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Sobre o envelhecimento gerencial

Resumos

Neste artigo, pretende-se tratar das formas de envelhecimento observadas no campo gerencial, dando especial enfoque ao conflito geracional. Argumenta-se que este gênero de disputa é um importante produtor de dinâmica na vida das organizações, tendo forte poder explicativo no esclarecimento dos processos de mudanças organizacionais e tecnológicas. O texto mostra as diferenças entre idade cronológica e idade social, levantando formas através das quais coortes mais jovens de gerentes tentam fazer envelhecer aqueles que os precederam e algumas maneiras encontradas por estes últimos para se contrapor à ofensiva das novas gerações.

Executivos; conflitos geracionais; associações de executivos; ética


This paper deals with the managerial's aging pointing specially it the generational conflito It sustains that this kind of dispute is a very important producer of dynamics in the organizational life, explaining some processes of bureaucratic and technological changes. The text shows the distinction between the chronological and the social age, showing the way the young gereration of managers attemtps make their elders grey and some weapons that the old generation found to resist the attack of the youngsters.

Managers; generation conflict; managers's associations; ethics


ARTIGO

Sobre o envelhecimento gerencial

Roberto Grun

Professor do Departamento de Engenharia de Produção da Universadade Federal de São Carlos e Pesquisador do IDESP

RESUMO

Neste artigo, pretende-se tratar das formas de envelhecimento observadas no campo gerencial, dando especial enfoque ao conflito geracional. Argumenta-se que este gênero de disputa é um importante produtor de dinâmica na vida das organizações, tendo forte poder explicativo no esclarecimento dos processos de mudanças organizacionais e tecnológicas. O texto mostra as diferenças entre idade cronológica e idade social, levantando formas através das quais coortes mais jovens de gerentes tentam fazer envelhecer aqueles que os precederam e algumas maneiras encontradas por estes últimos para se contrapor à ofensiva das novas gerações.

Palavras-chave: Executivos, conflitos geracionais, associações de executivos, ética.

ABSTRACT

This paper deals with the managerial's aging pointing specially it the generational conflito It sustains that this kind of dispute is a very important producer of dynamics in the organizational life, explaining some processes of bureaucratic and technological changes. The text shows the distinction between the chronological and the social age, showing the way the young gereration of managers attemtps make their elders grey and some weapons that the old generation found to resist the attack of the youngsters.

Key words: Managers, generation conflict, managers's associations, ethics.

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1. Em outro texto discuto algumas linhas de produção da dinâmica de mudanças organizacionais produzidas a partir de conflitos intrageracionais.

2. BORDIEU, P. Ce que parler veut dire. Paris: Fayard, 1982.

3. ETZIONI, A. Organizações complexas. Rio de Janeiro: USAID,1967.

4. REISS, G. Development of Brazilian industrial entreprise, a historical perspective, Berkley, 1980. (Tese de Doutoramento). O autor analisa esta evolução para três grandes empresas brasileiras do período anterior a 1964 - a Matarazzo, a Votorantim e a Villares, que realizaram esta transformação com um grau muito distinto de sucesso.

5. KOONTZ, H.; O'DONNELL,C.: Princípio de administração: uma análise das funções administrativas. São Paulo: Pioneira, 1962.

6. KAPLlNSKY, R. Automation, the technology and society. Harlow: Longman, 1984.

7. O conceito de "economia pulsional", empregado na sociologia histórica por ELIAS, N. La dynamique de l'Occident. Paris: Calmann-Levy, 1975; desde a década de 30 fornece uma boa solução provisória para a ligação problemática entre os níveis macro e micro sociológico, que continua sendo uma questão de fronteira na disciplina.

8. VILLETIE, M. L'homme que croyaitau au management. Paris: Seuil, 1988.

9. FAORO, R. Os Filhos da Folha. Porto Alegre: Globo, 1979.

10. Este fenômeno é análogo ao "isomorfismo mimético" proposta por POWEL, W.W.; DIMAGGlO, P.J. The new institutionalism in organizational analysis. Chicago: University of Chicago Press, 1991.

