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Formação, reciclagem e publicação: o tripé da afirmação

EDITORIAL

Formação, reciclagem e publicação: o tripé da afirmação

O mês de outubro de 2004 pode ter se transformado em um momento histórico para a vida da agora denominada Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-facial. Pelo menos três acontecimentos levam-nos a dar um destaque todo especial a este mês em que realizamos o nosso 37º. Congresso Brasileiro da especialidade: Atingimos o número recorde de participantes inscritos, somente a delegação portuguesa tinha mais de cem integrantes. Foram apresentados 643 trabalhos científicos nos formatos de apresentações orais (262) e posters científicos (381); foi organizada a primeira grande reavaliação dos programas de residência médica em Otorrinolaringologia, credenciados pela ABORL-CCF. Foram visitados 80 serviços por mais de 50 auditores especialmente treinados para isto e, finalmente, após processo que tramitou por dois anos na National Library of Medicine, atingimos a indexação da versão em inglês da Revista Brasileira de Otorrinolaringologia no Index Medicus, o que nos inclui no Medline.

Cada um destes acontecimentos merece um momento de atenção, a começar pelas atividades científicas do Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervicofacial, realizado em Fortaleza. Somos todos sabedores de que o Brasileirão tem como escopo principal a confraternização e convivência amistosa dos especialistas de todas as partes de nosso país-continente. Vem ao largo a intenção de atualização e reciclagem, além da possibilidade de disputa científica com embates intelectuais e apresentações de temas livres científicos. Mas chamou a atenção de nossa comissão científica o enorme afluxo de artigos em formato para publicação, completos, enviados para apresentação. O total de trabalhos aprovados e apresentados rivalizou ao do Meeting da Academia Americana deste ano, realizado em Nova Iorque, com mais de 6000 congressistas. Foram 643 temas aqui e 651 temas lá, mantendo a equivalência entre apresentações orais e posters científicos. Para que o trabalho de avaliação se desse a contento, ofertando treze prêmios para trabalhos (3 melhores trabalhos experimentais, 3 melhores trabalhos de estudo de coorte, 3 melhores trabalhos de ensaio clínico ou caso controle, melhor trabalho de iniciação científica em Otologia, melhor trabalho de iniciação científica em Rinologia, melhor trabalho de iniciação científica em Laringologia e melhor pôster científico), foram escalados, recrutados junto aos maiores serviços do Brasil, 92 profissionais com títulos de Mestrado e Doutorado que durante 30 dias antes do congresso e nos 4 dias de congresso permaneceram em discussões permanentes para dar uma bela noção de disputa científica ao evento.

Passando para a avaliação dos programas de residência médica em Otorrinolaringologia, observamos o grau de maturidade em que a comunidade acadêmica da especialidade se encontra seja pelo profissionalismo demonstrado pela comissão organizadora e equipes de avaliação, seja pela disposição e hospitalidade oferecidos pelos programas visitados. Praticamente todos os programas de residência e especialização em Otorrinolaringologia, credenciados pela ABORL-CCF, foram minuciosamente avaliados de maneira criteriosa, baseada em protocolo detalhadamente confeccionado para contemplar cada aspecto considerado relevante para a boa formação do que venha a ser o especialista habilitado. Antes das visitas uma equipe de especialistas dos mais diversos serviços se reuniu por 4 semanas para determinar o protocolo final e para uniformizar os pontos de subjetividade da avaliação. Cada programa recebeu a visita de dois auditores que coletaram informações junto aos responsáveis pelos serviços e junto aos residentes participantes dos programas.

Este processo está apenas se iniciando, mas os frutos a serem colhidos são óbvios e a simples possibilidade de podermos refletir sobre o que deva ser a formação ideal do otorrinolaringologista já faz valer a pena tanto trabalho.

O terceiro grande acontecimento de outubro, nos parece ser uma conseqüência dos dois anteriores. Vinha sendo um sonho a muito acalentado aumentar a visibilidade da Revista Brasileira de Otorrinolaringologia levando-a a ser indexada por bando de dados internacionais de procura mundial. O maior de todos é o Medline, cuja ferramenta de busca, o Pubmed, é a principal forma de levantamento científico na área médica utilizada no mundo. Há muito tempo o Index Medicus vinha restringindo a entrada de novos títulos da África, Caribe, Ásia e América do Sul na sua plataforma mundial, alegando que cada um destes continentes já tinha uma subsidiária sua com a respectiva indexação. Em nosso caso o Index Medicus Latino Americano. Entretanto, estes bancos de dados não faziam parte do Medline e para acessá-los tínhamos que lançar mão de plataformas regionais de pouco alcance como o LILACS, o que reduzia em muito nossa visibilidade no exterior. A partir de meados de 2003, a política de indexação do Medline mudou, abrindo algum espaço para revista de maior porte e organização das regiões supracitadas. Com o intento de não só conseguir a indexação como também sermos lidos pelo resto do mundo, iniciamos nossa versão em inglês da RBORL e pudemos solicitar sua inclusão no banco de dados da National Library of Medicine. Foi com grande satisfação que a versão em inglês da nossa revista foi aprovada e está catalogada no MEDLINE sob a abreviatura de Rev Bras Otolaringol. Esta abreviatura é extremamente importante, pois cada vez que citarem corretamente um artigo da RBORL ele será contabilizado e o nosso citation index e fator de impacto poderá ser aferido, elevando nossa pontuação nos índices bibliométricos o que é muito importante para a vida de pesquisadores que necessitam de publicações para conseguir incentivos financeiros para suas linhas de pesquisa.

Em suma, este é o final do nosso 70º. Volume e não foi um mau ano... mais de 150 artigos publicados, o site on-line da revista recebendo cerca de 6000 acessos nacionais e 3000 acessos internacionais por mês, destes, cerca de 2000 dos Estados Unidos. O trâmite dos trabalhos sendo feito pela Internet, facilitando a vida do autor, revisor e do leitor e finalmente o nosso banco de imagens, com figuras, fotos e ilustrações em alta definição de todos os artigos publicados nos 70 anos da revista, com mecanismo de busca por autor e palavras-chave já pode ser acessado, ajudando aos palestrantes e professores a confeccionar suas apresentações e aulas.

É, seja bem vindo 2005, que seja tão bom como o ano de 2004.

Henrique Olival Costa

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Abr 2005
  • Data do Fascículo
    Dez 2004
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