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The anatomy of decisions

RESENHA BIBLIOGRÁFICA

Kurt E. Weil

Moore, P. G. & Thomas, H. The anatomy of decisions. Harmondsworth, Middlesex, England, Penguin Books, 1976. 243 p. Penguin Modern Management Texts, indices, bibliografia, glossário, problemas resolvidos - solução das questões do texto, índice remissivo. Brochura.

É uma ciência nova, mas bem definida, a da "tomada de decisão". Baseando-se em conhecimentos de matemática de Bayes e teoremas de Laplace e outros, quase todos do século XVIII, começou com Schlaiffer na Harvard Business School, Raiffa e outros uma nova metodologia. Esta é hoje mais conhecida pela árvore de decisão e pelas curvas de preferência, e seu começo foi em 1954. Entretanto, só como curso de dois semestres de Raiffa como professor-visitante em Stanford se deu a coesão científica do campo. Hoje, entre outros, o Prof. Paulo C. Goldschmidt ensina estes procedimentos na EAESP/FGV.

O título dado ao livro é algo infeliz, mas eventualmente deve funcionar como chamariz. Seria preferível chamá-lo "Técnicas de decisão".

O livro apresenta um total de 12 capítulos e um prefácio dos autores da London Grad. Business School, onde ambos dirigem em conjunto a área de análise de decisão. Os dois professores são de estatística e de pesquisa operacional. São os seguintes os capítulos:

1. Situações de decisão

2. "O caso do contador de rotações" - discussão de caso

3. A escolha de um critério

4. Árvores de decisão

5. A síntese de informações

6. Mais árvores de decisão

7. Dando probabilidades a acontecimentos sob incerteza

8. Distribuição das probabilidades

9. Dando valores a resultados de procedimentos, Curvas de preferência (utility assessment)

10. Resultados de múltiplos procedimentos valorizados

11. Análise de risco

12. Pondo as coisas na prática.

Nunca fui professor dessa disciplina, mas assisti a muitos cursos, entre os quais o inicial, básico, de Raiffa, quando o seu livro era usado como texto, ainda na forma manuscrita e passado pelo copiador a álcool (em 1965 o xerox ainda não facilitava a vida universitária). Mas o livro de Moore & Thomas tem tudo o que aprendi em diversos cursos e até casos meus conhecidos na Harvard Business School se encontram completamente e acertadamente resolvidos.

A teoria de decisão e a árvore de decisão são uma maneira estruturada de atribuir probabilidades e valores em Cr$ (resultados) e determinados eventos. Uma das principais vantagens dessa estrutura é que o administrador pode visualizar todas as eventuais conseqüências de cada atividade ou de cada solução para o problema. Então somente a estrutura permite já ao administrador ver quais os problemas e as conseqüências. Contou H. Raiffa que a Dupont - onde estudou o uso na prática, da árvore de decisão - no caso de lançamento de um produto, aquele entre 12 decisões de produto que teve menor número de ramos (ou galhos) na árvore de decisão tinha 114 ramificações. Nestes casos os cálculos exigem um computador de mesa para a solução. (Hoje isso pode ser feito por máquinas eletrônicas de bolso de calcular programáveis.)

A colocação de probabilidades a priori é um outro exercício para o gerente ou diretor de empresa, que o faz pensar muito mais do que normalmente teria de fazer, na probabilidade eventual de cada alternativa. Assim a empresa pela estruturação e colocação de probabilidades ganha conhecimentos sobre o que vai fazer.

As probabilidades a priori podem ser modificadas a posteriori. Isso quer dizer, como mostra o livro, que quando temos uma pesquisa de mercado, seus resultados podem ser modificados pelas primeiras vendas ou estudos de mercados teste e piloto.

Outro assunto excelentemente exposto pelo livro são as curvas de preferência individuais. Essas curvas definem a aversão ao risco dos administradores. É mais complexo, muitas vezes, saber fazer as perguntas para achar os dados para a curva individual de preferência, do que aplicar posteriormente a curva. Infelizmente o livro não dá um dos usos mais interessantes dessa curva, a de probabilidade de consistência do comportamento individual. De fato, muitas vezes a aversão ao risco, de um planejador de vendas, faz aparecer constantes previsões inferiores à realidade posterior, que nas empresas a própria área de produção corrige. Assim, se há consistência probabilística de que a previsão de certo diretor é 10% inferior às vendas reais, então produção e compras se preparam sempre para ultrapassar de 11% a previsão, engolindo eventuais sobras (também probabilísticas).

Fora dessa pequena falha, o livro cobre tudo o que é essencial saber sobre a decisão matemático-probabilística no nível de pós-graduação de administração ou engenharia ou economia. Tratando-se de um pequeno livro em tamanho, a impressão é algo pequena, mas clara. A sua utilidade é aumentada pelo excelente índice alfabético-remissivo, um glossário claro, que realmente define o conceito, uma bibliografia moderna e fácil de encontrar. Em síntese, um ótimo livro para empresa e ensino.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Ago 2013
  • Data do Fascículo
    Ago 1977
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