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As empresas são grandes coleções de processos

Resumos

A idéia de processo tem estado presente nos textos e nas discussões sobre Administração de Empresas nos últimos anos. É praticamente impossível evitar temas como redesenho de processos, organização por processos e gestão por processos. Essa idéia, no entanto, não é nova e tem raízes na tradição da engenharia industrial e no estudo dos sistemas sociotécnicos. Embora muito presente, o conceito de processo não tem uma interpretação única, e a variedade de significados encontrados tem gerado inúmeros mal-entendidos. Este artigo propõe-se a facilitar a compreensão do assunto, oferecendo um quadro organizado de definições e aplicações para o conceito de processo empresarial.

Processo; redesenho de processos; organização por processos; gestão por processos; geração de valor


The idea of process has been present in most texts and discussions on business and management in the last years. It is almost impossible to avoid subjects like process re-design, process-centered organizations and process management. This idea, however, is not new and has its origins in the industrial engineering tradition and in the studies on sociotechnical systems. Although very common, the concept of process has not a unique interpretation, and the variety of meanings that can be found has generated many misunderstandings. This article intends to facilitate the comprehension of the subject, offering an organized framework of definitions and applications for the concept of business process.

Process; process re-design; process organization; process management; value generation


ORGANIZAÇÃO, RECURSOS HUMANOS E PLANEJAMENTO

As empresas são grandes coleções de processos

José Ernesto Lima Gonçalves

Professor do Departamento de Administração Geral e Recursos Humanos da EAESP/FGV e Consultor. E-mail: jernesto@fgvsp.br

RESUMO

A idéia de processo tem estado presente nos textos e nas discussões sobre Administração de Empresas nos últimos anos. É praticamente impossível evitar temas como redesenho de processos, organização por processos e gestão por processos. Essa idéia, no entanto, não é nova e tem raízes na tradição da engenharia industrial e no estudo dos sistemas sociotécnicos. Embora muito presente, o conceito de processo não tem uma interpretação única, e a variedade de significados encontrados tem gerado inúmeros mal-entendidos. Este artigo propõe-se a facilitar a compreensão do assunto, oferecendo um quadro organizado de definições e aplicações para o conceito de processo empresarial.

Palavras-chave: Processo, redesenho de processos, organização por processos, gestão por processos, geração de valor.

ABSTRACT

The idea of process has been present in most texts and discussions on business and management in the last years. It is almost impossible to avoid subjects like process re-design, process-centered organizations and process management. This idea, however, is not new and has its origins in the industrial engineering tradition and in the studies on sociotechnical systems. Although very common, the concept of process has not a unique interpretation, and the variety of meanings that can be found has generated many misunderstandings. This article intends to facilitate the comprehension of the subject, offering an organized framework of definitions and applications for the concept of business process.

Key words: Process, process re-design, process organization, process management, value generation.

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NOTAS

O título deste artigo foi inspirado no trabalho de James Martin, denominado Cybercorp (New York: Amacom, 1996). Um extrato deste artigo foi apresentado no II Simpoi, realizado em outubro de 1999.

1. Baseado em DAFT, Richard et al. Implications of top managers'communication choices for strategic decisions. In: HUBER, George, GLICK, William (Eds.). Organizational change and redesign. New York: Oxford, 1995.

2. Baseado em MOHRMAN, Susan et al. Designing teambased organizations. San Francisco: Jossey-Bass, 1995; RUMMLER, Geary, BRACHE, Alan. Improving performance. San Francisco: Jossey-Bass, 1990; GARVIN, David. The processes of organization and management, Sloan Management Review, v. 39, n. 4, Summer 1998.

3. Os processos horizontais também são conhecidos na literatura como laterais, como pode ser visto em obras de GALBRAITH, Jay. Competing with flexible lateral organizations. Reading: Addison-Wesley, 1994 e Designing organizations. San Francisco: Jossey-Bass, 1995.

4. Podemos ver essa associação em DREYFUSS, Cassio. As redes e a gestão das organizações. Rio de Janeiro: Guide, 1996 e em Rummler e Brache (1990).

5. Definidos como value streams por MARTIN, James. Cybercorp. New York: Amacom, 1996.

6. Esse stovepipe approach é mencionado por inúmeros autores como uma das mais típicas características das estruturas organizacionais convencionais, e o nome foi adotado pela semelhança gráfica dos organogramas característicos desse tipo de empresas com as chaminés das fábricas.

7. "Tombamento" ou "tilting" da organização corresponde ao movimento figurado de "virar" o organograma da empresa, conforme proposto por GRAHAM, Morris, LEBARON, Melvin. The horizontal revolution. San Francisco: Jossey-Bass, 1994.

8. Equivale à expressão process owner.

9. Ver, por exemplo, LIPNACK, Jessica, STAMPS, Jeffrey. The teamnet factor. Essex Junction: Oliver Wight, 1993 e BIRCHALL, David, LYONS, Laurence. Creating tomorrow's organizations. London: Pitman, 1995.

10. A bibliografia a respeito é extensa e muito rica. Ver, por exemplo, GONÇALVES, José Ernesto Lima. Os novos desafios da empresa do futuro, RAE - Revista de Administração de Empresas, v. 37, n. 3, jul./set. 1997 e FLOOD, Patrick et al. Managing without traditional methods. New York: Addison- Wesley, 1996.

