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Prevalência de ametropias e oftalmopatias no quilombo São José da Serra - Valença - RJ

Resumos

OBJETIVO: Determinar a prevalência das ametropias e oftalmopatias na população do Quilombo São José da Serra - Valença - RJ. MÉTODOS: Foram examinados 92 indivíduos de uma população de 102 pessoas da comunidade Quilombola em São José da Serra. Todos foram submetidos à avaliação oftalmológica completa, incluindo anamnese, ectoscopia ocular, medida da acuidade visual, teste de estereopsia, reflexo vermelho, cobertura monocular, Hirschberg, refração objetiva, subjetiva, biomicroscopia, tonometria de aplanação de GoldmannR, tonometria de sopro e fundoscopia direta ou binocular indireta usando lente de 20D. RESULTADOS: Foram examinados cerca de 90,19% da população quilombola, sendo 61,95% do sexo feminino e 38,04% do sexo masculino. A idade variou de 6 meses a 89 anos. Foram encontrados ametropias com necessidade de correção óptica em 23,91% dos indivíduos sendo mais frequente a presbiopia associada à hipermetropia, miopia e/ou astigmatismo com prevalência de 59,09% dos indivíduos examinados, seguido da presbiopia isolada em 22,72%, do astigmatismo hipermetrópico em 13,63% e do astigmatismo miópico em 4,54% dos examinados. Em relação às oftalmopatias encontraram-se catarata senil em 7,61%, ambliopia refracional em 6,52%, atrofia do epitélio pigmentar da retina e atrofia peripapilar em 2,17%, glaucoma em 1,09%, pterígio em 1,09%, retinocoroidite por toxoplasmose em 1,09% e hipopigmentação retiniana (albinismo ocular) em 1,09%. CONCLUSÃO: A prevalência das ametropias e doenças oculares no Quilombo São José da Serra foi de 23,9%(22/92) e 20,6%(19/92), respectivamente.

Prevalência; Ametropias; Oftalmopatias; Quilombo


OBJECTIVE: To determine the prevalence of refractive errors and eye diseases in the population of the Quilombo São José da Serra - Valença - RJ. METHODS: We examined 92 individuals in a population of 102 people in the community Quilombo São José da Serra. All patients underwent complete ophthalmologic examination including anamnesis, ectoscopy, visual acuity, stereopsis test, red reflex, cover/uncover test, Hirschberg test, manifest and dynamic refraction, biomicroscopy, tonometry (Goldmann and air puff tonometry), direct monocular /or indirect binocular fundoscopy. RESULTS: We examined 90.19% of the population quilombola, and 61.95% were female and 38.04% male. Ages ranged from 6 months to 89 years. Refractive errors were found requiring optical correction in 23.91% of individuals, being more frequent presbyopia associated with hyperopia, myopia and / or astigmatism with a prevalence of 59.09%, followed by presbyopia isolated in 22.72%, hyperopic astigmatism in 13.63% and myopic astigmatism in 4.54%. The ophthalmopathies observed were senile cataracts in 7.61%, refractive amblyopia in 6.52%, atrophy of the retinal pigment epithelium and peripapillary atrophy in 2.17%, glaucoma 1.09%, pterygium in 1.09%, retinochoroiditis toxoplasmosis in 1.09% and hypopigmentation retinal (ocular albinism) in 1.09%. CONCLUSION: The prevalence of ametropia and eye diseases in the Quilombo São José da Serra were 23.9%(22/92) and 20.6%(19/92), respectively.

Prevalence; Refractive errors: Eye diseases; Quilombo


ARTIGO ORIGINAL

Prevalência de ametropias e oftalmopatias no quilombo São José da Serra – Valença – RJ

Prevalence of refractive errors and eye diseases in quilombo São José da Serra – Valença – RJ

Abelardo Souza Couto Jr.I; Daniel Almeida de OliveiraII; Ioury Alcidia Guimarães CardosoII; Joana Mello AmaralII; Marcelo de Oliveira MedradoII; Thiago Capilla GobettiII; Artur Guedes RiosIII; Ícaro Guilherme Donadi Ferreira CalafioriIII; Phellipe Proence Pereira de QueirozIII; Sandro Pereira Vasconcelos AmorimIII; André Rocha Costa MarquesIII; Arlindo José Freire PortesIV

IProfessor Titular da Faculdade de Medicina Valença (FMV) – Valença (RJ), Brasil; Coordenador Residência Instituto Benjamin Constant (IBC) Ministério da Educação – Rio de Janeiro (RJ), Brasil