11. A análise se complica um pouco porque o investigador não está tão advertido da necessidade de objetivação para este tipo de conflito, quanto já está para outras formas de exibição da dinâmica social. Aqui, ele tem muitos traços de socialização em comum com uma das classes de agentes, tendendo assim a considerar "universais" alguns pontos de visita de seus coetâneos.

12. SEGNINI, L. Bradesco: A liturgia do poder. São Paulo: PUCSP, 1986. (Tese de Doutoramento).

13. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

14. BERNSTEIN, B. Languagem et classes sociales. Paris: Minuit, 1977.

15. ATTIAS-DOFUNT, C. Sociologie des generations. Paris: PUF, 1988.

16. BERNSTEIN, L. Op. cit.

17.DUBY, G. Au XII siècle: Les 'jeunes' dans la societé aristocratique. Annales, vol. 19, nº 6, p. 835-846, 1964.

18. DUBY, G. Op. cit.

19.SCHORKE, C. Conflit de générrations et changement cuturei. Réflexions sur le cas de Vienne. Acts de la Recherche en Sciences Sociales, nº 26-27, p. 109-116,1979.

20. SCHORKE, C. Op. cit.

21. GRUN, R. Armênios em São Paulo: negócios & famílias. São Paulo: Sumaré, 1992.

22. GRUN, R. A produção de uma empresa moderna: os bancários e a aotumação. São Paulo: PUCSP, 1985. (Dissertação de Mestrado).

23. Seria interessante ler a disputa eleitoral entre Fernando Henrique Cardoso (FHC) e JQ visando à prefeitura da cidade de São Paulo em 1985 sob esta ótica. Afinal, mais do que nunca, FHC encarnou os novos agentes com seu discurso e apresentação "modernos', contrapostos ao de JQ de lapelas e gravatas largas e voz empostada, mas uma enorme capacidade de expressar subliminarmente o ressentimento daquela coorte.

24. ZILBOVICIUS, M.; FERRO, J.R.; GRUN, R. Novas estratégias patronais e novas respostas operárias: a Operação Vaca. Campos de Jordão: ANPOCS, 1986.

25. A entrevista foi realizada no primeiro semestre de 1988, no período da "Comissões Temáticas" da elaboração da Constituição de 1988. Neste momento, todos os olhos estavam voltados para a preparação da nova armadura institucional. Neste campo de especialistas de RI, era profunda a ansiedade causada pela iminência de alterações profundas na legislação trabalhista. Que afinal não foi modificada.

26. Numa amostra que recolhemos em GRUN, R. A produção de uma empresa moderna: os bancários e a automação. Op, Cit., na cidade de São Paulo, agentes deste tipo reivindicam uma origem próxima, européia ou japonesa, que lhe dava "... sangue bom para trabalhar honestamente e saber esperar pela justa recompensa ...". O agente que apresentamos agora é em vários sentidos um homólogo daquela série. Entretanto, nada impede que, em zonas não tocadas pela imigração maciça, encontremos outro tipo de auto-identificação.

27. As visões do mundo dos nossos autores estão claramente sobredeterminados pelas suas trajetórias e pelo ponto delas onde eles se localizam no momento. Seria interessante, em, enquanto tema de uma pesquisa de cunho mais histórico, saber a interpretação da estrutura social que nos forneceria o autodidata num momento de auge de sua carreira ou, já no campo de ficção científica, as opiniões dos nossos hoje gerentes triunfantes quando do caso de sua vida profissional. Poderfamos então analisar melhor o peso relativo dos fatores origem e escolaridade Que hoje encontram-se confundidos.

28.GRUN, R. Quem é o moderno? Um estudo sobre as estratégias discursivas dos gerentes brasileiros. Revista Brasileira de Ciências, ANPOCS, nº 18, p. 96­108.

