epistaxe; obstrução nasal; schwannoma nasal; tumor nasal
RELATO DE CASO
Schwannoma nasal
Giulliano Enrico Ruschi e LuchiI; Marcos Ribeiro MagalhãesII; Soraia Maria LanzelottiIII; José Jarjura Jorge JúniorIV; Eduardo Augusto Santana Ferreira de MendonçaV; Sandra Lira B. MagalhãesVI
IMédico Otorrinolaringologista, Mestrando em otorrinolaringologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
IIMestre em Cirurgia de Cabeça e Pescoço pelo Hospital Heliópolis
IIIMédica
IVProfessor Doutor Titular da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médicas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP
VMédico Otorrinolaringologista
VIMédica Otorrinolaringologista
Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Giulliano Enrico Ruschi e Luchi Av. Francisco Generoso da Fonseca 951 apto. 204 Jardim da Penha Vitória ES 29060-140 E-mail: giuluchi@yahoo.com.br
Palavras-chave: epistaxe, obstrução nasal, schwannoma nasal, tumor nasal.
INTRODUÇÃO
A topografia mais comum dos Schwannomas é no NC VIII (80%). São mais raros na região nasal (4%). No nariz podem se originar das fibras nervosas autônomas ou de ramos do NC V. Malignização é rara (2%). Segundo Hillstrom1, microscopia eletrônica e imunohistoquímica permitem a diferenciação entre esse tumor e o neurofibroma, este com malignização mais comum (12%)1,2.
Schwannoma nasal pode se apresentar com obstrução nasal unilateral progressiva, acompanhada ou não de epistaxe, hiposmia e cefaléia. Ao exame físico, geralmente, a única alteração é uma massa acinzentada na fossa nasal. Pode ter aspecto de lesão vegetativa ou pólipo, muito vascularizados e sangrantes. Nasofibroscopia e TC são necessários para avaliar extensão tumoral e programação cirúrgica. O diagnóstico definitivo se dá pelo histopatológico. O tratamento é a exérese cirúrgica do tumor. Biópsia pré-operatória auxilia no diagnóstico diferencial de outras massas nasais.
APRESENTAÇÃO DO CASO
Mulher, 18 anos, com aumento de volume em pirâmide nasal à direita e epistaxes recorrentes que cessavam espontaneamente, há 6 meses, obstrução nasal e hiposmia. À rinoscopia anterior, presença de massa de aspecto violáceo e consistência amolecida, indolor à palpação, ocluindo a fossa nasal direita. TC de seios paranasais mostrou lesão altamente vascularizada em região anterior da fossa nasal, não atingindo a nasofaringe. Realizada biópsia ambulatorial e anatomopatológico, com diagnóstico de pólipo inflamatório com revestimento metaplásico. Feito rinotomia lateral, com exérese da massa e cauterização do leito de ressecção. Histopatológico da peça evidenciou schwannoma nasal benigno. Após 18 meses não havia evidência de recidiva local.
DISCUSSÃO
Existem cerca de 70 relatos de schwannoma nasal na literatura. A maioria são adultos entre a quarta e sexta décadas de vida, enquanto nossa paciente tem 18 anos de idade. Segundo Hasegawa3, a idade dos pacientes com esse tipo de relato variou entre 12 e 76 anos1-3. No relato de Leakos4 a paciente apresentava obstrução nasal, anosmia e deformidade da pirâmide nasal, porém sem epistaxe. Os casos relatados por Lacosta5 e Alessandrini6 tinham como queixa apenas a obstrução nasal. Hasegawa3 revisou 6 casos e conclui que o sintoma mais comum é a obstrução nasal, mas inclui também a epistaxe, como ocorria com nossa paciente3-6. À rinoscopia anterior, a maioria dos relatos descrevem massas acinzentadas, porém no nosso caso apresentou-se violácea. Mais comumente, TC revelou invasão pelo TU das cavidades paranasais, nasofaringe e região intracraniana, mas em nosso caso a massa estava limitada à fossa nasal. A abordagem cirúrgica através da rinotomia lateral, como fizemos, é a técnica preferida pela maioria dos autores consultados, mas também há relatos de remoção por via endoscópica.
COMENTÁRIOS FINAIS
Por ser um tumor raro, assim como nos relatos da literatura, a suspeita diagnóstica de schwannoma nasal não foi levantada inicialmente, tendo o diagnóstico sido confirmado pelo histopatológico.
Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da RBORL em 10 de março de 2005. Cod. 68.
Artigo aceito em 25 de maio de 2006.
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP.
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1Hillstrom RP, Zarbo RJ. Nerve sheath tumors of the paranasal sinuses. Electron microscopy and histopathologic diagnosis. Otolaryngol Head Neck Surg 1990;102:257-63.
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2Iwamura S, Sugiura S, Nomura Y. Schwannoma of the nasal cavity. Arch Otolaryngol 1972;96:176-7.
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3Hasegawa S L, Mentzel T, Fletcher C D. Schwannomas of Sinonasal Tract and Nasopharynx. Mod Pathol 1997;10(8):777-84.
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4Leakos M, Brown D H. Schwannoma of the Nasal Cavity. J Otolaryngol 1993;22(2):106-7.
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5Lacosta J, Zabaleta M, Sanchez Del Hoyo A, Extracranial Schwannoma. Report of seven cases. Acta otorrinolaringol Esp 1999;50(7):587-9.
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6Alessandrini M, Nucci R, Giacomini P G, Federico F, Bruno E. A Case of Solitary Nasal Schwannoma. Na Otorrinolaringol Ibero Am 2001;28(2):201-8.
Endereço para correspondência:
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
21 Dez 2006 -
Data do Fascículo
Out 2006
Histórico
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Aceito
25 Maio 2006 -
Recebido
10 Mar 2005