ensaios clínicos fase 1 e 2, e atualmente encontra-se em fase 3. Os estudos fase 1 e 2 mostraram segurança e uma melhora anatômica e funcional, especialmente nas doses de 0.5 e 2mg(88,89). O estudo VIEW (VEGF-Trap Eye: Investigation of Efficacy and Safety in Wet AMD) compara o uso do VEGF-Trap com o regime mensal de 0.5mg de ranibizumabe (NCT00509795).

KH902 (Chengdu Kanghong Biotechnology) é uma outra proteína de fusão que se combina com componentes da matriz extracelular dos receptores 1 e 2 do VEGF(90). KH902 tem maior afinidade pelo VEGF com uma meia vida maior no meio intravítreo(90,91).

Pazopanib (GW786034/GlaxoSmithKline) é um inibidor de receptores tirosina quinase que foi desenvolvido para uso tópico no tratamento de DMRI exsudativa(92).

Esta próxima geração de anti-angiogênicos pode ser mais eficaz, se ligando ao VEGF com maior afinidade, bloqueando o sinal do receptor do VEGF ou atuando em diferentes proteínas que possam estimular a angiogênese. Isto pode se refletir em melhores resultados anatômicos e funcionais ou em um menor número de injeções.

CONCLUSÃO

Grandes avanços no tratamento da DMRI exsudativa ocorreram nos últimos anos. O desenvolvimento dos agentes antiangiogênicos tem prevenido a perda visual com bons resultados anatômicos e funcionais. Os resultados dos estudos clínicos em andamento poderão elucidar dúvidas sobre os diferentes regimes de tratamento, as doses utilizadas e o custo-efetividade das medicações disponíveis.

Recebido para publicação em 15/2/2011

Aceito para publicação em 29/3/2011

Os autores declaram inexistir conflitos de interesses

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      13 Mar 2012
    • Data do Fascículo
      Fev 2012

    Histórico

    • Recebido
      15 Fev 2011
    • Aceito
      29 Mar 2011
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