29. FOLHA DE São Paulo, p. F1, 03 jan. 1990.

30. Sobre as questões simbólicas abertas pela polissemia do tempo "executivo"e suas influências na estruturação da categoria e de suas relações com os empresários, ver GRUN, R. Quem é moderno? Um estudo sobre as estratégias discursivas dos gerentes brasileiros, Op. cit.

31. GRIGNON, C. L 'ordre des choses. Paris: Minuit, 1971.

32. A importância que os agentes concedem aos diversos órgãos da imprensa de negócios é difícil de ser avaliada por causa da influência pouco clara dos periódicos estrangeiros. Em todo caso, a Editora Abril, responsável pela Revista Exame, considerava, mercadologicamente, como os concorrentes para a veiculação de propaganda que tenha como alvo o público executivo, a revista Senhor e os encartes da Gazeta Mercantil. No momento das entrevistas, encontrei referências espontâneas somente a Revista Exame e aos jornais O Estado de São Paulo e Gazeta Mercantil. O efeito da concorrência interna no campo da imprensa pode evidentemente fazer mudar essas lembranças.

33. BOURDIEU, P. Choses dites. Paris: Fayard, 1982.

34. Os dados sobre o debate estão em Le Monde: affaires, p. 15, 27 OUT. 1988.

35. VILLETTE, Op. cit.

36. GOFFMAN, E. Les rites d'irenteractions. Paris: Minuit, 1974.

37. BORDIEU, P. La distinction. Paris: Minuit, 1979.

38. MARTINS, C. B. A empresa cultural no Brasil:: um estuto de caso no superior privado. São Paulo: PUCSP, 1979. (Dissertação de mestrado).

39. GRUN, R. Taylorismo e fordismo no trabalho bancário: agentes e cenários. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo: ANPOCS, vol. 1, nº 2, p.13-27,1986.

40. WHYTE JR., W.H. The Organization Man. Nova Iorque: Simon & Schuster, 1956.

41. Ver Business Week, nº 2971, 10 dez. 1986.

42. WHYTE, Jr., W.H. Op. cit.

43. Os interlocutores referiamse principalmente às mudanças constantes de emprego encetadas pelos executivos brasileiros.

44. JORNAL do Brasil, 28 dez. 1981.

45. GRUN, R. A produção de uma empresa moderna: os bancários. Op. cit.

46. LODI, J. B. Gazeta Mercantil, 27 ago. 1987.

47. SIMCSKI, Tibor. O Estado de São Paulo, 01 aço, 1987.

48. ILBOBICIUS, M. Op. cit.

49.GRUN, R. Trabalho manual e trabalho intelectual: algumas considerações a partir da situação empírica do Brasil dos anos 80. Rio de Janeiro: ANPAD,1987.

50. É de se perguntar sobre os efeitos dos ecos do Movimento Estudantil sobre os novos engenheiros, aumentando a sua predisposição a reconhecer a cidadania das camadas populares e dos operários especificamente.

51. Os "exemplos de sucesso" são experiências relatadas por "Ris' em seus grupos informais de pares, onde o narrador em geral um dos membros mais bem-sucedidos da confraria episódios de sua atuação na empresa no qual ele realça a sua defesa bem-sucedida do 'ponto de vista" de RI face às posições dos demais executivos da empresa. Ver a respeito DUTRA, J.S. Profissionais de recursos humanos. São Paulo: EAESP/FGV, 1987. (Dissertação de Mestrado).

52. Os esquemas de venda dirigidos, empregados em empreendimentos como "Alphaville" podem indicar uma tendência num sentido contrário como uma espécie de reação ao controle social de origem das vizinhanças. Certamente esta questão mereceria um estudo aprofundado.

