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Baixa visão secundária a osteoma de coroide

RESUMO

Relatamos um caso de osteoma de coroide em uma paciente feminina de 25 anos. Apresentava uma lesão amarelada e elevada no polo posterior, característica da lesão tumoral. O diagnóstico foi confirmado com a ultrassonografia ocular. A paciente apresentava baixa acuidade visual e edema de mácula, que melhorou após injeção intravítrea de bevacizumab.

Descritores:
Neoplasias da coroide/diagnóstico; Neoplasias da coroide/ultrassonografia; Osteoma/diagnóstico; Osteoma/ultrassonografia; Baixa de visão; Relatos de casos

ABSTRACT

The authors present a case of choroidal osteoma diagnosed in a 25-year-old female patient. A well-defined and slightly elevated yellow lesion located in the posterior pole of the right eye was suspected to be a tumor. Confirmation of diagnosis was obtained with A and B ecography. The patient had low vision and macular edema, which improved after intraocular injection of bevacizumab .

Keywords:
Choroid neoplasms/diagnosis; Choroid neoplasms/ultrasonography; Osteoma/diagnosis; Osteoma/ultrasonography; Low vision; Case reports

INTRODUÇÃO

O osteoma da coroide é um tumor benigno, uni ou bilateral, adquirido, que se apresenta como uma massa coroidiana de crescimento lento na região justapapilar. A característica patológica do osteoma de coroide é uma placa de osso maduro ao redor do disco ótico atingindo toda a espessura da coroide, geralmente poupando o epitélio pigmentado da retina. Este tumor benigno pode causar perda de visão devido a localização subfoveal, descolamento seroso da retina e neovascularização da coroide. (11 Shields CL. Choroidal osteoma. In: Guyer DR, Yanuzzi LA, Chang, Shields Já, Green WR, editors. Retina- vitreous- macula. Philadelphia: WB Saunders; 1999. p. 1092-102.)

RELATO DE CASO

Paciente de 25 anos, feminino, queixou-se de baixa da acuidade visual no olho direito há 4 anos. A paciente negou antecedentes pessoais e familiares de doenças oculares ou sistêmicas.

O exame oftalmológico mostrou acuidade visual corrigida de 20/200 no olho direito e 20/20 no olho esquerdo. A biomicroscopia apresentava-se normal, e a pressão intraocular era de 16 mmHg em ambos os olhos. A fundoscopia evidenciava, no olho direito, lesão macular e no feixe papilomacular de coloração amarelo- clara, bem delimitada (Figura 1). Não havia alteração fundoscópica no olho esquerdo.

Figura 1
A retinografia mostra lesão amarelada bem delimitada no polo posterior do olho direito

A tomografia de coerência óptica demonstrou espessamento do complexo epitélio pigmentar da retina- coriocapilar, de alta reflectividade e bem delimitado, com áreas de elevação do epitélio pigmentar da retina, com descolamento e edema da retina neurossensorial (Figura 2).

Figura 2
A tomografia de coerência óptica do pólo posterior evidencia estrutura elevada, bem delimitada e altamente refletiva na região do complexo EPR- coriocapilar. Há áreas de elevação do EPR e descolamento neurossensorial.

A ecografia A e B mostrou a lesão pouco elevada do polo posterior, com pico acústico de alta refletividade em sua superfície interna e sombra acústica orbitária posterior a ela (Figura 3). A hipótese diagnóstica foi de osteoma de coroide com membrana neovascular secundária e edema intra e sub-retiniano. Após a injeção de 0,1 ml de bevacizumabe, a paciente apresentou melhora da visão para 20/60 no olho acometido e do edema na região macular (Figura 4).

Figura 3
Aspecto ecográfico mostra pico de alta refletividade na superfície interna e sombra acústica orbitária posterior ao tumor

Figura 4
A tomografia de coerência óptica do pólo posterior evidencia estrutura elevada, com redução da área de edema (Figura 4).

DISCUSSÃO

Osteoma de coroide é um tumor benigno constituído detecido ósseo maduro. É raro, unilateral em 75% dos casos e mais prevalente em mulheres entre vinte e trinta anos de idade.(11 Shields CL. Choroidal osteoma. In: Guyer DR, Yanuzzi LA, Chang, Shields Já, Green WR, editors. Retina- vitreous- macula. Philadelphia: WB Saunders; 1999. p. 1092-102.)

Apresenta-se como lesão amarelo-clara ou alaranjada, bem delimitada e de formato variável, localizada no polo posterior. Seu diâmetro e espessura alcançam valores máximos de 2,2 mm e 2,5 mm. A neovascularização de coroide é complicação frequente do osteoma de coroide.(22 Shields L, Shields JÁ, Augsburger JJ. Choroidal osteoma. Surv Ophthalmol. 1988;33 (1): 17-27. Review.

3 Gass JD. New observations concerning choroidal osteomas. Int Ophthalmol. 1979;1(2):71-84.
-44 Coston TO, Wilkinson CP. Choroidal osteoma. Am J Ophthalmol. 1978;86(3):368-72.)

A ecografia é típica e evidencia hiperrefletividade na superfície do tumor e silêncio acústico posterior a ele.(11 Shields CL. Choroidal osteoma. In: Guyer DR, Yanuzzi LA, Chang, Shields Já, Green WR, editors. Retina- vitreous- macula. Philadelphia: WB Saunders; 1999. p. 1092-102.,22 Shields L, Shields JÁ, Augsburger JJ. Choroidal osteoma. Surv Ophthalmol. 1988;33 (1): 17-27. Review.)

A tomografia de coerência óptica (OCT) é um método de avaliação não invasivo que fornece detalhes precisos da arquitetura da retina e da coriocapilar. Sua aplicação nos casos de osteoma de coroide ainda é pouco descrita na literatura.(55 Ide T, Ohguro N, Hayashi A, Yamamoto S, Nakagawa Y, Nagae Y, Tano Y. Optical coherence tomography patterns of choroidal osteoma. Am J Ophthalmol. 2000;130(1):131-4.,66 Fusawa A, Iijima H. Optical coherence tomography of choroidal osteoma. Am J Ophthalmol. 2002;133 (3): 419-21.))

A ultrassonografia ocular foi imprescindível para o diagnóstico de osteoma de coroide, já a tomografia de coerência óptica foi empregada com a finalidade de se obterem detalhes de sua arquitetura.

REFERÊNCIAS

  • 1
    Shields CL. Choroidal osteoma. In: Guyer DR, Yanuzzi LA, Chang, Shields Já, Green WR, editors. Retina- vitreous- macula. Philadelphia: WB Saunders; 1999. p. 1092-102.
  • 2
    Shields L, Shields JÁ, Augsburger JJ. Choroidal osteoma. Surv Ophthalmol. 1988;33 (1): 17-27. Review.
  • 3
    Gass JD. New observations concerning choroidal osteomas. Int Ophthalmol. 1979;1(2):71-84.
  • 4
    Coston TO, Wilkinson CP. Choroidal osteoma. Am J Ophthalmol. 1978;86(3):368-72.
  • 5
    Ide T, Ohguro N, Hayashi A, Yamamoto S, Nakagawa Y, Nagae Y, Tano Y. Optical coherence tomography patterns of choroidal osteoma. Am J Ophthalmol. 2000;130(1):131-4.
  • 6
    Fusawa A, Iijima H. Optical coherence tomography of choroidal osteoma. Am J Ophthalmol. 2002;133 (3): 419-21.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Mar-Apr 2016

Histórico

  • Recebido
    08 Jan 2015
  • Aceito
    16 Mar 2015
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