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Fundamentos de organização e métodos

RESENHA BIBLIOGRÁFICA

Luís César G. de Araújo

Fundamentos de organização e métodos

Por Michael E. Addison. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1973.

O título do livro justifica o conteúdo. O autor de Fundamentos de organização e métodos procura fornecer ao iniciante na matéria uma razoável dose de técnicas voltadas à solução de problemas administrativos.

A "orelha" do livro informa que Addison tenta uma abordagem não mecanicista da função de O&M, ou seja, procura mostrar que o trabalho de O&M não é apenas o de usar métodos exclusivamente, mas sim o de utilizar métodos e um certo grau de compreensão do comportamento humano. Esta tentativa é evidente quando a função ê definida como sendo "uma função especializada que se estabeleceu para aconselhar na introdução de novos métodos de administração... sem impor um esforço insuportável ou causar danos reais à estrutura social da empresa". Este "causar danos reais" pode ser entendido como sendo a atuação do analista em termos mecanicistas, dando, como ficou claro, maior relevância à metodologia do que ao corpo social da organização.

A preocupação de Addison em dar um sentido comportamentalista não está localizada apenas na definição que ele propõe. Já no primeiro capítulo, onde são considerados os antecedentes de O&M, afirma o autor que não podemos dissociar organização de métodos, isto é, não podemos dar caráter dicotômico a problemas de simplificação (fluxogramás, estudos de formulários, lay-outs, etc.) e de estruturas (formulação e reformulação de organogramas, elaboração de manuais globalizantes, etc). O fato de o analista de O&M preocupar-se essencialmente com métodos pode retirar sua capacidade de entender a organização nos seus aspectos estruturais e, também, comportamentais. Preso à análise de rotinas, que mais o prende ao uso de métodos, seu relacionamento pessoal fica restrito a um pequeno grupamento de pessoas.

Em seguida, é feita a consideração na qual o interesse por pessoas pode gerar, em seu benefício, maior aceitação pelo trabalho que executa e, com isso, uma diminuição do natural processo de resistência que todos conhecemos. O comportamento do analista de O&M é fundamental, tendo em vista a natureza do seu trabalho na organização. Como sabemos, o analista não detém autoridade formal no interior da escala hierárquica, mas detém a faculdade de aconselhar, recomendar, sugerir. O que significa dizer: não decide. Embora sem autoridade formal, o analista é investido de condições que podem torná-lo um especialista com autoridade reconhecida; em outras palavras, a autoridade do saber. Por isso seu comportamento não pode ser predominantemente mecanicista.

Addison dá grande relevo ao processo de entrevistas, o que parece demonstrar sua disposição em "humanizar" o pessoal de O&M. Dentre alguns conselhos específicos sobre a técnica da entrevista, podemos destacar:

a) não se apresente como especialista em eficiência. Aquele que se intitula como portador da sabedoria, em geral, consegue granjear comportamentos agressivos, ou pior, ter o silêncio como constante de resposta ao seu excesso de saber;

b) o analista de O&M não deve responder à pergunta que faz. Os iniciantes nesta função têm por hábito demonstrar que sabem tanto quanto - ou mais - do que aquele que está sendo questionado. Segundo Addison, isto provoca as mesmas reações já citadas;

c) a entrevista não pode ser excessivamente orientada. Em outras palavras, o analista não deve procurar a resposta que ele quer. É o entrevistado quem responde o que quer. A orientação deve auxiliar, não determinar;

d) o analista deve aguardar a resposta. É comum encontrar pessoas que preferem pensar muito para responder certo. Segundo o autor, as respostas morosas que são corretas têm muito mais utilidade que o palavreado espontâneo, sugestivo, envolvente, mas inexato.

Estes conselhos, conhecidos por muitos, servem para que seja dado o passo inicial em processos de mudança. A entrevista ê, na grande maioria dos casos, o fator determinante na atuação do analista de O&M: mecanicista ou não mecanicista. Atentando para os dados citados e que são encontrados com mais ampla colocação no livro, o analista penetrará na área que mais agrada ao autor, qual seja a de tornar o trabalho do analista voltado para a organização e os métodos.

O leitor encontrará ainda técnicas sobre medição do trabalho de escritório, elaboração de formulários e análise de lay-out. Infelizmente, não encontrará o índice analítico tão importante quanto esquecido por muitas de nossas editoras.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Ago 2013
  • Data do Fascículo
    Abr 1975
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