  • 2. BORDIEU, P. Ce que parler veut dire. Paris: Fayard, 1982.
  • 3. ETZIONI, A. Organizações complexas. Rio de Janeiro: USAID,1967.
  • 4. REISS, G. Development of Brazilian industrial entreprise, a historical perspective, Berkley, 1980. (Tese de Doutoramento).
  • 5. KOONTZ, H.; O'DONNELL,C.: Princípio de administração: uma análise das funções administrativas. São Paulo: Pioneira, 1962.
  • 6. KAPLlNSKY, R. Automation, the technology and society. Harlow: Longman, 1984.
  • 7. O conceito de "economia pulsional", empregado na sociologia histórica por ELIAS, N. La dynamique de l'Occident. Paris: Calmann-Levy, 1975;
  • 8. VILLETIE, M. L'homme que croyaitau au management. Paris: Seuil, 1988.
  • 9. FAORO, R. Os Filhos da Folha. Porto Alegre: Globo, 1979.
  • 10. Este fenômeno é análogo ao "isomorfismo mimético" proposta por POWEL, W.W.; DIMAGGlO, P.J. The new institutionalism in organizational analysis. Chicago: University of Chicago Press, 1991.
  • 12. SEGNINI, L. Bradesco: A liturgia do poder. São Paulo: PUCSP, 1986. (Tese de Doutoramento).
  • 13. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
  • 14. BERNSTEIN, B. Languagem et classes sociales. Paris: Minuit, 1977.
  • 15. ATTIAS-DOFUNT, C. Sociologie des generations. Paris: PUF, 1988.
  • 17.DUBY, G. Au XII siècle: Les 'jeunes' dans la societé aristocratique. Annales, vol. 19, nº 6, p. 835-846, 1964.
  • 19.SCHORKE, C. Conflit de générrations et changement cuturei. Réflexions sur le cas de Vienne. Acts de la Recherche en Sciences Sociales, nº 26-27, p. 109-116,1979.
  • 21. GRUN, R. Armênios em São Paulo: negócios & famílias. São Paulo: Sumaré, 1992.
  • 22. GRUN, R. A produção de uma empresa moderna: os bancários e a aotumação. São Paulo: PUCSP, 1985. (Dissertação de Mestrado).
  • 24. ZILBOVICIUS, M.; FERRO, J.R.; GRUN, R. Novas estratégias patronais e novas respostas operárias: a Operação Vaca. Campos de Jordão: ANPOCS, 1986.
  • 28.GRUN, R. Quem é o moderno? Um estudo sobre as estratégias discursivas dos gerentes brasileiros. Revista Brasileira de Ciências, ANPOCS, nº 18, p. 96­108.
  • 31. GRIGNON, C. L 'ordre des choses. Paris: Minuit, 1971.
  • 33. BOURDIEU, P. Choses dites. Paris: Fayard, 1982.
  • 36. GOFFMAN, E. Les rites d'irenteractions. Paris: Minuit, 1974.
  • 37. BORDIEU, P. La distinction. Paris: Minuit, 1979.
  • 38. MARTINS, C. B. A empresa cultural no Brasil:: um estuto de caso no superior privado. São Paulo: PUCSP, 1979. (Dissertação de mestrado).
  • 39. GRUN, R. Taylorismo e fordismo no trabalho bancário: agentes e cenários. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo: ANPOCS, vol. 1, nº 2, p.13-27,1986.
  • 40. WHYTE JR., W.H. The Organization Man. Nova Iorque: Simon & Schuster, 1956.
  • 46. LODI, J. B. Gazeta Mercantil, 27 ago. 1987.
  • 47. SIMCSKI, Tibor. O Estado de São Paulo, 01 aço, 1987.
  • 49.GRUN, R. Trabalho manual e trabalho intelectual: algumas considerações a partir da situação empírica do Brasil dos anos 80. Rio de Janeiro: ANPAD,1987.
  • 51. Os "exemplos de sucesso" são experiências relatadas por "Ris' em seus grupos informais de pares, onde o narrador em geral um dos membros mais bem-sucedidos da confraria episódios de sua atuação na empresa no qual ele realça a sua defesa bem-sucedida do 'ponto de vista" de RI face às posições dos demais executivos da empresa. Ver a respeito DUTRA, J.S. Profissionais de recursos humanos. São Paulo: EAESP/FGV, 1987. (Dissertação de Mestrado).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Jun 2013
  • Data do Fascículo
    Abr 1993
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