IIResidente de Oftalmologia do Instituto Benjamin Constant (IBC) – Ministério da Educação – Rio de Janeiro (RJ), Brasil

IIIAcadêmicos da Faculdade de Medicina Valença (FMV) – Valença (RJ), Brasil

IVProfessor titular da Faculdade de Medicina da Universidade Estácio de Sá – Rio de Janeiro (RJ), Brasil

Autor correspondente Autor correspondente: Dr. Abelardo Couto Júnior Av. N. Sra. de Copacabana, nº 1120, sala 901, Copacabana CEP 22060-002 - Rio de Janeiro (RJ), Brazil - Tel: 2521-0645 E-mail: soluc@ig.com.br

RESUMO

OBJETIVO: Determinar a prevalência das ametropias e oftalmopatias na população do Quilombo São José da Serra – Valença – RJ.

MÉTODOS: Foram examinados 92 indivíduos de uma população de 102 pessoas da comunidade Quilombola em São José da Serra. Todos foram submetidos à avaliação oftalmológica completa, incluindo anamnese, ectoscopia ocular, medida da acuidade visual, teste de estereopsia, reflexo vermelho, cobertura monocular, Hirschberg, refração objetiva, subjetiva, biomicroscopia, tonometria de aplanação de GoldmannR, tonometria de sopro e fundoscopia direta ou binocular indireta usando lente de 20D.

RESULTADOS: Foram examinados cerca de 90,19% da população quilombola, sendo 61,95% do sexo feminino e 38,04% do sexo masculino. A idade variou de 6 meses a 89 anos. Foram encontrados ametropias com necessidade de correção óptica em 23,91% dos indivíduos sendo mais frequente a presbiopia associada à hipermetropia, miopia e/ou astigmatismo com prevalência de 59,09% dos indivíduos examinados, seguido da presbiopia isolada em 22,72%, do astigmatismo hipermetrópico em 13,63% e do astigmatismo miópico em 4,54% dos examinados. Em relação às oftalmopatias encontraram-se catarata senil em 7,61%, ambliopia refracional em 6,52%, atrofia do epitélio pigmentar da retina e atrofia peripapilar em 2,17%, glaucoma em 1,09%, pterígio em 1,09%, retinocoroidite por toxoplasmose em 1,09% e hipopigmentação retiniana (albinismo ocular) em 1,09%.

CONCLUSÃO: A prevalência das ametropias e doenças oculares no Quilombo São José da Serra foi de 23,9%(22/92) e 20,6%(19/92), respectivamente.

Descritores: Prevalência; Ametropias; Oftalmopatias; Quilombo

ABSTRACT

OBJECTIVE: To determine the prevalence of refractive errors and eye diseases in the population of the Quilombo São José da Serra – Valença – RJ.

METHODS: We examined 92 individuals in a population of 102 people in the community Quilombo São José da Serra. All patients underwent complete ophthalmologic examination including anamnesis, ectoscopy, visual acuity, stereopsis test, red reflex, cover/uncover test, Hirschberg test, manifest and dynamic refraction, biomicroscopy, tonometry (Goldmann and air puff tonometry), direct monocular /or indirect binocular fundoscopy.

RESULTS: We examined 90.19% of the population quilombola, and 61.95% were female and 38.04% male. Ages ranged from 6 months to 89 years. Refractive errors were found requiring optical correction in 23.91% of individuals, being more frequent presbyopia associated with hyperopia, myopia and / or astigmatism with a prevalence of 59.09%, followed by presbyopia isolated in 22.72%, hyperopic astigmatism in 13.63% and myopic astigmatism in 4.54%. The ophthalmopathies observed were senile cataracts in 7.61%, refractive amblyopia in 6.52%, atrophy of the retinal pigment epithelium and peripapillary atrophy in 2.17%, glaucoma 1.09%, pterygium in 1.09%, retinochoroiditis toxoplasmosis in 1.09% and hypopigmentation retinal (ocular albinism) in 1.09%.

CONCLUSION: The prevalence of ametropia and eye diseases in the Quilombo São José da Serra were 23.9%(22/92) and 20.6%(19/92), respectively.

Keywords: Prevalence; Refractive errors: Eye diseases; Quilombo

Introdução

Os quilombos constituem populações com formas particulares de organização social ocupando determinadas regiões no Brasil. Estas comunidades situam-se geralmente em áreas rurais, apresentam certo graude isolamento e desigualdades sociais e de saúde. Em decorrência da forma de libertação do processo de escravidão observa-se, nestas comunidades, acesso dificultado a bens e serviços (1).

