Acessibilidade / Reportar erro

Ecologia organizacional: implicações para a gestão e algumas pistas para a superação de seu caráter anti-management

Resumos

O artigo mostra que a ecologia organizacional é um dos domínios teóricos mais em evidência no atual panorama das ciências organizacionais. Ele está estruturado em torno da análise teórica de duas questões centrais: a) Quais as razões do desenvolvimento súbito da ecologia organizacional e de seu elevado consenso paradigmático? b) É a ecologia organizacional uma abordagem realmente anti-management? Apresentam-se as razões que conduziram à emergência da ecologia organizacional, seguindo-se a exploração de algumas de suas implicações para a gestão de empresas, concluindo-se com algumas pistas para a superação de seu caráter anti-management.

Ciência organizacional; ecologia organizacional; teoria da contingência; teorias organizacionais anti-management


The article shows that organizational ecology is a theoretical realm most in evidence in recent organizational science. It deals with two main questions of theoretical analysis: a) Which are the reasons for the sudden development of organizational ecology and its high paradigmatic consensus? b) Is organizational ecology a real antimanagement approach? Reasons that lead to prominence of organizational ecology are presented and followed by explanations of some consequences in enterprise management, including some gists in order to surpass its anti-management profile.

Organizational science; organizational ecology; contingency theory; anti-management theories of organization


ORGANIZAÇÃO, RECURSOS HUMANOS E PLANEJAMENTO

Ecologia organizacional: implicações para a gestão e algumas pistas para a superação de seu caráter anti-management

Miguel Pina e Cunha

Mestre em Comportamento Organizacional pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA – Portugal), Doutor em Marketing pela Universidade de Tilburg (Holanda) e Professor Auxiliar na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa. E-mail: mpc@feunix.fe.unl.pt

RESUMO

O artigo mostra que a ecologia organizacional é um dos domínios teóricos mais em evidência no atual panorama das ciências organizacionais. Ele está estruturado em torno da análise teórica de duas questões centrais: a) Quais as razões do desenvolvimento súbito da ecologia organizacional e de seu elevado consenso paradigmático? b) É a ecologia organizacional uma abordagem realmente anti-management? Apresentam-se as razões que conduziram à emergência da ecologia organizacional, seguindo-se a exploração de algumas de suas implicações para a gestão de empresas, concluindo-se com algumas pistas para a superação de seu caráter anti-management. Organização, Recursos Humanos e Planejamento.

Palavras-chave: Ciência organizacional, ecologia organizacional, teoria da contingência, teorias organizacionais anti-management.

ABSTRACT

The article shows that organizational ecology is a theoretical realm most in evidence in recent organizational science. It deals with two main questions of theoretical analysis: a) Which are the reasons for the sudden development of organizational ecology and its high paradigmatic consensus? b) Is organizational ecology a real antimanagement approach? Reasons that lead to prominence of organizational ecology are presented and followed by explanations of some consequences in enterprise management, including some gists in order to surpass its anti-management profile.

Key words: Organizational science, organizational ecology, contingency theory, anti-management theories of organization.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

NOTAS

1. Apesar do papel normalmente conferido ao artigo de Hannan e Freeman, o tema já havia sido abordado em trabalhos anteriores, a saber, na tese de doutorado de Fischmann (1972).

2. O Grupo de Lisboa, composto por 19 membros provenientes da Europa Ocidental, Japão e América do Norte, procede à análise do papel da competição no mundo atual e, rejeitando a filosofia do competitivismo, dedicase à tentativa de criação de novas formas de regulação mundial.

  • BAUM, J. A. C., SINGH, J. V. Organization-environment coevolution. In: BAUM, J. A. C., SINGH, J. V. (Eds.). Evolutionary dynamics of organizations New York: Oxford University Press, 1994. p. 379-401.
  • BOEKER, W. Organizational strategy: an ecological perspective. Academy of Management Journal, v. 34, n. 3, p. 613-35, 1991.
  • BURGELMAN, R. A. Strategy-making and organizational ecology: a conceptual integration. In: SINGH, J. V. (Ed.). Organizational evolution: new directions Beverly-Hills: Sage, 1990. p. 164-181.
  • CROZIER, M., FRIEDBERG, E. L'acteur et le système Paris: Seuil, 1977.
  • CUNHA, M. P. Organizações, recursos e a luta pela sobrevivência. RAE - Revista de Administração de Empresas, v. 33, n. 5, p. 34-47, set./out. 1993.
  • Di MAGGIO, P., POWELL, W. W. The iron cage revisited: institucional isomorphism and collective rationality in organizational fields. American Sociological Review, v. 48, p.147-60, 1983.
  • DONALDSON, L. American anti-management theories of organization: a critique of paradigm proliferation. Cambridge: Cambridge University Press, 1995.
  • FISCHMANN, A. A. Algumas aplicações de ecologia de empresas Tese (Doutorado) - Faculdade de Economia e Administração, USP, 1972.
  • GARCIA-MARQUES, T. Decisão: racionalidade e intuição. Comportamento Organizacional e Gestão, v. 1, n. 1, p. 67-76, 1995.
  • GRUPO DE LISBOA. Limites à competição Mem-Martins: Europa-América, 1994.
  • HANNAN, M. T., FREEMAN, J. The population ecology of organizations. American Journal of Sociology, v. 82, p.924-64, 1977.
  • HANNAN, M. T., FREEMAN, J. Structural inertia and organizational change. American Sociological Review, v. 49, p.149-64, 1984.
  • HANNAN, M. T., FREEMAN, J. Organizational ecology Cambridge: Harvard University Press, 1989.
  • McKELVEY, B., ALDRICH, H. Populations, natural selection and applied organizational science. Administrative Science Quarterly, v. 28, p. 101-28, 1983.
  • PFEFFER, J. Barriers to the advance of organizational science: paradigm development as a dependent variable. Academy of Management Review, v. 18, p. 599-620, 1993.
  • PFEFFER, J., SALANCIK, G. R. The external control of organizations New York: Harper e Row, 1978.
  • SCHNEIDER, B. Interactional psychology and organizational behavior. In: CUMMINGS, L. L., STAW, B. M. (Eds.). Research in organizational behavior. Greenwhich: JAI Press, 1983. v. 5, p.1-31.
  • VERHALLEN, T. M. M. Scarcity: unavailability and behavioral costs. Dissertation (Doctoral) - Tilburg University, Tilburg, The Netherlands, 1984. (Unpublished).
  • WEISS, H. M., ILGEN, D. R. Routinized behaviour in organizations. The Journal of Behavioral Economics, v. 14, p.57-67, Winter 1985.
  • YOUNG, R. C. Is population ecology a useful paradigm for the study of organizations? American Journal of Sociology, v. 94, p.1-24, 1988.
  • ZACCARELLI, S. B., FISCHMANN, A. A., LEME, R. A. S. Ecologia de empresas: um estudo do ambiente empresarial. São Paulo: Atlas, 1980.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Set 2011
  • Data do Fascículo
    Dez 1999
Fundação Getulio Vargas, Escola de Administração de Empresas de S.Paulo Av 9 de Julho, 2029, 01313-902 S. Paulo - SP Brasil, Tel.: (55 11) 3799-7999, Fax: (55 11) 3799-7871 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rae@fgv.br