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Organização do trabalho: uma abordagem interdisciplinar e sete estudos sobre a realidade brasileira

RESENHA BIBLIOGRÁFICA

Luís César G. de Araújo

Fleury, Afonso Carlos Correa & Vargas, Milton, coord. Organização do trabalho; uma abordagem interdisciplinar e sete estudos sobre a realidade brasileira. São Paulo, Atlas. 1983.

Num certo momento da apresentação que os editores fazem a respeito da obra em resenha, temos: "Nestes termos, o texto não adota a aparência de neutralidade técnica que os manuais de administração da produção procuram transmitir." Logicamente,, não cremos que a neutralidade técnica seja um impedimento, mas sim uma característica natural das obras que, ao tratar de seus assuntos, não queiram, ou não possam, enveredar pelo caminho da exemplificação ou pela exposição de situações ocorridas dentro da nossa realidade. E é isso que os editores parecem querer passar a nós, leitores.

Não há nenhuma dúvida em considerar como correto o propósito da obra. Fleury e Vargas coordenam os trabalhos desenvolvidos por 11 profissionais - ambos incluídos - e conseguiram dar uma dinâmica ao texto que em momento algum dificulta a interpretação e o entendimento dos leitores. A princípio seria lícito imaginar um livro de difícil assimilação face ao seu "vasto elenco" de autores. Mas não é!.

Os próprios coordenadores mostram como conseguiram dar uma certa unidade ao tema organização e trabalho. Segundo eles, "os textos foram organizados de forma que apresentassem didaticamente os diferentes aspectos da problemática, possibilitando a conceituação e a delimitação da área da organização do trabalho". Assim, o livro consta de duas partes distintas. A primeira cuida do aquecimento do leitor, toda ela dominada por conceitos e alguma generalização teórica. Tudo isso é apresentado através dos capitulos que tratam de: a) aspectos conceituais; b) a questão da produtividade; c) problemas de metodologia. O texto não cansa: pelo contrário, a leitura pode ser rápida e o entendimento imediato. Os autores responsáveis por essa primeira parte - quatro, apenas - procuraram não analisar profundamente nenhum dos tópicos listados no sumário. Não é esse o propósito. Queriam, apenas, e conseguiram, a atenção do leitor para a segunda parte, qual seja, a da exposição de sete estudos da realidade brasileira.

É certo que na exposição dos sete casos reside o maior e inegável mérito do trabalho desenvolvido pelos grupos de profissionais da USP e Coppe/ UFRJ . Todos sabemos das enormes barreiras e dificuldades de toda sorte que cercam e afogam o esforço do pesquisador da realidade de nossas empresas. É certo, também, imaginar que esses sete casos, agora colocados às mãos do leitor confortavelmente instalado em sua sala de trabalho ou residência, exigiram um esforço muito grande.

Fica difícil destacar algum desses sete casos. Vale, contudo, mencionar de que tratam. O primeiro caso é apresentado a partir do capítulo 4 e cuida de princípios tayloristas que Fleury pesquisou na prática, encontrando resultados que contraditam alguns desses princípios. O segundo caso está ligado ao enriquecimento de cargos (job enrichment) numa indústria metalúrgica. A indústria siderúrgica e o seu processo de trabalho compõem o terceiro caso. O quarto caso é apresentado por Heitor Mansur Caulliraux, que demonstra as várias formas de organização do trabalha na indústria de confecções, desde as formas tradicionais até as consideradas mais modernas. O quinto caso versa sobre bancos, havendo por parte dos autores uma preocupação com o uso de equipamentos eletrônicos, Hoje uma rotina na organização do serviço bancário. O sexto caso volta ao taylorismo e a pesquisa está relacionada à taylorização ou não do trabalho no ramo da engenharia civil. 0 último caso coloca ao leitor algumas inquietações na área do processamento eletrônico de dados

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Jun 2013
  • Data do Fascículo
    Set 1983
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