Desde 2003, o governo Federal busca promover e melhoria da qualidade de vida das populações quilombolas por meio de efetivação de políticas públicas, articuladas no Programa Brasil Quilombola (PQB). É um programa que atua na garantia ao direito à terra, documentação básica, moradia, alimentação, educação e saúde, entre outros (2). Portanto, o ministério da saúde definiu política de saúde prioritária para esta população, o que motivou o estudo da saúde visual de seus componentes.

Em todo país, o número de comunidades Quilombolas identificadas é de 3524, sendo que 1342 foram certificadas pela Fundação Cultural Palmares (2). Sabe-se da existência de pelo menos 15 comunidades quilombolas no Estado do Rio de Janeiro. O perfil de saúde ocular desta população é desconhecido, o que justifica seu estudo (3,4).

O Quilombo São José da Serra, localizado no distrito de Santa Isabel, município de Valença-RJ, é formado por 16 famílias e população total de 102 pessoas. A comunidade não conta com nenhum programa de atenção à saúde, e atendimento médico oftalmológico, há também ausência de estudos epidemiológicos direcionados às ametropias e oftalmopatias. O presente estudo além de possibilitar a assistência oftalmológica, fez a distribuição gratuita de lentes corretivas e garantiu atendimento em centro especializado aos indicados (Instituto Benjamin Constant - Ministério da Educação).

Este trabalho procura prevenir a cegueira e promover a saúde ocular, além de contribuir para a formulação de políticas públicas de oftalmologia sanitária em comunidades isoladas. Também ajuda a cumprir e viabilizar as determinações das Portarias 958/GM de 15/05/2008 e 288 SAS de 19/05/2008. A primeira estabelece a Política Nacional de Atenção em Oftalmologia e a segunda regulamenta ações educativas, teste de acuidade visual, consulta médica e outras ações oftalmológicas na Atenção Primária (5,6).

Métodos

Foi realizado estudo de secção transversal para determinar a prevalência de ametropias e oftalmopatias na comunidade Quilombola São José da Serra – distrito de Santa Isabel, município de Valença – Rio de Janeiro. Todos os habitantes da comunidade, totalizando 102 pessoas, foram chamados para realizar exame ocular.

Os exames de acuidade visual foram realizados por 3 acadêmicos de medicina previamente treinados. Os outros exames oculares foram realizados por 3 residentes de oftalmologia e todo o processo foi supervisionado por 2 professores especialistas em oftalmologia.

Os resultados foram analisados estatisticamente com o programa Excel 2007, utilizando-se o teste do qui-quadrado e o nível de significância para associação estatística foi estabelecido em 0,05.

Exame ocular

Todos os indivíduos foram submetidos à avaliação oftalmológica completa que incluiu:

1 - Anamnese dirigida;

2 - Ectoscopia (ocular);

3 - Medida da acuidade visual (AV) com e sem correção;

4 - Reflexo vermelho com oftalmoscópio direto;

5 - Teste de Titmus ou de estereopsia;

6 - Avaliação semiológica motora: Teste de cobertura monocular alternada e teste de Hirschberg;

7 - Refração objetiva sob cicloplegia (se necessário);

8 - Refração subjetiva;

9 - Biomicroscopia do segmento anterior (testes de Z.Milder e break-up time (BUT) ou teste de ruptura do filme lacrimal caso hajam sintomas de epífora parcial / total ou síndrome do olho seco respectivamente);

10 - Tonometria de aplanação de GoldmannR e tonometria de sopro ou de não-contato;

11 -Fundoscopia direta e indireta sob midríase com capacete de "Schepens" e lente de 20 D.

Os critérios diagnósticos para ametropias, anisometropia e ambliopia (7,10) foram:

1 - Ametropia – erro refracional igual ou maior que 0,5 dioptrias por olho;

2 - Anisometropia – diferença mínima de duas dioptrias esféricas entre os olhos sem a presença de estrabismo;

3 - Ambliopia – AV corrigida (tabela ETDRS) igual ou menor que 0,8 no pior olho, incluindo formas refracionais, anisométricas, estrábicas e exanópsia ou de privação. Nas formas refracionais foram consideradas ametropias com necessidade de correção visual aquelas que foram igual ou maior que +2,0 esférico, - 1,00 esférico ou - 1,00 cilíndrico no melhor olho, sob cicloplegia a 75cm, descontando 1,5 dióptrica (D) da distancia e 1,0 D da cicloplegia (11,12).