11. Chamados de process roles por Lipnack e Stamps (1997).

12. EVA (economic value added) mede a capacidade de o empreendimento gerar riqueza acima e além das expectativas dos acionistas. Confronta os ganhos obtidos com o custo e o risco do capital envolvido.

13. É importante salientar a distinção entre benefícios e valor gerados por um processo, como pode ser visto em Keen (1997).

14. Peter Keen chama essa vantagem de "the process edge": a vantagem pelo processo.

15. Disciplinas, nesse sentido, são abordagens compartilhadas por diversas pessoas envolvidas em resolver os mesmos problemas em diferentes oportunidades.

16. Um dos mais famosos pesquisadores desse assunto, Paul Strassmann, publicou diversos livros e artigos a respeito desta desproporcionalidade entre investimentos e resultados da tecnologia de informação.

  • BENNIS, Warren, MISCHE, Michael. The 21st organization San Diego: Pfeifer, 1995.
  • CAMERON, Kim et al. Downsizing and redesigning organizations. In: HUBER, George, GLICK, William (Eds.). Organizational change and redesign. New York: Oxford, 1995.
  • DAVENPORT, Thomas. Reengenharia de processos. Rio de Janeiro: Campus, 1994.
  • DAVENPORT, Thomas, SHORT, J. E. The new industrial engineering: information technology and business process redesign. Sloan Management Review, v. 31, n. 4, Summer 1990.
  • DREYFUSS, Cassio. As redes e a gestão das organizações. Rio de Janeiro: Guide, 1996.
  • GALBRAITH, Jay. Designing organizations. San Francisco: Jossey-Bass, 1995.
  • GARVIN, David. The processes of organization and management. Sloan Management Review, v. 39, n. 4, Summer 1998.
  • GONÇALVES, José Ernesto Lima. Características do trabalho no ambiente do escritório Trabalho apresentado no Expomicro, São Paulo, julho de 1990.
  • GONÇALVES, José Ernesto Lima. Reengenharia das empresas: passando a limpo. São Paulo: Atlas, 1995a. p.110-117: O papel transformador da tecnologia.
  • GONÇALVES, José Ernesto Lima. Um novo O&M para recuperar o tempo perdido. RAE - Revista de Administração de Empresas, v. 35, n. 3, maio/jun. 1995b.
  • GONÇALVES, José Ernesto Lima. Os novos desafios da empresa do futuro. RAE - Revista de Administração de Empresas, v. 37, n. 3, jul./set. 1997.
  • GONÇALVES, José Ernesto Lima. A necessidade de reinventar as empresas. RAE - Revista de Administração de Empresas, v. 38, n. 2, abr./jun. 1998.
  • GONÇALVES, José Ernesto Lima, GOMES, Cecília de Almeida. A tecnologia e a realização do trabalho. RAE - Revista de Administração de Empresas, v. 33, n. 1, jan./ fev. 1993.
  • GRAHAM, Morris, LEBARON, Melvin. The horizontal revolution San Francisco: Jossey-Bass, 1994.
  • HALL, Gene et al. How to make reengineering really work HBR, Nov./Dec. 1993.
  • HAMMER, Michael. Towards the twenty-first century enterprise Boston: Hammer & Co., 1996. (Folheto).
  • HAMMER, Michael. A empresa voltada para processos Management, jul./ago. 1998. (Entrevista).
  • HAMMER, Michael, CHAMPY, James. Reengineering the corporation New York: HarperBusiness, 1994.
  • HANDY, Charles. The age of unreason. Cambridge: Harvard Business School Press, 1989.
  • HARRINGTON, H. James. Business process improvement. New York: McGraw Hill, 1991.
  • KANTER, Rosebeth Moss. Frontiers of management. Cambridge: Harvard Business School Press, 1997.
  • KEEN, Peter G. The process edge. Cambridge: Harvard Business School Press, 1997.
  • LIPNACK, Jessica, STAMPS, Jeffrey. Virtual teams New York: Wiley, 1997.
  • LOWENTHAL, Jeffrey N. Reengineering the organization Milwakee: ASQC Quality Press, 1994.
  • MALHORTA, Yogesh. Business process redesign: an overview. s.l.: Brint Research Institute, 1998.
  • MALONE, Thomas et al. Tools for inventing organizations: toward a handbook of organizational processes. Boston: MIT, 1997.
  • MARTIN, James. Cybercorp New York: Amacom, 1996.
  • MOHRMAN, Susan et al. Designing team-based organizations. San Francisco: Jossey-Bass, 1995.
  • MORRIS, Daniel, BRANDON, Joel. Reengenharia: reestruturando sua empresa. São Paulo: Makron, 1994.
  • QUINN, James Brian. Intelligent enterprises New York: Free Press, 1992.
  • RAMASWAMY, Rohit. Design and management of service processes. Reading: Addison-Wesley, 1996.
  • RUMMLER, Geary, BRACHE, Alan. Improving performance San Francisco: Jossey-Bass, 1990.
  • STEWART, Thomas. The search for the organization of tomorrow Fortune, May 1992.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Set 2011
  • Data do Fascículo
    Mar 2000
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