O diagnóstico das diversas afecções oculares seguiram os seguintes parâmetros (11,13):

1 - Transtornos das pálpebras, aparelho lacrimal e órbita – diagnóstico conforme ectoscopia e propedêuticas direcionadas se houvesse queixa na anamnese de epífora parcial ou total se fazia o teste de ZappiaMilder, e se houvesse ectoscopicamente ptose, observava-se a medida de fenda palpebral;

2 - Transtornos da Conjuntiva, Córnea, Cristalino e Íris – diagnóstico conforme exame biomioscópico no segmento anterior, sendo o parâmetro para Síndrome do Olho Seco o break up time" (BUT) menor que 10 segundos;

3 - Estrabismo – diagnóstico pela alteração manifesta do alinhamento ocular;

4 - Glaucoma – diagnóstico de casos suspeitos quando a pressão intraocular for maior que 21mmHg e/ou a relação escavação/disco óptico for maior que 0,7;

5 - Transtornos da Coróide e da Retina – diagnóstico conforme exame fundoscópico direto e indireto, utilizando capacete "Schepens" e lente de 20 D.

Aspectos éticos

A pesquisa foi realizada de acordo com as diretrizes e normas regulamentadoras, envolvendo seres humanos (Resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde) e foi submetida à do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Valença – RJ. Também foi colhida autorização de cada participante do estudo através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Resultados

De uma população de 102 pessoas, foram examinados um total de 92 indivíduos (90,19%), com idade variando de 6 meses a 89 anos. Dentre estes, 35 (38,04%) eram do sexo masculino e 57 (61,95%) do sexo feminino.A faixa etária que abrangeu o maior número de examinados foi a de 0 aos 10 anos (30,43%). A distribuição em todos os grupos etários está demonstrada na figura 1.


Quarenta e um (44,56%) dos indivíduos examinados estavam normais, vinte e dois (23,91%) possuíam ametropias com necessidade de correção óptica, vinte e dois (23,91%) apresentavam ametropias sem necessidade de correção óptica e dezenove (20,66%) apresentavam oftalmopatias, além das ametropias. Alguns pacientes manifestaram mais de um diagnóstico em seus olhos.

Dos 22 indivíduos que apresentaram ametropias com necessidade correção óptica, 16 (72,72%) eram do sexo feminino e 6 (27,27%) eram de sexo masculino. As faixas etárias acima de 50 anos apresentaram ametropias em 17 indivíduos (77,27%). A distribuição das ametropias com prescrição de lentes corretoras, em relação ao gênero, está descrito na figura 2; já em relação à faixa etária está na figura 3. A prevalência de oftalmopatias está descrita na tabela 1. Nenhum indivíduo apresentou grau esférico isolado.



Discussão

A população estudada constitui uma comunidade de afrodescendentes situada em região de difícil acesso e sem qualquer assistência oftalmológica. Não há dados disponíveis no município sobre a saúde geral e ocular desta população.

No presente estudo, examinou-se 90,19% (n=92) da população do Quilombo São José da serra no município de Valença – RJ. Houve um predomínio do sexo feminino 61,95% (n=57) do total de 92 indivíduos examinados, semelhante ao encontrado em outros estudos (14,15). A faixa etária de zero a 10 anos foi a que apresentou o maior número de examinados, 30,43% (n=28). Por sua vez, a faixa etária dos 50 a 60 anos teve o segundo lugar de examinados com 15,22% (n=14). As faixas etárias de 30 a 40 anos e de 40 a 50 anos ficaram cada uma com 4,34% (n=4) e 6,52% (n=6) da população examinada (figura 1). O baixo número de examinados no grupo etário mais economicamente ativo sugere que pode estar havendo migração de pessoas para núcleos urbanos com finalidade de garantir a sobrevivência do próprio quilombo como núcleo territorial e cultural. Carril, em 2006, cita a constatação, pelos mais velhos, da escassez de adultos jovens no quilombo rural, mediante comparação com um passado de abundância e alegria cooperativa pós-escravidão (16).

Apresentaram exame normal 44,56% (n=41) dos indivíduos examinados e entre os exames anormais a maior prevalência foi a de ametropias com 47,83%(n=44), sendo que apenas 20,66% (n=19) foi a prevalência para outras doenças oculares. Foram prescritos óculos a 23,91% (n=22) dos 92 indivíduos examinados. Estudos de demanda oftalmológicana atenção primária, contando todas as faixas etárias apresentaram apenas 8,1% de exames normais e prevalência de 70% de erros refrativos (14). Estas diferenças devem-se, provavelmente, ao encaminhamento de pacientes anormais e demanda reprimida para o referido centro de atenção primária. A grande maioria das pesquisas no Brasil estudaram ametropias com necessidade de correção óptica em crianças, sendo as prevalências variáveis: 3,5% (17), 4,56% (18), 6,33%19, 14,11% (20), 15,27% (21). No presente estudo, a prevalência das ametropias com correção de lentes de grau em crianças de zero a cinco anos foi nula, sendo 13,64% (n=3) em crianças de 5 a 10 anos. A comparação com outros estudos é praticamente impossível, pois a faixa etária dos vários trabalhos é diversa e também a metodologia. Alguns autores propõem a padronização do registro das causas de perdas visuais em crianças, o que permitiria, além de análises comparativas, a detecção de mudanças no padrão das causas (22).

Em relação às ametropias, apenas 23,91% (n=22) dos quilombolas necessitaram de correção óptica. A grande maioria das prescrições ópticas foifeita para adultos e idosos: 4,54% (n=1) para indivíduos de 20 a 30 anos com astigmatismo hipermetrópico; 4,54% (n=1) para indivíduos de 40 a 50 anos com presbiopia isolada e 77,27% (n=17) para pessoas maiores de 50 anos com presbiopia, e cerca 18,18% (n=4) tinham presbiopia isolada e 59,09% (n=13) apresentavam presbiopia associada a outras ametropias (figura 3).

Vários outros estudos também demonstraram este padrão na distribuição das ametropias em população infantil(8,17,18,20-24), com predomínio das ametropias positivas (hipermetropia e astigmatismo hipermetrópico), seguido das ametropias negativas (miopia e astigmatismo miópico). Estudos recentes em crianças pré-escolares no PSF (Programa de Saúde da Família) da Lapa - RJ relataram prevalência de ametropias de 33,3% em 2007 (25) e de 61,8% em 2010 (26). Estes autores explicaram tal fato devido à ausência de campanhas de saúde ocular e em razão dos diversos "nós" encontrados no sistema de referência e contrarre-ferência do SUS, onde há ausência de critérios para medida de visão pelo PSF (26). Em comparação com estes estudos, a prevalência de ametropia nas crianças de 5 a 10 anos no Quilombo São José é baixa (13,63%).

A prevalência da ambliopia é variável de 1 a 10% na literatura (17,20,23,25-33). Em 1977, Scarpi (8) encontrou prevalência em 4,07% em um grupo de estudantes de São Paulo. Em 2001, Neurauter (34) relatou prevalência de 1,39% em crianças de bairros da zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Em 2001, Schimiti (18) relatou prevalência de 76% em Ibiporã. Em 2007, Couto Jr. (17) encontrou prevalência de 2,0% nas crianças de favelas da cidade do Rio de Janeiro. Lopes (32) encontrou 3,6% de ambliopia em alunos de escolas públicas e 5,9% em alunos de escolas particulares da cidade de Londrina. Em 2005, Portes (25) observou prevalência de 8% nas crianças do Programa de Saúde da Família (PSF) na Lapa - Rio de Janeiro. Por sua vez, Oliveira (26), relatou em 2010 a prevalência de 10% de ambliopia em 93 crianças de 3 a 6 anos também no PSF Lapa – RJ. Jeveaux (23) encontrou em 2006 a prevalência de 4,1% nas crianças do PSF do Morro do Alemão (Rio de Janeiro). Couto Jr. (21) relatou em 2010, a prevalência de 2% após triagem de 1800 crianças no município de Duque de Caxias, Baixada Fluminense. No presente trabalho foram estudadas todas as faixas etárias e encontrou-se 6,52% de prevalência de ambliopia, sendo ela somente refracional (tabela 1). Destes indivíduos, 4 eram crianças e somente 2 adultos. Portanto, a prevalência de ambliopia no Quilombo São José da Serra foi semelhante a de outros centros urbanos do país ou até menor. Por exemplo, a prevalência em crianças do PSF da Lapa na cidade do Rio de Janeiro foi observada em 8 a 10%.

Em relação à catarata, foi encontrado somente o tipo senil, sendo a prevalência na população quilombola de 7,61% (tabela 1). Em publicação recente sobre causas de cegueira e baixa visão em áreas urbanas da América Latina, a catarata foi a principal causa de cegueira bilateral em pessoas de mais de 50 anos. Neste levantamento, a maioria das causas era curável (43 a 88%) e evitável (52 a 94%) (35). No trabalho, o estudo do perfil da demanda em oftalmologia na atenção primária (Unidade Mista de Saúde) de Luiz Antônio – São Paulo, Vargas (14) relatou em 2010 a prevalência de 4,9% de catarata senil. A prevalência diminuída desta casuística em relação ao Quilombo São José deve-se não- somente ao fato de aquela unidade primária de atendimento ficar próximo de um grande serviço universitário público, o que permite fácil acesso à cirurgia, como também ao fato da comunidade quilombola ser relativamente isolada e não ter assistência primária à saúde.

Em relação ao pterígio há relatos de prevalência de 8,2% em população rural nigeriana (36). Vargas (14) relatou que 6,7% em unidade primária de saúde em região urbana com atividade econômica no cultivo de cana de açúcar e tradição de "queimadas". Shiratori (37) relatou em 2010 que havia prevalência de 8,12% na cidade de Botucatu - SP. Recentemente, em populações ribeirinhas dos Rios Solimões e Japurá na Amazônia Brasileira, Ribeiro (38) relatou uma das maiores taxas de pterígio do mundo: 21,2% na população geral e 41,1% de prevalência entre os maiores de 18 anos. O nível de 1,09% de prevalência de pterígio na comunidade quilombola São José é baixa, se comparada a outras regiões brasileiras, inclusive em relação à população negra rural na Nigéria (8,2%). Estudos sobre a distribuição mundial desta afecção mostrou relação direta entre o valor de prevalência e a proximidade da linha do equador (39). Talvez a pequena amostra no presente estudo tenha influenciado a baixa prevalência.

No presente trabalho, a prevalência de glaucoma foi também de 1,09%, semelhante ao 1,3% relatado por Vargas (14) na Unidade primária de Saúde de Luís Antônio – SP. Sakata (40) encontrou 3,4% de prevalência de glaucoma no sul do Brasil utilizando os mesmos aparelhos diagnósticos também usados no Quilombo São José (lanterna, lâmpada de fenda, tonômetro de aplanação de GoldmannR oftalmoscópio direto). A pequena amostra populacional e inclusive na faixa de 20 a 50 anos talvez explique esta pequena prevalência no Quilombo São José.

Em relação ao total de oftalmopatias (tabela 1), a mais prevalente foi a catarata senil com 36,84% (n=7) seguida da ambliopia refracional com 31,58% (n=6) (tabela 1). Estas afecções também coincidem com o maior grupo populacional estudado (crianças e idosos) na comunidade quilombola São José da Serra.

Provavelmente, os resultados deste estudo poderão se constituir nas primeiras referências sobre o perfil de saúde ocular de população Quilombola no Brasil. Ele atuará na superação da chamada "danosa invisibilidade demográfica e epidemiológica" de algumas populações isoladas, como é o caso dos quilombolas (5).

Conclusão

A escassez de estudos e dados sobre as condições de saúde ocular nas populações remanescentes de quilombos aponta a relevância de pesquisas que realizem levantamentos de indicadores epidemiológicos para a implementação de políticas públicas que busquem o acesso equânime aos serviços de saúde e melhoria das condições gerais de vida destes grupos. Portanto, a presente pesquisa de prevalência das diversas ametropias e afecções oculares no Quilombo São José da Serra – Valença – RJ contribui para fornecer subsídios importantes à tomada de decisões em saúde pública na referida população e em outras similares, ressaltando a efetividade do exame especializado oftalmológico nestas comunidades carentes. Demonstra, na prática, a possibilidade da assistência oftalmológica na Atenção Primária (ESF), como preconizado pela Política Nacional de Oftalmologia do Ministério da Saúde.

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Recebido para publicação em 17/12/2012

Aceito para publicação em 3/9/2013

Os autores declaram não haver conflitos de interesses

Trabalho foi realizado pelo Instituto Benjamin Constant, Faculdade de Medicina de Valença (RJ) e foi objeto de teste de mestrado em saúde da família pela Universidade Estácio de Sá – Rio de Janeiro (RJ).

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  • Autor correspondente:

    Dr. Abelardo Couto Júnior
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      25 Mar 2014
    • Data do Fascículo
      Dez 2013

    Histórico

    • Recebido
      17 Dez 2012
    • Aceito
      03 Set 2013
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